1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Julho de 2011:
Queridos amigos,
Finalmente consegui o texto do embaixador Villas-Boas, só conhecia a reportagem publicada no Expresso, em 1994. O mesmo Marcello Caetano que dias antes declinara qualquer negociação com os “terroristas”, arquitectara um cessar-fogo a preludiar a independência da Guiné. Não dá para entender como os historiadores não exploram este filão. É certo que também já se sabia, por esta época da agonia do regime, que Jorge Jardim também fora mandatado para um outro processo, muito mais sui generis, para Moçambique. O regime, afinal, tinha uma clara percepção da hecatombe se avizinhava, ensaiou tarde a más horas a solução política que os militares reclamavam.
Para que conste.
Um abraço do
Mário
O diplomata que em nome de Marcello Caetano conversou com o PAIGC
Beja Santos
Em 1994, uma reportagem do Expresso encheu de furor e indignação a classe política do antes do 25 de Abril: o mesmo Marcello Caetano que recusara negociar com qualquer família de guerrilheiros, pedira conversações ao mais alto nível com o PAIGC, o móbil era o cessar-fogo que precederia a independência. Coisa curiosa, nesse mesmo ano dois ministros de Caetano saíram do silêncio, Silva Cunha e Rui Patrício confessaram saber das conversações de Março de 1974. Mas em nenhuma outra circunstância nem Marcello Caetano nem outros dos dirigentes do seu regime aludiram a este acontecimento, necessariamente determinante: a caminho do colapso, era necessário tomar medidas para salvar as parcelas fundamentais do Ultramar.
O diplomata que foi a Londres encontrar-se com Victor Saúde Maria, ministro dos Negócios Estrangeiros do chamado Governo de Madina do Boé, Silvino Manuel da Luz e Gil Fernandes era José Manuel Villas-Boas que descreve os factos da reunião de Londres no seu livro “Caderno de Memórias” (Temas e Debates, 2003).
Vamos aos factos. O diplomata estava em Fevereiro de 1974 em Genebra, ai recebe um telefonema do embaixador Freitas Cruz que lhe pede uma deslocação urgente a Lisboa. Recebido nas Necessidades pelo ministro Rui Patrício, que se encontrava acompanhado por Freitas Cruz, vai direito ao assunto, exigindo-lhe a máxima confidencialidade: era imperioso falar com o Governo da Guiné portuguesa no exílio e oferecer-lhe a independência política plena. Escreve assim, citando o ministro:
“Estávamos a perder a guerra colonial na Guiné Portuguesa porque não podíamos responder aos mísseis soviéticos Strela terra-ar-terra com que as forças rebeldes estavam equipadas”.
O diplomata iria a Londres como emissário pessoal do ministro e deveria tornar claro aos outros negociadores que representava ali o ministro dos Negócios Estrangeiros. Tratava-se da oferta da Guiné-Bissau a troco de um cessar-fogo. Era urgente partir, entabular negociações e marcar um novo encontro para Abril ou Maio.
As peripécias que se seguiram cabiam num romance de John Le Carré ou de um Len Deigthon. Villas-Boas chegou a Londres onde foi recebido para um elemento do MI 6 [, serviços secretos britânicos]. O diplomata foi autorizado a pôr o embaixador inglês em Londres, Gonçalo Caldeira Coelho, ao corrente das suas actividades. No aeroporto de Heathrow foi recebido foi alguém que trazia um cravo encarnado na lapela e o jornal The Times debaixo do braço. O agente instalou no Hotel Victoria, donde Villas-Boas não podia sair a não ser acompanhado pelo seu contacto. Voltou no dia seguinte e deixou-lhe um pacote de livros policiais.
Só dois depois, mais propriamente na manhã de 26 de Março, é que ele saiu do Hotel Victoria para se dirigir a um determinado apartamento em Pimlico, num prédio muito conhecido em Londres, de nome “Dolphin Square”. Foi aí, no apartamento 535, que ele se encontrou com a delegação guineense e o seu contacto britânico. A primeira dificuldade que o diplomata português teve de ultrapassar foi a de que os guineenses esperavam o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Villas-Boas explicou que o representava pessoalmente. Segue-se a descrição do encontro:
“O diálogo decorreu em ambiente tenso. Os guineenses queriam negociações de Estado a Estado, que implicassem o reconhecimento por Portugal do governo do PAIGC no exílio. Procurei explicar-lhes que se tratava de uma conversa preliminar, informal e muito aberta, em que Portugal discutiria sem entraves a melhor maneira de pôr termo à guerra fratricida na Guiné e abrir caminho para a independência”.
Foi marcada uma nova reunião para a manhã seguinte. A tensão abrandou, Gil Fernandes, mais tarde embaixador de Cabo Verde nas Nações Unidas, confessou com emoção as saudades que sentia de Lisboa. Os guineenses apresentaram as suas objecções: à Guiné-Bissau nada interessava senão a independência plena e o estabelecimento imediato de um calendário que a ela conduzisse, era o requisito basilar para aceitarem um cessar-fogo. A conversa manteve-se viva durante algumas horas e aprazou-se nova reunião para princípios de Maio, novamente em Londres, aproveitando as facilidades que eram concedidas pelo Governo britânico. No final fizeram um brinde por uma solução justa e pacífica para a Guiné.
O contacto britânico foi extremamente afável com o diplomata português, recebeu em casa e a mulher tocou Schumann ao piano.
Este episódio ainda teve algumas consequências, José Manuel Villas-Boas deu conta da sua missão ao ministro e ao embaixador Freitas Cruz, anos mais tarde encontrou Gil Fernandes, foi muito divertido. A seguir ao 25 de Abril, o marechal Costa Gomes recebeu o diplomata, transferiu-o para Spínola e este para Mário Soares. O novo ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou-lhe que a partir de agora era ele que se ocupava da descolonização.
Villas-Boas, que se confessa admirador da política de autonomia progressiva de Marcello Caetano, termina a sua narrativa dizendo doa a quem doer a descolonização começou antes da Revolução dos Cravos. E desabafa:
“Só não entendo por que motivo Marcello não assumiu publicamente esta sua decisão. Aliás, tenho a certeza (disse-me Freitas Cruz) de que foi o próprio presidente do Conselho que sugeriu o meu nome para a missão de Londres, o que parece lógico, já que ele me tinha utilizado como seu representante pessoal em deslocações a países como a Costa do Marfim e a República Centro-Africana, precisamente para explicar a Houphouet-Boigny e a Bokassa o espírito presidira à revisão constitucional de 1971, no que respeita à autonomia progressiva das províncias africanas”.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 19 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8570: Notas de leitura (257): Amílcar Cabral – Vida e morte de um revolucionário africano, por Julião Soares Sousa (3) (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Guiné 63/74 - P8582: Notas de leitura (258): Caderno de Memórias, por José Manuel Villas-Boas (Mário Beja Santos)
Marcadores:
Beja Santos,
diplomacia,
independência,
Marcello Caetano,
notas de leitura,
Rui Patrício,
Silva Cunha (Ministro do Ultramar),
Victor Saúde Maria
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Guiné 63/74 - P8581: Ser solidário (112): Torneio Uma Gota de Água Para a Guiné-Bissau (José Teixeira)
Torneio Uma Gota de Água para a Guiné-Bissau
Com o objetivo de juntar o capital necessário para construir o poço e fontanário em Djufunco na Guiné-Bissau um grupo de tenistas do Complexo de Ténis da Câmara Municipal da Maia liderado pelo Prof. Nuno Carvalho e pelos tenistas Sandra Ribeiro e Pedro Barros estão as organizar o TORNEIO DE TÉNIS "UMA GOTA DE ÁGUA PARA A GUINÉ-BISSAU nos próximos dias 30 e 31 de Julho.
Atualmente a população de Djufunco com cerca de 840 pessoas, com 180 crianças serve-se da água de uma lagoa existente na povoação, sem quaisquer condições de salubridade para as suas necessidades básicas.
Um aspeto da lagoa cuja água é utilizada para as necessidades básicas da população de Djufunco
Em simultâneo vão organizar um Churrasco convívio com sardinha assada e grelhados, com o apoio de diversas firmas da Maia, no Domingo dia 31. Pretende-se que o valor da receita reverta inteiramente para o projeto.
A Câmara Municipal cedeu as instalações e os parques de jogo de ténis graciosamente para a realização do evento, bem como as instalações do Grande Auditório do Forum da Maia para a realização de um espetáculo de teatro a realizar no dia 30 pelas 21 h. pelo Grupo de Teatro PÉ NO CHARCO.
O Grupo de Teatro Pé no Charco e a banda musical Dupla Face dispuseram-se a dar a sua preciosa colaboração.
O Sr. António Moreira ofereceu dois belos quadros de sua autoria.
Várias firmas da Maia atenderam ao pedido de apoio quer em patrocínios quer em bens para o almoço volante
O dinheiro já obtido com as inscrições e patrocínios, permitiu-nos iniciar as obras de abertura do poço, antes que as chuvas o impedissem.Esta fase do projeto vai concluir-se a curto prazo.
O equipamento e sua montagem acontecerá mais tarde, quando tivermos o capital que esperamos obter com o desenvolvimento do Torneio de Ténis.
