1. Mensagem de Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Especiais da CART 3494/BART 3873, Bambadinca,
1971/74), nosso colaborador permanente, com data de 27 de Março de 2017, trazendo até nós um trabalho elaborado por Luciano Jesus, também ele ex-Fur Mil da 3494, dedicado ao seu amigo e camarada Carola Figueiredo, recentemente falecido[1].
Luís e Carlos.
Reencaminho o texto que me foi enviado pelo Luciano de Jesus relacionado com a sua homenagem ao camarada Carola Figueira, recentemente falecido.
Com um forte abraço.
Jorge Araújo
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Notas do editor:
[1] - Vd poste de 13 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17134: In Memoriam (279): Inácio José Carola Figueira (1950-2017), ex-Fur Mil Art da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74) (Jorge Araújo)
Último poste da série de 26 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17180: In memoriam (281): João Vieira de Melo, 1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro da CCAV 1485, falecido, vítima de ferimentos recebidos em combate, no dia 20 de Fevereiro de 1966, um herói limiano que tarda em ser homenageado (Mário Beja Santos / Mário Leitão)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 1 de abril de 2017
Guiné 61/74 - P17194: Parabéns a você (1230): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Op Especiais do COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)
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Nota do editor
Último poste da série de 30 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17188: Parabéns a você (1229): António Graça de Abreu, ex-Alf Mil Inf do CAOP 1 (Guiné, 1972/74); Benjamim Durães, ex-Fur Mil Op Especiais do BART 2917 (Guiné, 1970/72) e Rosa Serra, ex-Alferes Enfermeira Paraquedista da BA 12 (Guiné, 1969)
Nota do editor
Último poste da série de 30 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17188: Parabéns a você (1229): António Graça de Abreu, ex-Alf Mil Inf do CAOP 1 (Guiné, 1972/74); Benjamim Durães, ex-Fur Mil Op Especiais do BART 2917 (Guiné, 1970/72) e Rosa Serra, ex-Alferes Enfermeira Paraquedista da BA 12 (Guiné, 1969)
sexta-feira, 31 de março de 2017
Guiné 61/74 - P17193: Convívios (790): XXVII Encontro de "Os Maiorais" de Empada - CCAÇ 2381, dia 22 de Abril de 2017 em Alferrarede (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro)
1. Em mensagem do dia 25 de Março de 2017, o nosso camarada e amigo José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), pede-nos a divulgação do XXVII Encontro de "OS MAIORAIS", a levar a efeito no próximo dia 22 de Abril de 2017, em Alferrarede, conforme o programa acima.
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17171: Convívios (789): 40.º Encontro do pessoal da CCAÇ 3547 - "Os Répteis de Contuboel", dia 27 de Maio de 2017 na Vila do Bombarral (Manuel Oliveira Pereira)
Guiné 61/74 - P17192: Ser solidário (201): A ONG Ajuda Amiga lança um livro solidário com contos da Guiné-Bissau para distribuição gratuita pelas escolas, associados e doadores da ONG presidida pelo Carlos Fortunato
1. Mensagem do nosso camarada Carlos Fortunato (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 13, Os Leões Negros, Bissorã, 1969/71), Presidente da Direcção da ONG Ajuda Amiga:
Camaradas e amigos
Junto em anexo um documento de proposta de poste, que coloco à vossa apreciação.
Um abraço e continuação do vosso excelente trabalho.
Carlos Fortunato
Lendas e contos da Guiné-Bissau – um livro solidário distribuído gratuitamente
A ONG Ajuda Amiga lançou um livro solidário que não estará à venda, é apenas para distribuição gratuita, e está a ser distribuído às escolas onde existem grandes comunidades guineenses, bem como aos seus associados e a todos os doadores da Ajuda Amiga que façam doações a partir de 10 euros.
O objetivo do livro é ser uma ferramenta para promover o ensino multicultural, permitindo aos professores poderem incluir lendas e contos da Guiné-Bissau nas suas aulas, esta ação irá decorrer durante o ano de 2017 e será distribuído a todas as escolas e bibliotecas que o peçam, sendo enviado pelo correio.
Membros da Ajuda Amiga irão deslocar-se (a expensas próprias) à Guiné-Bissau em 2018 e ai farão também uma distribuição para as bibliotecas públicas e bibliotecas escolares.
