quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3910: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (22): Resposta do autor do livro a António Martins de Matos (Parte I)

Fundação Mário Soares > Dossiês Temáticos da do Arquivo e Biblioteca > Guiledje: Na Rota da Independência da Guiné-Bissau: Simpósio INternacioanld e Guiledje, 1-7 de Março de 2008 > "Ocupação do Quartel de Guiledje pelo PAIGC, 22 de Maio de 1973: bandeira do PAIGC hasteada no quartel de Guiledje.[05360.000.267] · Documentos Amílcar Cabral (13/23)" [Rectificação da legenda: a entrada do PAIGC em Guileje deu-se três dias depois, em 25 de Março de 1973].

Foto: Cortesia de ©
Fundação Mário Soares (2009).

1. Mensagem do Coutinho e Lima, Cor Art Ref (aqui na foto, à esquerda, major de artilharia, comandante do COP5, na inauguração do bar de sargentos, aquartelamento de Guileje, 15 de Março de 1973)

Comentário sobre a apreciação de A RETIRADA DE GUILEJE , feita por António Martins de Matos, Ten Gen Pilav Res (*)

[Revisão, fixação de texto, itálicos e negritos: editor L.G.]

1ª. Parte

Quando o livro A RETIRADA DE GUILEJE (**) passou a ser do domínio público, admiti que o mesmo, tal como o Gen Espírito Santo escreveu no Prefácio, "…levantará comentários, merecerá repúdios e receberá aplausos”.

Esperava que, nomeadamente quem discordasse da decisão que tomei, o fizesse de forma racional, objectiva e séria. Não foi o que aconteceu com a apreciação do Sr Ten Gen (na situação de Reserva) da Força Aérea, António Martins de Matos, ao apresentar uma crítica facciosa, porque não isenta, superficial, porque não analisa as causas e não é verdadeira, porque contem afirmações e conclusões falsas.

Posto isto, vamos aos factos.

Diz o Sr Ten Gen que:

“…não pretendo demonstrar que a minha verdade é melhor que a verdade dos outros”.

Relativamente à Retirada de Guileje não há diversas verdades, mas sim A VERDADE DOS FACTOS, que é o subtítulo do livro; cada comentador tem a sua versão, sendo que a do Sr Ten Gen é a “versão aérea”.

Fiquei a saber que, após "a chegada dos mísseis Strela, as missões passaram a ser mais efectivas (novo armamento até aí não utilizado)”.

Era interessante saber qual o armamento até aí não utilizado e porquê; no que respeita a evacuações, a partir de Guileje, a eficácia passou a ser nula, já que a Força Aérea deixou de as fazer.

“Do que vivi in loco…”

A vivência do Sr Ten Gen foi única e simplesmente uma vivência do ar, na verdadeira acepção da palavra; embora com uma visão abrangente da Zona de Acção, que até lhe permitia localizar as bases de fogos inimigas, demonstrou um grande desconhecimento da situação em terra.

Uma das conclusões, após a leitura do livro, é:

“Desde 6 de Maio que os Gr Comb de Guileje não efectuaram qualquer saída do quartel (excepção feita à tentativa de coluna a 18 de Maio…”.

Esta conclusão é uma mentira.

Basta ler o Anexo V (pág 408); neste, são referidas colunas de reabastecimento nos dias 7, 11, 14 e 16 MAI, isto é, 4 colunas.

Diariamente, era realizado o abastecimento de água, a cargo de 2 Gr Comb; porque se tratava de uma actividade de rotina, não é referida no livro.

No dia 18 MAI, à tarde, foi feito o reabastecimento de água, este com alguns percalços (ver pág. 200, resposta à 7ª Pergunta e pág 266, comentário 1.).

A última saída de Gr Comb realizou-se na manhã do dia 19 MAI, para um patrulhamento e evacuação de feridos, na direcção de Mejo, até ao Rio Afiá. A propósito desta evacuação, leia-se, na pág. 47, a mensagem (6):

“NÃO SATISFAÇÃO … EVACUAÇÕES (Y)…”, bem como as pág. 42 e 43 – 11. Visita a Guileje do Sr General Comandante-Chefe, em 11 MAI 73.

Refere-se que, por falta de evacuação (garantida pelo Sr Comandante-Chefe e não cumprida), um Cabo Metropolitano acabou por morrer, 4 horas depois de ter sido gravemente ferido.

