sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda...

Guiné > Zona leste > Bajocunda > Março de 1974 > O ex-Fur Mil Mec Auto ao volante de uma ambulância russa, usada no transporte de feridos, capturada pelo grupo do Alferes Graduado Marcelino da Mata, comandado pelo capitão pára-quedista Astérix...

Esta ambulância foi capturada, com a ajuda mecânica do Amílcar Ventura e do seu Mecânico Grou, senão tinha ficado no mesmo sitio, pois após a sua captura o motor não funcionava.

Foto: © Amílcar Vantura (2009). Direitos reservados


1. Mensagem enviada, 28 de Agosto de 2009, pelo Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323, Bajocunda, 1973/74 (*):


Amigos e Camaradas Editores, há muito que quero contar um facto real que se passou comigo e o grupo do PAIGC da minha zona de guerra que era Bajocunda, mas como é um facto que pode ser sensível a alguns Camaradas de blogue.

Deixo ao critério dos nossos Editores a publicação ou não deste meu texto assim como tratarem o texto para ficar melhor (**).

Como todas as histórias, começa assim. Era uma vez um mancebo, de nome Amílcar Ventura, que foi cumprir serviço militar. Como na escola só queria era passear os livros, acabou o curso de Formação de Serralheiro e uma semana depois apresentou-se no RI 7 em Leiria para a recruta onde esteve só quinze dias. Enviaram-no a seguir para Escola Prática de Cavalaria em Santarém para acabar a recruta.-

Acabada a recruta e por ter o curso do Ferro, saiu-lhe na rifa a especialidade de Mecânico Auto. Foi enviado para tirar a especialidade, para a Escola Prática de Serviço de Material em Sacavém.

Aí chegados, a boca que havia era que não valia a pena ficarmos bem classificados que toda a gente estava mobilizada para o Ultramar. Foram três meses de Especialidade e três meses de estágio.

Ainda não tinha acabado o estágio, e logo saíram as mobilizações. A minha era para Moçambique. Como um Sargento me disse que a nossa especialidade era melhor na Guiné, lá fui a caminho do então Ministério do Exército mexer os meus cordelinhos para fazer a troca. Tinha um amigo lá, que era Furriel, esse do tempo do atletismo escolar, mas tive uma surpresa, ele não queria fazer a troca, dizia que eu ia para o Inferno da guerra e ainda por cima o meu irmão estava no anexo do hospital da Estrela, tinha sido evacuado da Guiné havia pouco tempo com alguma gravidade…

Bem, lá consegui cantar-lhe a canção do bandido de modo a ele fazer-me a troca.

Vou abreviar…. Quando chegámos a Bajocunda e quando me foi entregue a oficina, havia um mecânico Africano que era um assalariado e a quem a Companhia teria que pagar o ordenado pois já vinha de outras companhias… Mas quando chegou o final do mês, os dois Sargentos da Companhia disseram que não havia dinheiro para ele Então eu paguei do meu bolso os respectivos quinhentos escudos que era o que ele ganhava.

Aqui fiquei logo com um grande Amigo, enquanto eu lá estive, ele era a minha sombra, até que um dia me pediu gasóleo. Queria um bidão que, como sabem, era duzentos litros. Disse-lhe que só lhe dava se me dissesse para que fim se destinava…

Depois de muito falarmos, fiquei a saber que o gasóleo era… para o PAIGC. Então eu disse-lhe:
- Vamos os dois levar o gasóleo.

Não tive receio nenhum porque sabia que era respeitado pelo PAIGC e lá fui. Estive perto de falar com eles mas, como era a primeira vez, houve um certo receio das duas partes… Pensei então cá para mim:
- Se houver repetição, da próxima vez só vou dar o gasóleo se eles falarem comigo…- E assim aconteceu, tive o meu primeiro contacto em tempo de guerra com o meu inimigo ( já parecia a guerra do Raul Solnado)…

Só que o meu objectivo era ver o Cubano que lá andava mas saíram-me frustadas todas as tentativas que fiz para o contacto com ele… Mesmo depois do vinte cinco de Abril, o Cubano que lá andava, desapareceu, sempre pensei que ele ia estar no primeiro encontro que tivemos com o PAIGC mas nem rasto dele…

Esta foi mais uma história real na terra do Amílcar Cabral. Um abraço amigo a todos os camaradas do blogue.