Trata-se um livro escrito por mim, Carlos Fortunato, com o apoio de artistas, professoras de português e técnicos da arte gráfica, e que foi entregue pronto a imprimir à Ajuda Amiga, para o fim referido anteriormente, não existindo aqui quaisquer fins lucrativos ou direitos de autor envolvidos. A edição teve igualmente o apoio de uma outra Associação que tem colaborado connosco, a MIL – Movimento Internacional Lusófono.
O livro tem 102 páginas e 43 ilustrações.
A Ajuda Amiga além desta distribuição do livro que tem o seu maior impacto a nível nacional, tem em preparação outras ações de apoio ao ensino, em que a mais ambiciosa é a construção de uma escola na Guiné-Bissau.
Fazendo um rápido balanço da atividade da Ajuda Amiga desde o inicio em 2008, até 31-12-2016, esta enviou 144,6 toneladas de bens em contentores para a Guiné-Bissau, nas quais se incluem 201.000 livros, o que para um grupo de jovens com mais de 60 e muitos anos, que sem quaisquer apoios se reuniu em 2008 para discutir esta ideia, foi um grande desafio que apenas com um grande trabalho de equipa conseguiu ser superado.
Presentemente o foco da nossa intervenção está na construção de infra-estruturas na área do ensino, mas não vamos deixar de enviar alguns bens por contentor, mas em sistema de grupagem e pagando todas as taxas e impostos, porque o envio de contentores nos moldes que fazíamos anteriormente já não é possível, tendo-se tornado muito difícil, complexo e inviabilizando o acompanhamento que queremos fazer no terreno quando da sua distribuição.
Voltando à questão do livro, as recolhas para o mesmo foram feitas na Guiné-Bissau e em Portugal junto da comunidade guineense, além do estudo feito sobre a bibliografia existente.
As pessoas contactadas foram das mais diversas deste o contador de histórias, que conta as lendas ao som do corá, como foi o caso de Seco Canté, passando por todo o tipo de pessoas, como o ex-presidente Kumba Yalá, crianças, etc.
Seco Canté
Seco Canté é um artista de corá da Guiné-Bissau, que transmite as histórias e as lendas mandingas através das canções que entoa no seu cora. São histórias que passam de pais para os filhos, e remontam ao seu antepassado Djali Uali Dgebatê que desempenhava essa função, como djali bá do Mansa bá Djanqui Uali, o último Imperador de Cabú, cuja capital Cansalá, fica perto da atual cidade de Gabú.
A lenda de Djanqui Uali e da batalha de Cansalá é uma lenda muito interessante, porque aparece pela primeira vez uma versão mandinga, nela Djanqui Uali com 600 guerreiros destrói um exército com 40.000 guerreiros, embora não evite que seja o fim do Império de Cabú.
A lenda mandinga de Sundiata Keita é sem dúvida a mais importante, porque se trata da epopeia que levou à construção do maior império da África Ocidental e um dos maiores da África, o Império do Mali, e é também a mais conhecida, pois existem várias obras sobre ela, nomeadamente em francês e inglês, sendo referida aos alunos nas escolas. Esta lenda conta a história do menino que só aos oito anos começou a andar e que aos dez, teve que fugir com a sua família para não ser morto, e sem nada apenas com a profecia que iria tornar o Mali grande, a sua coragem e a sua inteligência, criou um império.
Kumba Yala e Carlos Fortunato
A minha conversa com Kumba Yala foi interessante, falamos sobre as lendas da Guiné e nela pude confirmar a origem da história sobre o seu nome “Foi mesmo assim.” – respondeu ele, na verdade o seu nome teve origem no facto de quando era menino, um porco o ter agarrado e fugido com ele para o mato. Porco em balanta diz-se kumba e Yalá era o dono do porco, dai o seu nome Kumba Yalá.
O jovem Binham Indam
O mais jovem contador de histórias foi o Binham Indam, com o conto “O menino e o patu-feron”. O Binham é um menino com dez anos, e que me disse logo “Não sei contar em português ou crioulo, só em balanta”, o que faz pensar que ainda existe um grande trabalho por fazer na área da educação, e nas enormes dificuldades que deve ter uma criança quando entra para a escola.