O que o Sr Ten Gen naturalmente quereria dizer era que, a partir de 19 MAI (e não 6 MAI), não mais saíram Gr Comb de Guileje. E este procedimento tem uma explicação; face à certeza de não haver evacuações, a partir de Guileje, qual era o Comandante responsável que, atribuía missões de alto risco aos seus subordinados, sem estar garantido o seu socorro, se necessário; havendo feridos graves, acabariam por morrer, como já acontecera em 18 MAI; foi esta a razão por que o Comandante das forças, em Guileje, responsavelmente, não mandou sair tropas do quartel, depois de 19 MAI73.

"… o Guileje não podia estar cercado…"

No livro, só há uma referência a cerco; é a mensagem (37), na pág. 60, enviada de Guileje, no dia 21 MAI, às 14h15: “ESTAMOS CERCADOS POR TODOS OS LADOS”.

Esta mensagem, que está também na contra-capa do livro, foi da autoria do Sr Capitão Quintas, Comandante da guarnição, na minha ausência; foi a apreciação que fez da situação, naquele preciso momento.

È evidente que o quartel não estava cercado, porque se o estivesse, eu e 2 Gr Comb vindos de Gadamael não teríamos entrado, ao fim da tarde do dia 21 MAI. Mas não tenha a mais pequena dúvida o Sr Ten Gen que o cerco estava a apertar; na tarde desse dia 21 MAI, um grupo inimigo actuou do lado de Mejo, pela primeira vez; eram forças do 3º CE (Corpo de Exército), que tinham chegado para reforçar o dispositivo do PAIGC (ver pág 55 e 56, mensagem (27), enviada pela Repartição de Informações). Naturalmente não vinham para nenhuma colónia de férias...

Porque o cerco não estava completo, foi possível efectuar, com pleno êxito, a retirada na manhã do dia 22 MAI, tirando partido do efeito de surpresa, de tal modo que o Inimigo continuou a flagelar Guileje até ao dia 25 MAI, quando entrou no aquartelamento deserto.

E seria interessante saber quais foram as ordens que o Comando-Chefe deu à Força Aérea para vigilância e actuação na área; procurei colher elementos, no Arquivo Histórico Militar do Estado Maior da Força Aérea, relativamente ao emprego desta na zona de Guileje, no período de 22/25 MAI, mas nada consegui. Com o quartel vazio, era mais que certo que o PAIGC, a curto prazo, lá entrasse; com um reconhecimento adequado, durante aquele período, poderia o Inimigo ser surpreendido, nomeadamente quando chegasse a Guileje, constituindo um objectivo altamente remunerador e uma oportunidade única que foi perdida pela Força Aérea.

O Sr Ten Gen afirma ainda:

“Prova disso é o facto de terem fugido cerca de 600 pessoas…”.

Sendo uma pessoa responsável, o Sr Ten Gen sabe muito bem que não houve uma fuga (saída precipitada e desordenada), mas sim uma retirada, devidamente comandada, de acordo com as circunstâncias concretas no local. Fuga, ou melhor, debandada, verificou-se, mais tarde, em Gadamael (a seu tempo lá irei) (***).

“Há a confirmação de que as bocas de fogo se situavam para além da fronteira…”.

É fácil fazer afirmações; o Sr Ten Gen, para dar credibilidade ao que afirma, terá que apresentar provas concludentes do que afirma, acerca da localização das bases de fogo inimigas. A sua reacção à intervenção do Nuno Rubim (os alcances podiam ser superiores), quando este indicou os alcances máximos das armas utilizados pelo PAIGC contra Guileje, é tão gratuita quanto a afirmação supra.

Nós, em Guileje, tínhamos a certeza que as bases de fogos estavam bem dentro do nosso território; com os meios expeditos de que dispúnhamos, pudemos verificar que, uma base de fogos do Morteiro 120 se situava a cerca de 4 kms; sendo o alcance máximo desta arma 5700 metros, era impossível estar para lá da fronteira e atingir o quartel, porque verificámos variadíssimos rebentamentos de granadas de 120 dentro do arame farpado.

“…os obuses de 14 cm… só esporadicamente foram usados…”

Mais uma conclusão errada, frontalmente desmentida no livro.

Com efeito, pode verificar-se, nomeadamente nas declarações que prestaram no processo, os Oficiais presentes em Guileje, (Respostas à 5ª. Pergunta, pág 190 a 200), em que todos foram unânimes em afirmar que as reacções pelo fogo às flagelações inimigas eram feitas também pelos Obuses de 14 cm.