[Revisão / fixação de texto: L.G.]

2. Mensagem do nosso co-editor Eduardo Magalhães Ribeiro, de 31 de Agosto de 2009:

Boa tarde Amigos Vinhal, Luís e Briote,

O nosso Camarada Amílcar Ventura enviou-me o seguinte material [ Vd. texto anterior]. Controverso q.b.

Se acharem por bem, eu publico o mesmo, mas como é óbvio terá que se anteceder a publicação com uma nota de introdução, visto que já se prevê a habitual contestação.

Qualquer coisa do género:

Nota de introdução:

Quem é que ainda não ouviu dizer que o soldado condutor 'xis' deixava uma caixa de cervejas na picada, ou qualquer outro alimento e que, os mesmos, passadas umas horas desapareciam como por milagre?

Porque o fazia? Por mórbida curiosidade, ou por estranhos, silenciosos, descomprometidos e raros pactos de 'não agressão', a modos que:
- Deixai-me em paz que eu faço o mesmo em relação a vós e ainda vos deixo uma ‘prendinha’.

São realidades pouco ventiladas pelos seus protagonistas, por motivos evidentes e não eram, como não podiam ser, do conhecimento geral e muito menos daqueles que não admitiam este tipo de ‘traição’, como a malta da PIDE/DGS, alguns Camaradas mais radicais na sua conceito Patriótico e os Comandantes mais severos e conservadores.

Assim, quando estes ‘intercâmbios’ entre alguns elementos das nossas tropas e do PAIGC aconteciam, o segredo da coisa ficava restrito a um pequeníssimo círculo de amigos de extrema e insuspeita confiança.

Já me constou, mais que uma vez, que foi uma realidade da nossa guerra, que foi praticada em alguns pontos da Guiné.

Esta prosa vem a propósito de um texto controverso que publicamos hoje, da autoria do nosso Camarada Amílcar Ventura, que assume uma acção dessas e vem demonstrar bem a outra face escondida da nossa (portuguesa) guerra.

Mensagem enviada, de férias pelo L.G., a 1 de Setembro de 2009, ao Eduardo com conhecimento ao Amílcar Ventura:

Eduardo:

O Amílcar Ventura para que a história tenha credibilidade , tem de acrescentar mais pormenores: (i) em que data é se passou estes episódios ? (ii) em que sítio é que ele deixou os bidões com gasóleo ? (iii) durante quanto tempo; (iv) quem foi (ou era habitualmente) o condutor ? (iv) há testemuenhas ? (v) não lhe passou pela cabeça que corria riscos (de um lado e do outro) ? (vi) qual foi a sua verdadeira motivação: simples curiosidade em ver a "cara do inimigo" ? gosto pelo risco ? simpatia pelo PAIGC ?...

Sem mais estes detalhes, a malta que ler o poste vai ficar na dúvida e pode inclusive pensar que o Amílcar "está a brincar connosco"... Se a história aconteceu, como ele conta, pode e deve ser divulgada no blogue... Mas tem de ser credível... É uma história ou um estória ? Falta-lhe qualquer coisa: o Amílcar deve desenvolver mais o que escreveu, o preâmbulo é maior que o relato do episódio...

Antes de publicares, quero ver... Um abraço matinal...


4. Três mensagens do Amílcar Ventura, do mesmo dia (1 de Setembro de 2009):

(A) Luís Amigo e Camarada de Guiné Luís Graça, não é uma história ou estória, é um Facto Verdadeiro:

(i) A data foi desde que peguei na oficina, em finais de Novembro de 1973 até me vir embora [ Setembro de 1974];

(ii) O sítio onde deixava o bidão com o gasóleo era cinco quilómetros a leste de Bajocunda [, ou seja, no sentido de Copá e da fronteira];

(iii) O o condutor era eu (só podia ser eu);

(iv) As testemunhas eram os miúdos de... Bajocunda;

(v) Os riscos não eram nenhuns (há uma parte que não posso contar...);

(vi) A verdadeira motivação era acabar com a guerra o mais rápido possível…

Vou ser honesto, a minha Pátria era e é Portugal, a Guiné é dos seus habitantes, sempre tive grande admiração pelos grupos de libertação das colónias o quem o Salazar chamava de províncias ultramarinas… Por isso, não pensem os meus Camaradas de Guiné que eu estava a brincar com uma coisa tão séria e de responsabilidade.

