Foto: © David J. Guimarães (2005)
Texto de Amílcar Cabral (com adaptações de L.G.):
Na Guiné, terra cortada por braços de mar, que nós chamamos rios, mas que no fundo não são rios:
(i) Farim só é rio para lá de Candjambari;
(ii) o Geba só é rio de Bambadinca para cima, e por vezes mesmo para lá de Bambadinca há água salgada;
(iii) Mansoa só é rio depois de Mansoa para cima, já a caminho de Sara, perto de Caroalo;
(iv) Buba, esse não é rio de lado nenhum, porque até chegarmos a terra seca, é só água salgada;
(v) Cumbidjâ, Tombali, são todos braços de mar, a não ser na parte superior com um bocadinho e água doce na época das chuvas, sobretudo o rio de Bedanda, que vem a Balana buscar água doce.
(vi) O único rio de facto a sério, na nossa terra, é o Corubal.
Esta é uma realidade muito importante para nós, porque se, por um lado, temos muitos portos para entrar na nossa terra, com barcos, por outro podem ver o perigo que isso representa para nós. Se a nossa terra fosse toda fechada, com as andanças todas em que estamos nesta luta, o tuga já estava desesperado porque os quartéis não tinham comida. Mas como eles têm barcos e a nossa gente não ataca bastante os barcos, eles podem usar os barcos de mar para levar comida e material aos seus quartéis do interior" (...)
Fonte: Extractos de: CABRAL, Amílcar - A arma da teoria: unidade e luta. Volume I. 2ª ed. Lisboa: Seara Nova. 1978. (Obras Escolhidas de Amílcar Cabral. Textos coordenados por Mário de Andrade). p. 135.
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