Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > Março de 1969 > Recruta dos futuros soldados das futuras CART 11 e da CCAÇ 12 > Samba Baldé (Cimba), nº mec 82110969... Futuro Ap Metr Lig HK 21, 3º Gr Com 3º Gr Comb [Comandante: alf mil inf 01006868 Abel Maria Rodrigues [bancário reformado, Miranda do Douro], 1ª secção [fur mil at inf Luciano Severo de Almeida, já falecido]... De origem fula.
Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > Março de 1969 > Recruta dos futuros soldados das futuras CART 11 e da CCAÇ 12 > Salu Camara, nº mec 82103469. Provavelmente de origem futa.fula. Integrou a CART 11.
Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > Março de 1969 > Recruta dos futuros soldados das futuras CART 11 e da CCAÇ 12 > Sori Baldé, nº mec 82111069, De origem futa. Integrou a CCAÇ 12, como sold at inf. Pertenceu O 4 º Gr Comb [ comandante: alf mil at cav 10548668 José António G. Rodrigues, já falecido, vivia em Lisboa], 3º secção [1º Cabo 00520869 Virgilio S. A. Encarnação, vive em Barcarena]... [O Valdemar Queiroz identifica-o, erradamente, como sendo o Tijana Jaló, esse sim, devia pertencer à CART 11, mas com outro nº mecanográfico... Estou bem recordado do Sori Baldé, um dos meus soldados, quando estive no 4º Gr Comb.]
Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > Março de 1969 > Recruta dos futuros soldados das futuras CART 11 e da CCAÇ 12 > Mamadu Jaló, nº mec 821179669, De origem futa. Integrou a CCAÇ 12, como sold arvorado. . Pertenceu ao 1 º Gr Comb 3ª secção [fur mil at inf 19904168 António Manuel Martins Branquinho, reformado da Segurança Social, Évora, já falecido]
Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > Narço de 1969 > Silhueta do recruta Umaru Baldé, natural de Dembataco, regulado de Badora, setor L1 (Bambadinca), nº mec 82115869.
Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > c. março / abril de 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno Baldé, Sori Baldé e Umarau Baldé (que irão depois para a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12).
Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade. Eram do recrutamento local. Os da CCAÇ 12 eram fulas, oriundos do chão fula e em especial dos regulados do Xime, Corubal, Badora e Cossé.
Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > CIM - Centro de Instrução Militar > c. março / abril de 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno Baldé, Sori Baldé e Umarau Baldé (que irão depois para a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12).
Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade. Eram do recrutamento local. Os da CCAÇ 12 eram fulas, oriundos do chão fula e em especial dos regulados do Xime, Corubal, Badora e Cossé.
Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Bafatá > Bambadinca > Umaru Baldé (c. 1953-2004), soldado do recrutamento local, nº 82115869, tirou a recruta e a especialidade no CIM de Contuboel. Foi apontador de morteiro 60, soldado arvorado e depois 1º cabo infantaria da CCAÇ 12 (1969-1972). Foi depois colocado, em Santa Luzia, Bissau, no quartel do Serviço de Transmissões, até ao fim da guerra. Conheceu, em mais de metade da vida, a amargura e a solidão do exílio. Veio morrer a Portugal onde teve grandes camaradas e amigos, solidários, que o ajudaram.
Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados . [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Reedição de mensagem do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70], só publicada quase cinco meses depois, por lapso dos editores (*):
Data: terça, 5/11/2019, 23:22
Assunto: O que será feito dos 'Putos-Soldados' do CIM de Contuboel
O que será feito dos 'Putos-Soldados'?
Passaram 50 anos que muitos 'putos' foram chamados prá tropa e receberam instrução militar em Contuboel.
Alguns apresentaram-se descalços, com as suas roupas usadas habituais e notava-se que eram muito jovens, mas diziam que tinham 18 anos.
Soube-se mais tarde que houve situações de recrutamento forçado, mas na maioria apareceram com vontade ser soldados. 'Manga de ronco' e 'manga de patacão' que lhes iria acontecer.
