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terça-feira, 10 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20720: (De)Caras (147): O que é feito destes 'putos-soldados' da CART 11 e da CCAÇ 12 ? (Valdemar Queiroz)


Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > Março de 1969 > Recruta dos futuros soldados das futuras CART 11 e da CCAÇ 12 > Samba Baldé (Cimba), nº mec 82110969... Futuro Ap Metr Lig HK 21, 3º Gr Com 3º Gr Comb [Comandante: alf mil inf 01006868 Abel Maria Rodrigues [, bancário reformado, Miranda do Douro], 1ª secção [fur mil at inf Luciano Severo de Almeida, já falecido]...  De origem fula.


Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > Março de 1969 > Recruta dos futuros soldados das futuras  CART 11 e da CCAÇ 12 > Salu Camara, nº mec 82103469. Provavelmente de origem futa.fula. Integrou a CART 11.


Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > Narço de 1969 > Recruta dos futuros soldados das futuras  CART 11 e da CCAÇ 12 >  Sori Baldé, nº mec 82111069,  De origem futa. Integrou a CCAÇ 12, como sold at inf. Pertenceu O 4 º Gr Comb [, comandante: alf mil  at cav  10548668 José António G. Rodrigues, já falecido, vivia em Lisboa], 3º secção [1º Cabo 00520869 Virgilio S. A. Encarnação, vive em Barcarena]... [O Valdemar Queiroz identifica-o, erradamente, como sendo o Tijana Jaló, esse sim, devia pertencer à CART 11, mas com outro nº mecanográfico... Estou bem recordado do Sori Baldé, um dos meus soldados, quando estive no 4º Gr Comb.]


Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > Março de 1969 > Recruta dos futuros soldados das futuras CART 11 e da CCAÇ 12 > Mamadu Jaló, nº mec 821179669, De origem futa. Integrou a CCAÇ 12, como sold arvorado. . Pertenceu ao 1 º Gr Comb 3ª secção [, fur mil at inf 19904168 António Manuel Martins Branquinho, reformado da Segurança Social, Évora, já falecido]


Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > 1º trimestre de 1969 > Recruta dos futuros soldados das futuras CART 11 e da CCAÇ 12 > Alceine Jaló, nº mec 82114669, De origem futa ou futa-fula. Pertenceu à CART 11.

Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar  > c. março / abril de 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno Baldé, Sori Baldé e Umarau Baldé (que irão depois para a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12).

Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade. Eram do recrutamento local. Os da CCAÇ 12 eram fulas, oriundos do chão fula e em especial dos regulados do Xime, Corubal, Badora e Cossé.

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]


Data: terça, 5/11/2019, 23:22

Assunto: O que será feito dos 'Putos-Soldados' do CIM de Contuboel

O que será feito dos 'Putos-Soldados'?

Passaram 50 anos que muitos 'putos' foram chamados prá tropa e receberam instrução militar em Contuboel-

Alguns apresentaram-se descalços, com as suas roupas usadas habituais e notava-se que eram muito jovens, mas diziam que tinham 18 anos.

Soube-se mais tarde que houve situações de recrutamento forçado, mas na maioria apareceram com vontade ser soldados. 'Manga de ronco' e 'manga de patacão' que lhes iria acontecer.

Não sabemos, eu não sei nem me lembro de contarem, como foram contactados e por quem (régulo/chefe de tabanca), e se lhes foi dito que iriam ser soldados para entrarem directamente na guerra, que eles já tão bem conheciam.

Não sei se vieram assentar praça, como um serviço militar obrigatório se tratasse, com a diferença de serem ainda menores, ou como uma espécie de voluntariado forçado (ideias de Spínola a fazer lembrar o recrutamento de crianças pelos nazis no final da guerra?).

E assim se formaram a CART.11 e a CCAÇ.12.

Também não soubemos se queriam ser soldados para fazerem guerra contra os 'bandidos' ou para ajudar (como já acontecera em séculos anteriores) os portugueses na guerra contra, neste caso, o PAIGC que queria a independência da Guiné.

Mas, a guerra acabou. Felizmente a guerra acabou.

Os 'putos-soldados' deixaram de ser soldados do Exército Português e passaram, automaticamente, à peluda da sua desgraça. Muitos houve que fugiram para não serem sumariamente executados, muitos outros não tiveram essa sorte e foram assassinados, os restantes resignaram-se voltando, já homens, às suas tabancas para serem o que já tinham sido. Foi sempre assim quando acabam as guerras.

E passados 50 anos o que será feito daqueles que conseguiram sobreviver?

Os que eram mais jovens devem ter, agora, 66/67 anos de idade. O que será feito deles?

Julgo que eram todos Fulas e maioritariamente eram das regiões de Gabu/Piche, os da CART.11, ou de Bambadinca/Xime, os da CCAÇ.12.

O Alceine Jaló era do meu Pelotão, casou-se muito novo com uma bajuda (Saco ou Taco?) e levou-a com ele para Guiro Iero Bocari. As mulheres e os filhos dos nossos soldados também dormiam connosco nas valas e aí aguentavam quando havia ataques à tabanca.

O que será feito deles?

Gostava muito de saber deles e peço um favor muito especial ao nosso grande amigo Cherno Baldé de tentar saber se eles ainda são vivos.

Como curiosidade com os 'putos', havia quatro soldados arvorados, e frequentavam a escola de cabos, em cada Pelotão sendo a escolha feita entre eles e um da nossa escolha. Dos quatro do meu Pelotão o da nossa escolha recaiu no Saliu Jau por ser impecável, mas deu algum recusa por parte dos restantes por o considerarem 'ser djubi mesmo pra cabo'.

Valdemar Queiroz

PS - Anexo fotos de alguns 'putos-soldados' , falta a do Umaru Baldé, talvez o 'puto mais puto', e que me foi oferecida quando estive com ele na Amadora.


2. Resposta do editor Luís Graça:

Valdemar, folgo em saber de ti... E obrigado pela tua "lembrança"... Reconheço estes putos ou pelo menos três, os que pertenceram à CCAÇ 12, e que fizeram a guerra comigo (*)...

Quanto ao Umaru Baldé [c. 1953-2004), o "menino de sua mãe", tens aqui uma foto dele, à direita... Ele tem mais de vinte referências no nosso blogue. 

Soldado do recrutamento local, nº 82115869, tirou a recruta e a especialidade no CIM de Contuboel. Foi exímio apontador de morteiro 60, soldado arvorado e depois 1º cabo at inf  da CCAÇ 12 (1969-1972), no 4º Gr Comb,  3ª secção [, comandada pelo fur mil 11941567 António Fernando R. Marques: DFA, vive em Cascais, empresário reformado, membro da nossa Tabanca Grande].