Um abraço amigo

(B) Amigo e Camarada Luís Graça:

Estou trabalhando e vou-me lembrando de certas coisas… Quero dizer-te que, se vês que este meu texto é muito polémico, eu não me importo de não o publicarem, mas ao mesmo tempo gostaria de o ver publicado, porque sinto que com a minha ida à Guiné dei um pequeno contributo para que a guerra acabasse mais cedo e que com isto se poupasse muitas vidas de Camaradas nossos.

Um abraço amigo

(C) (...) Quero dizer-te sob PALAVRA DE HONRA que tudo o que fiz na Guiné nunca pus em perigo de vida os meus Camaradas mas que ao contrário salvei alguns por ter antecipadamente a informação que ia haver ataque.


Mais teria a te dizer mas acho que chega para compreenderes as minhas palavras. Quero-te dizer que tenho um irmão que é deficiente das Forças Armadas e, se não lhe acontecesse o acidente, eu juntava-me com ele na Guiné: era o Furriel de Artilharia que estava em Gampará com três obuses 10,5.

A história dele é engraçada: ficou em primeiro lugar no curso de Transmisões, viram o cadastro político da família e já, Furriel, enviaram-no para Vendas Novas e, no mês seguinte, para a Guiné. É, como tu vês, o que o Salazar fez com a minha família [, familiares presos pela PIDE/DGS, etc.]. Amigo Luis Graça, fico-me por aqui.

5. Comentário de L.G. (o mesmo, com as necessárias adaptações, que foi escrito para o P3544, do Santos Oliveira):

Obrigado, camarada, por quereres (e poderes...) partilhar este segredo da Guiné connosco, teus amigos e camaradas. Já com o Mário Dias [, P 3543, ] (**) se passou o mesmo: há pudor e relutância em contar episódios como estes, de alguma maneira insólitos e, muitas vezes, inverosímeis aos olhos dos outros, constrangedores, etc... O Mário fê-lo por razões de coração e amizade... Tu terás tido uma motivação política...

Seria uma pena que tu e o Mário Dias [, e os restantes camaradas que já aqui 'revelaram segredos', ] levassem, para a cova, pequenos/grande segredos como estes... São histórias fabulosas que humanizam a guerra, que engrandecem os seres humanos que as protagonizam, e que nos tocam fundo, que nos fazem sorrir [, à maneira do saudoso e genial Raul Solnado], que mexem connosco, que nos interrogam ou até nos incomodam... Mas segredos são isso mesmo: são segredos, aquilo que em caso algum deve ser revelado... a não ser na hora da morte!

Espero que, a partir desta série, mais camaradas nossos decidam abrír a sua caixinha de Pandora... antes de baterem a bota (passe o humor negro!).

PS - Amílcar, seguindo as regras do jogo do nosso blogue, não faço (nem posso fazer) qualquer juízo de valor sobre o teu comportamento... Mas os nossos leitores quererão saber mais pormenores e perceber o contexto... É claro que à luz do RDM em vigor, poderias ter ido parar a tribunal militar... Dá-me entretanto mais alguma informação factual: (i) afinal, quantos bidões de gasóleo de 200 litros 'dispensaste' ao PAIGC até ao 25 de Abril de 1974 ? (ii) sabias qual era o uso (civil ou militar) que o PAIGC fazia desse combustível 'dispensado' por mim ?, (iii) como se chamava o comandante do PAIGC que já conhecias antes do 25 de Abril ? (iv) como justificavas, na tua subunidade, a quebra de stocks de gasóleo ?, etc. etc.