Não sabemos, eu não sei nem me lembro de contarem, como foram contactados e por quem (régulo/chefe de tabanca), e se lhes foi dito que iriam ser soldados para entrarem directamente na guerra, que eles já tão bem conheciam.
Não sei se vieram assentar praça, como um serviço militar obrigatório se tratasse, com a diferença de serem ainda menores, ou como uma espécie de voluntariado forçado (ideias de Spínola a fazer lembrar o recrutamento de crianças pelos nazis no final da guerra?).
E assim se formaram a CART 11 e a CCAÇ.12.
Também não soubemos se queriam ser soldados para fazerem guerra contra os 'bandidos' ou para ajudar (como já acontecera em séculos anteriores) os portugueses na guerra contra, neste caso, o PAIGC que queria a independência da Guiné.
Mas, a guerra acabou. Felizmente a guerra acabou.
Os 'putos-soldados' deixaram de ser soldados do Exército Português e passaram, automaticamente, à peluda da sua desgraça.
___________
(*) Vd. poste de 10 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20720: (De)Caras (147): O que é feito destes 'putos-soldados' da CART 11 e da CCAÇ 12 ? (Valdemar Queiroz)
(**) Vd. poste de 18 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18855: (De) Caras (116): "Meninos-soldados" ? Os do PAIGC, os da CCAÇ 12...
(***) 13 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26149: Agenda cultural (868): Por ti, Portugal, eu juro!: documentário, de Sofia Palma Rodrigues e Diogo Cardoso (Portugfal, 2024, 98 minuto), sobre o drama dos Comandos Africanos da Guiné... Estreia mundial no doclisboa 2024, e agora nos Cinema
(****) Último poste da série > 26 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25777: Casos: a verdade sobre... (47) "Fogo amigo", Xime, 1/12/1973: o obus 14 cm m/43 usava a granada HE (45 kg) com alcance máximo de 14,8 km... (Morais Silva, cor e prof art AM, ref; ex-cap art, instrutor 1ª CCmds Africanos, Fá Mandinga, adjunto COP 6, Mansabá, cmdt CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)
Data: terça, 5/11/2019, 23:22
Assunto: O que será feito dos 'Putos-Soldados' do CIM de Contuboel
O que será feito dos 'Putos-Soldados'?
Passaram 50 anos que muitos 'putos' foram chamados prá tropa e receberam instrução militar em Contuboel.
Alguns apresentaram-se descalços, com as suas roupas usadas habituais e notava-se que eram muito jovens, mas diziam que tinham 18 anos.
Soube-se mais tarde que houve situações de recrutamento forçado, mas na maioria apareceram com vontade ser soldados. 'Manga de ronco' e 'manga de patacão' que lhes iria acontecer.
Não sabemos, eu não sei nem me lembro de contarem, como foram contactados e por quem (régulo/chefe de tabanca), e se lhes foi dito que iriam ser soldados para entrarem directamente na guerra, que eles já tão bem conheciam.
Não sei se vieram assentar praça, como um serviço militar obrigatório se tratasse, com a diferença de serem ainda menores, ou como uma espécie de voluntariado forçado (ideias de Spínola a fazer lembrar o recrutamento de crianças pelos nazis no final da guerra?).
E assim se formaram a CART 11 e a CCAÇ.12.
Também não soubemos se queriam ser soldados para fazerem guerra contra os 'bandidos' ou para ajudar (como já acontecera em séculos anteriores) os portugueses na guerra contra, neste caso, o PAIGC que queria a independência da Guiné.
Mas, a guerra acabou. Felizmente a guerra acabou.
Os 'putos-soldados' deixaram de ser soldados do Exército Português e passaram, automaticamente, à peluda da sua desgraça.
Muitos houve que fugiram para não serem sumariamente executados, muitos outros não tiveram essa sorte e foram assassinados, os restantes resignaram-se voltando, já homens, às suas tabancas para serem o que já tinham sido. Foi sempre assim quando acabam as guerras.
E passados 50 anos o que será feito daqueles que conseguiram sobreviver?
Os que eram mais jovens devem ter, agora, 66/67 anos de idade. O que será feito deles?
Julgo que eram todos Fulas e maioritariamente eram das regiões de Gabu/Piche, os da CART 11, ou de Bambadinca/Xime, os da CCAÇ.12.