O Umaru Baldé [, que era de Dembatacpo ou Taibatá, tendo sido  recrutado em 12/3/1969], foi depois colocado,em 1972,  em Santa Luzia, Bissau, no quartel do Serviço de Transmissões, onde ficou até ao fim da guerra. Conheceu, em mais de metade da vida, a amargura e a solidão do exílio. Veio morrer a Portugal, no Hospital do Barro, Torres Vedras. Contou apenas com o apoio e a ajuda de alguns dos seus antigos camaradas de armas.

Valdemar: se me mandaste,  em tempos, este material que agora se publica , ficou para aí na "picada"... Vá temos falado sobre este tema, que nos é caro, a nós os dois (**).

Afinal, fomos instrutores destes putos, no CIM de Contuboel e eles estiveram sob as nossas ordens na guerra, tu na região de Gabu, setor de Nova Lamego, eu na  região de Bafatá, setor L1 (Bambadicna) Foram extraordinários soldados e grandes camaradas, estes "meninos-soldados" (***).

Vamos ver se alguém mais se recorda destes nossos putos, "meninos de sua mãe", parafraseando o título de um extraordinário, pungente, poema de Fernando Pessoa.

3. Aproveito para reproduzir aqui um comentário meu que já tem 14 anos, sobre  "a lista dos Baldés" da CCAÇ 12, e que volto a subscrever: eram 100 os "baldés", que foram integrados na CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, muitíssimos poucos estarão vivos hoje, talvez menos de 5%  (****):

(...) É também um pequeno, modestíssimo, gesto de elementar justiça para com aqueles guineenses que lutaram ao nosso lado, que fizeram parte da CCAÇ 12 e, portanto, da nova força africana com que sonhou Spínola e que tanto atemorizou o PAIGC. Infelizmente, uma parte deles (quantos, exactamente?) já não hoje estarão vivos. Uns foram fuzilados, como o Abibo Jau (...), outros terão morrido de morte natural, que a sua esperança de vida era muito menor que a nossa, em 1969...

Eu estou à vontade para publicar esta lista: sempre critiquei a africanização da guerra da Guiné, embora longe de imaginar que, no dia seguinte à nossa retirada, começasse a caça aos traidores, aos contra-revolucionários, aos mercenários, aos colaboracionistas... 


Em 1969, ainda estava vivo o Amílcar Cabral e eu admirava-o, intelectualmente... Achava que na Guiné, depois da independência, tudo seria diferente, e não aconteceriam os ajustes de contas que se verificaram noutras revoluções ou guerras civis, na Rússia, na China, na Espanha franquista, na França depois da libertação, etc. Pobre de mim, ingénuo...

Mas, por outro lado, também fui cúmplice da sua integração no nosso exército: mesmo sendo de da especialidade de armas pesadas, e não fazer parte formalmente de nenhum dos quatro grupos de combate da CCAÇ 12, participei em muitas das operações em que estes participaram, fui testemunha da sua coragem e do seu medo, dormi com eles nas mais diversas situações, incluindo nas suas tabancas... Foram meus camaradas, em suma.

Soldados ex-milícias, a maior parte com experiência de combate, os nossos camaradas guineenses da CCAÇ 12 (originalmente, CCAÇ 2590), eram oriundos do chão fula e em especial dos regulados do Xime, Corubal, Basora e Cossé, com excepção de um mancanhe, oriundo de Bissau.

“Todos falam português mas poucos sabem ler e escrever", lê-se na história da CCAÇ 12 (O que só verdade, 21 meses depois de os termos conhecido e instruído em Contuboel, em junho e julho de 1969). Foram incorporados no Exército como voluntários, acrescentou o escriba, para branquear a insustentável situação dos fulas, condenados a aliarem-se aos tugas. (...)

___________



(***) Último poste da série > 12 de fevereiro de  2020 > Guiné 63/74 – P20644: (De) Caras (119): Um pequeno texto, cuja essência teve o BLOGUE na sua concepção (António Matos)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12773: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte III): Preparando a "nova força africana" de Spínola...


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno, Sori e Umarau (que irão depois para a CCAÇ 2590/CCAÇ 12).


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > Semana de campo dos novos recrutas (c. 200, metade dos quais irão depois juntar-se à CCAÇ 2590/CCAÇ 12)... Pela foto, pela maneira (tosca) como estão montadas as tendas,  vê-se que os nossos  recrutas nunca andaram nos escuteiros...



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Recruta: semana de campo... Em tendas de campismo... Estes rostos são-me familiares, poderão ter pertencido à CCAÇ 2590/CCAÇ 12.


Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]


1. Continuação da publicação das Memórias de um Lacrau > Texto e fotos enviadas, em 9 do corrente, pelo Valdemar Queiroz, nosso novo tabanqueiro, nº 648 [, em Contuboel, 1969,  à esquerda]


Começou a instrução militar, agora com todos já fardados e tal e qual como se fosse a recruta feita em Aveiro ou na Carregueira, com ordem unida, armamento e carreira de tiro.

Tivemos várias visitas do Carlos Azeredo e o próprio Spínola apareceu, com uma dobra de mangas especial no camuflado, (como é que ele faz aquilo?), quando estavamos a dar tiros de morteiro. Até fizemos semana de campo, com acampamento no mato (em plena zona de guerra) e simulacros de fogo com balas reais.

Entretanto fomos à ‘praia’ a Sonaco, que ir a Sonaco era uma aventura. Fomos manga de furriéis num Unimog a Sonaco. Sonaco, sem tropa, com a ‘praia’ fluvial  do Geba ali perto, uma rua principal, de terra batida, que dividia a tabanca, com pouca gente, mas tinha um posto de abastecimento de gasolina, com uma manivela, estilo anos 40, e o Mussá Camará que transformava as nossas conservas de lulas em grandes petiscos.
Valdemar Queiroz, foto atual

Regressamos já era tarde e todos bem bebidos, seguindo na picada
com as luzes do Unimog acesas, em plena mata a cantar: 'Òh, Bioxé…ne, Òh, Bioxé…ne, Òh, Bioxé…ne', com a música duma célebre canção dos Beatles, e com o Furriel de Informações que foi connosco a dizer: 'Meste momento qualquer turra nos está a ouvir e se não se calarem somos apanhados à mão'.

Chegamos a Contuboel, às tantas, com toda gente à nossa espera. Também fomos, aproveitando as colunas, à bonita localidade de Bafatá.

Bafatá, com a guerra longe, cheia de gente, com ruas arranjadas e boas casas de comércio (libaneses), com a famosa Casa Gouveia, próxima do caís, que parecia um pombal. Fomos comer comida da metrópole (bacalhau ou frango), ver jogos de futebol de salão, no pavilhão, entre equipas militares, com grandes jogadores nossos conhecidos e mergulhar na piscina que estava sempre com muita gente. Inesquecível.