O “O menino e o patu-feron”, é um conto que alerta as mães para os perigos quando estão no mato, pois devem levar sempre os filhos amarrados à cintura, fala de coragem, de solidariedade e do prazer de comer arroz. O fim deste conto faz-me sempre sorrir, porque depois do valente caçador conseguir salvar o menino de um patu-feron que o tinha levado, o menino não queria comer arroz porque o patu-feron só lhe dava peixe, mas o caçador com muita paciência foi-lhe dando arroz aos poucos, e depois o menino acabou por perceber o imenso prazer que é comer arroz, e foi assim que o caçador o convenceu a comer arroz ao pequeno almoço, ao almoço e ao jantar.
Ao contrário de outros países na Guiné-Bissau não existem crianças abandonadas, existe sempre um familiar, um amigo, um vizinho que toma conta dela, este conto reflete também esse espírito de solidariedade, mas não quero dizer com isto que a criança não possa passar por vezes fome e não tenha uma vida dura, porque isso infelizmente é frequente.
Aproveito a oportunidade para fazer um apelo à feitura de um IRS solidário em 2017, e para visitarem o nosso site em http://www.ajudamiga.com, estão lá mais detalhes sobre este projeto “Uma escola para todos” e sobre o livro, bem como os nossos relatórios de contas, atividades, fotos, vídeos, etc., etc.
Um alfa bravo romeo alfa charlie oscár.
Carlos Fortunato
Ajuda Amiga - Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento
Escritório - Rua do Alecrim, nº 8, 1.º Dtº, 2770-007 - Paço de Arcos
Telef. 937 149 143, e-mail: ajudaamiga2008@yahoo.com
http://www.ajudaamiga.com
ONGD – Organização Não Governamental para o Desenvolvimento
NIF 508617910
IBAN PT50 0036 0133 99100025138 26
Joaquim Carlos Martins Fortunato - Presidente da Direção da Ajuda Amiga
Telef. 935 247 306, e-mail: jcfortunato@yahoo.com
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Nota do editor
Último poste da série de 17 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16607: Ser solidário (200): Associação "Fidju di Tuga", com sede em Bissau, vai realizar um recenseamento dos lusodescendentes, filhos de antigos militares portuguieses (Cherno Baldé)
Guiné 61/74 - P17191: Blogpoesia (502): "Os mortos desse dia" - Aos valorosos militares do BCAÇ 3872 caídos em combate (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto)
Quartel do Saltinho
1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 22 de Março de 2017:
Esta é uma época do ano em que há 45 anos, ainda verdes, conhecemos de perto as agruras da guerra.
Em Março e Abril de 1972, o impensável aconteceu-nos. Quase dezena e meia de camaradas de Cancolim e do Saltinho foram ceifados naquela guerra.
Juvenal Amado
Os Mortos Desse Dia
Os mortos desse dia
Eram magníficos
Eram Jovens
tinham o rosto tisnado pelo Sol
Quase sem barba
Os mortos desse dia
Tinham olhos inocentes e belos
Emoldurados de mato
Eram amados
Tinham pais e os seus amores
O mortos desse dia
Eram perfeitos
tinham o camuflado em farrapos
um olhar incrédulo
Um esgar de espanto
Os mortos desse dia
Formaram um bailado estático
Trágicos
Andam à deriva
Continuam em nós
Os mortos desse dia
Foram na enxurrada das palavras
Diluíram-se nas névoas do tempo
Desapareceram no luto
Na vigília de olhos cansados
Meu amor
Os mortos desse dia
Serão os de todos os dias
Juvenal Amado
Cancolim - Espaldão do Morteiro 81
____________Nota do editor
Último poste da série de 26 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17178: Blogpoesia (501): "Duas rotinas..."; "O pastor alemão..." e "Carta a um amigo desconhecido...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
Guiné 61/74 - P17190: Notas de leitura (942): “O país fantasma”, de Vasco Luís Curado, Publicações Dom Quixote, 2015 (1) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Janeiro de 2016:
Queridos amigos,
Percebe-se como a literatura pós-colonial passou a ter um lugar cativo na imaginação romanesca e ocupar cada vez mais os escaparates das livrarias. Sobretudo em Angola, mas igualmente em Moçambique, houve colonos que ali viveram ao longo de gerações e que tomaram como seu lugar de pretensa aqueles rincões onde labutaram. Vasco Luís Curado escreve na dedicatória: "Para os meus pais e os meus irmãos, que há vários anos desenham o mapa de um país fantasma".
