ao Zé António Paradela
que, além de português e ilhéu, de Ílhavo,
é arquiteto e poeta
(e portanto, triplamente louco).
que, além de português e ilhéu, de Ílhavo,
é arquiteto e poeta
(e portanto, triplamente louco).
Tem vindo a cumprir religiosamente
o guião da sua história de vida: todos os anos, a 30 de outubro, faz anos
e, uns dias depois,
junta à volta da mesa
a família e os amigos
para celebrar a vida, o amor,
a amizade e a poesia.
Como ele faz o favor o ser meu amigo,
e, mais do que isso, é meu mano,
eu costumo todos os anos
escrever-lhe uns versinhos.
Este ano não saiu um “sorneto”,
e, uns dias depois,
junta à volta da mesa
a família e os amigos
para celebrar a vida, o amor,
a amizade e a poesia.
Como ele faz o favor o ser meu amigo,
e, mais do que isso, é meu mano,
eu costumo todos os anos
escrever-lhe uns versinhos.
Este ano não saiu um “sorneto”,
de chocolate e morango,
mas um poema livre,
que é também a minha/nossa dedicatória
à prenda que eu, a Alice, a Joana e o João,
mas um poema livre,
que é também a minha/nossa dedicatória
à prenda que eu, a Alice, a Joana e o João,
lhe trouxemos,
o livro de Walth Whitman (1819-1892),
“Leaves of Grass”, “Folhas de Erva”,
numa primorosa tradução portuguesa.
O criador do poema livre,
o poeta maldito,
o grande poeta da democracia americana,
é urgente relê-lo,
numa época em que os pais fundadores da América
correm o risco de morrer pela segunda vez.
Como eu gosto de dizer
aos meus velhos camaradas,
combatentes de múltiplas batalhas e guerras,
Zé António, até aos 100
o livro de Walth Whitman (1819-1892),
“Leaves of Grass”, “Folhas de Erva”,
numa primorosa tradução portuguesa.
O criador do poema livre,
o poeta maldito,
o grande poeta da democracia americana,
é urgente relê-lo,
numa época em que os pais fundadores da América
correm o risco de morrer pela segunda vez.
Como eu gosto de dizer
aos meus velhos camaradas,
combatentes de múltiplas batalhas e guerras,
Zé António, até aos 100
é sempre em frente,
só tens que ter cuidado…
com as minas e armadilhas!
Agora vamos lá ao poema
que eu escrevi a pensar em ti,
que também és poeta como eu,
mas vives em Mira Flores, em Oeiras,
sendo por isso freguês do Isaltino.
No país dos poetas
para o Zé António Que Faz Hoje anos
No país da poetas,
Os poetas não se vendem.
Leya-se (com ípsilon):
só tens que ter cuidado…
com as minas e armadilhas!
Agora vamos lá ao poema
que eu escrevi a pensar em ti,
que também és poeta como eu,
mas vives em Mira Flores, em Oeiras,
sendo por isso freguês do Isaltino.
No país dos poetas
para o Zé António Que Faz Hoje anos
No país da poetas,
Os poetas não se vendem.
Leya-se (com ípsilon):
A poesia não se vende,
Mas também já não morre em baús e gavetas.
No país da poesia,
A poesia nunca está em crise.
Muito simplesmente
Mas também já não morre em baús e gavetas.
No país da poesia,
A poesia nunca está em crise.
Muito simplesmente
Porque a poesia não entra
Para as contas... nacionais.
Antes a poesia ainda se vendia
Para as contas... nacionais.
Antes a poesia ainda se vendia
Com os jornais
E servia para embrulhar as castanhas assadas
No verão de São Martinho.
E mesmo assim tinha a concorrência, desleal,
Das "Páginas Amarelas".
Hoje, nem isso,
A bem da saúde pública, diz a ASAE.
Já não há poesia em papel,
Muito menos de jornal.
A poesia agora é digital.
Mas nunca um ministro..., ai,
Das finanças
Disse, no parlamento, um poema, em excel,
Sobre o défice orçamental,
A dívida pública
Ou a carga fiscal.
Muito menos ainda sobre
A diferença semântica e conceptual
Entre a banca e o bordel.