(Continua)




Guiné > Mapa da província > 1961 > Escala 1/500 mil > Zona leste > Posição relativa de Contuboel e Sonaco, a meio caminho entre Bafatá e a fronteira, a norte, com o Senegal.  Contuboel/Sonaco, Bafatá e Nova Lamego eram 3 vértices de um triângulo, em pelno chão fula...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


2. Comentário de L.G.:  Futuros soldados da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)
Cherno Baldé

Sori... Jau ou Baldé ?

Umaru Baldé

Três jovens recrutas, o Cherno, o Sori e o Umaru, que, no final da recruta dada pelos quadros da CART 2479/CART 11, passaram para as fileiras da CCAÇ 2590/CCAÇ 12... que lhes deu a especialidade e a IAO, ainda em Contuboel (entre junho e julho de 1969).

Na CCAÇ 12, tivemos, na 3ª secção (fur mil José Sousa Vieira), do 3º Gr Comb (alf mil Abel Maria Rodrigues), o soldado 82109669 Cherno Baldé, de etnia fula... Era municiador da Metr Lig HK 21... Também havia um Sori Jau, fula, nesta secçã, era o Sold 82109269, apontador de Dilagrama.

O problema é que também tivemos, na 1ª secção (fur mil Joaquim Augusto Matos Fernandes), do 4º Gr Comb (alf mil José António G. Rodrigues, já falecido),  um outro Cherno Baldé, fula, o Sold 82115269, ap Metr Lig HK 21.

Por sua vez, na 3ª secção do 4º Gr Comb, havia um outro Sori, de apelido  Baldé, fula, sold at inf, fula, nº  82111069...

Pelas informações que temos, há um  Cherno Baldé e e um Sori Baldé que ainda estão vivo:, estando a residir, os dois,  em Taibatá, Setor de Bambadinca, Região de Bafatá...

Eu tinha a obrigação de lembrar desta malta... percorri todos os pelotões da CCAÇ 12... Em especial o 4º Gr Comn: recordoe que a 3ª Secção não tinha comandante atribuído, sendo esse lugar muitas vezes preenchido pelo fur mil armas pesadas inf Luis Manuel da Graça Henriques...

É-me, todavia, impossível saber, com precisão,  a qual deles, Cherno e Sori,  correspondem as duas primeiras fotografias...

Quanto ao "puto" Umaru, esse era inconfundível... Achávamos que ele não tinha mais de 16 anos... Era protegido pela malta branca. Era alegre e divertido. O Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60), fula (já falecido,  depois de viver na Amadora e de ter voltado a Bambadinca), pertencia ao 4º Gr Comb, 2ª secção (fur mil António Fernando R. Marques).




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Regulado do Cuor > Finete > 1969 > CCAÇ 12 (1969/71) > Eu, Henriques, a comandar interinamente uma das secções do 4º Gr Comb, a aqui na foto com o 1º cabo José Carlos Suleimane Baldé e o sold Umaru Baldé, excelente e espetacular  apontador de morteiro 60, da 2ª secção.

O cmdt habitual da 2ª secção era o António Fernando Marques...O da 1ª era o Joaquim [Augusto Matos] Fernandes, que entretanto irá tirar o curso de reordenamentos, e será destacado para Nhabijões... A 3ª secção nunca tinha tido fur mil, era o 1º  cabo, metropolitano, Virgilio S. A. Encarnação, que a comandava... Já não sei o que estava ali a fazer em Finete.. Talvez algum patrulhamento ofensivo ao Mato Cão, para protecção dos barcos civis que transitavam no Rio Geba Estreito, entre o Xime e Bambadinca.


Fotos (e legendas): © Luís Grça (2005). Todos os direitos reservados.

Umaru Baldé, Finete, 1969.

"O Umaru [, depois de trabalhar na construção civil, nas obras da Expo, etc.] sempre foi para a Guiné, como ele gostava, mas depois voltou porque o estado de saúde piorava e lá não era possível ser acompanhado. Foi sepultado no cemitério do Lumiar na área destinada aos da sua religião" (António Fernando Marques) [, um dos camaradas que muito ajudou o Umaru, em vida; terá morrido de sida e tuberculose, no Hospital do Barro, em Torres Vedras.]

"Obrigado pela tua notícia, acerca do Umaru, não sabia. No princípio dos anos 2000,encontrei-me com ele várias vezes, na Amadora. Fui vê-lo ao hospital em Torres Vedras, depois perdi o contacto até saber da sua morte, julgo que em 2008/9. Então, sempre arranjou dinheiro para ir a Bambadinca e, por fim, veio morrer em Portugal." (Valdemar Queiroz).

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quarta-feira, 18 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18855: (De) Caras (113): "Meninos-soldados" ? Os do PAIGC, os da CCAÇ 12...



Foto nº 1 > Wikimedia Commons > ASC Leiden > Coutinho Collection > C40 > Walk from Candjambary to Sara > Guinea-Bissau > Military escort with rifle during trip [Militar – criança-soldado? – do PAIGC, armado de Kalashnikov (AK-47), durante uma escolta]. (*)

Foto de Roel Coutinho (1974),  da série PAIGC Military, Guinea-Bissau, Coutinho Collection 1973-1974 (com a devida vénia...).



Foto nº 2 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno, Sori e Umarau Baldé  (que irão depois para a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12). Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade. Eram do recrutamento local.

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Estas duas fotos podem querer sugerir que tanto o PAIGC como nós usámos "crianças" na guerra... Pontualmente ? Em maior ou menor escala ?

Eu, o Valdemar Queiroz, o António Marques e outros camaradas que integram a nossa Tabanca Grande, que estivemos a dar instrução, entre abril  e julho de 1969 (eu só entre junho e julho de 1969),  a mancebos que depois foram integrar as futuras CART 11 / CCAÇ 11 e CCAÇ 12, sabíamos da existência de "djubis", de idade mal definida, recrutados com 16 anos ou menos anos de idade, "meninos de sua mãe" que depois se fizeram bravos soldados... 

Comentei, por outro lado, que achava estranho que um médico europeu, holandês, como o dr. Roel Coutinho, embora jovem e em "missão humanitária", não se tenha percebido, em 1973 e 1974, da utilização de meninos-soldados por parte do PAIGC (, pelo menos em escoltas militares, na evacuação de feridos...) e não tenha alertado para (ou  denunciado) esse facto... 

Em Contuboel, no Centro de Instrução Militar de Contuboel, também nenhum de nós se "apercebeu" dessa situação, ou "apercebeu-se" mas não lhe deu importância... Afinal, com mais meia dúzia de anos, nós também éramos "meninos.de sua mãe", à espera do batismo de fogo... Os nossos soldados do recrutamento local não tinham cédula pessoal nem bilhete de identidade, como era normal na África colonizada pelos europeus... Confiávamos nos recrutadores, nos régulos e nos chefes de posto... EmPortugal, nas Forças Armadas Portugueses só se aceitavam voluntários com a idade legal mínima de 16 anos....

