1. Mensagem de António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA12, Bissalanca, 1972/74, hoje Ten Gen Pilav Res):
Amigo Luis: Depois de tudo o que se escreveu sobre o Guileje,...a Visão, ... o Nino Vieira, ... , os ânimos andam um pouco tensos, a necessitar de um tónico refrescante.
Junto te envio uma história ligeira e com uma certa piada (para mim claro, porque deve ter havido alguém chateado com a coisa).
A dar um título, penso que ficará bem “Correio com Antenas”
Um abraço
António Martins de Matos
2. FAP (15) > Correio com antenas (*)
por António Martins de Matos
No final de um destacamento de DO-27 em Nova Lamego (fins de 72 ou início de 73), e no momento de regressar a Bissau, o homem do SPM (Serviço Postal Militar) pergunta-me se posso largar um pequeno saco com correio num destacamento situado no trajecto para a Base de Bissalanca, não me lembro do nome, entre Bambadinca e Bafatá, sem pista, sem placa, ... sem nada... .(eventualmente poderá ser Missirá, mas penso que deveria ser um outro destacamento).
Mas que tivesse atenção porque o último piloto a largar o saco tinha sido um grande nabo, tinha calculado mal e este tinha-se perdido no mato, para desespero do pessoal.
Claro que sim, estamos aqui para apoiar a tropa, saco embarcado, viagem sem incidentes até ao respectivo destacamento, contacto estabelecido com o pessoal, boas notícias, vão receber mais um saco de correio, saco de fora da janela, passagem pelo lado direito do objectivo, subida do DO-27 quase à vertical para perder velocidade, inversão rápida, queda de asa à esquerda, picada à FIAT G-91, apontar ao centro do destacamento, saco largado, cai em pleno objectivo, recuperação da picada, ... a satisfação do dever cumprido!.
E não é que os malcriados nem sequer vêm ao rádio agradecer o esforço deste piloto que, na execução do circuito para a largada, quase tinha posto o cabo mecânico a deitar a carga ao mar ?!
Aterragem em Bissau, ... malandros, ... malcriados, ... mal agradecidos… Chega-se o cabo mecânico, ainda suado e amarelo pelo que tinha sofrido, e diz-me:
- Meu Tenente, trazemos uns fios presos à cauda do avião.
Desculpem lá o incómodo, ... oxalá o correio tenha valido a pena.
António Martins de Matos
2. Comentário de L.G.:
Quem disse que os nossos pilotos da BA12, Bissalanca, não eram capazes de fazer uma boa acção de escuteiro, e não tinham sentido de humor ? Nenhuma guerra se ganha com gente mal humorada e incapaz de fazer horas extraordinárias sem pedir mais patacão...
___________________
Nota de L.G.:
(*) Vd último poste desta série, FAP > 27 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3948: FAP (14): Um dia rotineiro na Base Aérea nº 12, em Bissalanca (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, 1972/74)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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4 comentários:
Essa fez-me lembrar uma cena parecida ocorrida em Porto Gole nos primeiros meses de 67. Eu não estava presente pois tinha feito uma escapadela a Bissau, o que era fácil porque apanhava boleia nos barcos da Casa Gouveia ou na LDM dos fuzileiros. Mas a cena foi esta. Na DO que nos deixava o correio metiam uma pedra no saco para fazer mais peso e cair na parada. Porém naquele dia o saco prendeu-se no leme trazeiro e o piloto teve de aterrar numa pista que estavamos a construir e ainda tinha bocados de tronco de árvore. É claro que a DO sofreu alguns estragos e tiveram que lá pernoitar. Simpaticamente os meus furrieis ofereceram o meu quarto a um major que viajava na DO. Só que quando cheguei de Bissau verifiquei que um lindo isqueiro que tinha comprado na BA4 aos americanos tinha voado com a DO.
Abraço grande Henrique Matos
Só quando releio os comentários dou pelos erros. Assim o leme da DO era mesmo o traseiro.
Henrique Matos
Martins de Matos
Então afanaste os fios de "namoro"aos rapazes e querias que te agradecessem?Tiveste foi sorte de não te convidarem a aterrar forçadamente para umas cervejolas.
Gostei,simples e inglesa!
Já era tempo de desopilar e ganhar folego a possiveis "ataques" Nino
Abraço
Luis Faria
Nunca me esquecerei que o intercâmbio de correio com a família e amigos, foi fundamental para o nosso equilíbrio psíquico nas comissões de guerra.
A todos aqueles que de algum contribuiram para nada falhasse e que, de algum modo, se tivessem acelerado os tempos de entega da correspondência, um grande abraço fraterno do Piriquito de Mansoa Magalhães Ribeiro
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