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Foi um acaso que me trouxe ao conhecimento o livro Braço Tatuado, quando, em 14 de Fevereiro de 2008, navegava na Net em busca de uma outra publicação. Tudo ficou decidido nesse momento. Pouco tempo depois era retirado da estante da Livraria Bertrand no Loures-Shoping, o livro que, quase de imediato, comecei a ler.
Título: Braço Tatuado - Retalhos da Guerra Colonial
Editora: Dom Quixote, Lisboa
Páginas: 136
Colecção: Autores de Língua Portugues
Edição: 2008
Preço com IVA: 12,00 €
Na capa, no texto biográfico, é referida uma passagem por Leiria, como professor. Ora foi nessa cidade que nasci e iniciei os meus estudos. Brinquei e passeei no Jardim Público, bebi água na Fonte Grande, tomei café no Arcádia, comi Brisas do Lis… Bons tempos, de jovem e estudante.
Na capa, no texto biográfico, é referida uma passagem por Leiria, como professor. Ora foi nessa cidade que nasci e iniciei os meus estudos. Brinquei e passeei no Jardim Público, bebi água na Fonte Grande, tomei café no Arcádia, comi Brisas do Lis… Bons tempos, de jovem e estudante.
No livro é relatada uma passagem por Nova Lamego (Gabú Sara), onde também estive como elemento da Companhia dos Gatos Pretos [CCaç 5], que mais tarde, em Agosto de 1968, rumou a Canjadude onde permaneceu até à sua extinção, em Agosto de 1974.
Esta companhia era herdeira da 3ª Companhia de Caçadores Indígenas, e teve o seu quartel no local onde, com a criação do Sector Leste, ficou instalada a sede do Batalhão. No meu livro, não editado, que intitulei de Refrega, há algumas impressões pessoais e relatos sobre estas duas localidades terra.
Na leitura do livro de Cristóvão Aguiar, estranhei o número “666”, que, como diz o autor, está em Apocalipse (13,18). Nos elementos de que dispunha e que de imediato consultei, esse número não pertence a nenhuma das unidades que serviram na Guiné.
Consultando o 8º Volume – Tomo II da CECA – Fichas História das Unidades – Guiné (página 342) e com base nas datas constantes do texto, assim como dos locais onde se desenrolaram as acções, foi fácil localizar a “Companhia nº 666” [texto em negrito]. Mas não me contentei com hipóteses. No dia 26/02/08, desloquei-me ao Arquivo Histórico Militar, em Lisboa, e pude ler e tomar notas (caixa nº 70 – 2ª Divisão/4ª Secção), com a calma que o pouco tempo de que dispunha me permitiu, da história da “666” [texto em itálico].
Companhia de Caçadores nº 800
Na leitura do livro de Cristóvão Aguiar, estranhei o número “666”, que, como diz o autor, está em Apocalipse (13,18). Nos elementos de que dispunha e que de imediato consultei, esse número não pertence a nenhuma das unidades que serviram na Guiné.
Consultando o 8º Volume – Tomo II da CECA – Fichas História das Unidades – Guiné (página 342) e com base nas datas constantes do texto, assim como dos locais onde se desenrolaram as acções, foi fácil localizar a “Companhia nº 666” [texto em negrito]. Mas não me contentei com hipóteses. No dia 26/02/08, desloquei-me ao Arquivo Histórico Militar, em Lisboa, e pude ler e tomar notas (caixa nº 70 – 2ª Divisão/4ª Secção), com a calma que o pouco tempo de que dispunha me permitiu, da história da “666” [texto em itálico].
Companhia de Caçadores nº 800
Unidade Mobilizadora: RI 15 – Tomar
A subunidade foi formada com data de 1 de Janeiro de 1965, conforme Ordem de Serviço nº 2 de 4 de Janeiro de 1965 do Regimento de Infantaria 15 de Tomar. Destinava-se, inicialmente, ao arquipélago de Cabo Verde, tendo a partida prevista para a data de 13 de Abril de 1965.
Comandante: Capitão Inf Carlos Alberto Gonçalves da Costa, sustituído em Setembro de 1965 pelo Capitão Miliciano de Cavalaria António Tavares Martins (que tinha vindo da CCav 489/Bcav 490.
Nota do editor vb). Constituíam o quadro de Oficiais subalternos os Alferes Milicianos:
João Belchurrinho Baptista,
Luís Cristóvão Dias Aguiar,
João Faria Cortesão Casimiro
e João Baptista Alves Partida:
Embarque em 17 de Abril de 1965; desembarque em 23 de Abril de 1965 Regresso: Embarque em 20 de Janeiro de 1967.