O militar da foto nº 1, armado de Kalash, é uma criança, um adolescente!...O nosso editor Jorge Araújo ainda pôs um ponto de interrogação...   Infelizmente é uma situação em todas as guerras, e ainda hoje,  em especial em África... Naquela época, nós fechámos os olhos a casos como o do Umaru Baldé (**) e outros (o Cherno, o Sori...) e o PAIGC terá feito  o mesmo... Tudo o que vinha à rede era peixe... Ou, como diz o nosso povo, "o trabalho do menino é pouco, mas quem não o aproveita é louco",,,  (LG) (***)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18848: (D)o outro lado do combate (34): A logística nas evacuações dos feridos do PAIGC na Frente Norte: um itinerário até ao hospital de Ziguinchor (Jorge Araújo)

(**) Vd. poste de 26 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16525: (In)citações (100): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte I): "Filho único e menino, minha mãe chorou quando, em 12 de março de 1969, alferes me foi buscar a Dembataco para defender a pátria portuguesa"


[Carta sem data nem local, tem a foto do Umaru Baldé ao canto superior esquerdo]

AMOR NUNCA ACABA

Amor nunca acaba,
ninguém esquece dos passados ceja [seja] bem ou de mal,
eu me lembro de dia 12 de março de [19]69, quando foi [fui]
chamado para [a] vida militare [militar] Portugues[a]. 


Na verdade eu tinha pouco[s] anos de idade e eu era
único filho de o meu pai, e na verdade minha Mamãe
revoltou[-se], disse que eu não tenho [tinha] idade para ir na guerra, mas a pena [é que] Alferes que tinha vindo para nos levar, não podia ouvir esta revolta, Alferes disse-nos todos somos Portugueses, saímos [de] muito longe para defender [a] Pátria Portuguesa, antão [então], para povo saber que [em] Portugal não há raça nen [gente] de cores, todos [todo] cidadadão tem que ir cumprir serviço militar português.

Minha mamãe chorou, disse ai, meu Deus, tenho meu filho único
que vai me deixar para ir morrer na guerra. 

Esta data era[foi] dia  de tristeza i [e] lágrimas para [o] povo de Demba Taco e Taibatá, na  verdade ficámos até às 4 horas das tarde [até] entramos no [bas] viaturas militares para Bambadinca.

Eu com a pouca idade que eu tinha, o que podia fazer ? Todo como homem, que sou, quando foi [fui] na recruta [em Contuboel], foi [fui] o melhor apontador de morteiro 60 [...] Depois,  na especialidade foi [fui] levado para mesmo na primeira companhia [que] foi na CCAÇ 2590 [/] CCAÇ 12] onde nunca esqueço [o] sufrimento [sofrimento] que sofri para [pela]
Minha Pátria Portuguesa, na Guiné Portuguesa.

Na verdade, [em] dois anos e alguns meses que fez [fiz] como operacional, fez [fiz] 78 operações no mato do Xime, [na] zona do Xitole e até [em] Medina [Madina] do Boé, ao lado de Ganjadude [Canjadude]. Na minha companhia,  durante dois anos só sofremos 5 soldados [mortos], 4 pretos e um vranco [branco].
Depois fui transferido para Bissau como primeiro cabo, onde fui colgado [colocado] no comando das transmissões [, quartel de Santa Luzia,] até ao fim de[da] guerra em 1974. [...]




(***) Último poste da série > 13 de julho de  2018 > Guiné 61/74 - P18843: (De) Caras (115): O João Rocha (1944-2018), em Bissau e em Brá, nos primeiros tempos do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (Fernando Calado)

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16382: Álbum fotográfico de Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, 1969/71) - Parte III: Lembrando, com saudade, o "puto" Umaru Baldé


Foto nº 1 A


 Foto nº 1


Foto nº 2

Fotos: © Fernando Andrade Sousa (2016). Todos os direitos reservados.



1. Continuação da publicação do álbum de Fernando Andadrade Sousa que foi 1º cabo aux enf, CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, entre maio de 1969 e março de 1971), e mora na Trofa. Era seu superior hieráquico o fur mil enf João Carreiro Martins, membro, também ele, da nossa Tabanca Grande.

Na foto nº 1  vê-se o Fernando, ao meio, com dois antigos camaradas guineenses da CCAÇ 12. O mais alto era então o Umaru Baldé, o "nosso puto" Umaru que se terá alistado (e foi aceite) no exército portuiguês com... 16 anos. (Teria, portanto, nascido por volta de 1953), Na altura era ainda um adolescente, com menos  um metro e setentes... Aqui em Resende, em 1999 /(num dos convívios do pessoal de Bambadinca, de 1968/71),  e já 46 anos....parece ter mais de um metro e noventa...
O outro camarada não é possível identificá-lo. 

Na foto nº 2, vê-se o Fernando (em véspera de ir passar umas férias à Tunísia...) mais o Umaru Baldé, já doente, no Hospital do Barro, nas imediações de Torres Vedras, em agosto de 2007. se não erro. Foi a última vez que o Fernando esteve com ele.

O Umaru, que vivia na Amadora, em situação de pobreza, morreu no "terminal da morte" dos doentes de HIV/Sida e tuberculose que era então o hospital do Barro... Alguns camaradas da CCAÇ 12 ajudaram-no em vida. (O antigo sanatório do Barro, depois Hospital, integrado no Centro Hospitalar Oeste, foi recentemente encerrado).



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno, Sori e Umarau (que irão depois para a CCAÇ 2590/CCAÇ 12).

Foto: © Valdemar Queiroz  (2014). Todos os direitos reservados.


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Regulado do Cuor > Finete > 1969 > CCAÇ 12 (1969/71) > Eu, Henriques, a comandar interinamente uma das secções do 4º Gr Comb, a aqui na foto com o 1º cabo José Carlos Suleimane Baldé e o sold Umaru Baldé, excelente e espetacular apontador de morteiro 60, da 2ª secção.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados.



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72 > O Umaru Baldé, soldado da CCAÇ 12 (1969/71)... Depois da independência, veio para Portugal. Morreu há uns anos, de doença... Vários antigos camaradas, tugas, ajudaram-no a sobreviver... Dizem-me que trabalhou na construção civil...

Para mim, que o cheguei a comandar, várias vezes, em operações, era uma criança na guerra... Não teria mais do que 16 anos quando fez a recruta e a especialidade (em Contuboel, 1º semestre de 1969)... Um belo efebo, com o seu inseparável cachimbo... Dizia-se, erradamente,  que era filho do régulo de Badora, Mamadu Bonco Sanhá, tenente de 2ª linha... Era um bravo combatente e um temível apontador de Mort 60. Fula, pertencia ao 4º Gr Comb, 2ª Secção (comandada pelo nosso querido camarigo António Fernando R. Marques).