6. Esclarecimento adicional do A.V, respondendo às nossas últimas perguntas:

Amigo e Camarada de Guiné Luís Graça, do nome do Comandante só me lembro o apelido, Sanhá, mas segundo me diziam o cubano é que comandava o gasóleo que levava, e que era para viaturas civis e militares. Eu justificava o gasóleo nos mapas de combustível nas Berliet que tinha, e que eram duas. A quilometragem era feita por estimativa.

O desvendar do meu segredo... Quero-te dizer que só o meu irmão é que sabia e como já tinha lido alguns postes com coisas parecidas, resolvi dizer só que o meu é um pouco pior que os outros, mas como já disse estou preparado para o que vier. Esclarecerei todos os meus Camaradas sem entrar em polémica, pois fiquei vacinado com o que aconteceu com o Camarada Constantino. Também te quero dizer que o texto com as fotos estão bem. Faltou-me dizer que foram seis as vezes que levei combustível ao PAIGC.

______________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 9 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4308: Tabanca Grande (137): Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323, Bajocunda, 1973/74

(...) Amilcar José das Neves Ventura:

(i) 57 anos, nascido a 9 de Dezembro de 1951, em Silves, onde vive e trabalha;

(ii) Tem o 9.º ano de escolaridade (Curso de Formação de Serralheiro);

(iii) Foi chefe de armazém da Cooperativa de Retalhistas de Mercearias Alicoop, em Silves (1974/84);

(iv) Foi depois fotógrafo profissional por conta própria, durante 24 anos, tendo trabalhado, nesse período, para vários jornais, nacionais (Record, Correio da Manhã) e regionais;

(v) Tem dois filhos, de 34 e 30 anos;

(vi) Gosta de caçar e pescar;

(vii) É coleccionador de tudo o que tenha o emblema do Sporting;

(viii) Actualmente é fiel de armazém na Câmara Municipal de Silves.

Sobre a sua comissão militar na Guiné, conta:

(...) "Entretanto, veio o 25 de Abril de 1974 e a partir daí foi tudo um mar de rosas.

"Tivemos o primeiro encontro com as tropas do PAIGC da zona dois dias depois. Sinto um grande orgulho por ter liderado esse encontro, onde os guerrilheiros nos contaram com faziam os ataques e as emboscadas. Hoje ainda guardo um gorro que troquei por uma lente com o comandante do PAIGC da nossa zona, que já conhecia há muito tempo.(bold meu)

"No dia 22 Agosto 1974 entregámos Bajocunda ao PAIGC. Foi dos dias mais alegres de todos os que estive na Guiné, ver finalmente aquele país libertado. Depois seguimos para Bissau e no dia 9 Setembro regressei à minha Pátria" (...).


(**) Vd. postes anteriores desta série:

30 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3543: O segredo de ... (1): Mário Dias: Xitole, 1965, o encontro de dois amigos inimigos que não constou do relatório de operações

30 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3544: O segredo de... (2): Santos Oliveira: Encontros imediatos de III grau com o IN

6 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3578: O segredo de... (3): Luís Faria: A minha faca de mato

11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3598: O segredo de... (4): José Colaço: Carcereiro por uma noite

4 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4461: O segredo de... (5): Luís Cabral, os comandos africanos, o blogue Tantas Vidas... (Virgínio Briote)

29 comentários:

Anónimo disse...

Não seria bom reabrir a série "A guerra estava perdida"?

Carlos Cordeiro

Luís Graça disse...

Salvo melhor opinião, não me parece sensato nem oportuno...

"Andámos aos tiros uns outros", em conflito por causa de uma questão "bizantina", sem ofensa para ninguém...A guerra estava (politica e militarmente) perdida ? Uns punham a tónica no político, outros no militar...

O nosso "core business" é contar histórias, e não propriamente criar e alimentar polémicas sobre temas "controversos"...

Os títulos das nossas séries não devem ter pontos de interrogação... "A guerra estava perdida ?", é um mau título...

Abraço. Luís

Anónimo disse...

Concordo em absoluto.
Abraço,
Carlos

Anónimo disse...

