Texto de opinião do José Martins (enviado já há alguns dias):
Caros camaradas!
Durante anos quisemos esquecer que fomos combatentes. Pura ingenuidade. Agora recordamos, cada vez mais, e cada vez mais dolorosa é a recordação.
Quando quizemos falar, não nos deixaram. Não era politicamente correcto. Não era uma atitude revolucionária.
Os governos passaram a ser constituidos por aqueles que nunca vestiram uma farda, mas usavam-na para as fotografias dos jornais ou em visitas a forças militares em manobras ou no estrangeiro. Pareciam soldadinhos de chumbo.
Depois vieram aqueles que: OU ERAM MUITO NOVOS, PARA TEREM IDO À GUERRA DO ULTRAMAR, OU MUITO VELHOS, PARA QUE OS PAIS LÁ TENHAM ESTADO.
Resta-nos esperar que o actual COMANDANTE SUPREMO DAS FORÇAS ARMADAS, o primeiro Presidente da Républica de Portugal que, como nós, tambem foi combatente à força, envide esforços no sentido de mudar as coisas.
Como mudar as coisas, entendo, atender às dificuldades daqueles que, com marcas visíveis no corpo e/ou invisíveis na alma, sejam devidamente ajudados.
Veja-se a situação em que se encontram camaradas nossos que têm a vida completamente destroçada, e o futuro sem FUTURO.
Para nós, infelizmente, a guerra ainda não acabou.
José Martins
Ex-Furriel Miliciano
CCAÇ 5
Guiné, 1968/70
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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