quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26149: Agenda cultural (868): Por ti, Portugal, eu juro!: documentário, de Sofia Palma Rodrigues e Diogo Cardoso (Portugfal, 2024, 98 minuto), sobre o drama dos Comandos Africanos da Guiné... Estreia mundial no doclisboa 2024, e agora nos Cinemas


 Cartaz do filme Por ti, Portugal, Eu Juro! | Realizadores: Sofia de Palma Rodrigues e Diogo Cardoso | Documentário: POR, 2024, 98 min, M/12  | Trailer (oficial) aqui, no You Tube.






(i) durante a Guerra Colonial, milhares de africanos combateram ao lado das Forças Armadas Portuguesas e arriscaram a vida por uma pátria que acreditavam ser a sua;

(ii) depois do 25 de Abril, quando Portugal se retirou dos territórios que ocupava em África, estes militares foram deixados para trás;

(iii) cinquenta anos depois, contam, pela primeira vez, a sua história e acusam o Estado português de abandono e traição.


Público > Cinecartaz > Sinopse (... com um disparate de todo o tamanho: "Portugal recrutou 1,4 milhões de militares africanos...")


(i) Diogo Cardoso, Sofia da Palma Rodrigues e Luciana Maruta, jornalistas da revista digital Divergente, publicaram a reportagem Por ti, Portugal, Eu Juro!

(ii) o trabalho, dividido em quatro capítulos, foi o resultado de uma longa investigação sobre como, durante a Guerra do Ultramar (1961-1974), Portugal recrutou 1,4 milhões de militares africanos para combaterem em Moçambique, em Angola e na Guiné, ao lado das tropas portuguesas;

(iii) esses homens, que lutaram por uma pátria que sentiam como sua, foram abandonados à sua sorte logo após a independência;

(iv) depois de muitos deles terem sido alvo de perseguições, prisões e fuzilamentos, ainda hoje aguardam o reconhecimento e as pensões de sangue e invalidez que lhes foram prometidas na altura:

(v) a reportagem, que recebeu o primeiro prémio na categoria de Meios Audiovisuais da edição de 2022 do prémio da Comissão Nacional da UNESCO e da Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros, foi entretanto transposta para este documentário, realizado por Sofia de Palma Rodrigues e Diogo Cardoso.  



(i) durante a Guerra Colonial (1961-1974), milhares de africanos combateram ao lado de Portugal e arriscaram a vida por uma pátria que acreditavam ser a sua.

 (ii) a mesma pátria que, depois da Revolução de Abril, os abandonou à sua sorte;

(iii) 50 anos depois, os Comandos Africanos da Guiné continuam a reivindicar as pensões de sangue e invalidez que lhes foram prometidas;

(iii) este grupo foi a única tropa de elite do Exército português integralmente constituída por pessoas negras, pessoas que tomaram a dianteira das operações mais difíceis e protegeram os militares oriundos da metrópole;

(iv) reivindicam, até hoje, um lugar na História. Contam relatos de guerra, perseguição e morte;

(V) dizem-se abandonados e traídos por um Estado que os usou, explorou e, por fim, descartou.


Livro > Por Ti, Portugal, Eu Juro! A história dos comandos africanos da Guiné",  de Sofia da Palma Rodrigues (Lisboa, Tinta da China, 2024, 104 
pp.)"


Wook > Sinopse

(i) durante a Guerra Colonial (1961-1974), Portugal recrutou 1,4 milhões de militares para combaterem em Moçambique, em Angola e na Guiné;

(ii) um terço destes soldados eram africanos, na altura cidadãos portugueses que foram obrigados pelo Estado a cumprir o serviço militar;

(iv) este livro foca-se num universo muito específico deste contexto: os comandos africanos da Guiné, que integraram as três companhias criadas pelo então governador António de Spínola e constituíram a única tropa de elite do Exército português integralmente composta por militares negros;

(v) depois do 25 de Abril de 1974, estes homens foram abandonados por Portugal, o país que os obrigou a cumprir o serviço militar e pelo qual lutaram;

(v) 50 anos depois, contam pela primeira vez a sua história;

(vi) querem que o Estado português lhes devolva os direitos ganhos no campo de batalha e cumpra as promessas feitas;

(vii)  este livro resulta de uma reportagem da Divergente.

(viii) o filme homónimo estreou no dia 19 de outubro de 2024 no âmbito do DocLisboa - 22º Festival de Cinema Internacional. 

Sinopse curta: um livro que foi uma reportagem e é também um filme, sobre os comandos africanos da Guiné que integraram as companhias criadas por António de Spínola e foram forçados a combater pelo exército português durante a Guerra Colonial.