Na pág 247, o Sr Alf Mil Pinto dos Santos, Comandante do 15º Pelotão de Art, em Guileje, declarou (Resposta à 6ª Pergunta) que:

“…executei cerca de 70 tiros…”, em reacção à emboscada de 18MAI; o mesmo Oficial afirma que, no início do período, havia cerca de 400 munições completas.

Contrariamente ao PAIGC, que mostrava não ter qualquer restrição no consumo de munições, especialmente de Armas Pesadas, o COP 5 tinha gravíssimos problemas nesse domínio; desde o início do ataque, porque não sabíamos quanto tempo ia durar, houve a preocupação de adoptar um consumo parcimonioso, especialmente com as munições das Armas Pesadas, Artilharia incluída, pois tínhamos a certeza, especialmente depois da emboscada do dia 18, impedido que foi o acesso por estrada a Gadamael, que se houvesse uma situação de emergência, não seríamos reabastecidos.

Recordo que em Guidage, houve que proceder a um reabastecimento de munições de emergência, no próprio dia do início do ataque – 8 MAI (ver pág 88, mensagem de 081525MAI73). Em Guileje, tal não seria possível, dado que a Força Aérea tinha cancelado, para esta localidade, todo e qualquer vôo; não questiono esta decisão, mas limito-me a constatar factos.

Concluindo, os 2 Obuses de 14 cm (no início apenas um, porque o outro chegou avariado), reagiram pelo fogo às flagelações inimigas, quando foi considerado oportuno, mas sempre tendo em atenção a reduzida quantidade de granadas existente.

“Guileje, uma manobra de diversão, para desviar a FAP de Guidage…”

A acção do Inimigo em Guidage teve início em 8 MAI 73; o Comando-Chefe hipotecou a quase totalidade das suas reservas, no reforço a esta guarnição.

Não estão incluídos, no meu livro, elementos de informação acerca da intenção do PAIGC, relativamente a Guidage, porque isso não foi objecto da minha investigação.
No que a Guileje diz respeito, remeto o Sr Ten Gen para o Anexo VI (pág 410); à data do relatório de interrogatório nº 108 (27 DEZ 72, antes da criação do COP 5), ficou a saber-se:

“…o IN pretende fazer um ataque com bastante força a Guileje, porque pretende obter uma maior liberdade de movimentos logísticos e de pessoal no Corredor de Guileje. Para isso, ficaram em Kandiafara alguns elementos que vieram recentemente de um estágio de Artilharia na Rússia, para fazerem reconhecimentos na área de Guileje e preparar essa acção”.

Na pág 359, o ex-Comandante do PAIGC, Osvaldo Lopes da Silva, refere:

“Foi em Agosto ou Setembro de 1972…que Cabral me confiou a tarefa de preparar as condições de um ataque em força sobre Guileje…”.

No artigo, transcrito do Jornal Público, é descrita a minuciosa preparação e os reconhecimentos efectuados, tendo em vista a concretização do “ataque em força a Guileje”.

Dos dois documentos resulta, para mim, com toda a evidência, que o PAIGC planeou, com vários meses de antecedência, a acção sobre Guileje e que esta acção constituía um objectivo prioritário; se assim não fosse, como se explica que Cabral tenha afirmado (pág 358): “Se o quartel de Guileje cair, cai tudo à volta”.

O Comando-Chefe que, certamente, tinha mais elementos de informação sobre as intenções do PAIGC, parece que não os teve em consideração; só assim se compreende que não tenha tomado nenhuma medida preventiva, para fazer face à acção em força sobre Guileje, pré-anunciada com muita antecedência.

Guileje não foi uma manobra de diversão; pelo contrário, o ataque a Guidage foi, para o PAIGC um objectivo secundário, com a intenção de “obrigar” o Comando-Chefe a dividir as suas forças, de reforço aos dois ataques: Guileje, objectivo prioritário e Guidage, acção secundária.

Certamente que nem o PAIGC imaginava que a actuação do Comando-Chefe lhe fosse tão favorável, ao reforçar Guidage como o fez, deixando a guarnição de Guileje entregue à sua sorte, sem qualquer espécie de reforço. E nem se argumente que, tendo Guidage sido atacado em primeiro lugar, havia que avançar com socorro imediato; certamente que aquela guarnição, em posição muito crítica, teria que receber reforço de emergência.