O Alceine Jaló era do meu Pelotão, casou-se muito novo com uma bajuda (Saco ou Taco?) e levou-a com ele para Guiro Iero Bocari. As mulheres e os filhos dos nossos soldados também dormiam connosco nas valas e aí aguentavam quando havia ataques à tabanca.
O que será feito deles?
Gostava muito de saber deles e peço um favor muito especial ao nosso grande amigo Cherno Baldé de tentar saber se eles ainda são vivos.
Como curiosidade com os 'putos', havia quatro soldados arvorados, e frequentavam a escola de cabos, em cada Pelotão sendo a escolha feita entre eles e um da nossa escolha. Dos quatro do meu Pelotão o da nossa escolha recaiu no Saliu Jau por ser impecável, mas deu algum recusa por parte dos restantes por o considerarem 'ser djubi mesmo pra cabo'.
Valdemar Queiroz
PS - Anexo fotos de alguns 'putos-soldados' , falta a do Umaru Baldé, talvez o 'puto mais puto', e que me foi oferecida quando estive com ele na Amadora.
E passados 50 anos o que será feito daqueles que conseguiram sobreviver?
Os que eram mais jovens devem ter, agora, 66/67 anos de idade. O que será feito deles?
Julgo que eram todos Fulas e maioritariamente eram das regiões de Gabu/Piche, os da CART 11, ou de Bambadinca/Xime, os da CCAÇ.12.
O Alceine Jaló era do meu Pelotão, casou-se muito novo com uma bajuda (Saco ou Taco?) e levou-a com ele para Guiro Iero Bocari. As mulheres e os filhos dos nossos soldados também dormiam connosco nas valas e aí aguentavam quando havia ataques à tabanca.
O que será feito deles?
Gostava muito de saber deles e peço um favor muito especial ao nosso grande amigo Cherno Baldé de tentar saber se eles ainda são vivos.
Como curiosidade com os 'putos', havia quatro soldados arvorados, e frequentavam a escola de cabos, em cada Pelotão sendo a escolha feita entre eles e um da nossa escolha. Dos quatro do meu Pelotão o da nossa escolha recaiu no Saliu Jau por ser impecável, mas deu algum recusa por parte dos restantes por o considerarem 'ser djubi mesmo pra cabo'.
Valdemar Queiroz
PS - Anexo fotos de alguns 'putos-soldados' , falta a do Umaru Baldé, talvez o 'puto mais puto', e que me foi oferecida quando estive com ele na Amadora.
(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)
2. Comentário do editor Luís Graça:
Vá temos falado sobre este tema, que nos é caro, tanto ao Valdemar quanto a mim e outros camaradas do blogue, o caso dos "meninos-soldados", que estiveram de um lado e do outro, do PAIGC e nas NT (**).
No nosso caso, podemos (e devemos) perguntar se houve "ética" (e respeito pela legalidade) no seu recrutamento...
Eu, o Valdemar e outros gradudados da CART 2479 / CART 11, e da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 fomos instrutores destes putos, no CIM de Contuboel e eles estiveram sob as nossas ordens na guerra, uns na regiáo de Gabu, setor de Nova Lamego, outros região de Bafatá, setor L1 (Bambadicna).
Foram extraordinários soldados e grandes camaradas, estes "meninos-soldados" que, no fina,l da guerra, tiveram um destino cruel. O mesmo que tiveram os comandos africanos cujo drama volta agora à ordem do dia, retratado em reportagem de investigaçáo jornalística (do jornal digital "DivergenTE"), depois publicada em livro e POR FIM em documentário (de longa metragem), que está nas salas de cinema (***).
Em próximo poste serão publicados comentártios dos nossos leitores sobre este(s) caso(s) (****).
Notas do editor:
(**) Vd. poste de 18 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18855: (De) Caras (116): "Meninos-soldados" ? Os do PAIGC, os da CCAÇ 12...