Com rigor e coragem ele não desenha um mapa, ele tece um romance épico e trágico. A ação inicia-se no Norte de Angola, naquele período convulsivo de Março de 1961. Um alferes irá afeiçoar-se àquele bocado de África, casa-se e as vidas vão-se cruzar com outro casal de funcionários coloniais, em Gabela. Essa coragem está patente no modo como ele desvela, de cima a baixo, as relações coloniais. A guerra prolonga-se e parece estar distante, é nisto que chega o 25 de Abril e Gabela vai experimentar um horror diferente: os movimentos de libertação desencadeiam a guerra civil, e a minoria branca vai ser posta em causa.
Temos aqui o retrato dantesco do caos em Luanda.
Por muito boas razões, recomendo este livro.
Um abraço do
Mário
O país fantasma, por Vasco Luís Curado (1)
Beja Santos
É patente na literatura do período pós-colonial que uma das alavancas que põem em funcionamento uma arquitetura literária que ganha crescente procura passa pela apresentação de famílias nos tempos e nos lugares em que soprou a guerrilha, com a sua maré apocalítica, e o caos que acompanhou os acontecimentos da independência, em 1975, nos casos específicos de Angola e Moçambique.
“O país fantasma”, de Vasco Luís Curado, Publicações Dom Quixote, 2015, engrena neste tipo de romance histórico: duas famílias, juntas pelo acaso, o alferes Capelo que assistiu em cheio ao massacre de centenas de brancos, e que ao fim de duas comissões já não descobre qualquer razão para regressar, casa com uma menina de Gabela e torna-se proprietário de plantações de café; e Mateus, a iniciar-se na administração colonial, em Moçâmedes, e que assiste à prisão e tortura de rebeldes e guerrilheiros, vai com a família para Gabela, chega o 25 de Abril e revela-se um novo caos, três movimentos independentistas semeiam o terror, é uma guerra civil que espalha o caos e muitos ajustes de contas pessoais. Não assistamos só ao fim do período colonial, Vasco Luís Curado dá-nos com mestria a riqueza de pormenores sobre as relações entre brancos e negros, e muito antes de 1961.
Mas é em 1961 que começa o romance histórico, Capelo vai nos primeiros contingentes que avançam para as plantações do distrito do Uíge. O cenário é dantesco, civis armados, uma atmosfera de raiva e exaltação, vão depois de Carmona ao Negage e daqui até Quicangulo, as gentes andam em fuga, as sanzalas ou destruídas ou abandonadas, é um quadro de desolação indescritível. Quicangulo foi destruída, algumas dezenas de civis estão ali entrincheirados, a resistência é épica, só uma vaga de bombardeamentos aéreos consegue repelir os homens da UPA. Mas a partir de Quicangulo, o desastre ainda é maior, há sinais de depredação por toda a parte. E descreve-se brutalmente o terror:
“Perto da estrada que continuava, e que ia ter a Damba, a Maquela do Zombo e à fronteira, a companhia encontrou, na fazenda Felicidade os primeiros mortos. Logo à entrada, o portão estava encimado por cabeças de bailundos espetadas em varas. No terreiro da secagem do café, viram porcos a foçar em cadáveres. Dava para reconhecer, apesar de desfigurados, aqueles que deviam ser o pai, a mãe, os filhos. Mais afastados, os criados. Adultos e crianças tinham a carne retalhada e os ossos dos braços e das pernas partidos por golpes de catanas”.
O escritor, vê-se desde as primeiras linhas, está altamente documentado, todo este horror vivido no Norte de Angola,em Março de 1961, consta de inúmera documentação: os civis tresloucados, as fugas para o mato, nem sempre bem-sucedidas, os interrogatórios bárbaros, o estado de pavor das populações, sempre à espera das multidões ululantes, de catana em riste. Ouve-se falar em feitiçaria, em canibalismo, cabeças cortadas.