Não é porém aceitável a actuação do Comando-Chefe, quando não antecipou o que iria acontecer em Guileje que, de acordo com as informações disponíveis, tinha obrigação de prever o que se tinha como certo e, quando se impunha o seu reforço, este não foi accionado.

“A questão que se põe é a de saber porque razão as missões no Guileje não terão tido sucesso?”

Esta pergunta terá que ser formulada, pelo Sr Ten Gen, à Força Aérea.

"…igualmente por falha do Guileje, que já não era capaz de indicar de onde tinham partido os ataques, limitando-se a afirmar “bombardeiem todas as
matas à volta do quartel”.

“Vamos comprar uma B52 e já voltamos…


Na pág. 57, a mensagem (30), enviada da CCAV 8350 (Guileje), em 210710 MAI73, refere:

“REF 1582/BM NOTAL
INFORMO DEVEM ESTAR ORLA MATA. ESTOU SER ATACADO. PRECISO
REFORÇO URGENTE HELI-CANHÃO, PESSOAL, FIAT”

A mensagem 1582/BM (nº 27, pp 55/56), tinha sido recebida da Rep. de Informações (201900 MAI73), referindo a presença do “3º C.E. NAS MATAS DE MEJO”.

Foi, certamente, na sequência dessa mensagem 30, que o então Ten Pilav Matos sobrevoou Guileje, em apoio de fogo. Perante o teor da dita mensagem, pode depreender-se a situação vivida em terra; o pedido de bombardeamento à volta do quartel era inadequado, por razões de segurança; a sugestão do Piloto para utilizarem a Artilhraia foi, igualmente, pouco inteligente, porque esse emprego, que teria de ser na modalidade de tiro directo, acarretava também problemas de segurança.

A resposta com “raiva” de “Vamos comprar uma B52 e já voltamos”, de “mau gosto”, como escreve o Sr Ten Gen (eu diria de péssimo gosto), só demonstra a incompreensão de quem está a ver Guileje de cima e não fazia ideia, nem tentou fazer um pequeno esforço, para imaginar o que se passava em terra. A raiva descarregada sobre o Fur Alfaiate, que não tinha culpa nenhuma do que estava a acontecer, melhor seria despejada sobre as forças do Inimigo.

Em Guileje, o pessoal não dormia, desde a noite de 18/19, até àquela data já contabilizava 30 flagelações e não tinha em quem descarregar a sua raiva.

“…a comparação dos números de mortos e feridos em Guidage e Guileje é, por si
só, clarificadora do que efectivamente ocorreu nesse período e de quem mais ne-
cessitava de apoio”.


Não admirava que em Guidage tivesse já havido mais mortos e feridos, porque esta guarnição tinha sido fortemente reforçada com Fuzileiros, Paraquedistas e Comandos e outras forças; além disso, Guileje dispunha de abrigos de cimento armado, construídos pela Engenharia Militar, nos quais se recolheram, desde o início das flagelações, todos os militares, milícia e população. Foi esta a principal razão, por que não houve grande número de baixas (infelizmente, tivemos um morto).

Já que Guileje não tinha tido direito a nenhum reforço, restava-nos a Força Aérea que, pela voz de um dos seus Pilotos, achava que a sua missão era mais necessária em Guidage. Ainda bem que esse Piloto não tinha poder de decisão, pois se o tivesse, certamente teríamos tido menos Apoio Aéreo do que aquele que recebemos.

(CONTINUA)

2. Comentário de L.G.:

No próprio dia de recepção do texto, 2 de Fevereiro, dei conhecimento do seu teor ao António, em primeira mão... Disse-lhe:

Procuro ser leal para com todos os membros da nossa Tabanca Grande. Logo verás o que tens a dizer, se achares que vale a pena responder... Se quiseres responder, podemos juntar as duas peças...

Ele respondeu-me logo a seguir, no dia 3, nestes termos:

Caro amigo: Obrigado pela informação. Não é minha intenção responder aos comentários do Cor Coutinho e Lima. A razão é simples, o responder a comentários, dos comentários, dos comentários, .... só serve para alimentar guerras e guerrinhas para as quais não estou interessado.

Digo o que tenho a dizer, quem achar que está correcto muito bem, quem não achar e expressar a sua visão contrária, igualmente muito bem, todos têm direito à sua (deles) opinião.