(****) Último poste da série > 26 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25777: Casos: a verdade sobre... (47) "Fogo amigo", Xime, 1/12/1973: o obus 14 cm m/43 usava a granada HE (45 kg) com alcance máximo de 14,8 km... (Morais Silva, cor e prof art AM, ref; ex-cap art, instrutor 1ª CCmds Africanos, Fá Mandinga, adjunto COP 6, Mansabá, cmdt CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)
13 comentários:
Naquele tempo, não havia conservatória do registo civil, nem certidão de nascimento, nem bilhete de identidade...Os guineenses não sabiam ao certo o dia, o mês e o ano em que haviam nascido... Nem eles nem os pais...Nem precisavam.
O registo civil é uma coisa recente nos nossos países, tem menos de 200 anos... (A Igreja Católkica é que tinha,m, desde o séx. XVI, os "livros paroquiais" para os batismos, casamenntos e enterros...).
A Inglaterra e o País de Gales foram pioneiros na criação do registo civil, a sua origem remonta a 1 de julho de 1837...
A partir do momento em que se sabe onde e quando uma criança nasceu, seus pais, ocupação deles, local de residência,. etc.,. o Estado moderno alarga o controlo social sobre o cidadão: por exemplo, a idade mínima legal para trabalhar nas fábricas (mas não nas minas e nos campos...), em plena industrialização, passou a ser de 9 anos ("Factory Act 1833")...
Eram então os médicos locais quem, pelas características anatómicas e fisiológicas da criança. certificava que ela podia (ou não) entrar na fábrica...A pressão era muito grande sobre eles, a começar pelos patrões e a acabar nas famílias (pobres, proletárias, acabadas de chegar às cidades industriais do nordeste da Inglaterra, fugidas da miséria dos campos...). Daí o grave problema social que era a exploração do trabalho infantil (e também feminino)-
De algum modo, aconteceu o mesmo na Guiné, e sobretudo com a "africanização" da guerra...Já com uma grave crise demográfica na metrópole (começaram a faltar mancebos para a guerra, bem como sargentos e oficiais para os enquadrar e comandar...), a solução foi, no tempo do Spínola, constituir companhias do recrutamento local (e mais tarde a tropa especial, Comandos e Fuzileiros)...
E inventou-se esse mito segundo o qual os guineenses eram cidadãos portugueses (mesmo sem saberem falar português nem muito menos conhecerem o mínimo dos míninos sobre Portugal, a sua história, geografia, cultura, etc...) ... E como tal tinham que pagar o "imposto de sangue" como os "outros" (nós...) que vinham, de longe, defender o seu chão sagrado...
Não assisti ao recrutamento destes "djubis", mas conheci-os, imberbes, com cara de putos, já "reguilas", espevitados, com ganas de aprenderem a falar protuguês e mostrarem-se bravos guerreiros (como os seus antepassados) quando os graduados da CCAÇ 2590 lhes foram dar a "instrução de especialidade" e formar a futura CCAÇ 12 (éramos umas escassas dezenas de militares, que tinham partido no T/T Niassa em 24 de maio de 1969, e fomos diretos, em 2 de junho, para o CIM de Contuboel)....
Mas imagino que nas aldeias do regulado de Badora (e outros, do leste), onde se procedeu ao "recrutamento" desta malta, não houve lugar às sortes, nem muito menos à inspeção médica... Foi tudo a "olhómetro"... Chegaremn as GMC e arrebangaram a "nalha" (como se diz no Norte...).
E, claro, os "djubis" eram todos "voluntários", queriam ir para a guerra, cobrir-se de "honra e glória", "manga de ronco e patacão", etc. Para os mais recalcitrantes (se é que os houve...), estava lá o poderoso régulo de Badora, Mamadu Bonco Sanhá, tenente de 2ª linha, comandante da companhia de milícia do Cuor), mais o chefe da tabanca (Dembataco, Taibatá, Moricanhe e tantas outras...), mais os "homens grandes", o "cherno", etc.... Só as mães, como em todo o mundo e em todas as guerras, choravam a partida dos seus filhos... Como a mãe do "puto" Umaru Baldé que eu conheci, com 15 (?) a fumar cachimbo para parecer um "homem grande"... "Drôle de guerre"...