Em Moçâmedes, anos antes de se desencadear este terror, Vítor Mateus é aspirante da administração colonial. Na construção da obra, cabe a este funcionário desvelar uma das imagens mais trágicas do colonialismo: a ferocidade com que eram tratados os negros, a palmatória e o chicote, a indiferença das autoridades com o trabalho forçado:
“Vi, na parada da Administração, doze negros a receberam, um a um, palmatoadas que um cabo de cipaios assentava na mão que lhe estava submetida, com uma palmatória grossa de madeira. O batido gritava a cada palmatoada, contorcia-se, recuava como quem queria fugir, entalava a mão entre o braço e o corpo para aliviar a dor, mas era obrigado a reaproximar-se para as palmatoadas seguintes”.
Mateus não se sente entusiasmado por caçar, é um apaixonado pelo jogo de xadrez. Dá passeios, num deles o velho Saraiva dá-lhe uma lição sobre a presença portuguesa em África:
“O preto não gosta de trabalhar. Há que castigar como um pai castiga um filho. É isso que se exige de nós, é essa a nossa missão: civilizar, ensinar, conduzir. Queremos tirar esta gente da barbárie”.
Novos personagens vão entrando no enredo, caso de Beatriz, a mulher de Mateus. Capelo finda a comissão, vem a Portugal, sente-se desenquadrado, volta para Angola. Estamos agora no aquartelamento de Quipedro, os guerrilheiros do MPLA fazem um golpe de mão, Mateus fica ferido, mais tarde é desmobilizado. Chegou o momento de Capelo conhecer Mateus, na Gabela, em plena zona cafezeira do Cuanza Sul, “estava a mil metros de altitude e espreitava os vales onde se produzia uma das melhores variedades de café do mundo. Do alto dos morros avistavam-se, em dias limpos, as montanhas que Paulo Dias de Novais, no século XVI, julgava que tinham minas de prata. Em cem fazendas, ricas e modelares, o café em flor trepava as encostas, entre casas brancas e terreiros de secagem. Daqui, de comboio, escoavam-se milhares de toneladas de mercadoria para os navios em Porto Amboim. O mar estava a menos de cem quilómetros”. Capelo apaixona-se por Mariana, uma das filhas do fazendeiro Mourão, empolga-se com a beleza dos vales, com o café e os palmares. Ficamos com um quadro elucidativo da vida em Gabela, a relação entre fazendeiros, a descriminação racial. Um dos filhos de Mourão, Alexandre, é um biltre, negoceia em droga, foi parar ao campo de S. Nicolau, caber-lhe-á, no decurso da guerra civil, ser a imagem viva do oportunismo. A guerra já vai demorada, os brancos falam na independência, há quem acredite que Angola será um Estado onde as relações entre brancos e pretos melhorarão profundamente, há imensas discussões e prognósticos sobre a Angola independente.
Com o 25 de Abril, muita coisa começa a mudar em Angola, até aos acordos de Alvor. Estala a violência entre movimentos independentistas, aquele mundo semiadormecida na Gabela entra em convulsão:
“A instalação das delegações dos movimentos de libertação e dos quartéis de guerrilheiros mudara a Gabela. A população negra estava mais confiante, enquanto a população branca observava com expetativa. Já não havia clubes exclusivos. Para este baile de fim de ano, onde a participação alargada aos negros era a nota dominante, muitos brancos sentiam-se coagidos a comparecer, com medo de passarem por reacionários se não o fizessem".
Estamos agora em Luanda, ao princípio falava-se muito na concórdia entre todos os angolanos. O futuro da minoria branca parecia depender das boas relações com a etnia dominante. É então que o conflito ganha uma dimensão medonha, vamos assistir às convulsões que a guerra civil irá gerar na capital angolana.
(Continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 27 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17182: Notas de leitura (941): Cocaína e golpe de Estado, fantasmas de uma nação amordaçada na revista Reporters sans fronteires, Paris, número de Novembro de 2007 (Mário Beja Santos)
quinta-feira, 30 de março de 2017
Guiné 61/74 - P17189: Tabanca Grande (430): António Salvada, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2584/BCAÇ 2884, Có, 1969/71, nosso 739.º amigo tertuliano
1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo tertuliano António Salvada, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2584/BCAÇ 2884, Có, 1969/71, com data de 20 de Março de 2017:
Caros amigos,
Há bastante tempo que pensei tornar-me também mais um da
"nossa" Tabanca.
Como não sou grande especialista nesta área, tenho vindo
a adiar a minha entrada.
Estou agora, finalmente a tentar fazê-lo. Se
alguma coisa não chegar ok, agradeço que ajudem.