Foto: © Benjamim Durães (2010) /Blogue Luís Graça & Camaradas daa Guiné. Todos os direitos reservados

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16133: O nosso livro de visitas (189): Morreu, em 17/4/2016, o meu pai, Cherno Sanhá, formado em Cuba, em engenharia de telecomunicações, filho do rei de Badora (Luís Causso Sanhá)

Guiné > Zona leste > Sem data nem local > Mamadu Bonco Sanhá, régulo de Badora, tenente de 2ª linha, comandante da companhia de milícia do Cuor.

Segundo informação do filho Cherno Sanhá, esta foto deve ser de finais de 1960 ou princípios de 1970, quando o tenente Mamadu foi condecorado com a cruz de guerra. Deveria ter uns 40 e poucos anos.

Foto: © Cherno Sanhá (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados,


1. Mensagem de Luís Causso Sanhá

Data: 12 de maio de 2016 às 16:31

Bom dia, Luís.
Meu nome é Luís Causso Sanha, eu sou o filho de Cherno Sanhá, estou escrevendo este e-mail para informá-lo da morte de meu pai em 2016/04/17.


 2. Mensagem de 15 do corrente, enviado ao Luís Causso Sanhá:

Cherno:

A morte do nosso pai, qualquer que seja a idade ou as circunstâncias, é sempre uma notícia dolorosa... Lamento muito que o seu pai acabe de falecer, há poucas semanas... Mas precisava que o Luís me ajude a identificá-lo.. Que idade tinha o seu pai?

Será que estamos a falar do filho do grande régulo que eu conheci, em Bambadinca, em 1969/71, o Mamadu Bonco Sanhá ? Se sim, tem aqui um link. (*)
Veja se me pode esclarecer a minha dúvida. Mas presume que seja a mesma pessoa, o filho do grande régulo de Badora. Nesse caso, você é neto.

Mantenhas, 
Luís Graça


3. Resposta de hoje do Luís Causso Sanhá:

Boa tarde, desculpe pelo atraso em responder seu e-mail. 
É o mesmo filho do rei de Badora, sim. (**)


4. Comentário do editor com resposta ao nosso leitor, neto do Mamadu Bonco Sanhá:

Olá, Cherno, obrigado pelo teu esclarecimento. 
O pai do teu pai era o régulo de Badora, o grande Mamadu Bonco Sanhá que eu conheci muito bem em Bambadinca, regulado de Badora, em 1969/71, comandante da companhia de milícia do Cuor, com o posto de tenente de 2.ª linha. Vê aqui as cinco ou seis referências que temos sobre ele, no nosso blogue.

O teu pai, Cherno Sanhá,  um dia contactou-nos por email e mandou-nos o seu número de telemóvel:
Cherno Sanhá > Telemóvel: (+245) 727 6999. Vivia, portanto, na Guiné-Bissau e,  a através de um amigo comum, o Cherno Baldé, soube que se tinha formado em Cuba, em 1983, em engenharia de telecomunicações, área onde trabalhava em Bissau, depois de ter passado pela rádio e ter vivido em Espanha.

Nunca cheguei a falar com ele ao telefone, trocámos apenas mensagens. Disse-me que era o filho mais velho, A última foi a desejar-nos votos de bom ano 2016, e a pedir o contacto do Mário Beja Santos, "grande amigo do meu pai, Régulo de Badora, Mamadu Bonco". Ele sabia que o Beja Santos tinha sido comandante do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70). Ficou  de me mandar mais fotos do seu pai, Mamadu Bonco Sanhá, o que nunca chegou a acontecer, possivelmente por razões de saúde. Lamento muito a sua morte. A vida tem sido dura para com os nossos amigos guineenses. Vou dar a notícia, no blogue.

Mantenhas. "Un saludo" (Vejo que vives em Espanha ou num país de língua castelhana, "es verdad"? Mas, reparando melhor, usas o endereço de email do teu pai).


5. Mais informação sobre o Cherno Sanhá [, foto de 2016, à direita] e  o seu pai Mamadu Bonco Sanhá:

Em conversa com o Cherno Baldé (que teve a gentileza de me telefonar de Bissau, por volta de outubro de 2012, soube mais o seguinte acerca de Mamadu Bonco Sanhá e do seu filho Cherno Sanhá: 

(i) a residência oficial do tenente Mamadu era em Madina Bonco; 

(ii) muitos dos papéis dele perderam-se, ficaram nas mãos das mulheres, mas a foto deve ser de 1970 ou por aí; 

(iii) o Cherno Sanhá deve ter uns 20 irmãos; 

(iv) o tenente Mamadu nunca teve "50 mulheres", embora tivesse bastantes como régulo que era, mas algumas delas eram dos irmãos que faleceram antes dele; 

(v) o Umarau Baldé [, já falecido, da CCAÇ 12] não era filho do Mamadu Bonco Sanhá: 

(vi) o Cherno Sanhá, que tem 56 anos, fez a 4.ª classe em Bambadinca, foi aluno da profª Dona Violeta, residia em Bambadinca nessa altura, mas tinha nascido em Madina Bonco; 

(vii) fez o liceu em Bissau; 

(viii) formou-se em Cuba, em 1983, em engenharia de telecomunicações; 

(x) trabalhou na rádio nacional durante uns 3 anos; 

(xi) andou por Espanha na sequência da guerra civil em 1998/99; 

(xii) vivia  em Bissau, e trabalhava numa empresa de telecomunicações [, a Guinetel, se não erro]: 

(xii) conhecia alguns dos nossos grã-tabanqueiros de Bissau: o Pepito, o Patrício Ribeiro, o Cherno Baldé...
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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16525: (In)citações (99): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte I): "Filho único e menino, minha mãe chorou quando, em 12 de março de 1969, alferes me foi buscar a Dembataco para defender a pátria portuguesa"

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Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno, Sori e Umarau (que irão depois para a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12). Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade. Eram do recrutamento local.

Foto: © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados





Envelope da carta enviada pelo Umaru Baldé ao José Valdemar Queiroz Silva (foi deliberadamente rasurado o nome da rua do destinário)







Fotos: © Valdemar Queiroz (2016). Todos os direitos reservados


Transcrição, revisão  e fixação de texto  (LG):

[Carta sem data nem local, tem a sua foto ao canto superior esquerdo] 

AMOR NUNCA ACABA

Amor nunca acaba,
ninguém esquece dos passados ceja [seja] bem ou de mal,
eu me lembro de dia 12 de março de [19]69,quando foi [fui]
chamado para [a] vida militare [militar] Portugues[a]. na
verdade eu tinha pouco[s] anos de idade e eu era 
único filho deo meu pai, e na verade minha Mamãe
revoltou[-se].disse que eu não tenho [tinha] idade para ir na guerra,
mas a pena [é que] Alferes que tinha vindo para nos levar, não podia
ouvir esta revolta, Alferes disse-nos todos somos Portugueses,
saímos [de] muito longe para defender [a] Pátria  Portuguesa, antão [então],
para povo saber que [em] Portugal não há raça ben [gente] de cores, todos [todo]
cidadadão tem que ir cumprir serviço militar português.