Eduardo Estrela (by email)
Data - 14 nov 2024 14:36
assunto - "Putos-soldados"
Ver as fotografias dos meninos aspirantes a militar do exército português dos CIM de Contuboel e Bolama, levados à boleia da necessidade de ganhar a vida mesmo que fosse à custa do sacrifício de a perder, transporta-nos para uma época onde nós também meninos fomos LEVADOS para uma causa irracional em nome de dogmas sem sentido .
Na CCAÇ 14 acabámos por descobrir alguns anos mais tarde, havia militares que tinham subvertido a verdadeira idade, aumentando a mesma 4 ou mais anos. Também havia casos de homens já adultos que a reduziam de modo a poder entrar nas fileiras do exército português, forma de angariar sustento para as familias.
Tal como nós e eles durante muitos mais anos, largaram nos matos e nas bolanhas da Guiné o seu esforço, o seu sangue e as suas vidas.
Perdi há pouco mais de um ano um companheiro da minha secção, do 3º Grupo de Combate da 14. Após a independência teve que fugir do seu chão na zona de Contuboel, para o Senegal e posteriormente para a Mauritânia. Anos mais tarde conseguiu chegar a Lisboa. Trabalhou no Algarve muito perto de mim, sem sabermos um do outro
Há mais ou menos 20 anos , por um acaso da sorte voltámos a dar um prolongado abraço.
Só conseguiu obter a nacionalidade portuguesa há cerca de 12 a 14 anos, depois de muita luta e com intervenção do outro furriel do nosso grupo, o qual indignado com a situação moveu esforços para que lhe fosse outorgado aquilo a que tinha direito.
Esta é uma pátria que não reconhece quem a serve.
Abraço fraterno
Eduardo Estrela
Quando estes "putos" se apresentaram em Contuboel para a recruta de incorporação no Exército Português, não fazíamos ideia da idade que teriam os mais novos, mas eram mesmo "putos" de 15/16 anos.
Não me lembro de terem documentos comprovativos da data de nascimento, ou se foi por
indicação do "homem grande" da tabanca a respectiva idade de cada um.
O Umuru Baldé contou que a sua mãe chorou quando ele partiu para Contuboel, foi, com certeza, um choro de mãe pelo menino que vai pra guerra.
Na fotografia que estou eu e três recrutas nota-se bem como são "putos", sendo o Umaru Baldé no meu lado esq. mais baixo que eu (1,68m), passados cerca de 30 anos encontrei-me com ele na Amadora e media mais de 1,80m.
O que será feito destes "putos soldados"?
Se foram vivos e souberem deste nossa lembrança, vai votos de saúde da boa com um
kurpu di bo? Bu sta ku saudi?
Valdemar Queiroz
"...a fumar cachimbo para parecer um "homem grande"... "Drôle de guerre", diz o nosso Editor Luis Graca, com alguma ponta de humor, pois eh... Muitos foram os que queriam e tantos outros que foram obrigados a isso. Na verdade, no inicio da guerra (anos 60) raros eram os que se ofereciam, nesses casos eram administradores e os regulos que recrutavam nas diferentes circunscricoes e postos administrativos do territorio para formar pelotoes de defesa local (milicias), sobretudo no Leste, mais tarde, ja habituados aos horrores da guerra e ao cheiro da polvora e ainda a algumas benesses da tropa em tempo de guerra, inscreviam-se como voluntarios para fazerem parte do exercito e nas CCas (companhias de Cacadores Nativos que se formavam em Bolama).
O Salu Camara (se nao houver erro na grafia do seu nome) nao eh Futa-Fula, o mais provavel seria das etnias do Sul (Nalu-Baga) ou outro grupo da regiao Sul, pois se fosse fula ou Futa-fula seria "Saliu"e nao Salu. Ja o apelido "Camara" indica claramente que a origem do pai seria mandinga ou de um subgrupo proximo dos mandingas.
Um abraco amigo,
Cherno AB
Não tive o privilégio de conhecer estas andanças dos recrutamentos da população da
Guiné. Mas conheci e muitos das ccaç 5, em Nova Lamego e depois a ccaç ? em São Domingos
Não era a minha guerra, mas sempre confraternizávamos quando era possível.