Chamo-me António Francisco Limpo Salvada, tenho 69 anos e estive na
Guiné entre Maio de 69 e Fev71, fazendo parte da Companhia de Caçadores 2584 do
Batalhão de Caçadores 2884.
Estivemos durante toda a comissão no Chão Manjaco. A
minha companhia estacionou em Có, sendo a sede do Batalhão em Teixeira
Pinto.
Fui Furriel Miliciano Atirador de Infantaria.
Como concerteza quase
todos, não me canso de seguir toda a malta que lá andou e as suas
aventuras.
Estou reformado, e durante mais de 30 anos fui bancário de profissão.
Um abraço a todos
A. Salvada
António Salvada na actualidade
************
2. Comentário do editor
Caro António Salvada, bem-vindo à Tabanca Grande, a este espaço de partilha e discussão destinado essencialmente aos combatentes da Guiné.
Aqui se depositam as nossas memórias escritas e fotográficas, aqui se documenta a história da guerra naquele pequeno território africano.
Une-nos as horas amargas longe da família e dos amigos, as precárias condições em que lutámos e o clima pouco propício a quem, de um clima temperado como o nosso, de repente enfrentava um calor e uma humidade no mínimo desconfortável. Com o nosso suor fizemos lama, muitos deixaram a sua vida e outros voltaram estropiados ou doentes até ao fim dos dias.
Se quiseres e puderes, contribui com a tua parte para este espólio histórico, a que muitos estudiosos recorrem quando precisam de informação sobre a guerra travada em solo africano.
Hoje, e desde há muito, respeitamos o direito inalienável daqueles povos à sua independência, sentimo-los como irmãos e continuámos sentimentalmente ligados aos locais por onde passámos. Não haverá ninguém que não recorde a(s) sua(s) lavadeira(s), um ou outro menino que cirandava pelos aquartelamentos, sempre prestável, a troco de alguma comida e amizade.
Memórias das horas boas e más, fotografias, papéis daquele tempo, tudo pode e deve ser aqui publicado.
Antes de terminar, não posso esquecer de te deixar um abraço em nome da tertúlia e dos editores deste Blogue, que te acolhem simbolicamente. Como diria o Luís, escolhe um bom lugar na base deste poilão e que os bons irãos te acompanhem.
CV
____________
Nota do editor
Último poste da série de 2 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17100: Tabanca Grande (429): Francisco Feijão, ex-alf mil, PA - Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, 1973/74... Novo grã-tabanqueiro n.º 737
João Landim - António Salvada, Bernardo e Silva
António Salvada na actualidade
************
2. Comentário do editor
Caro António Salvada, bem-vindo à Tabanca Grande, a este espaço de partilha e discussão destinado essencialmente aos combatentes da Guiné.
Aqui se depositam as nossas memórias escritas e fotográficas, aqui se documenta a história da guerra naquele pequeno território africano.
Une-nos as horas amargas longe da família e dos amigos, as precárias condições em que lutámos e o clima pouco propício a quem, de um clima temperado como o nosso, de repente enfrentava um calor e uma humidade no mínimo desconfortável. Com o nosso suor fizemos lama, muitos deixaram a sua vida e outros voltaram estropiados ou doentes até ao fim dos dias.
Se quiseres e puderes, contribui com a tua parte para este espólio histórico, a que muitos estudiosos recorrem quando precisam de informação sobre a guerra travada em solo africano.
Hoje, e desde há muito, respeitamos o direito inalienável daqueles povos à sua independência, sentimo-los como irmãos e continuámos sentimentalmente ligados aos locais por onde passámos. Não haverá ninguém que não recorde a(s) sua(s) lavadeira(s), um ou outro menino que cirandava pelos aquartelamentos, sempre prestável, a troco de alguma comida e amizade.
Memórias das horas boas e más, fotografias, papéis daquele tempo, tudo pode e deve ser aqui publicado.
Antes de terminar, não posso esquecer de te deixar um abraço em nome da tertúlia e dos editores deste Blogue, que te acolhem simbolicamente. Como diria o Luís, escolhe um bom lugar na base deste poilão e que os bons irãos te acompanhem.