Mais que um Torneio de Ténis, este evento, por vontade dos organizadores vai ser uma festa convívio aberta a familiares e amigos dos tenistas e a todos quantos se sintam ligados à Guiné.
Quem não estiver interessado ou não souber jogar ténis, pode participar no Domingo no almoço e no convívio que se seguirá da parte de tarde, animado com boa musica ou apreciando excelentes partidas de ténis.
PROGRAMA
Dia 30 de Julho - Sábado
Tarde - Início do Torneio de ténis no Complexo de Ténis da Maia
21 H. - Teatro pelo Grupo "Pé no Charco" no Grande Auditório do Forum da Maia
Dia 31 de Julho - Domingo
Manhã - continuação do Torneio de Ténis
12.30 - Almoço volante - sardinhada e Churrasco, com música ao vivo pela Banda Dupla Face
Tarde - Continuação do torneio e da animação musical pela Banda Dupla Face.
Durante a atividade teremos Massagens Shiatsu
- Inscreve-te para o almoço convívio na Tabanca de Matosinhos ou através do "Site":
http://www.umagotadeaguaparaaguinebissau.tk/
- Para conheceres melhor os objetivos da Tabanca Pequena - Grupo de Amigos da Guiné-Bissau consulta: http://www.tabancapequena.com/
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 11 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8541: Ser solidário (111): A Tabanca Pequena – Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, vai realizar um ENCONTRO / CONVÍVIO no próximo dia 16 de Julho de 2011 em Matosinhos (Tabanca Pequena)
Guiné 63/74 - P8580: Ordem de Serviço de 1970 do HM 241 de Bissau, uma relíquia com 41 anos (António Paiva)
1. Mensagem do nosso camarada António Paiva*, (ex-Soldado Condutor Auto no HM 241, Bissau, 1968/70), com data de 18 de Julho de 2011:
Caro Carlos
Mando uma relíquia do passado. Faz dela o que melhor entenderes.
Não foi como procurar uma agulha num palheiro, mas quase. Tentei no ano passado e a única informação que obtive, nos vários sítios por onde passei, foi que do HM 241 não existia nada.
Não podia acreditar que não houvessem em arquivo ORDENS DE SERVIÇO DO HM 241, o Hospital fez parte da guerra, tudo o que por lá se passou, todos os que lá passaram por serviço e os que dele, por infelicidade, necessitaram deviam constar nos Arquivos Militares.
Hoje vim a saber que sempre existia alguma coisa… muito pouco, pouquíssimo ou mesmo quase nada.
Só há ORDENS DE SERVIÇO de 1963 e 1964 (não todas) incompleto. ORDENS DE SERVIÇO de 1970, com muitos dias de meses em falta, precisava muito do ano de 68 e 69, mas não existia, achei esta relíquia do dia e mês em que regressei à Metrópole. Existem também algumas folhas do ano de 1974.
Como do meu tempo só existia a de 1970, foi só a que vi, pedindo fotocópia da que vos mando.
De 200 ou 300 folhas passadas por alto, tive muitas surpresas, estive lá 2 anos, passados quase como em família, sem nunca me ter apercebido que a Justiça Militar também era imposta.
Frutos do passado, surpresas do presente.
Um abraço
António Paiva
Clicar nas imagens para as ampliar.
____________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 5 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8511: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (13): Dizendo adeus ao Cristo Rei na Arnaldo Schultz em Bissau
Caro Carlos
Mando uma relíquia do passado. Faz dela o que melhor entenderes.
Não foi como procurar uma agulha num palheiro, mas quase. Tentei no ano passado e a única informação que obtive, nos vários sítios por onde passei, foi que do HM 241 não existia nada.
Não podia acreditar que não houvessem em arquivo ORDENS DE SERVIÇO DO HM 241, o Hospital fez parte da guerra, tudo o que por lá se passou, todos os que lá passaram por serviço e os que dele, por infelicidade, necessitaram deviam constar nos Arquivos Militares.
Hoje vim a saber que sempre existia alguma coisa… muito pouco, pouquíssimo ou mesmo quase nada.
Só há ORDENS DE SERVIÇO de 1963 e 1964 (não todas) incompleto. ORDENS DE SERVIÇO de 1970, com muitos dias de meses em falta, precisava muito do ano de 68 e 69, mas não existia, achei esta relíquia do dia e mês em que regressei à Metrópole. Existem também algumas folhas do ano de 1974.
Como do meu tempo só existia a de 1970, foi só a que vi, pedindo fotocópia da que vos mando.
De 200 ou 300 folhas passadas por alto, tive muitas surpresas, estive lá 2 anos, passados quase como em família, sem nunca me ter apercebido que a Justiça Militar também era imposta.
Frutos do passado, surpresas do presente.
Um abraço
António Paiva
ORDEM DE SERVIÇO N.º 141 DE 18 DE JUNHO DE 1970 DO HM 241 DE BISSAU
Clicar nas imagens para as ampliar.
____________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 5 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8511: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (13): Dizendo adeus ao Cristo Rei na Arnaldo Schultz em Bissau
Guiné 63/74 - P8579: (Ex)citações (143): Ex-Fur Mil Carlos Rios da CCAÇ 1420, um menino que as circunstâncias fizeram homem (Rui Alexandrino Ferreira)
1. Mensagem de Rui Alexandrino Ferreira (ex-Alf Mil na CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67 e ex-Cap Mil na CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72, actualmente Coronel Reformado), com data de 10 de Julho de 2011:
Meu caro Luís,
Meus caros membros do Comando e Estado Maior do blogue do nosso contentamento,
Meus caros camarigos, soldados rasos como eu, empenhados ou não na árdua luta contra o esquecimento, contra o ostracismo a que nos querem sujeitar, a nós velhos combatentes duma guerra que já nem sei mesmo se chegou a haver.
O imenso orgulho que nos merecem, a gratidão por quanto têm feito para o não permitir, são um lenitivo para quem caminha para a velhice, arrastando no chão os pés cansados, sofridos e desgastados pelo louco palmilhar daquelas imensidões duma África inóspita e traiçoeira, misteriosa e desconhecida.
Velhos combatentes que sentem os corpos precocemente envelhecidos e alquebrados, tisnados pela canícula dum sol que tudo queimava, enrugados pelas oscilações da temperatura, que nas madrugadas passadas ao relento junto a locais com água, descia a níveis jamais imaginados como possíveis para quem Guiné condiz com calor, muito calor.
Que veem esses mesmos corpos carregados de doenças que em muitos casos nunca chegaram a sarar.
Que sofrendo na alma o desalento, a frustração e o desencanto por tanto penar, tantos sacrifícios feitos em vão, tantas mortes sem sentido, por tantos que pelos matos se perderam, por aqueles que nunca mais se encontraram, por uma Pátria cuja classe dirigente saída do 25 de Abril, feita muito mais de desertores, compelidos, refratários, fugidos, refugiados, exilados, comodamente instalados nos países amigos dos nossos inimigos de então, com muito mais afinidades com os Movimentos então adversos, revendo-se nas alegres notícias da Rádio Argel, ou escutando as patacuadas da Maria Turra que num só dia matava muitos mais pára-quedistas que o PAIGC num ano, Pátria que então renegaram, mas em nome de quem se permitem hoje falar como se a tivessem servido e não se tivessem dela servido.
Pátria que num misto de medo e vergonha não lhes reconhece o valor, o mérito, o muito que fizeram por aquelas terras e aquelas gentes, que não quer saber dos sacrifícios e privações, que nem deles quer ouvir falar e muito menos dos traumas de guerra, as psicoses, as neuroses, ansiedades, agonias, tormentos e pesadelos de que se não conseguem livrar ou da visão trágica da morte que teima em os acompanhar.
É dum desses meninos que as circunstâncias fizeram homem, herói duma verdadeira epopeia de Portugal em África, por quem tenho o maior orgulho de que te quero falar, pois vi o seu nome vir à baila não faz muito tempo no nosso blogue.
Recorrendo a quanto está escrito em Rumo a Fulacunda aqui te vou dar uma ideia do que foi, como era e como me marcou na vida esse ser de excepção que dá pelo nome de Carlos Rios.
Cruz de Guerra de 1.ª classe sem qualquer tipo de favor, ele era um dos furriéis do meu grupo de combate.
Das várias referências que faço sobre ele ao longo do livro, permito-me destacar algumas.
Começava por falar do meu batismo de fogo. Transcrevo : "Guardo do meu batismo de fogo, da reação àquela primeira emboscada que nos foi montada, uma recordação precisa: da indecisão inicial, da ténue desorientação em identificar de onde provinham os tiros, da ânsia de cumprir quanto me havia sido ensinado e rapidamente me atirar para o chão donde. como já referi, nada se via e pouco reagia, acabando quem assim procedia normalmente a dar tiros para o ar [...]
[...] A reação do Grupo, de princípio pouco indecisa, foi sendo cada vez mais ousada e a confiança ia crescendo... tendo por especial referência o Rios que foi ao longo do tempo que permaneceu entre nós, até ser gravemente ferido, o elemento mais activo, dos que nunca se incomodava na busca de um abrigo ou de qualquer outra protecção [...]
[...] Seguramente sem ele a minha ação teria sido bem mais difícil se não mesmo impossível... Nunca lhe poderemos, nem eu nem seguramente todo o grupo... retribuir o muito que por nós sacrificou, a generosidade com que nos brindou, o exemplo que nos contagiou [...]"