Sempre tive bom relacionamento com todas as hierarquias, de baixo até cima, não falo da excepção do major graciano Henriques.
Aproveitava para lançar um repto.
Se eu mandasse no Blogue, já tinha promovido o Valdemar Queiroz Baldé,
a uma situação tipo , 'comentador' oficial do Blogue, pois ele sabe muito e tem muito tempo infelizmente para assumir essa função.
Sem prejuízo do seus fundador, o Luís Graça, uma coisa nada tem a ver com outra.
Mesmo com as nossas ideias e formas diferentes de ver a ida para a guerra e a fuga inesperada da mesma, já passaram os tais 50 anos de luto.
Mas gosto da sua leitura e do modo como escreve, na minha opinião, é o maior colaborador deste blogue.
Sobre o recrutamento daquilo que falam de meninos, podem ter 16 ou 19 anos sem sabermos. Estavam no seu habitat natural.
Lembro que muita mocidade nossa, foi enviada para as frentes de guerra com apenas 18 anos, para 20000 km de casa para ambientes inóspitos, para 'defender aquilo a que orgulhosamente' chamamos de pátria.
Continuação de boa saúde para aqueles que ainda têm alguma.
Virgilio Teixeira
Valdemar, duvido que algum deles esteja ainda vivo... O nosso 1º cabo José Carlos Suleimane Baldé (o único que tinha a 3ª ou 4ª classe!) morreu em 2022, com 70 ou 71 anos...Fazia parelha com o Umaro Balé no morteiro 60: ele municiador, o Umaru exímio apontador, deu um "show" ao Spínola, na semana de campo, contou-me o Valdemar.
28 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24349: In Memoriam (477): José Carlos Suleimane Baldé (c. 1951 - 2022), ex-1º cabo at inf, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1969/74): era natural de Amedalai, Xime, entrou para a Tabanca Grande em 15 de maio de 2012, depois de ter visitado Portugal em 2011
Virgílio ahahahah.
Eu comentador "oficial"?
Vá que seja comentador habitual por não ter nada que fazer.
Com o meu filho e netos nos Países Baixos e os amigos a fazer o mesmo "trabalho" de não saírem de casa ou já terem deixado de fumar, e viver sozinho acompanhado com a DPOC não faço outra coisa.
O que eu gostava era de saber escrever como deve ser, mas eu é mais números.
E Valdemar Queiroz Baldé é que não, antes Valdemar Queiroz Embaló por ser "filho" do Gabu.
Saúde da boa
Valdemar Queiroz.
Virgílio, isto é uma sociedade por quotas, somos 895 (entre vivos e mortos), tu tens um oitocentos noventa e cinco avos do "capital social e emocional" do nosso blogue, tal como o Valdemar, o Vinhal, eu e os demais... Todos "mandamos no blogue"... O único que paga o "aluguer da montra" ainda sou eu...Mas faço-o por gosto...
Quanto à tua sugestão de "promover" o Valdemar Queiroz a "colaborador permanente do blogue"... Não é uma sugestão, é uma "ordem". E a decisão já está tomada, não é preciso reunir a "Assembleia Geral" da Tabanca Grande... Resta-me apenas esperar que ele aceite... E tenho que acertar com ele o "pelouro"...
Fico contente em saber que o blogue dá vida e saúde ao nosso Valdemar... E fico igualmente feliz por te voltar a ver aqui, ativo e produtivo...
Um alfabravo, Luís
Meu querido camarada, companheiro, amigo e comparsa Valdemar Queiroz Embaló.
A tua é a nossa luta
És um dos maiores exemplos de luta.
A vida é uma constante e incomodativa marcha, umas vezes mais dolorosas que outras. A tua força e obstinação são exemplos marcantes que nos ajudam a encarar melhor os problemas do quotidiano
Bem hajas!
Abraço fraterno
Eduardo Estrela
Ó meu caro amigo Estrela, só faltou abrir fileiras e apresentar-me armas.
Cá estou eu, farto de repousar dos 62 anos de trabalho, com intervalo de 18+22 Guiné meses na tropa, incluindo 50 anos de cigarradas e poucos de brincadeiras de puto.