Mais uma mensagem do Amílcar Ventura, com data de hoje, enviada às 9h42:

Luís Graça, uma achega àquilo que já disse: a nossa tropa ao fazer psico também entregava coisas ao PAIGC e tenho prvas disso, uma vez fomos a Amedalai e deixámos rações de combate. Foram todas parar ao PAIGC. Como vês, não fui só eu que dei coisas ao PAIGC.

Amílcar ventura
amilcarjventura@gmail.com

Antonio Graça de Abreu disse...

Não entendo como se entregam bidões de gasolina ao PAIGC, por seis vezes, e isso ajuda na resoluçao do conflito militar.
Será que com cubanos pelo meio, os guerrilheiros usavam a gasolina apenas para os isqueiros com que que acendiam os charutos?
Esta estória parece-me muito mal contada. Mas o próprio Ventura também diz que não conta a estória toda.
Um abraço,
Antonio Graça de Abreu

Anónimo disse...

Trata-se de um simples caso de traição. Houve outros, na sua maioria de natureza não venal ou material.
Como deixei dito antes, quem auxilia ou favorece a acção do opositor constitui-se inimigo.

S.Nogueira

Joaquim Mexia Alves disse...

Meus caros camarigos
Dei voltas e mais voltas, li e reli, tentei interpretar de várias maneiras e chego sempre à mesma conclusão:
Isto não tem nada a ver com o arroz e a cerveja da “psicola”, mas sim com fornecer ao inimigo meios para nos combater.
Isto não tem nada a ver com tentar terminar a guerra, mas dar meios ao inimigo para terminar connosco.
Isto não tem nada a ver, com tentar descobrir os passos do inimigo, mas sim fornecer meios para o inimigo se deslocar e deslocar armas para atacar as tropas portuguesas.

Se foi feito ingenuamente?
Acredito que sim.

Mais não digo.

Abraço camarigo para todos

Anónimo disse...

Cada um de nós fez a sua guerra.

E nós todos fizemos a guerra que nos era possível fazer.

E dentro da nossa maneira de ser, o tempo dirá se fizemos a guerra (inevitável)com suficiência ou insuficiência.

Quero dizer, se estes paises vão perdurar no tempo como os deixámos ou vão desaparecer.

Em caso positivo, os vindouros reconhecerão o sacrifício destas gerações a que pertencemos.

Porque o assalto às nossas ex-colónias que se verificou em 1974, se tem sido em 1961, aqueles territórios tinham-se pulverizado como aconteceu com Timor, e aí, nem com velinhas!

Antº Rosinha

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caro Camarada Amilcar Ventura

O teu relato Estórico sobre os bidons de gasolina que resolveste prendar o PAIGC.
No meu conceito de antigo combatente acho que cometeste uma Traição para com os teus camaradas e comando. Quebraste a confiança e a unidade de todos aqueles que em ti confiavam, e abriste uma brecha enorme na unidade da tua Companhia.
No meu tempo que foi antes do teu digo-te honestamente não tinha nenhum remorço em abaterte caso viesse a detectar tal situação.

Um abraço

Mário Pinto

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caro Camarada Amilcar Ventura

O teu relato Estórico sobre os bidons de gasolina que resolveste prendar o PAIGC.
No meu conceito de antigo combatente acho que cometeste uma Traição para com os teus camaradas e comando. Quebraste a confiança e a unidade de todos aqueles que em ti confiavam, e abriste uma brecha enorme na unidade da tua Companhia.
No meu tempo que foi antes do teu digo-te honestamente não tinha nenhum remorço em abaterte caso viesse a detectar tal situação.

Um abraço

Mário Pinto

Anónimo disse...

Que me desculpem os caros camaradas.
Eu estive na Guerra da Guiné!
Se os contadores destas estórias verdadeiras ou não, foram para lá sabotar ou brincar, é um problema de consciência deles, já que de uma forma ou de outra estavam do outro lado da barricada.
Estou-me nas tintas! Fui ingénuo até esta idade? É possível!
Para o Amilcar Ventura só ponho uma questão:

O Gasólio era teu? Se era para mim lá está a consciência perante os outros camaradas combatentes.

