sábado, 18 de fevereiro de 2006

Guiné 63/74 - P539: Os filhos de branco (Zé Neto)

1. Mensagem do Ze Neto:

Luis:

Acabo de ler a tua conversa com o Zé Teixeira. E apanhei-te na primeira falha. Então tu não sabias, nunca ninguém te disse, que os nascituros de raça negra vêm ao mundo tão branquinhos como nós?. É verdade. Adiante.

Se te for possível diz ao Zé Teixeira, aliás já o disseste, mas eu gostaria que ele soubesse que sou um grande apreciador dos seus escritos não só pelo sentido humano que lhe é intrínseco (não se inventa) como também pela minha enorme admiração pelos pastilhas, os abnegados enfermeiros militares.

Por alguma razão os meus Fur Mil Cadima Ferreira e 1ºs cabos Soares da Silva, Gentil Fernandes e Celso Igreja, arrecadaram à sua conta 7 (sete) louvores por feitos em combate. E não dispararam um tiro!

Quanto aos nossos descendentes furtivos (desgraçadamente deixei um em Macau) disse-me o Pepito que o Dauda foi sempre tratado por Viegas pela população, era camionista (tinha um camião em Cacine) e morreu em Junho do ano passado antes de atingir os quarenta anos de idade.

A Sona, sua mãe, ainda é viva e está em Guileje. Também é justo referir que o pai teve conhecimento do nascimento do filho, fez algumas diligências para o trazer, mas a esposa, então em Bissau, se opôs terminantemente.

Boa noite e até breve.

O sacramental abraço do Zé Neto


2. Comentário de L.G.:

Zé: Infelizmente o meu curriculum vitae é muito mais pequeno do que o teu... Ou, pelo menos, andámos por sítios diferentes a fazer coisas diferentes. O mais importante é esse sentimento de confiança e essa auto-estima que tu transmites. Bem podes dizer, como o poeta Pablo Neruda: Confesso que vivi!

Obrigado

PS - Essa dos putos negros nascerem brancos, eu já tinha lido... Mas não me ocorreu... Pensei que o Zé Teixeira estivesse a insinuar que o pai da criança poderia ser um tuga.. De qualquer modo, não sendo médico, nunca assisti a nenhum parto africano... Poderia ter acontecido, andei também por algumas tabancas em autodefesa com os meus nharros e privei, com alguma intimidade, com a respectiva população.

Sem comentários: