sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Guiné 63/74 - P1028: O Pimbas que eu (mal) conheci (Jorge Cabral, Pel Caç Nat 63)

Amigo Luís,

Mesmo a partir para férias, não quero deixar de voltar a saudar a entrada do Beja Santos no nosso blogue. Através da memória dele, lembro lugares e pessoas.

Claro que o Missirá do Beja Santos foi diferente do meu, e quanto à descrição que faz do Pimbas, nada confere com o que recordo.

Cheguei a Bambadinca no rescaldo do ataque, pelo que já não provei os rissóis da Exma. Sra. D. Maria Alzira, nem conheci a mulher do Tenente Pinheiro. Bambadinca constituía na altura, Junho de 69, um quartel aterrorizado, com medo de novo ataque e à espera das porradas

Aí me mantive, até à chegada da CCaç.12, como única força operacional. Saía todos os dias (Xime, Amedalai, Ponta Coli, Ponte do Rio Undunduma, Mato Cão, etc.), pelo que talvez não tivesse tido oportunidade de avaliar os atributos do Comandante, cuja imagem que guardo, é extremamente negativa – apático, desnorteado, um zombi. Estarei a ser injusto?

Aliás porque depois desse curto período em Bambadinca, vivi sempre em Destacamento, nunca cheguei a conhecer bem os camaradas ali colocados. Visitava o Batalhão sempre à pressa, e raramente almocei na messe…

Os meus Amigos grandes habitaram Fá e Missirá, e comigo partilharam tristezas e alegrias, mas também alguma loucura, necessária para nos sentirmos vivos…(1).

Também não privei assiduamente com o Beja Santos. Se calhar é agora que o estou a conhecer…e mesmo a tentar compreender.

Com um Abraço,
Jorge
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(1) Do louvor que me concederam, o tal que eu ia frustrando com o Jagudi de Barcelos, consta o seguinte: “É de realçar a sua valiosa acção durante a permanência do Pelotão de Caçadores Nativos nº 63, em destacamentos isolados, onde demonstrou de forma inequívoca as suas qualidades de inteligência, chefia e inexcedível sentido de amizade mútua e de boa camaradagem”.

PS - Duas notas, uma sobre os acontecimentos de 28 de Maio de 1969 e outra sobre o Mato Cão:

(i) Tenho quase a certeza que não era o padre Poím que estava de cuecas a conversar com a mulher do Tenente. Pois, ainda em Janeiro de 1971, me visitou em Missirá… Sei que abandonou a vida eclesiástica e é enfermeiro nos Açores.

(ii) O Destacamento do Mato Cão foi inaugurado pelo Pel Caç Nat 63, já após a minha saída (em meados de 1971).

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