Seguindo em frente, ao falar do acidente que vitimou o José Monteiro escrevi: "As nossas relações que foram sempre de uma total lealdade evoluíram para uma franca amizade e perduram hoje tão imutáveis, tão vivas, tão seguras e tão fraternas como a partir de então sempre o foram. O acidente que sofreu meses mais tarde, constituiu, tal como com o do Rios, dos momentos de maior desilusão, algum desânimo e da mais profunda tristeza por que passei em toda a minha vida.
Para mim eram e continuam a ser verdadeiros irmãos."
Na apresentação que faço do pessoal do meu grupo e na parte que lhe diz respeito, focando principalmente a operação onde foi ferido permito-me destacar:
"[...] foi ele que insistiu em integrar a operação [...] Mas a verdade é que ele foi porque me impuseram que nela tomasse parte. O nosso pelotão estava a ocupar os destacamentos. Tanto ele como eu estávamos em Mansoa por motivos meramente circunstanciais: ele porque ia no dia imediato à consulta externa, a Bissau e eu porque embarcava de férias para Angola daí a três dias. [...] Nessa tarde o capitão [...] mandou-me chamar:
- Oh. Rui! Gostava que fosse connosco logo à noite [...]
- Nem pensar nisso! [...] Nenhum dos pelotões intervenientes é o meu e por conseguinte não tenho mesmo nada a ver com o assunto! Além do mais vou de férias, não se lembra?! - Há mais dois anos que não vou a casa e a proposta parece-me totalmente descabida e absolutamente despropositada.
- Mas a verdade é que não tenho mais ninguém [...]
- Então e o Senhor não vai?
- Claro que sim, não tenho outra alternativa.
- Então é quanto basta [...]
- E além do mais já falei do assunto ao comando do Batalhão e alvitraram que o levasse comigo.
- Quem? O Comandante?
- Também. Mas quem o sugeriu foi o capitão C... [...]
- É uma grande sacanice! [...]
E saí porta fora a remoer a questão. De caminho encontrei o Rios... [...]
- Não te preocupes. Desisto da consulta e também vou e assim já somos dois a tomar conta do barco.
- Nem pensar nisso! [...]
Pois sim! [...] Foi na operação [...] e quando tentava apanhar à mão um turra que se esgueirava, foi alvejado [...] um tiro lhe destroçou a cabeça do fémur e o estropiou para o resto da vida [...]
[...] Recolhidas as forças por uma lancha da Marinha... até Bissau... Parada... frente ao Hospital Militar... aí fomos em busca de notícias.... Que me desalentaram por completo...
...destroçada a zona em que a cabeça do fémur fazia a articulação com o osso ilíaco... não mais dobraria normalmente a perna...
...Com a mais profunda e ressentida tristeza na alma.... sentado na borda da minha cama deixei que amargamente as lágrimas me corressem pela cara... aquelas lágrimas eram o sinal exterior da minha enorme revolta contra a injustiça...."[...]
Alguns graduados da CCAÇ 1420 num jantar de confraternização no Bairro Alto. Da esquerda para a direita - Carlos Rios, José Monteiro, Henrique Sacadura Cabral, José Manuel Bastos e Rui Alexandrino Ferreira.
Meu caro Luís.
Espero ter dado uma ideia da grandeza de alma do Carlos Rios.
Em anexo vão duas fotos.
Na primeira eu e ele em Mansabá durante a realização duma coluna de reabastecimentos a essa localidade e ao K3. Nesse mesmo dia accionada uma mina entre o K3 e o rio frente a Farim tinha causado a morte do Capitão Corte Real.
Na segunda alguns graduados da 1420 num jantar de confraternização no Bairro Alto. Da esquerda para a direita - Carlos Rios, José Monteiro, Henrique Sacadura Cabral, José Manuel Bastos e eu.
Fica para uma próxima oportunidade os meus comentários ao anexo do HMP.
Um grande abraço
Rui Alexandrino Ferreira
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 26 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8166: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (21): Saúdo o núcleo permanente de colaboradores que vem mantendo absolutamente impecável este grande projecto (Rui Ferreira)
Vd. último poste da série de 8 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8528: (Ex)citações (142): O espaldar do morteiro 81 de Cancolim estava no meio da parada (Juvenal Amado)
Meu caro Luís,
Meus caros membros do Comando e Estado Maior do blogue do nosso contentamento,
Meus caros camarigos, soldados rasos como eu, empenhados ou não na árdua luta contra o esquecimento, contra o ostracismo a que nos querem sujeitar, a nós velhos combatentes duma guerra que já nem sei mesmo se chegou a haver.
O imenso orgulho que nos merecem, a gratidão por quanto têm feito para o não permitir, são um lenitivo para quem caminha para a velhice, arrastando no chão os pés cansados, sofridos e desgastados pelo louco palmilhar daquelas imensidões duma África inóspita e traiçoeira, misteriosa e desconhecida.
Velhos combatentes que sentem os corpos precocemente envelhecidos e alquebrados, tisnados pela canícula dum sol que tudo queimava, enrugados pelas oscilações da temperatura, que nas madrugadas passadas ao relento junto a locais com água, descia a níveis jamais imaginados como possíveis para quem Guiné condiz com calor, muito calor.
Que veem esses mesmos corpos carregados de doenças que em muitos casos nunca chegaram a sarar.
Que sofrendo na alma o desalento, a frustração e o desencanto por tanto penar, tantos sacrifícios feitos em vão, tantas mortes sem sentido, por tantos que pelos matos se perderam, por aqueles que nunca mais se encontraram, por uma Pátria cuja classe dirigente saída do 25 de Abril, feita muito mais de desertores, compelidos, refratários, fugidos, refugiados, exilados, comodamente instalados nos países amigos dos nossos inimigos de então, com muito mais afinidades com os Movimentos então adversos, revendo-se nas alegres notícias da Rádio Argel, ou escutando as patacuadas da Maria Turra que num só dia matava muitos mais pára-quedistas que o PAIGC num ano, Pátria que então renegaram, mas em nome de quem se permitem hoje falar como se a tivessem servido e não se tivessem dela servido.
Pátria que num misto de medo e vergonha não lhes reconhece o valor, o mérito, o muito que fizeram por aquelas terras e aquelas gentes, que não quer saber dos sacrifícios e privações, que nem deles quer ouvir falar e muito menos dos traumas de guerra, as psicoses, as neuroses, ansiedades, agonias, tormentos e pesadelos de que se não conseguem livrar ou da visão trágica da morte que teima em os acompanhar.
É dum desses meninos que as circunstâncias fizeram homem, herói duma verdadeira epopeia de Portugal em África, por quem tenho o maior orgulho de que te quero falar, pois vi o seu nome vir à baila não faz muito tempo no nosso blogue.
Recorrendo a quanto está escrito em Rumo a Fulacunda aqui te vou dar uma ideia do que foi, como era e como me marcou na vida esse ser de excepção que dá pelo nome de Carlos Rios.
Cruz de Guerra de 1.ª classe sem qualquer tipo de favor, ele era um dos furriéis do meu grupo de combate.
Das várias referências que faço sobre ele ao longo do livro, permito-me destacar algumas.
Começava por falar do meu batismo de fogo. Transcrevo : "Guardo do meu batismo de fogo, da reação àquela primeira emboscada que nos foi montada, uma recordação precisa: da indecisão inicial, da ténue desorientação em identificar de onde provinham os tiros, da ânsia de cumprir quanto me havia sido ensinado e rapidamente me atirar para o chão donde. como já referi, nada se via e pouco reagia, acabando quem assim procedia normalmente a dar tiros para o ar [...]
[...] A reação do Grupo, de princípio pouco indecisa, foi sendo cada vez mais ousada e a confiança ia crescendo... tendo por especial referência o Rios que foi ao longo do tempo que permaneceu entre nós, até ser gravemente ferido, o elemento mais activo, dos que nunca se incomodava na busca de um abrigo ou de qualquer outra protecção [...]
[...] Seguramente sem ele a minha ação teria sido bem mais difícil se não mesmo impossível... Nunca lhe poderemos, nem eu nem seguramente todo o grupo... retribuir o muito que por nós sacrificou, a generosidade com que nos brindou, o exemplo que nos contagiou [...]"
Seguindo em frente, ao falar do acidente que vitimou o José Monteiro escrevi: "As nossas relações que foram sempre de uma total lealdade evoluíram para uma franca amizade e perduram hoje tão imutáveis, tão vivas, tão seguras e tão fraternas como a partir de então sempre o foram. O acidente que sofreu meses mais tarde, constituiu, tal como com o do Rios, dos momentos de maior desilusão, algum desânimo e da mais profunda tristeza por que passei em toda a minha vida.
Para mim eram e continuam a ser verdadeiros irmãos."
Na apresentação que faço do pessoal do meu grupo e na parte que lhe diz respeito, focando principalmente a operação onde foi ferido permito-me destacar:
"[...] foi ele que insistiu em integrar a operação [...] Mas a verdade é que ele foi porque me impuseram que nela tomasse parte. O nosso pelotão estava a ocupar os destacamentos. Tanto ele como eu estávamos em Mansoa por motivos meramente circunstanciais: ele porque ia no dia imediato à consulta externa, a Bissau e eu porque embarcava de férias para Angola daí a três dias. [...] Nessa tarde o capitão [...] mandou-me chamar:
- Oh. Rui! Gostava que fosse connosco logo à noite [...]