CV
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Nota do editor
Último poste da série de 2 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17100: Tabanca Grande (429): Francisco Feijão, ex-alf mil, PA - Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, 1973/74... Novo grã-tabanqueiro n.º 737
Guiné 61/74 - P17188: Parabéns a você (1229): António Graça de Abreu, ex-Alf Mil Inf do CAOP 1 (Guiné, 1972/74); Benjamim Durães, ex-Fur Mil Op Especiais do BART 2917 (Guiné, 1970/72) e Rosa Serra, ex-Alferes Enfermeira Paraquedista da BA 12 (Guiné, 1969)
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Nota do editor
Último poste da série de 27 de Março de 2017 > Guiné 61/74 - P17181: Parabéns a você (1228): Armando Pires, ex-Fur Mil Enf do BCAÇ 2861 (Guiné, 1969/71); Carlos Vinhal, ex-Fur Mil Art MA da CART 2732 (Guiné, 1970/72); Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Especiais do BCAÇ 4612/74 (Guiné, 1974) e Maria Dulcínea (Ni), Amiga Grã-Tanbanqueira
quarta-feira, 29 de março de 2017
Guiné 61/74 - P17187: Os nossos seres, saberes e lazeres (205): De Pedrógão Pequeno a Tomar, com mala-posta e azémolas (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 10 de Novembro de 2016:
Queridos amigos,
Advertiu o profeta José Saramago que o que se vê na Primavera não é o mesmo que se vê no Outono, uma miríade de detalhes, situações e comportamentos fazem divergir o olhar ou a tomada de atenção: a luz, a hora do dia, o frio ou o calor, os solos gretados ou lamacentos, o uivar do vento ou o braseiro do estio.
Em 60 quilómetros de viagem, de Pedrógão Pequeno a Tomar, quanta dissemelhança, quão pouca aproximação neste Portugal tão versátil, em que tantas vezes descremos dos seus esplendores intrínsecos. O que dói no passeio dá por dois nomes: o abandono e a fuga das gentes, temos aqui a fronteira na zona centro da interioridade desolada; e a incaraterística da arquitetura, passe por aqui um minhoto ou um alentejano e tem que se assombrar com a falta de caráter do casario.
E quanta beleza natural e que deslumbramento florestal...
Um abraço do
Mário
De Pedrógão Pequeno a Tomar, com mala-posta e azémolas
Beja Santos
São escassas dezenas de quilómetros e que substanciais diferenças entre a partida e a chegada. Logo à partida os solos ácidos, a aspereza florestal, mas uma luz de encandeamento. José Malhoa, o grande pintor que se acolheu a Figueiró dos Vinhos, não se cansava de exaltar o sol, a luminosidade, o cíclame vegetal. O turista afoita-se ao caminho neste tempo estranho de um Verão de S. Martinho, entre a glorificação dos santos e a homenagem aos mortos. Já chegou o tapete verde que esconde feridas e terrunho solto, o que fascina o viandante é aquele azul quase elétrico que culmina no sombreado das oliveiras, estão em amadurecimento.
Um grande contista vernacular, João de Araújo Correia, homem da região do Douro, de entre a sua prosa inesquecível retém o viandante a seguinte passagem: “No Outono, quando as vinhas se empurpuram e doiram de baixo de uma luz coada por um velário”. Pode ser tudo verdade, mas entre o que se vê e o que chega ao lagar é abissal a distância. Será ano de pouco vinho, mas quem não se fascina com estas vinhas que se empurpuram?
Os grandes poetas gregos e latinos exultaram com a flor dos campos, o inebriante dos seus olores, são o grande aprovisionamento de uma sinfonia pastoral, cantam as giestas, não esquecendo as acácias e os lírios do vale. A terra vai adormecendo, atapeta-se de um castanho que é bendita matéria orgânica, se o homem em pó se torna a natureza ao fenecer revigora a sua matriz, será o cântico da primavera.
É tempo de rosas, de margaridas, a lavanda está olorosa mas que dizer das dálias, orientam-se para a luz do sol, são flores femininas, talvez pela postura, por esperarem sabendo que são admiradas, ninguém lhes fica indiferente à coquetaria daquelas pétalas que parecem asas a voar.