Minha mamãe chorou, disse ai, meu Deus, ten ho meu filho único
que vai me deixar para ir morrer na guerra. Esta data era[foi] dia 
de tristeza i [e] lágrimas para [o] povo de Demba Taco e Taibatá, na 
verdade ficámos até às 4 horas das tarde [até] entramos no [bas] viaturas militares
para Bambadinca.

Eu com a pouca idade que eu tinha, o que podia fazer ? Todo como
homem, que sou, quando foi [fui] na recruta [em Contuboel], foi [fui] o melhor apontador de morteiro 60 1115mm [?]. Depois na especialidade foi [fui] levado para mesmo na primeira companhia [que] foi na CCAÇ 2590 [/] CCAÇ 12] onde nunca esqueço [o] sufrimento [sofrimento] que sofri para [pela]
Minha Pátria Portuguesa, na Guiné Portuguesa.

Na verdade, [em] dois anos e alguns meses que fez [fiz] como operacional,
fez [fiz] 78 operações no mato do Xime, [na] zona do Xitole e até [em] Medina [Madina] do Boé, ao lado de Ganjadude [Canjadude]. Na minha companhia, 
durante  dois anos só sofremos 5 soldados [mortos], 4 pretos e um vranco [branco].
Depois fui transferido para Bissau como primeiro cabo, onde fui colgado [colocado]
no comando das transmissões [, quartel de Santa Luzia,]
até ao fim de[da] guerra em 1974.

A pena [Apesar de] todosos portugueses era para [terem de] sair, eu com toda a vontade e [como ]sou [era] militar português, fui  entre [foi-me entregue] um documento que disse [dizia que]  tenho [tinha] licneça não limitada, até 31 de dezembro [de] [19]74, para [me a]presentar
em qualquer parte [em] que encontrar [enciontrasse]  serviço português militar
ou civil.  Na verdade já não podia estar na Guiné-Bissau
porque [o] partido que venceu [, o PAIGC],  não quer [queria] ver nenhum soldado que era [fosse]  português. Depois eu  fui morar na República do Senegal
onde teve [estive] 11 anos [, até cerca de 1985]. Não tenho [tinha] meio[s] para ir para Portugal.

Depois de[do] Senegal, fui para a República do Mali onde teve [estive] um ano,
[também] não podia ira para Portugal, depois fou [fui] para [a] Costa do Marfim onde teve [estive] dois anos, [de seguida] fui para [o] Gana, 2 meses, fui para Burkina-Faso, onde fez [fiz] sete meses, fui oara [o] Togo, duas semanas,
fui para [o] Benin, [d]donde regressei-me para [a] Guiné-Conacri, 
porque eu era [estava] já doente da perna direita.

Na verdade não podia voltar na [à] Guiné-Bissau
porque eu sabia muito bem que o ódio não acabou [acabara ainda] na governante [no Governo], é por isso [ e por essa razão eu] não tinha coragem de entrar nos hospitais de [dos] antigos inimigos. [Assim], curei-me [tratei-me] no estrangeiro [e] quando teve [tive] saúde,  procurei-me caminho para a [voltei à] Guiné-Bissau.
Desde que regressei na [à] Guiné-Bissau já é [há] 6 anos,
na verdade ainda não temos democracia no País, é por isso [que]
hoje vou procurar   onde está [estão]  Portugueses no mundo, 
dico [digo] bem alto Adeus, Guiné-Bissau, sou Umaru Baldé, antigo militar Português na Guiné. [Assinado U Baldé, presumindo-se que a carta seja datada de 1999, ano em que finalmente conseguiu um visto e chegou a Portugal]


1. Mensagem, de 17 do corrente, de Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70] [, foto à direita]


Anexo umas cartas  que me foram enviadas, nos finais dos anos 90 e princípio dos anos 2000, pelo Umaru Baldé que estava a residir na Amadora.[São quatro cartas, só duas das quais datadas, uma de 2000 e outra de 2003].

O Umaru Baldé foi aquele menino soldado da CArt 11 e da CCaç 12 que já foi por nós muito falado. [Foto à esquerda, Bambadinca, 1970, foto de Bemjamim Durão]

Estas cartas que julgava desaparecidas, foram por ele ditadas a alguém com máquina de escrever ou computador e até por ele escritas.

Faz a narrativa, muito interessante, de como foi para a tropa  [, recrutado em 12 de março de 1969, em Demba Taco, regulado de Badora] e como passou as passas do Algarve, neste caso a mancarra, depois da independência da Guiné,  quando atravessou quase metade de África para chegar a Portugal [, em 15 de abril de 1999, tendo vivido ou sobrevido no Senegal (11 anos), Mali (1 ano ), Costa do Marfim (2 anos), Gana (2 meses), Burkina Faso (7 meses). etc, passando por Benin, Guiné-Conacri, de novo Guiné-Bissau, etc.  e, por fim, Portugal].

Por cá também não teve grande sorte, quer por não arranjar trabalho [estável], quer por já estar muito doente [, em 2000 esteve interno no Hospital Curry Cabral, emLisboa]. Por cá andou uns anos, voltou a ver camaradas do tempo da guerra [João Ramos, António Fernando Marques, Pina Cabral...] e sempre a tentar arranjar forma de ser reconhecido como militar do Exército Português.

Por fim e, depois, de passar por várias internamentos hospitalares tentou arranjar dinheiro para regressar à Guiné e à sua Demba Taco em Bambadinca.

Sempre concretizou o seu desejo, mas pouco tempo depois veio a morrer da grave doença que o apoquentava.aonde viria a morrer em Portugal [no  antigo Hospital do Barro, em Torres Vedras, por volta de 2007/2008, com cerca de 55 anos].

As cartas estão com as letras um pouco sumidas, pelo que para serem lidas terão de ser um pouco aumentadas para melhor leitura.

Valdemar Queiroz

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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21646: Casos: a verdade sobre... (19): A recusa dos militares guineenses da CCAÇ 12 em irem render a CART 3494 no Xime, em março de 1973, obrigando a uma intervenção do gen Spínola (António Duarte / Valdemar Queiroz / Luís Graça / Jorge Araújo)


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > Um coluna logística ao Xitole... O pessoal fazendo uma paragem na famosa  Ponte dos Fulas, destacamento do Xitole.