- Nem pensar nisso! [...] Nenhum dos pelotões intervenientes é o meu e por conseguinte não tenho mesmo nada a ver com o assunto! Além do mais vou de férias, não se lembra?! - Há mais dois anos que não vou a casa e a proposta parece-me totalmente descabida e absolutamente despropositada.
- Mas a verdade é que não tenho mais ninguém [...]
- Então e o Senhor não vai?
- Claro que sim, não tenho outra alternativa.
- Então é quanto basta [...]
- E além do mais já falei do assunto ao comando do Batalhão e alvitraram que o levasse comigo.
- Quem? O Comandante?
- Também. Mas quem o sugeriu foi o capitão C... [...]
- É uma grande sacanice! [...]
E saí porta fora a remoer a questão. De caminho encontrei o Rios... [...]
- Não te preocupes. Desisto da consulta e também vou e assim já somos dois a tomar conta do barco.
- Nem pensar nisso! [...]
Pois sim! [...] Foi na operação [...] e quando tentava apanhar à mão um turra que se esgueirava, foi alvejado [...] um tiro lhe destroçou a cabeça do fémur e o estropiou para o resto da vida [...]
[...] Recolhidas as forças por uma lancha da Marinha... até Bissau... Parada... frente ao Hospital Militar... aí fomos em busca de notícias.... Que me desalentaram por completo...
...destroçada a zona em que a cabeça do fémur fazia a articulação com o osso ilíaco... não mais dobraria normalmente a perna...
...Com a mais profunda e ressentida tristeza na alma.... sentado na borda da minha cama deixei que amargamente as lágrimas me corressem pela cara... aquelas lágrimas eram o sinal exterior da minha enorme revolta contra a injustiça...."[...]
Mansabá > Ex-Fur Mil Carlos Rios e ex-Alf Mil Rui Alexandrino Ferreira da CCAÇ 1420
Alguns graduados da CCAÇ 1420 num jantar de confraternização no Bairro Alto. Da esquerda para a direita - Carlos Rios, José Monteiro, Henrique Sacadura Cabral, José Manuel Bastos e Rui Alexandrino Ferreira.
Meu caro Luís.
Espero ter dado uma ideia da grandeza de alma do Carlos Rios.
Em anexo vão duas fotos.
Na primeira eu e ele em Mansabá durante a realização duma coluna de reabastecimentos a essa localidade e ao K3. Nesse mesmo dia accionada uma mina entre o K3 e o rio frente a Farim tinha causado a morte do Capitão Corte Real.
Na segunda alguns graduados da 1420 num jantar de confraternização no Bairro Alto. Da esquerda para a direita - Carlos Rios, José Monteiro, Henrique Sacadura Cabral, José Manuel Bastos e eu.
Fica para uma próxima oportunidade os meus comentários ao anexo do HMP.
Um grande abraço
Rui Alexandrino Ferreira
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 26 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8166: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (21): Saúdo o núcleo permanente de colaboradores que vem mantendo absolutamente impecável este grande projecto (Rui Ferreira)
Vd. último poste da série de 8 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8528: (Ex)citações (142): O espaldar do morteiro 81 de Cancolim estava no meio da parada (Juvenal Amado)
Guiné 63/74 - P8578: BCAÇ 1860 (Tite, 1965/67): Balanço da actividade logística, em banda desenhada: 22.5 toneladas de cartas e encomendas, 3 t de medicamentos, 12 t de frescos, 820 t de géneros alimentícios, 123 t de artigos de cantina, 2.5 t de rações de combate, 31 t de munições... (Santos Oliveira)
Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (1965/67) > Resumo, ilustrado, da actividade logística (reabastecimentos) do batalhão, entre Abril de 1965 e Abril de 1967. Por mar, por terra e por ar... (*).
Total: cerca de 82 mil toneladas movimentadas (71 mil carga grande; 11 mil carga pequena)...
Transportes aéreos (Tite, Bissau, Jabadá, Fulacunda, São João, Empada) >
Passageiros transportados: 1068 militares; 209 civis;
Evacuações: A=6; B=28; Y=10;
Frescos (peixe, frango...): 12 toneladas;
Correio: Cartas: 2,5 t; Encomendas: 20 t;
Medicamentos: 3 t.
Transportes marítimos (porto de Enxudé, por LDM e barcos civis):
Combustíveis: 350 toneladas;
Artigos de cantina: 123 t;
Munições: 31 t;
Géneros alimentícios (farinha, batatas, etc.): 820 t;
Rações de combate: 2,5 t;
Materiais de construção (ferro, madeira, cimento...): 475 t;
Material de aquartelamento: 4 t;
Material de transmissões: 2,5 t;
Material de guerra: 3 t;
Sobresselentes para viaturas automóveis: 4 t;
C. A. [ Contabiliddae e Administração ?] 1 t;
Veículos automóveis + buldozzer: 13 + 12 t
Movimentação e transporte de terra, saibro e pedra > c. 80 mil toneladas
Foto: © Santos Oliveira (2008). Todos os direitos reservados.
[Edição de imagem, legendagem e título: L.G.]
Fonte: História da unidade, conforme documentos digitalizados pelo nosso camarada Santos Oliveira (2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66). Material em arquivo, enviado pelo Santos Oliveira por mail em 2008...
Guiné > Região de Quínara > Carta de Tite (1/50000) (1955) (Pormenor) > Posição relativa de Tite, Enxudé e Jabadá.
Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2011)
______________
Nota do editor:
(*) Vd. poste anterior relacionado com o BCAÇ 1860 > 20 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8575: BCAÇ 1860 (Tite, 1965/67): Balanço da actividade não-operacional, em banda desenhada... (Santos Oliveira)
Guiné 63/74 - P8577: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (8): As guerras de Bissau
1. Em mensagem de 4 de Julho de 2011, Belmiro Tavares, (ex-Alf Mil, CCAÇ 675 Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), conta-nos mais uma das suas histórias.
HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE BELMIRO TAVARES (8)
A(s) Guerra(s) de Bissau
Muito se tem falado e escrito também sobre o tema em título mas abordando apenas uma parte da matéria: uma guerra de Bissau.
Acontece, porém, que houve ali duas “guerras”: uma durou vários anos; a outra cerca de duas horas. A esta poderiamos chamar, talvez, com mais precisão, uma batalha.
No primeiro caso, os factos eram narrados principlamente pelos oficiais do QG, mas não só, com ênfase invulgar; a análise era diametralmente oposta – ou quase – quando era concertada pelo pessoal militar de Bissau ou pelos militares do mato, aqueles que viviam intensamente a guerra real.
A “guerra” ocorria diariamente durante os anos da guerrilha – sempre que um militar do ar condicionado encontrava outro que, acabado de chegar da Metrópole, preparava a sua partida para o teatro de operações. Era a demanda em que os mais variados episódios eram empolados, largamente ampliados pelo belicoso pessoal do QG para “assustar” principalmente os “maçaricos” imberbes e loiros, os que posteriormente deram lugar aos “periquitos” igualmente desbarbados e aloirados.
Todos – oficiais, sargentos e até praças – deliravam, babavam-se, dando largas à sua frutuosa imaginação mais ou menos descontrolada; muitos manifestavam-se orgulhosos pelos feitos de “bravura” que narravam, transmitindo a ideia falsa de que os teriam vivido bem de perto, mesmo que nunca tivessem saido de Bissau.
No dia 13 de Maio de 1964, o navio Uíge, entrou no avantajado estuário do Geba, logo ao romper da manhã; ficou ao largo porque... “não podia meter-se o Rossio na rua da Betesga”, e porque “Deus fez os rios da Guiné – e o cais acostável também – à medida dos navios da CUF”.
A bordo daquele navio seguiam seis ou sete Companhias Independentes e três Pelotões de Morteiros. Em pouco tempo, dado o evoluir acelerado da guerra, o efectivo militar da Guiné passou de 5.000 para 20.000 homens – ainda não havia garotas na tropa (com grande pena nossa); alguns batalhões sairam do Tejo com destino a Angola ou Moçambique e, já em mar alto, recebiam ordem – pasme-se! – para rumar à Guiné.
A bordo do Uige; soldados repousam no couvés; nos porões era impossível – calor e cheiro “a muita gente junta”.
O desembarque, via batelão, demorou umas horas. Mal o navio ancorou, apareceram a bordo uns alferes e uns furrieis que “vendiam” selos e telegramas, auferindo logo ali um “bolo” de, pelo menos, 20% sobre o valor das avultadas vendas – diferença cambial entre o escudo e o “peso”. Aproveitavam a sua “insuspeita”, “benevolente” e “patriótica” permanência a bordo para nos “agredir”, “zurzir” com os seus boatos fantásticos e aterrorizadores.
Um daqueles oficiais, natual da Covilhã, era primo do furriel da alimentaçãp da CCaç 675, a quem contou “familiarmente” as suas terriveis atoardas; o vagomestre, fazendo-se valente, respondeu como lhe convinha:
- Isso não me interessa! A minha guerra é outra! Eu sou um afortunado vagomestre! Nada tenho a ver com essas guerras!