Alterado o destino, a subunidade partiu do cais de Alcântara, em Lisboa, a bordo do N/M Mafalda, desembarcando em Bissau em 23 de Abril de 1967.
Síntese da Actividade Operacional
Foi-lhe inicialmente atribuída a missão de subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe, tendo colaborado com a unidade de guarnição de Bissau na segurança e protecção das instalações e das populações da área e tomado parte em operações na região de Jugudul e Olom, de 10 a 24 de Maio de 1965, em reforço do BArt 645.
Maio de 1965: Dia 17 – Operação na região de Olom; Dia 21 - Operação Perdigueiro – Durante uma patrulha de combate na área de Encheia, sob o comando do Capitão de Infantaria Gonçalves da Costa, este foi ferido no tórax e pescoço com estilhaços de uma granada de mão, assim como os soldados José Francisco Pereira da Silva (nº 3788/64) e Custódio José Caetano (nº 54/64 da CArt 732).
Em 28 de Maio de 1965, como subunidade de reserva do Comando-Chefe, foi colocada em Contuboel em reforço do BCav 757, em substituição da CCaç 702, com vista à execução de patrulhamentos, reconhecimentos, protecção e segurança das populações da área, guarnecendo com um pelotão a povoação de Sonaco.
A partir de 15 de Julho de 1965, cedeu ainda um pelotão ao BCav 705, o qual passou a guarnecer a povoação de Dunane, onde se manteve até 1 de Abril de 1966.
Maio de 1965, Dia 23 – Partida de Bissau para Contuboel; Dia 29 – Chegada a Contuboel Junho de 1965; Dia 27 – Operação Jagudi.
Julho de 1965, Dia 08 - Partida de 1 Grupo de Combate para Dunane.
Agosto de 1965, Dia 10 - Operação Onça
Em 22 de Novembro de 1965, deixou de ser subunidade de intervenção do sector e assumiu a responsabilidade do subsector de Contuboel, então criado na zona de acção do BCav 757, mantendo um pelotão do antecedente destacado em Sonaco, até 1 de Novembro de 1966 e destacando outros pelotões para guarnecer as povoações de Sara Bacar, a partir de 10Maio de 1966 e de Sumbundo, a partir de 3 de Novembro de 19 de 66.
Novembro de 1965, Dia 23 - A Companhia deixou a intervenção às ordens do Comando-Chefe.
Dezembro de 1965, Dia 17 - Operação Zig-zag.
Fevereiro de 1966, Dia 26- Operação Jota.
Março de 1966, Dia 11 - Operação Jota II.
Abril de 1966, Dia 04 – A Companhia deixou um grupo de combate em Dunane e passou a ocupar o destacamento de Sare Bacar; Dia 16 - Operação Jota III.
Maio de 1966, Dia 07- Operação Intriga. Dia 10 - Operação Ibis. Dia 25 - Operação Ianque, Dia 29 - Destaca um grupo de combate para reforçar o sector de Piche.
Junho de 1966, Dia 04 - Cessa o reforço ao sector de Piche. Dia 06 - Operação Isco. Dia 15 - Operação Ivan. Dia 21 - Operação Intervenção. Dia 30 - Operação Interesse.
Julho de 1966, Dia 07 - Operação Insurrecto Dia 21 – Inauguração da ponte de Contuboel sobre o rio Geba Dia 27 – Operação Intelecto.
Agosto de 1966, Dia 03 – Operação Imune. Dia 11 – Operação Intemerato, Dia 23 – Operação Japão
Setembro de 1966, Dia 05 – Operação Interlúdio. Dia 22 – Operação Intervalo.
Outubro de 1966, Dia 09 – Operação Intimação. Dia 16 – Operação Impar. Dia 21 – Operação Introito.
Novembro de 1966, Dia 02 – 1 grupo de combate ocupou a tabanca de Sumbundo, atacada pelo IN no dia anterior. Dia 17 – Operação Istambul. Dia 30 – Chegada, de Contuboel, da CCaç 1588, que veio reforçar o sector.
Dezembro de 1966, Dia 19 – O IN flagelou com metralhadoras e espingardas automáticas, pistolas e granadas de mão, uma força de CCaç 802, que dava protecção aos trabalhos agrículas na bolanha entre Sumbundo e Ualicunda, causando 1 ferido à população.
Janeiro de 1967, Dia 02 – Chegada a Contuboel da Secção de Quarteis da CCaç 1500, que os rendeu no sector. Em 9 de Janeiro de 1967, foi rendida no subsector de Contuboel pela CCaç 1500, recolhendo em 14 de Janeiro de 1967 a Bissau, a fim de aguardar o embarque.