A Ponte dos Fulas (sobre o Rio Pulom, afluente do Rio Corubal) era uma espécie de guarda avançada do Xitole (na altura, a unidade de quadrícula, do Setor L1, mais a sul, era a sede da CART 2716, em 1970/72).

Perspetiva: norte-sul, quando se vem de Bambadinca e Mansambo para Xitole e Saltinho. A ponte, em madeira, de construção ainda relativamente recente e em bom estado, era vital para as ligações de Bambadinca e Mansambo com o Xitole, o Saltinho e Galomaro... A ponte era defendida por um 1 Gr Comb do Xitole, em permanência, dia e noite... Na foto sãos visíveis, em segundo plano à esquerda, o fortim; em terceiro plano, ao fundo, à direita, as demais instalações do destacamento.

Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno, Sori e Umarau (que irão depois para a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12). Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade (!). Eram do recrutamento local.

Foto: © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários sobre a alegada insubordinação da CCAÇ 12, em março de 1973 (*):

(i) António Duarte [ex-fur mil da CART 3493, a companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974; tem 52 referências no nosso blogue]: 

Boa tarde Camaradas

Sou o António Duarte, que foi furriel atirador na Ccaç12 ente janeiro e dezembro de 1973.

Sei da recusa da companhia em seguir para o Xime, para substituir a CART 3494. Por azar em março de 73, estava eu em Portugal a gozar as minhas segundas férias e, como tal, deixei a CCAÇ 12 em Bambadinca e encontrei-a já instalada no Xime. 

Daquilo que me contaram, nomeadamente o Jioão Candeias da Silva e o António Manuel Sucena Rodrigues, a companhia recusou em seguir para o Xime, alegando transtornos na vida familiar. Não nos podemos esquecer que as praças eram, na esmagadora maioria, muçulmanos, com filhos e alguns com mais de uma mulher.

Por outro lado,  a segurança de Bambadinca nada tinha de semelhante com a do Xime.

Segundo parece a companhia formou e o comandante do batalhão [, BART 3893,]explicou o que se pretendia e levou com uma recusa. Parece que os graduados se demarcaram da situação.

Entretanto acabou por chegar o General Spínola que lhes deu a "volta", ameaçando que o chão fula, nestas circunstâncias de recusa, iria ser defendido por uma unidade de outra etnia, suponho balanta. Este facto seria uma vergonha para toda a comunidade fula da CCAÇ 12.

De qualquer forma o Candeias da Silva poderá dar mais detalhes. Infelizmente,  e por já nos ter deixado, o Sucena Rodrigues não pode ajudar.

Um abraço para todos e, se me permitem um mais apertado, para o Luís Graça
António Duarte.

13 de dezembro de 2020 às 13:53 (**)
 
(ii) Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; tem cerca de 120 referências no nosso blogue, e é um activo e incansável comentador]:

E interessante a recusa da CCAL 12 mudar de Bambadinca para Xime, alegando transtornos na vida familiar.

No caso da minha CART 11, também de soldados fulas, muçulmanos, com mulheres e filhos, como Companhia de Intervenção com o Comando em Nova Lamego, os quatro Pelotões estavam constantemente a mudar de local de permanência,  fazendo reforço a outras Companhia,  por exemplo,  em Canquelifá, Piche, Pirada, Paunca... E  quando se previa maior tempo de permanência fora da base lá seguiam com os soldados as mulheres, filhos e bagagens, para depois regressarem novamente a Nova Lamego.

Inclusive, depois de mais de um ano em Nova Lamego, toda a CART 11 mudou em definitivo para Paunca e não houve nenhum problema quanto a transtornos na vida familiar.

A vida no Xime era diferente de Bambadinca, mas em Piche, Canquelifá, Pirada ou Paunca também o era, e de que maneira, em relação a Nova Lamego.

Coisas da puta da guerra.

Abracelos
Valdemar Queiroz

13 de dezembro de 2020 às 14:59

(iii) Tabanca Grande Luís Graça:

Obrigado, António, pelo tua pronta e esclarecedora resposta. É certo que não estavas lá, em Bambadinca, em março de 1973, mas ouviste o testemunho dos teus camaradas. 

Só podia ser essa a razão da recusa: as praças guineenses da CCAÇ 12 tinham as suas razões pessoais, familiares e étnicas para não irem, de bom grado, para o Xime…

Não podia ser por medo: em quatro anos de guerra (duas comissões para a malta metropolitana…) eles já tinham dado sobejas provas de coragem, dedicação, lealdade, apego ao seu chão, e até de portuguesismo… 

Quem andou, como eu, com eles no mato, durante ano e meio, no tempo das chuvas e no tempo seco, no mato, em tabancas, em colunas, em destacamentos, etc., do princípio ao fim, sem o mais pequeno problema disciplinar ou humano, sabe do que fala…

E estou a falar da primeira geração, a da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, ou seja, do período que vai de junho de 1969 a março de 1971. Éramos, como sabes, 6 dezenas de graduados e especialistas, oriundos da então “Metrópole”, a que se juntaram, em Contuboel, no CIM, mais 100 recrutas do recrutamento local, fulas e futa-fulas (sem esquecer 2 mandingas; depois começpu a vir, em rendição individual, um ou outro de fora do chão fula, como o Vitor Sampaio, que era mancanha, de Bissau, e um grande “reguila”). 

Sim, porque o sangue, começou a correr cedo, e para alguns a guerra depressa acabou… Lembro-me do batismo de fogo, em finais de julho de 1969, em Madina Xaquili, ainda em farda nº 3…

O Valdemar Queiroz, um dos instrutores mais queridos das nossas praças, sabe do que eu falo: deu-lhes a recruta e foi com eles ao juramento de bandeira, em Bissau, na presença de Spínola… E ele sabe bem como a parte deles eram crianças, com 16 anos ou menos...

Claro que o exército não era (nem é)  uma democracia… E não havia o hábito de perguntar à malta o que é que queriam para o jantar e muito menos que “resort” turístico preferia… 

Os batalhões de Bambadinca (BCAÇ 2852, BART 2917, BART 3873 e, no fim, BCAÇ 4616/73) usavam e usavam das unidades africanas (,milícias, Pel Caç Nat, companhias de caçadores, etc.). Estavam alia à mão, “eram da terra”, eram "pau para a toda a obra"…Até para "abrir valas" !... Resquícios do tempo do "trabalho forçado" ?!

Será que o comando do BART 3873 não olhou para aqueles homens, com quatro anos de guerra (!), e lhes perguntou a opinião ?

Percebo por que é que ninguém queria ir para o Xime (a começar pelos graduados e especialistas “metropolitanos” que, em Bambadinca, estavam no bem-bom, pelo menos em termos hoteleiros…). 