O oficial, sentindo que os seus orquestrados truques não produziam o efeito pretendido, contra-atacou, célere e objectivo:
- Eh pá! Ainda a semana passada morreu um vagomestre violentíssimo ataque em – (citou o nome dum qualquer aquartelamento).
[Nota: nunca ouvimos falar da morte dum furriel da alimentação mas... pode ter acontecido. ]
As baboseiras crueis daquele alferes produziram logo o atroz efeito que o autor, pelo menos aparentemente, pretenderia: (i) O vagomestre perdeu logo as estribeiras; (ii) Deixou desencaminhar facturas e/ou recibos das compras de generos alimentícios; (iii) Em consequência não lhe foi possivel (apesar das muitas ajudas) “fechar” os mapas atempadamente; (iv) Foi punido; passou a atirador, chefiando uma esquadra de morteiro 60 num pelotão de caçadores; (v) Ia para o mato com um saco de granadas às costas que o apontador daquela arma lhe entregava na hora da saida; e, por fim, (vi) tentou – cremos, temos quase a certeza – o suícidio com um tiro de G3 – puro desespero.
Passados uns bons meses, porém, “aterrou” definitivamente, assentou ideias e terminou a comissão em beleza... melhor do que começara, mais refinado, mais divertido, mais folião.
Este furriel tinha estado connosco durante as duas semanas de campo (na Vendinha-Évora); gostou tanto da nossa “malta” que se ofereceu, volunrário, para ir com a CCaç 675 – para... Moçambique; tal como nós foi bater com o costado na Guiné.
Em meados de Janeiro de 1966 desci até Bissau porque fui galardoado (obsequiado) com o Prémio Governador da Guiné – 35 dias de férias no “Puto” com viagens pagas. Ocorreu numa época bicuda em que eu já não podia sair da Guiné, mesmo de férias, porque o fim da comissão estava já a menos de quatro meses – uma longa eternidade.
Dirigi-me ao QG para receber a passagem; à saída encontrei dois alferes “periquitos” com as faces ainda muito rosadas; cheios de juventude e alguma matreirice – tinham chegado dois dias antes.
Perguntaram-me como era a guerra no mato; como se vivia em campanha; como “lidávamos” com os “turras”, etc. Com toda a verdade e só a verdade, transmiti-lhes o que sabia; mas um deles replicou, prazenteiro:
- Quero lá saber dessas guerras! Eu não saio do ar condicionado! Isso é para vocês! Aguentem-se! Foi para isso que vos mobilizaram!
Senti que estava a ser nitidamente “lixado”; lancei de imediato o meu contra-ataque psicológico e demolidor:
- Tu pensas que em Bissau não podes “acordar” com a cabeça a rolar no chão!? Pensas que podes afastar-te das ruas principais ou passar na sombra dum mangueiro sem levar uma catanada?! Não tens ouvido, durante a noite, rebentamentos desmedidos, rajadas sem fim à volta da cidade?! “Eles” estão perto! “Muitos” já estão cá dentro... camuflados! Aguarda! As coisas estão a piorar! A tua vez há-de chegar! O jacaré pode abraçar-te a qualquer momento!
Nisto, ouvimos ali bem perto umas rajadas longas de G3; o tal “periquito” correu e encostou-se à parede do QG, acocorando-se; o outro ficou pálido; tremia... mas aguentou-se ali a meu lado.
- Não sejas medricas, pá! – disse eu sarcásticamente – Um homem morre de pé... de frente para o inimigo! Os cobardes morrem de cócoras! O que tu ouviste são tiros de G3, sim, mas na carreira de tiro, ali atrás do QG! Tens de aprender rapidamente a distinguir entre um tiro de G3 e uma morteirada! Se o não fizeres, borras as cuecas a toda a hora! O tempo vai ensinar-te! Oxalá a aprendizagem não venha tarde de mais!
Nisto, alegando que “estava na hora”, entraram, correndo (medo?) no QG
Como se depreende eu também enveredei pela guerra fantástica, imaginária virando o feitiço contra o feiticeiro... mas apenas para dar resposta àquele “pedido” insistente.
A outra “guerra de Bissau”, a mais verdadeira, hilariante – se de coisa séria não se tratasse – ocorreu em fins de 1963 ou no princípios do ano seguinte, antes, portanto de eu abrir as portas da “minha guerra”.
Em Bissau vivia-se sob enorme tensão; andava tudo sobre brasas; todos apavorados, sobressaltados com o evoluir da guerra e o cerco a aproximar-se, lesto, dos muros da cidade. A frase mais ouvida era esta: - “qualquer dia morremos aqui todos ou somos corridos com uns pontapés no cu”!
Neste ambiente consta que dois fuzileiros se ausentaram das instalações num jeep, em serviço ou em passeio; entraram, incautos, em perigosos terrenos alagadiços e a viatura atascou.
O manto escuro da noite começava a envolver tristemente a cidade; um fuzileiro tinha medo de ir sózinho pedir ajuda; o outro tremia só de pensar que teria de ficar ali, desamparado, junto do jeep, até o apoio chegar. Dispararam para o ar numas rajadas de G3; sem, evidentemente, o pretendenrem... escancararam as portas da tal outra guerra de Bissau... e de que maneira!
Em todos os quarteis da cidade os militares começaram a fazer fogo excessivo sobre inimigos imaginários; disparavam para a escuridão onde qualquer suposto atacante pudesse eventualmente esconder-se; das janelas ou das varandas muito civis descarregavam as suas armas sem saber o que se passava – ninguem sabia. A tremenda fuzilaria durou mais de uma hora.
No QG alguém conseguiu, a custo, fazer calar as armas e mandou sair o piquete para averiguar o motivo daquele suposto disparate e tentar acabar com o matraquear insistente das espingardas. O piquete acalmou a cidade, “fechando” as portas da guerra; volta ao QG e... é recebido a ferro e fogo pelos bravos sentinelas amedrontados; reiniciou-se foguetório em toda a cidade; o piquete visitou de novo os quarteis da baixa fazendo regressar o silêncio. O nervosismo e o terror, porém, mantinham-se à flor da pele. Felizmente e incrivelmente não houve feridos.
Dois dias mais tarde, depois do jantar o Sr. Brigadeiro F., Comandante Militar, foi com uns amigos e as respectivas esposas tomar a “bica” ao Grande Hotel. Estavam na esplanda, - uma espécie de varanda – em amena “cavaqueira” (cavaquear não significa votar no Cavaco). Passou um caminhão na estrada que desce do QG para o centro, provocando uns estalidos próprios de motor desafinado (vulgo “rateres”); apaga-se imediatemente a iluminação; ouve-se logo uma voz angustiada vinda já do interior do hotel; era o Sr. Brigadeiro a gritar, desesperado, a seguinte ordem:
- Rasteja, Beatriz! – (esta era – seria – a sua esposa) rasteja cá pra dentro!
Mais provas do autêntico terror em que se vivia?! Para quê!?
Aquela “ordem” passou a ser muito badalada. Muito se mandava a Beatriz rastejar.
Junho de 2011
Belmiro Tavares
Ten Mil Inf
P.S.: Aquele governador militar viria a ser (creio que era ele) candidato (vencido) à Presidência desta nossa República!
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 13 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8411: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (7): Um oficial... endiabrado
HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE BELMIRO TAVARES (8)
A(s) Guerra(s) de Bissau
Muito se tem falado e escrito também sobre o tema em título mas abordando apenas uma parte da matéria: uma guerra de Bissau.
Acontece, porém, que houve ali duas “guerras”: uma durou vários anos; a outra cerca de duas horas. A esta poderiamos chamar, talvez, com mais precisão, uma batalha.
No primeiro caso, os factos eram narrados principlamente pelos oficiais do QG, mas não só, com ênfase invulgar; a análise era diametralmente oposta – ou quase – quando era concertada pelo pessoal militar de Bissau ou pelos militares do mato, aqueles que viviam intensamente a guerra real.
A “guerra” ocorria diariamente durante os anos da guerrilha – sempre que um militar do ar condicionado encontrava outro que, acabado de chegar da Metrópole, preparava a sua partida para o teatro de operações. Era a demanda em que os mais variados episódios eram empolados, largamente ampliados pelo belicoso pessoal do QG para “assustar” principalmente os “maçaricos” imberbes e loiros, os que posteriormente deram lugar aos “periquitos” igualmente desbarbados e aloirados.
Todos – oficiais, sargentos e até praças – deliravam, babavam-se, dando largas à sua frutuosa imaginação mais ou menos descontrolada; muitos manifestavam-se orgulhosos pelos feitos de “bravura” que narravam, transmitindo a ideia falsa de que os teriam vivido bem de perto, mesmo que nunca tivessem saido de Bissau.
No dia 13 de Maio de 1964, o navio Uíge, entrou no avantajado estuário do Geba, logo ao romper da manhã; ficou ao largo porque... “não podia meter-se o Rossio na rua da Betesga”, e porque “Deus fez os rios da Guiné – e o cais acostável também – à medida dos navios da CUF”.