Se no caso do Nuno Rubim acabei por responder ao comentário, foi apenas pelo facto de, escudando-se no seu papel de “historiador e dono da verdade” os seus escritos terem “quase” aflorado a ofensa verbal. Não é o caso do Cor Coutinho e Lima, cujo texto, ainda que divergente do meu, em termos de educação é absolutamente correcto, com um único senão de ser escrito com o coração.

Conforme te disse, para mim este assunto está encerrado. (...)


Mais tarde, a 11 de Fevereiro, mandei-lhe o seguinte mail:

(...) As polémicas/controvérsias provocam sempre alguma tensão... Ao fim destes três anos e meio, com mais de 300 membros e cerca de 3870 postes, a malta do blogue (que é a malta dos três ramos das FA que passaram pela Guiné, 1963/74), já aprenderam a viver e a conviver com as suas diferenças e as suas comunalidades... Tens aqui uma bela montra, plural, respeitável, séria, solidária, para mostrares e reforçares o papel da FAP na Guiné... Todos reconhecemos que esse historial (glorioso e generoso) não é ainda suficientemente bem conhecido... Espero a vir-te a conhecer pessoalmente, tal como aconteceu há dias com o Miguel Pessoa e a Giselda. (...)
_____

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

11 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3872: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (21): Resposta de António Martins de Matos a Nuno Rubim

8 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3856: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (20): Resposta ao camarada e amigo J. Mexia Alves (Coutinho e Lima)

29 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3811: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (19): Resposta de Nuno Rubim a António Martins de Matos

23 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3782: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (18): Obrigou-se o PAIGC a combater em Gadamael... (João Seabra)

23 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3778: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (17): O cerco que nunca existiu (António Martins de Matos)

20 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3764: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (16): As CCAV 8350 e 8351: Tão perto e tão longe (Vasco da Gama)

19 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3760: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (15): A minha homenagem aos que viveram a Guerra da Guiné. (J. Mexia Alves)

17 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3754: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (14): Pode não ser-se herói e dar provas de coragem (José Manuel Dinis)

17 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3752: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (13): A missão de apoio aéreo de 21 de Maio de 1973 (António Martins Matos)

15 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3744: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (12): Spínola podia ter feito muito mais... (Rui Alexandrino Ferreira)

14 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3737: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (11): Um erro de 'casting', o comandante do COP 5 (António Martins de Matos)

11 de Janeiro de 2009 > Guíné 63/74 - P3725: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (10): PAIGC dispara um milhar de granadas entre 18 e 22 de Maio de 1973

8 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3712: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (9): Para breve a 2ª edição do livro (Luís Graça)

6 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3704: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (8): Notas e correcções de Abreu dos Santos, comentários meus (V. Briote)

2 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3689: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (7): Antecedentes relacionados e breve comentário (V. Briote)

31 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3686: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (6): Comentário do Ten Cor José Francisco Robalo Borrego

15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3628: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (5): O sentido de uma sondagem (Joaquim Mexia Alves / Luís Graça)

15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3627: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (4): Apresentação do livro, 5ª F, 18, na Casa da Guiné-Bissau em Coimbra

15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3626: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (3): Tardia a nossa percepção do nosso próprio Vietname (Eduardo Dâmaso)

14 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3618: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (2): A festa ... e a solidão de há 35 anos (Luís Graça)

27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3527: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (1): Lançamento do livro, 13/12/08, 17h, na Academia Militar, Amadora

23 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P3783: FAP (1): A diferença entre o desastre e a segurança das tropas terrestres (António Martins de Matos, Ten Gen Pilav Res)

31 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3825: FAP (2): Em cerca de 60 Strellas disparados houve 5 baixas (António Martins de Matos)



(**) Alexandre Coutinho e Lima, Cor Art: A retirada de Guileje: a verdade dos factos. LInda-a Velha: DG Edições. 2008. c. 22/24€ (incluindo portes de correio). Para adiquirir o o livro, escrever ou telefonar para o autor:
Rua TOMÁS FIGUEIREDO, nº. 2 - 2º. Esq1500 – 599 LISBOA
Telefone: 217608243Telemóvel: 917931226
Email: icoutinholima@gmail.com

(***) Vd. também os postes de :



24 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3788: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (1): Depoimento de Manuel Reis (ex-Alf Mil, CCav 8350)

24 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3789: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (2): Esclarecimento adicional de Manuel Reis (ex-Alf Mil, CCav 8350)

25 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3790: Dossiê Guileje / Gadamael (3): "Um precedente grave" (Diário, Mansoa, 28 de Maio de 1973) ... (António Graça de Abreu)