E já estará o S. Pedro a preencher a ficha de inscrição coçando a barba a cismar "mas que idade tem este".
Saúde da boa pra ti, não deixes queimar os carapaus nas brasas e cuidado com as chuvadas de agora, que parecem macacadas de imitação das que apanhamos na Guiné.
Grande abraço e obrigado pelas tuas palavras.
Valdemar Queiroz
Queria dizer 60 anos de trabalho, de 1957 a 2017.
Valdemar Queiroz
Meu caro
Valdemar Queiroz Embaló "filho" do Gabu.
Obrigado a todos por estes comentários.
Quem diz comentador, diz 'Consultor' ou 'Conselheiro' dos assuntos da nossa Guiné
Afinal pegou e tenho visto que a ideia vai cair no sitio certo, ao contrário da maioria das morteiradas do IN que caiam ao lado.
Eu tenho seguido sempre com muita atenção os teus comentários, e são carregados de sabedoria e muito bem escritos. Quem me dera ter estes conhecimentos.
Tirando o Nosso Comandante, que não conheço outro igual, quer seja em relatos e poesia,
Valdemar és o maior a comentar tudo.
Vou dizer que infelizmente! Por causa do DOCP (não sei se escrevi bem). Todos temos aquilo que não desejamos.
És reconhecido por todos nós, sem favores.
Vamos ver que pelouro o Luiz te arranja, tens ainda muito para dar a muita gente, a mim por exemplo que não conheço 1/10 do que vocês sabem e conhecem, da Guiné.
Vamos aguardar.
Entretanto estive ausente 3 anos, por causa do maldito cancro, mas fui lendo alguns Postes, e continua dentro de mim o bichinho da Guiné, de tal forma vivo isto, que estou praticamente proibido de falar em família sobre a Guiné. Estão todos saturados e com razão. Mas eles não estiveram lá, não sentem o mesmo que eu, mas isto é transversal a todos que pisaram a terra vermelha e sentiram o seu cheiro nas narinas quando chovia. Isto entranha-se e não há 'mesinha' para acabar com isto.
A excepção ainda é da minha neta, de 20 anos actualmente em Milão a fazer o Erasmus,
que me pede mais e mais fotografias, sou o seu herói. Da minha filha de 50 anos a mesma coisa.
Curiosamente foi o Valdemar que pegou comigo logo que entrei aqui em 2017, até que fiquei preocupado, a sério.
Pegava com tudo o que eu escrevia e as fotos que enviava.
Depois passou, e hoje sinto a necessidade de vir ao computador e escrever coisas que nem a todos interessa.
Hoje sou um fervoroso seguidor dos teus comentários.
Antes até me chateava e sei que escrevia o que não devia, mas eu sou assim, e é tarde para mudar, embora já mudei e muito.
Espero não ter sido tão chato, mas se me querem, é assim o meu estilo.
Muitos comentários aos postes , eu nem respondo porque me faltam os conhecimentos e a capacidade de escrever como muitos escrevem.
Abraços para todos um bom fim de semana (são afinal todos os dias iguais!) e
Saúde da Boa...
Virgilio Teixeira Djalo
Filho do Gabu
Ó meu caro Virgílio, isso de doenças é para onde mais estamos virados com a nossa idade, embora eu só para o ano faço 80. O importante é termos conseguido safarmo-nos da emboscada e indo aguentando com uns ataques identificados.
Mas o que é isso de pelouros no blogue, já temos o chefe da tabanca e douto editor Luís Graça, o impecábel Carlos Vinhal co-editor e o imprescindível Beja Santos, assim como o nosso amigo e douto guineense Cherno Baldé. Estes é que estão bem pelourados.
Assim como outros que apresentam escritos variados de grande interesse e comentários acertados ou ao lado.
O que é preciso é fazermos do nosso blogue um grande encontro de sã tertúlia de camaradas da guerra na Guiné.
Virgílio, os do Gabú são os Embaló, julgo que os Djaló são das montanhas Futa-Djalon .
Bom fim de semana e vai escrevendo sempre que fazes bem, e até faz bem à saúde.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
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