A bordo daquele navio seguiam seis ou sete Companhias Independentes e três Pelotões de Morteiros. Em pouco tempo, dado o evoluir acelerado da guerra, o efectivo militar da Guiné passou de 5.000 para 20.000 homens – ainda não havia garotas na tropa (com grande pena nossa); alguns batalhões sairam do Tejo com destino a Angola ou Moçambique e, já em mar alto, recebiam ordem – pasme-se! – para rumar à Guiné.
A bordo do Uige; soldados repousam no couvés; nos porões era impossível – calor e cheiro “a muita gente junta”.
O desembarque, via batelão, demorou umas horas. Mal o navio ancorou, apareceram a bordo uns alferes e uns furrieis que “vendiam” selos e telegramas, auferindo logo ali um “bolo” de, pelo menos, 20% sobre o valor das avultadas vendas – diferença cambial entre o escudo e o “peso”. Aproveitavam a sua “insuspeita”, “benevolente” e “patriótica” permanência a bordo para nos “agredir”, “zurzir” com os seus boatos fantásticos e aterrorizadores.
Um daqueles oficiais, natual da Covilhã, era primo do furriel da alimentaçãp da CCaç 675, a quem contou “familiarmente” as suas terriveis atoardas; o vagomestre, fazendo-se valente, respondeu como lhe convinha:
- Isso não me interessa! A minha guerra é outra! Eu sou um afortunado vagomestre! Nada tenho a ver com essas guerras!
O oficial, sentindo que os seus orquestrados truques não produziam o efeito pretendido, contra-atacou, célere e objectivo:
- Eh pá! Ainda a semana passada morreu um vagomestre violentíssimo ataque em – (citou o nome dum qualquer aquartelamento).
[Nota: nunca ouvimos falar da morte dum furriel da alimentação mas... pode ter acontecido. ]
As baboseiras crueis daquele alferes produziram logo o atroz efeito que o autor, pelo menos aparentemente, pretenderia: (i) O vagomestre perdeu logo as estribeiras; (ii) Deixou desencaminhar facturas e/ou recibos das compras de generos alimentícios; (iii) Em consequência não lhe foi possivel (apesar das muitas ajudas) “fechar” os mapas atempadamente; (iv) Foi punido; passou a atirador, chefiando uma esquadra de morteiro 60 num pelotão de caçadores; (v) Ia para o mato com um saco de granadas às costas que o apontador daquela arma lhe entregava na hora da saida; e, por fim, (vi) tentou – cremos, temos quase a certeza – o suícidio com um tiro de G3 – puro desespero.
Passados uns bons meses, porém, “aterrou” definitivamente, assentou ideias e terminou a comissão em beleza... melhor do que começara, mais refinado, mais divertido, mais folião.
Este furriel tinha estado connosco durante as duas semanas de campo (na Vendinha-Évora); gostou tanto da nossa “malta” que se ofereceu, volunrário, para ir com a CCaç 675 – para... Moçambique; tal como nós foi bater com o costado na Guiné.
O vagomestre da CCaç 675 é o da direita – perna cruzada.
Em meados de Janeiro de 1966 desci até Bissau porque fui galardoado (obsequiado) com o Prémio Governador da Guiné – 35 dias de férias no “Puto” com viagens pagas. Ocorreu numa época bicuda em que eu já não podia sair da Guiné, mesmo de férias, porque o fim da comissão estava já a menos de quatro meses – uma longa eternidade.
Dirigi-me ao QG para receber a passagem; à saída encontrei dois alferes “periquitos” com as faces ainda muito rosadas; cheios de juventude e alguma matreirice – tinham chegado dois dias antes.
Perguntaram-me como era a guerra no mato; como se vivia em campanha; como “lidávamos” com os “turras”, etc. Com toda a verdade e só a verdade, transmiti-lhes o que sabia; mas um deles replicou, prazenteiro:
- Quero lá saber dessas guerras! Eu não saio do ar condicionado! Isso é para vocês! Aguentem-se! Foi para isso que vos mobilizaram!
Senti que estava a ser nitidamente “lixado”; lancei de imediato o meu contra-ataque psicológico e demolidor:
- Tu pensas que em Bissau não podes “acordar” com a cabeça a rolar no chão!? Pensas que podes afastar-te das ruas principais ou passar na sombra dum mangueiro sem levar uma catanada?! Não tens ouvido, durante a noite, rebentamentos desmedidos, rajadas sem fim à volta da cidade?! “Eles” estão perto! “Muitos” já estão cá dentro... camuflados! Aguarda! As coisas estão a piorar! A tua vez há-de chegar! O jacaré pode abraçar-te a qualquer momento!
Nisto, ouvimos ali bem perto umas rajadas longas de G3; o tal “periquito” correu e encostou-se à parede do QG, acocorando-se; o outro ficou pálido; tremia... mas aguentou-se ali a meu lado.
- Não sejas medricas, pá! – disse eu sarcásticamente – Um homem morre de pé... de frente para o inimigo! Os cobardes morrem de cócoras! O que tu ouviste são tiros de G3, sim, mas na carreira de tiro, ali atrás do QG! Tens de aprender rapidamente a distinguir entre um tiro de G3 e uma morteirada! Se o não fizeres, borras as cuecas a toda a hora! O tempo vai ensinar-te! Oxalá a aprendizagem não venha tarde de mais!
Nisto, alegando que “estava na hora”, entraram, correndo (medo?) no QG
Como se depreende eu também enveredei pela guerra fantástica, imaginária virando o feitiço contra o feiticeiro... mas apenas para dar resposta àquele “pedido” insistente.
Palácio do Governador em Bissau.
Estação de Correios de Bissau. Interior.
A outra “guerra de Bissau”, a mais verdadeira, hilariante – se de coisa séria não se tratasse – ocorreu em fins de 1963 ou no princípios do ano seguinte, antes, portanto de eu abrir as portas da “minha guerra”.
Em Bissau vivia-se sob enorme tensão; andava tudo sobre brasas; todos apavorados, sobressaltados com o evoluir da guerra e o cerco a aproximar-se, lesto, dos muros da cidade. A frase mais ouvida era esta: - “qualquer dia morremos aqui todos ou somos corridos com uns pontapés no cu”!
Neste ambiente consta que dois fuzileiros se ausentaram das instalações num jeep, em serviço ou em passeio; entraram, incautos, em perigosos terrenos alagadiços e a viatura atascou.
O manto escuro da noite começava a envolver tristemente a cidade; um fuzileiro tinha medo de ir sózinho pedir ajuda; o outro tremia só de pensar que teria de ficar ali, desamparado, junto do jeep, até o apoio chegar. Dispararam para o ar numas rajadas de G3; sem, evidentemente, o pretendenrem... escancararam as portas da tal outra guerra de Bissau... e de que maneira!
Em todos os quarteis da cidade os militares começaram a fazer fogo excessivo sobre inimigos imaginários; disparavam para a escuridão onde qualquer suposto atacante pudesse eventualmente esconder-se; das janelas ou das varandas muito civis descarregavam as suas armas sem saber o que se passava – ninguem sabia. A tremenda fuzilaria durou mais de uma hora.
No QG alguém conseguiu, a custo, fazer calar as armas e mandou sair o piquete para averiguar o motivo daquele suposto disparate e tentar acabar com o matraquear insistente das espingardas. O piquete acalmou a cidade, “fechando” as portas da guerra; volta ao QG e... é recebido a ferro e fogo pelos bravos sentinelas amedrontados; reiniciou-se foguetório em toda a cidade; o piquete visitou de novo os quarteis da baixa fazendo regressar o silêncio. O nervosismo e o terror, porém, mantinham-se à flor da pele. Felizmente e incrivelmente não houve feridos.
Dois dias mais tarde, depois do jantar o Sr. Brigadeiro F., Comandante Militar, foi com uns amigos e as respectivas esposas tomar a “bica” ao Grande Hotel. Estavam na esplanda, - uma espécie de varanda – em amena “cavaqueira” (cavaquear não significa votar no Cavaco). Passou um caminhão na estrada que desce do QG para o centro, provocando uns estalidos próprios de motor desafinado (vulgo “rateres”); apaga-se imediatemente a iluminação; ouve-se logo uma voz angustiada vinda já do interior do hotel; era o Sr. Brigadeiro a gritar, desesperado, a seguinte ordem:
- Rasteja, Beatriz! – (esta era – seria – a sua esposa) rasteja cá pra dentro!
Mais provas do autêntico terror em que se vivia?! Para quê!?
Aquela “ordem” passou a ser muito badalada. Muito se mandava a Beatriz rastejar.
Junho de 2011
Belmiro Tavares
Ten Mil Inf
P.S.: Aquele governador militar viria a ser (creio que era ele) candidato (vencido) à Presidência desta nossa República!
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 13 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8411: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (7): Um oficial... endiabrado
Guiné 63/74 - P8576: Agenda Cultural (144): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro) (4): Convite para o dia 22 de Julho de 2011
1. Em mensagem de hoje, 20 de Julho de 2011, o nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), actualmente Professor na Universidade dos Açores, dá-nos notícia de mais uma conferência integrada no ciclo conferências-debates Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961-1974: história e memória(s)*, desta vez a cargo de António Vasconcelos Raposo, antigo combatente em Angola como oficial Fuzileiro Especial e Valdemiro Correia, antigo combatente também em Angola como alferes miliciano Comando.