“Fomos obrigados a ir para a guerra. Ninguém se podia esconder. Se o fizéssemos, a nossa mãe, o nosso pai, podiam ser presos e nós seríamos considerados fugitivos... Lutámos por Portugal, jurámos-lhe fidelidade e, depois da independência, fomos totalmente abandonados, como carne para canhão. Ficámos assim: filhos sem pai e sem mãe!” 

Julião Correia foi um dos mais de 400 mil militares africanos que combateram do lado de Portugal durante a Guerra Colonial (1961-1974). 

Homens que, na sua maioria, têm mais de 70 anos e correm o risco de desaparecer sem que os seus testemunhos tenham alguma vez sido filmados, sem que a sua história tenha sido documentada. 

Julião morreu em outubro de 2017, com 75 anos, poucas semanas depois de o termos entrevistado em Bissau.

 Com o fim da Guerra Colonial, e a retirada da tropa metropolitana dos territórios ocupados além-mar, os militares africanos que integraram o Exército português foram deixados para trás pelo mesmo país que os obrigou a combater. Ao mesmo tempo, foram também considerados traidores de raça e de classe pelas novas ordens políticas. 

Enquanto em Angola a maioria destes homens foram integrados nas Forças Armadas locais, e em Moçambique se constituíram Comissões de Verdade e Justiça, na Guiné-Bissau estas pessoas foram perseguidas e torturadas, havendo relatos de centenas de execuções sumárias. 

Além disso, a Guiné tinha ainda mais uma especificidade: era a única colónia a ter uma tropa de elite composta, desde a base (soldados) até ao topo (capitães) por africanos negros.

 As Companhias de Comandos Africanos da Guiné foram criadas em 1971 sob a alçada do então governador António de Spínola, que fez destes homens o seu braço-direito. 

Era nos comandos que Spínola depositava a última esperança de Portugal poder sair vitorioso da guerra na Guiné. Homens altamente treinados, que conheciam bem o terreno e tinham um elevado nível de preparação e resistência física; e que, rapidamente, se tornaram numa arma essencial da resistência contra o Partido Africano pela Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) durante a guerra. 

Num contexto em que o serviço militar era obrigatório, todos os homens acima de 18 anos que recusassem ir à tropa eram considerados desertores, pondo as famílias à mercê das ameaças da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). 

Muitos destes militares eram analfabetos e não tinham qualquer convicção política, desconheciam as razões que motivaram o conflito

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos: LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26148: Agenda cultural (867): Joaquim Costa lançou, em Gondomar, o seu livro "Crónicas de Paz e Guerra", no passado dia 9: uma casa cheia de amigos, colegas e camaradas

5 comentários:

Abílio Duarte disse...

Uma verdade indesmintivél, nunca aceitei e aceito o que fizeram no 25 de Abril de 74, aos soldados oriundos das colónias, que juraram bandeira , combateram e sofreram como nós, e foram abandonados. Houve dinheiro para trazerem os retornados brancos, mas estes valorosoa soldados, nunca foram reconhecidos e já lá vão mais de 60 anos. Desgraçadamente muitos, já não estão entre os vivos. Mas foi uma desgraça, que não consigo esquecer.
Abílio Duarte - F.Mil. 05610968 C.Art.2479/ C.Art.11

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ainda não vi o documentário e quero ir vê-lo. A Sofia Palma Rodrigues e a sua equipa do Divergente estão de parabéns por este trabalho de investigação e por darem voz aos nossos camaradas guineenses, que estão a morrer, abandonados e amargurados... Os antigos comandos e os antigos militares das companhias de caçadores, pelotões de caçadores, milícias, etc.

Eduardo Estrela disse...

É uma vergonha !!!!!
O poder político concede rapidamente a cidadania portuguesa a quem muito bem entende.
Estes homens que integraram o exército português foram e são votados ao esquecimento.
Eduardo Estrela ex-fur mil c caç 14

Anónimo disse...

Na minha opinião, o Estado Português, já que ultrapassado pela dinâmica criada pela independência da Guiné, talvez impossibilitado pelas disposições do direito internacional de impedir a selvajaria dos fuzilamentos, deveria, pelo menos agora, reconhecer a cidadania portuguesa aos que combateram por Portugal na condição de portugueses. Não o fazendo comete um acto de traição em relação aos que serviram Portugal.

Carvalho de Mampatá

Anónimo disse...

Concordo.
Foi um crime, não só o que fizeram os novos Senhores da guerra na Guiné, mas
pior ainda, o abandono criminoso dos nossos combatentes africanos, por parte dos nossos sucessivos governos ao longo dos últimos 50 anos.
Mas porque nos admiramos e ficamos enraivecidos, se a nós, Portugueses, brancos de Portugal metrópole, enviados à força para o cú de judas, se não reconhecem o nosso estatuto de Ex combatentes?
Não é só dar-nos um cartãozinho
que para nada serve à maioria!!
Porque querem apagar este período negro da nossa história.
Abraço a todos
Virgilio Teixeira