1. Mensagem do Ze Neto:
Luis:
Acabo de ler a tua conversa com o Zé Teixeira. E apanhei-te na primeira falha. Então tu não sabias, nunca ninguém te disse, que os nascituros de raça negra vêm ao mundo tão branquinhos como nós?. É verdade. Adiante.
Se te for possível diz ao Zé Teixeira, aliás já o disseste, mas eu gostaria que ele soubesse que sou um grande apreciador dos seus escritos não só pelo sentido humano que lhe é intrínseco (não se inventa) como também pela minha enorme admiração pelos pastilhas, os abnegados enfermeiros militares.
Por alguma razão os meus Fur Mil Cadima Ferreira e 1ºs cabos Soares da Silva, Gentil Fernandes e Celso Igreja, arrecadaram à sua conta 7 (sete) louvores por feitos em combate. E não dispararam um tiro!
Quanto aos nossos descendentes furtivos (desgraçadamente deixei um em Macau) disse-me o Pepito que o Dauda foi sempre tratado por Viegas pela população, era camionista (tinha um camião em Cacine) e morreu em Junho do ano passado antes de atingir os quarenta anos de idade.
A Sona, sua mãe, ainda é viva e está em Guileje. Também é justo referir que o pai teve conhecimento do nascimento do filho, fez algumas diligências para o trazer, mas a esposa, então em Bissau, se opôs terminantemente.
Boa noite e até breve.
O sacramental abraço do Zé Neto
2. Comentário de L.G.:
Zé: Infelizmente o meu curriculum vitae é muito mais pequeno do que o teu... Ou, pelo menos, andámos por sítios diferentes a fazer coisas diferentes. O mais importante é esse sentimento de confiança e essa auto-estima que tu transmites. Bem podes dizer, como o poeta Pablo Neruda: Confesso que vivi!
Obrigado
PS - Essa dos putos negros nascerem brancos, eu já tinha lido... Mas não me ocorreu... Pensei que o Zé Teixeira estivesse a insinuar que o pai da criança poderia ser um tuga.. De qualquer modo, não sendo médico, nunca assisti a nenhum parto africano... Poderia ter acontecido, andei também por algumas tabancas em autodefesa com os meus nharros e privei, com alguma intimidade, com a respectiva população.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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