Ciclo de conferências-debate
“Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961 - 1974: história e memória(s)”
No âmbito do ciclo de conferências-debate “Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s)”, António Vasconcelos Raposo, antigo combatente em Angola como Oficial Fuzileiro Especial e Valdemiro Correia, antigo combatente também em Angola como Alferes Miliciano “Comando”, proferirão, no próximo dia 22 do corrente (6.ª feira), a conferência “A Guerra Colonial: do emocional à exigência histórica do racional, a visão de dois oficiais da tropa de elite”. O evento terá lugar no anfiteatro “C” do Pólo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores, com início pelas 17H30 e estará aberto à participação de todas as pessoas interessadas.
Trata-se de uma organização do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores, que teve início em 6 de Maio p. p., com a conferência do Ten-Gen. Alfredo da Cruz “A Força Aérea na Guerra do Ultramar: experiência de um piloto de combate”, a que seguiu a do Coronel José M. Salgado Martins, “O Exército na Gerra do Ultramar: experiência de um comandante de companhia.
Notas biográficas do Dr. António Vasconcelos Raposo
António Jacinto Branco Vasconcelos Raposo Nasceu em Ponta Delgada, São Miguel em 1950. Depois de frequentar o então Liceu Nacional de Ponta Delgada, rumou a Lisboa, onde se licenciou em Educação Física. Na Faculdade de Motricidade Humana, concluiu o mestrado em Ciências do Desporto, na vertente de Alto Rendimento em Natação. É treinador Superior e de nível 4, tendo preparado atletas de alta competição que alcançaram importantes êxitos desportivos.
Cumpriu o serviço militar obrigatório como oficial Fuzileiro Especial tendo cumprido uma comissão de 1973 a 1975 em Angola, no Leste.
É autor de diversos livros sobre questões ligadas ao desporto, sobretudo no âmbito do ensino e treino de natação.
No corrente ano publicou, na Sextante, o livro Até ao fim. A última operação”, um romance inspirado em factos reais vividos pelo autor na guerra.
No âmbito do desempenho profissional recebeu vários louvores e condecorações.
Notas biográficas do Dr. Valdemiro Correia
Valdemiro Correia natural de S. Roque, Ponta Delgada, estudou na Escola Industrial e Comercial local. Licenciou-se em Educação Física e concluiu o mestrado em Ciências da Educação. Foi professor do Ensino Secundário e também colaborador da Universidade de Évora.
Prestou serviço militar em Angola, em 1974, como Alferes Miliciano da 42.ª Companhia de Comandos. Passou à disponibilidade em 1975.
Em 2008, publicou o seu primeiro livro: A Fisga, em que relata as suas experiências em três fases da vida: as de rapaz e jovem da freguesia tão característica como a de S. Roque, a de Cadete, na sua preparação militar para a guerra, e a de Alferes, Comandante de um Grupo de Combate da 42.ª Companhia de Comandos em Angola.
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 8 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8390: Agenda Cultural (130): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (3) (Carlos Cordeiro)
Vd. último poste da série de 15 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8559: Agenda Cultural (143): Cartas de Amor e Saudade, por Manuel Botelho, no Centro Cultural de Cascais até ao dia 28 de Agosto de 2011 (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P8575: BCAÇ 1860 (Tite, 1965/67): Balanço da actividade não-operacional, em banda desenhada... (Santos Oliveira)
Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (1965/67) > Cópia da capa da brochura da da História da Unidade (*)
Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (1965/67) > Resumo, ilustrado, da actividade não operacional do batalhão, entre Abril de 1965 e Abril de 1967.
Fotos: © Santos Oliveira (2008). Todos os direitos reservados.
Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967) > Campanha do arroz: Transporte, de 300 toneladas (Abril de 1965) a 3236 (Abrild e 1967)
Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967) > Acção psicossocial: (i) Cuidados de saúde: De 4472 consultas a 11722; (ii) Ensino: De 1 a 6 escolas escolas (em Enxudé, Ilha das Galinhas, Jabadá, Fulacunda, Empada e Tite); de 62 a 800 alunos matriculados
Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967) > Construções militares: 11 (Abril de 1965); 28 (Abril de 1967); Abastecimebnto de água: 10, 2 mil metros cúbicos (Abrild e 1965); 55,5 mil metros cúbicos (Abril de 1967)... O quartel de Tite era considerado um dos melhores senão o melhor da Província...
Guiné > Região de Quínara > Tite > Região de BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967) > Construção de estradas e caminhos: mais 22,5 km no final da comissão; Assistência religiosa: construção de uma mesquita (muçulmana) (em Tite, onde só havia uma igreja, católica).
Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967) > População apresentada às autoridades portuguesas: 3435 (Abril de 1965); 9955 (Abril de 1967): Campanha da mancarra: Transporte: 57 toneladas em Abril de 1967. (**)
Excerto da História da Unidade (**):
[ Edição e legendas: L.G.]
_______________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 4 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2504: BCAÇ 1860 (1965/67), o 3º Batalhão em Tite (Santos Oliveira)
(**) Fonte: História da unidade, conforme documentos digitalizados pelo nosso camarada Santos Oliveira (2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66), enviados por mail em 2008...
A banda desenhada parece estar assinada, mas essa eventual assinatura é ilegível... Diga-se, de passagem, que se trata de uma notável ilustração, feita por camarada talentoso, um trabalho tecnicamente difícil, pois era gravado e reproduzido em "stencil"...
Lista, organizada pelo Santos Oliveira, das sub-unidades do BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967)> Sub-unidade, sub-sector, período, comandante
(i) CArt 565, Fulacunda, antec /10Ago65, Cap Reis Gonçalves;
(ii) CCav 677, S. João, antec. 20Abr66, Cap Pato Anselmo, Alf Ranito, Cap Fonseca;
(iii) CCaç 797, Interv, 29Abr65/16Mai66, Cap Soares Fabião;
(iv) CCaç 1420, Fulacunda, 11Ago65/08Jan66, Cap Caria, Alf Serigado, Cap Moura; [Recorde-se que a esta infortunada companhia pertenceu, como alferes, o nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira];
(v) CCaç 1424, S. João, 11Set65/25Nov65, Cap Pinto; [Companhia que também foi comandada pelo querido amigo e camarada Nuno Rubim, de Junho a Dezezembro de 1966];
(vi) CCaç 1423, Fulacunda e Empada, 30Out66/23Dez66, Cap Pita Alves;
(vii) CCaç 1487, Fulacunda, 08Jan66/15Jan67, Cap Osório;
(viii) CCaç 1549, Interv, 26Abr66, Cap Brito;
(ix) CCaç 1566, S. João e Jabadá, 19Mai66, Cap Pala e Alf Brandão;
(x) CCaç 1567, Fulacunda, 01Fev67, Cap Colmonero;
(xi) CCaç 1587, Empada, 27Nov66, Cap Borges;
(xii) CCaç 1591, Fulacunda (treino operacional), 18Ago66/01Out66, Ten Cadete;
(xii) CArt 1613, S. João (treino op), 03Dez66/15Jan67, Cap Ferraz e Cap Corvacho; [ A esta companhia pertenceu, entre outros, o nosso saudoso Zé Neto (1929-2007), o primeiro membro da Tabanca Grande a quem a morte levou];
(xiii) CCaç 1624, Fulacunda, 05Dez66, Cap Pereira;
(xiv) Pel Mort 912, Jabadá, antec /26Out65, Alf Rodrigues;
(xv) Pel Caç 955, Jabadá, antec/13Mai66, Alfs Lopes, Viana Carreira, Sales, Mira;
(xvi) Pel AM Daimler 807, Tite, antec/13Mai66, Alf Guimarães;
(xvii) Pel Art 8, Fulacunda, 10Fev66/03Mar66, Alf Machado;
(xviii) Pel Caç 56, Fulacunda e S. João, 31Out66, Alf Dias Batista;
(xix) Pel Mort 1039, Jabadá e Tite, 26Out65, Alf Carvalho;
(xx) Pel AM Daimler 1131, Tite, 12Ago66, Alf Antunes;
(xxi) Companhia de Milícia 6, Empada, antec, Alf 2ª Mamadi Sambu e Dava Cassamá;
(xxii) Companhia de Milícia 7, Tite, 05Ago65, Alf 2ª Djaló;
Estas sub-unidades foram atribuídas ao BCaç 1860 durante a permanência em Sector (desde Abr65).
[Imediatamente após a sua chegada à Guiné, o BACÇ 1860 entrou em Sector. Foi-he atribuído o Sector S1, integrado no Agrupamento Sul. Principais localidades: Tite, Fulacunda, S. João e Jabadá. Em Outubro de 1966 é atribuído ao Batalhão o Sub-Sector de Empada, enquadrando as penínsulas de Darsalame e Pobreza. Concomitantemente, passa a pertencer ao BCAÇ 1860 a CCAÇ 1423, aquartelada em Empada.]