27 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3801: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (4): Cobarde num dia, herói no outro (João Seabra, ex-Alf Mil, CCav 8350)

13 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Coronel Coutinho e Lima
Releia por favor o que diz a pgs.281 que mais uma vez se transcreve:
""a partir de 30 de Abr 73 foi solicitada e autorizada ... a redução da actividade operacional da CCav 8350 no sentido de o esforço principal ser orientado para as obras do aquartelamento, que estavam atrasadíssimas; ... só em Abril de 1973 foi autorizada a realização de algumas obras, ou seja, passados mais de 3 meses.
A redução da actividade, ao mínimo, permitiu ao Inimigo fazer os reconhecimentos à vontade e instalar o seu dispositivo sem grandes perturbações o que não teria acontecido se a actividade operacional decorresse no ritmo normal".
Palavras-chave: "Mínimo","à vontade", "Se".


João Mendes

Anónimo disse...

O João Mendes bem dá a deixa ao senhor coronel CL mas, nada.
É tempo de acabar com a cruzada! Aqui na tabanca dosi terços já disseram que não engolem o abandono de Guilege. Digo abandono porque não se pode chamar retirada à bicha de pirilau com malas às costas + saco da TAP.
António Russo
Gouveia

Anónimo disse...

Sr. Coronel Coutinho e Lima

Da pequenez do meu lugar de alferes miliciano no CAOP 1, em Teixeira, Pinto, em Mansoa, em Cufar (1972-74), durante onze meses sob o comando do coronel pára-quedista Rafael Ferreira Durão, deixe-me, com todo o respeito, dar-lhe um conselho: Não escreva mais sobre Guileje! Não é bom para si. A História nos julgará.
Saúda-o o
António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Camaradas,
Os comentários anteriores parecem-me desbocados, produto de conceitos preconcebidos da defesa a todo o custo por parte dos residentes de Guilege, mas perdoando ao Com-Chefe o desprezo que lhes dedicou perante a crise.
A questão deve ser restrita à apreciação do texto original do António M. Matos, cotejando-o com esta resposta do Coutinho Lima.
Dessa apreciação, tão serena quanto possível, devemos procurar a melhor racionalidade perante a situação que gerou a retirada de Guilege. Ambos os textos conterão alguma dose de emotividade por parte dos autores. Mas, também podemos nesses escritos, descortinar sobre a situação militar, o eestado do equipamento, a debilidade de géneros e munições, a proximidade da época das chuvas e consequente isolamento, a dificuldade no tratamento de feridos e impossibilidade de evacuação aérea, a escassez de géneros e a falta de água no local, o sucessivo número de ataques concretizados pelo IN e os reflexos no estado de espírito das NT, acentuado pela presença de um cadáver, e, eventualmente, outras razões que não refiro, mas, indubitavelmente, o desprezo e incompetência manifestados pelo Com-Chefe perante a situação, são factores a considerar.
Ou os camaradas não sentiram nada do que tem sido relatado a propósito de Guilege? Provavelmente, não. O António G. Abreu não o sentiu. Aliás, numa troca de cartas que fizémos, reflectiu exactamente esse alheamento. E continuar a mencionar o ícone Coronel Durão, não é muito abonatório, senão, porque é que não foi o aquartelamento reocupado?
Camaradas, não é o despique gratuito que nos permitirá manter o nível do blogue como fonte histórica relativamente à guerra da Guiné. Antes a serenidade e o respeito recíproco, sem aleivosias de percentagens de opinião que ninguém confirma, ou insinuações sobre menoridades de quem quer que seja.
Abraços fraternos
José Dinis

Anónimo disse...

Meu caro José Dinis
És um homem de grande sensibilidade. Consegues sentir o que eu sinto, ou melhor o que eu não sinto.
Escrevi-te um texto pessoal que agora copio quase na totalidade para este comentário. Aí vai. Corrijam-se estou enganado:

"Recordo-te que, ao ir a Bissau sugerir o abandono de Guileje -- o que irritou Spínola que considerou Coutinho e Lima um fraco militar --, o major foi substituído no comando do COT de Guileje pelo coronel pára-quedista Rafael Ferreira Durão, passando o major a segundo comandante. Aqui foi Coutinho e Lima que não engoliu esta nova situação.
O coronel Rafael Durão não chegou a avançar para Guileje porque, logo a 21 ou 22 de Maio, Coutinho e Lima ordenou o abandono do aquartelamento. O coronel Rafael Ferreira Durão foi meu comandante no CAOP 1 (comando de operações)em Teixeira Pinto e Mansoa entre Junho de 1972 e Maio de 1973, Conheci muito bem esse homem, lidei com ele praticamente todos os dias.
É o coronel D. do meu Diário da Guiné. E não escrevi o nome dele por extenso no livro porque o senhor estava vivo e não o quis magoar, dado que também escrevi que o meu coronel Durão tinha o mau hábito de esbofetear os soldados e lhes dar murros monumentais.Eu não levei porque era alferes, mas quase...
Adiante, o coronel ia para Guileje e ia levar com ele tropas pára-quedistas, podes ter a certeza. De resto foi o que aconteceu em Gadamael.
Mas Coutinho e Lima não quis aguentar Guileje. Reconheço que a situação no terreno era muito difícil.
O abandono de Guileje teve uma repercussão enorme, sobretudo de natureza política. Os boatos em Portugal, e até dentro da Guiné, foram imensos. Entretanto, os oficiais, capitães do QP, também graças a Guidage, Gadamael e Guileje começaram finalmente a entender que aquela guerra não tinha solução militar,provocava enormes sofrimentos, era preciso alterar o político para se acabar com a guerra.
Em termos políticos, posso compreender o Coutinho e Lima, mas creio que ele não fala disso, não assume a natureza política do seu acto.Corrige-me se estou enganado.
Em termos militares, no terreno, creio que Guileje ainda era defensável e, se tivesse aguentado mais uns dias, ia ter reforços. É ou não verdade que os páras, que andavam por Guidage (não todos), a 1 de Junho estavam em Gadamael? Corrige-me se estou enganado.
Um abraço,
António Graça de Abreu"

Prometo que não volto a escrever sobre Guileje. Há tanta coisa que não sei e, em termos pessoais nada tenho contra o coronel Coutinho e Lima. Respeito todos os camaradas.

joão coelho disse...

Sou leitor diário deste blogue. Fui militar da FAP, de 1963 a 1966. Não estive, felizmente em África,durante a guerra. Aprecio vir aqui pela qualidade e humanidade da maior parte dos textos aqui colocados. Mas confesso que cada vez mais me preocupa o risco que este blogue corre de se estragar, pela persistente atitude de alguns intervenientes que se arrogam o papel de juízes em relação a situações, difíceis, vividas por camaradas seus - sem terem estado directamente envolvidos nos acontecimentos. É uma manifestação preocupante de intolerância, completamente desajustada do que penso ser a "alma" deste espaço.
Será a condição humana..mas é pena.
Assino por baixo o texto de José Dinis, pela sua clareza e sensatez.

João Coelho

Anónimo disse...

Camaradas
Vou tentar ser sintético;
1 A carta que dirigi ao A. G. A. foi um repto no sentido de o colocar como comandante do COP-5, e de me responder, enquanto tal, sobre as decisões que tomaria perante o quadro conhecido de Guilege, e que, objectivamente, estaria em confronto com o IN no dia em que fosse à água. O extracto da resposta tornado público, bem como o restante teor, em nada respondeu às questões que lhe coloquei.Daí, eu referi que não sente o que se passou em Guilege, talvez por falta de experiência operacional e dos sentimentos de angustia e abandono que, por vezes, avassalava o moral das NT, em resultado de decisões levianas ou absurdas.Ora, o A.G.A. cumpriu a comissão embevecidamente em centros de decisão, e refere-se ao que não viveu.
2 - A acção do C. L., tanto quanto me é dado interpretar, não teve nada de política. Foi a decisão de um comandante militar. tendo em conta as limitações e a condição, se não de inferioridade, pelo mmenos de risco certo para alguns dos militares sob o seu comando. Nas minhas intervenções sobre o assunto, referi sempre a espécie de abandono a que Guilege fora votado, com (sobre)vivência muito dificil para a guarnição.
3 - As considerações sobre o eventual acompanhamento de tropas em consequência da nomeação do novo comandante do COP-5, dando-as como certas, provam a diferença de tratamento que o Com-Chefe dispensava aos seus cortesãos, ao contrário da indiferença manifestada a C.L., revelando um estilo de comando por palpite, e uma visão pessoalizada da guerra, em detrimento das exigências objectivas que o "teatro" exigia, apoiado por um nucleo de favoritos que, provou-se, apenas resolveram casos pontuais, deixando muitos outros por solucionar, e não atingiram a paz. Porque o objectivo de qualquer guerra deve ser a avaliação e obtenção rápida da paz.
Abraços fraternos
José Dinis

Anónimo disse...