Mudou a paisagem, mudou a luz, estamos agora em terrenos úberes. Já te trotou até à cidade, dezenas de quilómetros se fizeram até terras de lezíria, de aluvião e paul. Mil vezes se passou por este convento da Contra-Reforma, de aprumo austero. Nunca se dera pelo facto da dissemelhança existente na fachada, o arquiteto, a páginas tantas, lembrou-se da torre sineira e remendou airosamente, com sino de campanário e uma quase sineta, para dar um fio de música. E regista-se o que avulta na lápide, aquela pedra que foi botada ainda no tempo filipino. Como o viandante é septuagenário, aquela palavra botar é-lhe bem familiar, está hoje em desuso com as regras da sociedade de consumo que trucida tudo o que vem do mundo campestre, da vida aldeã, que cheira a córregos ou amanhos da terra.
Tem o viajante cismado como as glicínias concorrem com as buganvílias, ao tornar mimoso a frontaria das casas e as entradas com jardins. Àquela hora, Tomar estava em recolhimento, deu tempo que o viandante andasse calmamente entre a Várzea Grande e a Várzea Pequena à procura da glicínia mais exuberante. Aqui encontrou foi esta, e regista-a com indisfarçável alegria, Tomar com cores tem mais ternura.
Vens do passado, daquele tempo irrefragável em que houve Descobrimentos e aqui se fazia fortuna em nome da Ordem de Cristo. És memória, e sinal das fazendas prósperas, de sabões e azeites, de campos cultivados, de mantimentos que partiam nos navios. Bendita memória, ainda por cima num dia em que recebes a calorosa saudação dos céus.
O viandante atém-se a pormenores. Por exemplo, um prédio expetante, com janelas abandonadas, mas o edifício está pintado e permite ver o donaire da varanda, graciosa, e mais graciosa ficará quando se fizerem obras naquela casa que está um esconso. E depois procurou-se o Outono no Nabão, mas o destino troca-nos as voltas, o que se encontrou foi este encanto da água a escorripichar para o rio e lá no cimo uma nesga de castelo com o céu limpo.
E aqui finda o passeio que o viandante encetou a partir da barragem do Cabril, em Pedrógão Pequeno na mansidão outonal. Sempre que vê flores e mão de jardineiro, o viandante vai coscuvilhar. São begónias pequenas, flamantes, a caminho de uma ponte das mais importantes de Tomar. Queridas begónias que nos enchem a alma, são juventude e uma eterna fé no futuro nos ciclos da Terra.
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Nota do editor
Último poste da série de 22 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17170: Os nossos seres, saberes e lazeres (204): Central London, em viagem low-cost (6) (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P17186: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte IX: o comandante do RI 11, o cor inf Florentino Coelho Martins
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José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943).
O nosso camarada Manuel Amaro diz do José Rebelo:
(...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e, após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...).
Não temos informações atualizadas sobre este nosso velho camarada que é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. É pouco provável que ainda hoje seja vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. No caso de já ter morrido, estamos a honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós.
Não temos informações atualizadas sobre este nosso velho camarada que é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. É pouco provável que ainda hoje seja vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. No caso de já ter morrido, estamos a honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós.
A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).
Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas.
O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.
Era comandante do RI 11, na altura, o coronel inf Florentino Coelho Martins, combatente em Moçambique, na I Guerra Mundial, e que, ao que parece, não escondia as suas simpatias republicanas, o que na época, no auge do Estado Novo de Salazar, pagava-se caro. Pouco tempo depois foi substituído.
As páginas que publicamos hoje [de 38 a 41] não vêm numeradas no livro.
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Nota do editor:
(*) Último poste da série de 24 de Março de 2017 > Guiné 61/74 - P17174: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte VIII: A estafeta "Chama da Pátria", em 9 de abril de 1942, ligando Pedra Lume até Vila Maria, na ilha do Sal
[Foto do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]
Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas.
O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.
Era comandante do RI 11, na altura, o coronel inf Florentino Coelho Martins, combatente em Moçambique, na I Guerra Mundial, e que, ao que parece, não escondia as suas simpatias republicanas, o que na época, no auge do Estado Novo de Salazar, pagava-se caro. Pouco tempo depois foi substituído.
As páginas que publicamos hoje [de 38 a 41] não vêm numeradas no livro.
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Nota do editor:
(*) Último poste da série de 24 de Março de 2017 > Guiné 61/74 - P17174: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte VIII: A estafeta "Chama da Pátria", em 9 de abril de 1942, ligando Pedra Lume até Vila Maria, na ilha do Sal
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