Marcadores:
acção psico-social,
BCAÇ 1860,
CCAÇ 1420,
CCAÇ 1587,
Empada,
Fulacunda,
Jabadá,
José Neto (Cap),
Pel Mort 912,
Rui A. Ferreira,
Santos Oliveira,
São João,
saúde,
Tite
Guiné 63/74 - P8574: Os nossos médicos (41): Por fim, e não menos importantes, os nossos anestesistas (C. Martins / Joaquim Sabido / J. Pardete Ferreira)
(i) C. Martins (ex-Alf Mil, Pel Art Gadamael, 1973/74; hoje médico, que participou no nosso VI Encontro Nacional, em 4 de Junho de 2011, vd. foto à esquerda, ao lado de J. Casimiro Carvalho):
(...) Finalmente aparecem na lista anestesistas. Já começava a pensar que raio de hospital [, HM 241,] era aquele que não tinha tal...
Oh colega e camarada Pardete daquele hospital tão badalado, de quem eu também fui hóspede involuntário, só restam as paredes e cobertas de mato… do hospital civil actualmente denominado Honório Barreto (...).
(ii) C. Martins:
(...) Num bloco operatório não há mais ou menos importantes, o que há é mais ou menos responsáveis. O anestesista não serve só para pôr a "dormir" o "operado", tem outras funções muito importantes, depois há o cirurgião chefe, 1.º e até 2.º ajudante, instrumentista etc..etc.
Consoante o tipo de intervenção cirúrgica e respectiva especialidade, às vezes há equipas de dez ou mais pessoas no bloco operatório... Todas elas com funções específicas e importantes trabalhando para uma única finalidade: cura ou melhoria do doente...
(iii) J. Pardete Ferreira (ex- Alf Mil Med, CAOP, Teixeira Pinto; HM 241, Bissau, 1969/71)
É Camarigos, sempre tive muito respeito pelos anestesista. Já não sou daquela geração em que "o anestesista era aquele colega mais ou menos adormecido à cabeça de um doente mais ou menos acordado!"... Já sei, [essa] tem barbas. Já tive um doente, que eu estava a operar com raqui e me diz:
- Oh! Doutor, chame-me o anestesista porque não me estou a sentir bem! (para os colegas, estava a fazer uma reacção vagal quando fui mais brusco nas mexidas no peritoneu).
Anestesistas [no TO da Guiné]:
(i) o Caeiro, um dos Gurus de Coimbra, da Sociedade e do Colégio;
(ii) Domingos Clemente;
(iii) Soares Pinto (mais interessado em pediatria);
(iv) o Isulino;
(v) a Drª Leonor, esposa do falecido Carlos Ribeiro;
(vi) a esposa do Dr. Maurício Lecuona, chefe da repartição Provincial dos Serviços de Saúde da Guiné e que se veio instalar em Évora, creio.
Outros passaram mas a minha pituitária, por vezes, só reage ao retardador... mas reage e não é uma caixa de Bilhetes de Identidade. Acumula seres humanos, alguns dos quais foram ou são, meus Amigos.
Quando terminava ou, esporadicamente, termino, uso sempre esta fórmula: "muito obrigadinho a todos, principalmente ao doente, que não se mexeu".
Sem os Anestesistas (e isto está longe de ser "dar-lhes banha"), os progressos actuais da Cirurgia e afins, que se tornaram independentes, para nalguns casos voltarem à especialidade mãe, não haveria progresso tecnológico.
(iv) Joaquim Sabido (ex-Alf Mil Art, 3.ª Cart/Bart 6520/73 e CCaç 4641/73, Jemberém, Mansoa e Bissau, 1974):
Caro Pardete Ferreira: Venho apenas confirmar que o falecido Dr. Maurício Lecuona de Oliveira, efectivamente, se estabeleceu em Évora e ainda fui paciente e amigo dele; tal como também sou paciente (só por vezes) mas sempre grande amigo, do Zé Trigo de Sousa, a quem já te referiste num outro poste, que se aposentou há 2 ou 3 anos do cargo de director do departamento de saúde mental do hospital de Évora, mas continua a exercer, enquanto psiquiatra, agora apenas na privada, concretamente, no Hospital da Misericórdia de Évora.
Também conheci aqui em Évora, o Dr. Pedrosa (já falecido), que exercia na área de medicina desportiva e que também esteve na Guiné.
(v) J. Pardete Ferreira:
Obrigado a todos, principalmente ao Sabido. Os outros que me desculpem. O Trigo de Sousa apareceu um dia na televisão a socorrer feridos de um acidente em cadeia, junto à ponte sobre o Tejo, a única existente na altura. Era um ponto do caraças e um bom profissional... mas na Guiné trabalhou em Ortopedia. Foi meu companheiro no Uíge. Um pouco de má língua: às vezes, quando estava a ajudar uma intervenção, as suas pálpebras fechavam-se um pouco. Estão ouvia-se o Anestesista:
- Oh Trigo, sai de cima do tórax do doente!
Ainda por falar em Anestesista e também continuando a minha intervenção de ontem, apercebi-me de um falta imperdoável: tinha-me esquecido do Marcus Barroco, Amigo e Companheiro das lutas na Medicina Desportiva.
O Calheiros que há uns dias a trás falei e para esclarecer uma dúvida que foi posta, não tem nada a ver com os Calheiros Lobo, do Porto. Na Guiné estiveram dois, o mais novo, no final da minha Comissão e ligado às Medicinas, e o mais velho, o Cirurgião, já falecido e que não cheguei a conhecer, que foi substituir o Dr. Bruges e Saavedra na chefia da Equipa Cirúrgica.
Vários nomes continuam a aparecer na minha tola e seria injusto que não os fosse apresentando: Norberto Canha, Cirurgião e poeta; Sequeira, Cirurgião; Vasconcelos, a Marinha; Luiselo de Figeiredo, da Marinha igualmente e Cardiologista.
Hoje fico por aqui.
Boa noite camarigos. (**)
PS - Luís Graça, efectivamente também tive a minha fase poética. A chatice é que os originais estão cheios de frio e atafolhados no fundo duma pilha de documentos... mas hei-de encontrá-los.
_____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 6 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8518: Os nossos médicos (35): Mais nomes de clínicos do HM241 do meu tempo (J. Pardete Ferreira)
(**) Último poste da série > 16 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8560: Os nossos médicos (40): Em Junho de 2012, vou recordar mais coisas, no 15º encontro da malta do HM241 (J. Pardete Ferreira)
terça-feira, 19 de julho de 2011
Guiné 63/74 - P8573: O Azimute e o acontecimento do ano de 1968 (Domingos Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Manuel Domingos Santos* (ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912, Susana e Varela, 1967/69), com data de 18 de Julho de 2011:
Amigo Carlos
Talvez tenha interesse para alguns camarigos estas notícias do antigamente.
Ao dar voltas ao baú doutros tempos, dei-me com uma revista dessa altura "O AZIMUTE" que traz algumas notícias do nosso tempo, e que possam ter interesse para alguns camarigos da Companhia 1585, de 67-69, onde descreve um grande louvor e a ida do então Presidente Américo Tomaz à Guiné em 1968.
Um abraço
Domingos Santos
____________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 7 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8238: Tabanca Grande (279): Manuel Domingos Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912 (Susana e Varela - 1967/69)
Amigo Carlos
Talvez tenha interesse para alguns camarigos estas notícias do antigamente.
Ao dar voltas ao baú doutros tempos, dei-me com uma revista dessa altura "O AZIMUTE" que traz algumas notícias do nosso tempo, e que possam ter interesse para alguns camarigos da Companhia 1585, de 67-69, onde descreve um grande louvor e a ida do então Presidente Américo Tomaz à Guiné em 1968.
Um abraço
Domingos Santos
____________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 7 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8238: Tabanca Grande (279): Manuel Domingos Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912 (Susana e Varela - 1967/69)
Guiné 63/74 - P8572: Blogpoesia (153): Na Guiné, com a minha bajuda (Albino Silva)
1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva* (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 18 de Julho de 2011:
Bom dia Carlos Vinhal
Neste inicio de uma nova semana, creio que estou a começar bem. Depois de vários temas de que já falei, faltava-me falar da minha badjuda e excelente companheira, enquanto estive na Guiné.
Sim porque isto de badjudas só mesmo na Guiné, e a minha foi bem estimada, nunca a troquei por outra, senão vejam.
Abraços para toda a Tabanca Grande, e ainda para quem a visita e faz dela seu jornal, tal como eu.
Albino Silva.
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 16 de Julho de 2011 > Guiné 63/71 - P8562: Em busca de... (171): Doutores José Luís Pinto Bessa de Melo e Jaime Francisco da Cruz Maurício, CAOP 1, 1968 e 1969 (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 18 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8566: Blogpoesia (152): Uma parte de nós ficou para sempre lá (Juvenal Amado)
Bom dia Carlos Vinhal
Neste inicio de uma nova semana, creio que estou a começar bem. Depois de vários temas de que já falei, faltava-me falar da minha badjuda e excelente companheira, enquanto estive na Guiné.
Sim porque isto de badjudas só mesmo na Guiné, e a minha foi bem estimada, nunca a troquei por outra, senão vejam.
Abraços para toda a Tabanca Grande, e ainda para quem a visita e faz dela seu jornal, tal como eu.
Albino Silva.
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 16 de Julho de 2011 > Guiné 63/71 - P8562: Em busca de... (171): Doutores José Luís Pinto Bessa de Melo e Jaime Francisco da Cruz Maurício, CAOP 1, 1968 e 1969 (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 18 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8566: Blogpoesia (152): Uma parte de nós ficou para sempre lá (Juvenal Amado)
Subscrever:
Mensagens (Atom)