Não queria meter-me nestas guerras, mas não paro de me debater com a minha consciência.
Apoio tudo o que o João Coelho escreveu.
Começo a compreender as palavras que um ex-camarada da 2589 me disse quando o contactei e incitei a escrever sobre certos pormenores da emboscada do INFANDRE que ele viveu melhor do que eu.
Não quero acreditar que os tais oficiais, capitães do QP, fossem tão desprovidos de inteligência que, só graças a GUIDAGE, GADAMAEL e GUILEGE tivessem começado finalmente a entender que aquela guerra não tinha solução militar...
Assim tiro o Chapéu ao meu camarada de quarto no CAOP que em 71 já o tinha entendido e até ao meu 2.º Cmdt do BCaç que, em 70 quando entrei na guerra, já me dava uns indícios...
Jorge Picado
P.S.
O meu comentário não entrou porque o ultimo do José Dinis se sobrepôs. Ainda mais tenho de apoiar as suas serenas, claras e sensatas palavras.
J.Picado

Anónimo disse...

Não falar da Guerra, é uma mentira por omissão!
Teremos sempre que falar de Guilege como um aquartelamento não conquistado ou tomado pelo IN neste caso PAIGC o outro lado.
Atenção!... A primeira vítima da Guerra foi sempre a Verdade dos Factos.
Eu tenho pena de dizer isto:
Guilege, Guidage e Gadamael estão dentro do mesmo Palco no Teatro da Guerra da Guiné.

Mesmo assim vai para toda a Tabanca o abraço de Sempre do tamanho do Cumbijã,

Mário Fitas

Anónimo disse...

"A guerra e a continuacao da politica por outros meios" disse Clausewitz, hà ja muitos anos. Mas existe muita gente que nao acredita.
Josè Dinis,como è possivel afirmares que "o A.G.A (eu) cumpriu embevecidamente a comissao em centros de decisao."
Estive quase onze meses em Cufar, no sul da Guine, entre Junho e 1973 e Abril de 1974 a cumprir "embevecidamente" a minha comissao?
Sò a ignorancia ou ( ia a escrever a maldade, mas nao escrevo.) te levam a fazer uma afirmacao deste teor.
Fiquemos por aqui.
Um abraco desde Italia para todos os camaradas e amigos, tambèm para o Josè Dinis.
Antònio Graca de Abreu

Anónimo disse...

Caro António,
Se me referi naqueles termos, foi porque tens escrito,reiteradamente,
que cumpriste a comissão no COP, em très lugares distintos, e tens deixado passar a imagem de um pagem junto do princípe. Não sei nada da tua relação com a guerra, mas, pelo exposto, parece que não experimentaste, consecutivamente, percorrer trilhos, montar emboscadas, beber água da bolanha, comer ração, cobrir o corpo de repelente e os mosquitos mostrarem gula por ti.
Não foi maldade, seguramente, porque antes disso eu corto. Mas aceito a ignorância, e peço desculpa se for o caso.
Aproveito para te felicitar sobre o poema que nos dedicas, embora, possa ser motivo de várias interpretações, resultado de diferentes experiências, sensibilidades e culturas, mas gostei do que li. E aproveita para te deliciares com um bom vinho italiano. Hoje abri uma Nederburg - Edelrood, Western Cape, e bebi à nossa.
Um abraço
José Dinis

joaquim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Já uma vez o disse e volto a repetir.

Esta distinção entre quem esteve aqui ou acolá, deu mais ou menos tiros, teve mais ou menos guerra, não deveria existir entre nós.

Tem tanto valor e tanto direito a falar sobre a guerra quem esteve no mato, como quem esteve em Bissau.

Aliás as comparações das situações e dos lugares levam-nos a questionar muita coisa.

Por exemplo um destacamento como o de Mato Cão, guarnecido com um pelotão apenas, sem luz e como única saída um sintex a remos, sem hipótese de receber reforços imediatos, leva-nos a questionar permanentemente qual seria a possibilidade de defesa perante um ataque de média dimensão do PAIGC!

E como este tantos pela Guiné fora, e no entanto...

Ao António, ao José Dinis e a todos um abraço camarigo daqueles do meu tamanho.
Joaquim Mexia Alves