Dos poetas se diz que
Não reza a história,
Nem dos fracos.
E os historiadores avisam:
'Pocos… pero locos!'…
Ora mal vai a economia de um país
Quando os poetas se venderem,
Quando a poesia se vender,
Por grosso, atacado ou a retalho,
A par do lixo e da carne do talho.
E passar a entrar para o cálculo
Do Produto Interno Bruto,
O nosso mágico e bem amado PIB
De todas as Bem-Aventuranças,
Que o melhor do mundo são as crianças.
Mas, porque não ?, dirão
Os econometristas,
Se a poesia tiver cotação na Bolsa ?!
E se o país dos poetas
For eleito, pelos turistas,
Como o melhor túnel do mundo
Com luzinha ao fundo?!
Meus senhores,
Por favor não sejam fundamentalistas,
Não façam, como de costume,
A vossa cena, canalha,
Afinal, não é o povo mas o mercado
Quem mais...orden(h)a!
Mas, alguém que nos valha,
Poeta, fraco ou louco,
Desde que saiba
Apontar o dedo a (e rir-se de)
O rei que vai... de tranças e de bibe.
E se o poeta, do escárnio e maldizer,
Ficar sem a cabeça,
Como foi o caso daquela rainha que se riu
Do rei que ia nu, todo ladino,
Do Paço ao Terreiro,
Mostrando à arraia miúda
O seu real traseiro ?
O que faremos, afinal, senhores deputados,
Com a cabeça dos poetas decepados ?
Olhem, façam estátuas
E ponham-nas no Parque dos Poetas…
Do Isaltino!
Alfragide, 30/10/2018, v2
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E servia para embrulhar as castanhas assadas
No verão de São Martinho.
E mesmo assim tinha a concorrência, desleal,
Das "Páginas Amarelas".
Hoje, nem isso,
A bem da saúde pública, diz a ASAE.
Já não há poesia em papel,
Muito menos de jornal.
A poesia agora é digital.
Mas nunca um ministro..., ai,
Das finanças
Disse, no parlamento, um poema, em excel,
Sobre o défice orçamental,
A dívida pública
Ou a carga fiscal.
Muito menos ainda sobre
A diferença semântica e conceptual
Entre a banca e o bordel.
Dos poetas se diz que
Não reza a história,
Nem dos fracos.
E os historiadores avisam:
'Pocos… pero locos!'…
Ora mal vai a economia de um país
Quando os poetas se venderem,
Quando a poesia se vender,
Por grosso, atacado ou a retalho,
A par do lixo e da carne do talho.
E passar a entrar para o cálculo
Do Produto Interno Bruto,
O nosso mágico e bem amado PIB
De todas as Bem-Aventuranças,
Que o melhor do mundo são as crianças.
Mas, porque não ?, dirão
Os econometristas,
Se a poesia tiver cotação na Bolsa ?!
E se o país dos poetas
For eleito, pelos turistas,
Como o melhor túnel do mundo
Com luzinha ao fundo?!
Meus senhores,
Por favor não sejam fundamentalistas,
Não façam, como de costume,
A vossa cena, canalha,
Afinal, não é o povo mas o mercado
Quem mais...orden(h)a!
Mas, alguém que nos valha,
Poeta, fraco ou louco,
Desde que saiba
Apontar o dedo a (e rir-se de)
O rei que vai... de tranças e de bibe.
E se o poeta, do escárnio e maldizer,
Ficar sem a cabeça,
Como foi o caso daquela rainha que se riu
Do rei que ia nu, todo ladino,
Do Paço ao Terreiro,
Mostrando à arraia miúda
O seu real traseiro ?
O que faremos, afinal, senhores deputados,
Com a cabeça dos poetas decepados ?
Olhem, façam estátuas
E ponham-nas no Parque dos Poetas…
Do Isaltino!
Alfragide, 30/10/2018, v2
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Nota do editor:
Último poste da série > 6 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19370: Manuscrito(s) (Luís Graça) (149): O último pôr do sol... nas Azenhas do Mar
Último poste da série > 6 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19370: Manuscrito(s) (Luís Graça) (149): O último pôr do sol... nas Azenhas do Mar