Os guineenses estavam, desde meados de 1969, a viver, com as suas famílias, na tabanca de Bambadinca (e, se calhar alguns, em Bambadincazinho, não posso jurar)… O Xime era o desterro, para mais a tabanca era exígua, as instalações militares ainda piores, e a população local era mandinga, com parentes no mato…. 

E, a propósito, gostava de saber como é que as duas comunidades passaram a coexistir… Talvez o nosso amigo José Carlos Mussá Biai, o "meino do Xime", hoje o senhor engemheiro, ainda tenha  recordações dos vizinhos fulas da CCAÇ 12... 

 Como se sabe, o Xime era o pior aquartelamento do Sector L1 e "embrulhava" com frequência no meu tempo… E, depois, do Xime até ao Corubal era a “terra de ninguém”, palco de frequentes e sangrentos episódios de guerra: bombardeamentos aéreos, barragens de artilharia, e da Marinha, emboscadas, golpes de mão, minas e armadilhas, operações de maior ou menor duração, muitas vezes tendo por guias prisioneiros do PAIGC…Não é por acaso que o Xime tem mais de 400 referências no nosso blogue, contra 200 do Xitole, 340 de Mansambo, 630 de Bambadinca…

Fico-me por aqui. Mas gostaria também de saber a “versão” dos nossos camaradas da CART 3494, como o Jorge Araújo, que muito provavelmente nem se deram conta do “drama” da malta da CCAÇ 12… 

De qualquer modo, “tudo está bem quando acaba em bem”… O Caco Baldé (, alcunha do gen Spínola, entre carimhosa e sarcástica),  geriu o conflito, utilizando a velha técnica dos cabos de guerra coloniais, ou seja, dividir para reinar… Claro que a caixinha de Pandora dos ódios étnicos teria que vir ao de cima, depois da independência… 

O que vai ficar para história é que Spínola criou expetativas demasiados altas para os fulas e outras etnias como os manjacos... O caso dos fulas foi paradigmático: morreram pelo seu "chão" e pela "pátria portuguesa", e  quando os portugueses se foram embora, a única coisa que tinham nos bolsos era o patacão pago até ao fim do ano de 1974... Foram miseravelmente tratados como simples mercenários.. Foarm sempre soldados de 2ª classe, que aprenderam a falar português durante a tropa e a guerra, e que nunca tiveram tempo de frequentar,  entre 1969 e 1974, os Postes Escolares Militares e tirar o exame da 4ª classe...Nunca ninguém se preocupou com a promoção escolar, profssional, social e cívica destes valorosos combatantes fulas a quem alguns de nós deve a vida. 

E a gente sabe, por fontes cruzadas, como Bambadinca (, em mandinga, “a cova do lagarto”) foi um altar de martírio para os nossos camaradas guineenses, fulas, que, infelizmente para eles,  acreditaram na nossa palavra e na "palavra de honra" dos novos senhores da guerra, o PAIGC...

José Carlos Suleimane Baldé (, meu camarada da CCAÇ 12 que seria capaz de dar a vida por mim ou pelo António Fernando Marques) e o António Baldé (da CCAÇ 11, pai da infeliz Alicinha, que eu e a Alice quisemos trazer para Portugal, e meu vizinho de Alfragide, hoje apicultor na sua terra) contaram-me coisas, atrozes, que se fizeram em Bambadinca, depois da independência, contra os "colaboracionistas", os "cães do colonialismo", que nos envergonham a todos e não honram a memória de Amílcar Cabral nem dos demais "mártires da liberdade da Pátria"... 

PS1 - O António Baldé, 1º cabo, natural de Contuboel,  esteve no CIM de Bolama (1966/69), np Pel Caç Nat 57 (São João, 1969/70) e na CART 11 (Paunca e Sinchã Queuto, 1970/71): é membro da Tabanca Grande, nº 610].

O ex-1º cabo José Carlos Suleimane Baldé, felizmente ainda vivo, espero, a morar em Amedalai, Xime, é  o único camarada guineense da CCAÇ 12, a integrar a Tabanca Grande, além do Umaru Baldé, este a título póstumo.

 PS2 - António e Valdemar, convenhamos que o tema é pouco natalício... Mas, infelizmente, o nosso blogue não é compaginável com as conveniências do calendário litúrgico... E as nossas conversas são como as cerejas...

Mas já agora: o João Candeias, que estava lá (, enquanto tu, António,  estavas no gozo da tua merecida licença de férias), diz que o Spínola apareceu acompanhado de "quadros africanos"... Seria o régulo de Badora, tenente de 2ª linha ? Ou figuras prestigiadas militares como o ten graduado 'comando' Jamanca que já estava a comandar a CCAÇ 21, se não erro ? O que é que tu sabes sobre isso ?

13 de dezembro de 2020 às 18:07 

(iv) Jorge Alves Araújo, ex-fur mil op esp/ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), nosso coeditor; tem 275 referências no nosso blogue]:

Camaradas,

Ao ler a presente narrativa notei que o camarada Luís Graça refere o meu nome,  pedindo-me que acrescente algo mais relacionado com a "recusa da CCAÇ 12 em render no Xime a minha CART 3494", no longínquo mês de Março de 1973.

Com efeito, não tenho memória de ter tido conhecimento de qualquer situação anormal relacionada com o tema em análise. E a justificação é a seguinte:

- A exemplo do ocorrido com o camarada António Duarte, eu também não participei na sobreposição entre as duas Unidades, uma vez que, como veio a ficar gravado na cronologia da H.U., a minha última missão no Xime acabou por ser a «Operação Guarida 18», realizada em 3 de Fevereiro de 1973, na região de Ponta Varela.

Nesta Operação conjunta, onde estiveram envolvidos seis Gr Comb (três da CART 3494 e três da CCAÇ 12), acabei por ter um "encontro imediato" com o IN (ver P13839). Concluída a missão, e após o regresso ao Aquartelamento do Xime, preparei-me para seguir para Bissau a fim de voar para Lisboa, de férias, onde cheguei dois dias depois.

Ao regressar ao Xime, em meados de Março de 73, para cumprir o restante tempo da comissão, foi com espanto que constatei que a minha CART 3494 tinha sido transferida para Mansambo, substituindo a (irmã) CART 3493, ocorrência que, segundo julgo saber, teve lugar na primeira quinzena desse mês.

Sobre este assunto, é o que posso afirmar.

Saúde para todo o auditório e um forte abraço... com distanciamento.

13 de dezembro de 2020 às 23:49
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(**) Último poste da série > 13 de dezembro de  2020 > Guiné 61/74 - P21641: Casos: a verdade sobre... (18): Os "momentos dramáticos" vividos pela CCAÇ 12, em março de 1973, obrigada a render no Xime a CART 3494 [António Lalande Jorge, ex-fur mil mecânico auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974)]