A Companhia de Caçadores teve duas baixas por ferimentos em combate, o Capitão Gonçalves da Costa e o Soldado Pereira da Silva. Dos seus militares foram louvados 1 Oficial, 1 Sargento, 6 Furrieis, 9 Cabos e 16 Soldados, tendo os louvores sido atribuídos pelo Comandante da CCaç 800, do BCav 757, BCav 705 e Agrupamento 24.
No final da leitura do livro Braço Tatuado ficou-me na memória a frase atribuída, na página 20( 1ª edição na D. Quixote) ao homem grande de Jabicunda, quando, o Alferes Miliciano de Infantaria Arquelau de Mendonça, insistia para ser tratado por alferes: “…alfero é um, alferes é manga deles, nosso alfero...”
Na realidade, e para mim, o Cristóvão Aguiar é alfero, é um óptimo contador de histórias que, com base numa unidade, acaba por englobar as estórias que fazem parte da história de um povo. J
José Martins
Fur Mil Trms Inf Companhia de Caçadores nº 5, Gatos Pretos CTIGuiné/Nova Lamego e Canjadude 02/06/1968 a 02/06/1970
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Notas de vb:
1. Postes relacionados em
25 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2582: Notas de leitura (9): Cristóvão Aguiar, um escritor marcado pela guerra colonial (Beja Santos)
25 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2580: Notas de leitura (8): Braço Tatuado-Retalhos da Guerra Colonial, de Cristóvão Aguiar (Victor Dores / Amaro Rodrigues)
2. Cristóvão de Aguiar nasceu na ilha de São Miguel em 1940. Frequentou Filologia Germânica, em Coimbra, curso que interrompeu para tirar o Curso de Oficiais Milicianos (COM).
Em 1965 partiu para a Guiné, deixando publicado o livro de poemas, Mãos Vazias. Regressado em 1967, concluiu o curso, leccionou em Leiria e regressou a Coimbra para apresentar a sua tese de licenciatura, O Puritanismo e a Letra Escarlate.
Foi redactor da revista Vértice e colaborador, depois do 25 de Abril, da Emissora Nacional com a rubrica "Revista da Imprensa Regional" e leitor de Língua Inglesa na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra.
A experiência da guerra forneceu-lhe material para um livro, incluído inicialmente em Ciclone de Setembro (1985), de que era uma das partes, e autonomizado mais tarde com o título O Braço Tatuado (1990) e que reeditou em nova versão.
Da sua obra, por diversas vezes premiada destacamos:
Notas de vb:
1. Postes relacionados em
25 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2582: Notas de leitura (9): Cristóvão Aguiar, um escritor marcado pela guerra colonial (Beja Santos)
25 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2580: Notas de leitura (8): Braço Tatuado-Retalhos da Guerra Colonial, de Cristóvão Aguiar (Victor Dores / Amaro Rodrigues)
2. Cristóvão de Aguiar nasceu na ilha de São Miguel em 1940. Frequentou Filologia Germânica, em Coimbra, curso que interrompeu para tirar o Curso de Oficiais Milicianos (COM).
Em 1965 partiu para a Guiné, deixando publicado o livro de poemas, Mãos Vazias. Regressado em 1967, concluiu o curso, leccionou em Leiria e regressou a Coimbra para apresentar a sua tese de licenciatura, O Puritanismo e a Letra Escarlate.
Foi redactor da revista Vértice e colaborador, depois do 25 de Abril, da Emissora Nacional com a rubrica "Revista da Imprensa Regional" e leitor de Língua Inglesa na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra.
A experiência da guerra forneceu-lhe material para um livro, incluído inicialmente em Ciclone de Setembro (1985), de que era uma das partes, e autonomizado mais tarde com o título O Braço Tatuado (1990) e que reeditou em nova versão.
Da sua obra, por diversas vezes premiada destacamos:
Raiz Comovida I - A Semente e a Seiva (1978), Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa,
Relação de Bordo I - Diário ou nem Tanto ou talvez Muito Mais (1964-1988), Grande Prémio de Literatura Biográfica da APE/CMP,
Raiz Comovida: Trilogia Romanesca (2003), Trasfega - Casos e Contos (2003), Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra;
e Nova Relação de Bordo - Diário ou nem Tanto ou talvez Muito Mais (2004) e Marilha (2005), os quatro últimos publicados na Dom Quixote.
Em Setembro de 2001 foi agraciado pelo presidente da República com o grau de Comendador da Ordem Infante Dom Henrique.
Texto extraído das Publicações D. Quixote. Com a devida vénia.
Em Setembro de 2001 foi agraciado pelo presidente da República com o grau de Comendador da Ordem Infante Dom Henrique.
Texto extraído das Publicações D. Quixote. Com a devida vénia.
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