Não era teu? Então desculpa foi roubado! Retira como homem as conclusões que quiseres.

Caros camaradas da Tabanca Grande depois admirem-se "Dos bandos dentro do arame farpado".

Aos editores peço desculpa, se entramos por estes campos, muito bem, não venham é depois com o amolecimento. Espero que entendam!

Se alguém confessa que roubou prejudicando camaradas está mal. Onde está a dignidade deste individuo que tem a lata de se conciderar furriel do Exército Português?
É pena não ter estado em Cufar ali pelos anos 65 a 69, de certeza muita malta o metia numa canoa para atravessar o Cumbijã e ir ter com o Nino ou com o Joãosinho
Guade. Eles compravam-lhe o gasólio.

Caro Amilcar Ventura não te vou tratar por camarada nem tão pouco por homem porque a única coisa que poderias fazer era pedir perdão aos que caíram por tua causa.

Mário Fitas

Luís Graça disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Graça disse...

Calma, meus senhores, a guerra JÁ acabou há 35 anos!... O homem queria apenas contar um segredo, e um segredo é isso mesmo: algo de inconfessável...Guarda-se um segredo, muitas vezes até á hora da morte, por razões de segurança (de Estado: os estadistas, os espiões, os agentes das secretas...), de sigilo profissional (os médicos, os advogados) ou simplesmente de razões de ética, moral dominante, medo da reprovação social, etc. (que é aqui o caso do A.V.).

Se vocês o encostam já à parede e mandam-lhe logo com o pelotão de fuzilamento, sem nem sequer ir a tribunal marcial (à boa maneira do PAIGC, em 1975, com os tristemente famosos 'tribunais revolucionários' em Bambadinca e tantos outros sítios onde se fizeram, julgamentos populares e execuções sumárias...), a série "O segredo de ..." morre já aqui...

Nunca mais ninguém tem tomates para vir ao "confessionário" dizer um "segredo"... E olhem que há para aí tantos pecados (mortais e veniais) para o "confessor" ouvir e perdoar... LG

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caro camarada
Luis Graça

Exprimi a minha indignação pela maneira directa e consisa e sem qualquer sinal de remorço e desculpa aos seus camaradas que o A.V. descreveu.

Manifestou no seu post. uma total simpatia pelo PAIGC.

Alegando que tinha problemas politicos para a justificação dos actos.

Pergunto? Onde está a lealdade, a unidade e confiança que devia ter para com os seus camaradas de Companhia.

Era fornecendo o IN. que a demonstrava?

Não. Ou há aqui algo mal contado, ou no meu ver é um caso puro de TRAIÇÃO.

Na Guerra e no isolamento da mata em missões de alto rico, quem esteve exposto, sabe que a unidade e a lealdade são a nossa força de sobrevivencia.

Não pode haver brechas nem pactos com a força contrária porque já todos nós sofremos na pele as mossas da contenda.

Vimos ficar no terreno feridos, estropiados e mortos camaradas nossos.

Neste contesto e na altura há 40 anos, digo-te, honestamente abatia sem remorços um Traidor á minha unidade.

Um abraço

Mário Pinto

Anónimo disse...

Na verdade não aprovo de todo a actuação do Ventura.
Outros aprovarão...com certeza!
Quarenta anos atrás...talvez muita gente lhe saltasse no pêlo...e com toda a razão,a meu ver.

Mas,a esta distância temporal e com a maturidade que os nossos cabelos grisalhos ou brancos nos deve conferir,julgo que devemos "ouvir"o que antigos Combatentes têm guardado nas suas memórias,permitindo-lhes a expressão livre e verdadeira dessas recordações ,desde que não ofensiva ou insultuosa.
Como diz e bem o Luis,se assim não for e o "pelotão de fuzilamento" for usado como primeira reacção,sem julgamento,o objectivo deste Blogue,no meu conceito,começará a tornar-se inibidor de expressão das nossas (h)Estórias menos comuns ou controversas

A todos um abraço e...CALMA!!!
Luis Faria

Anónimo disse...

Caros amigos,

Volto!

Porque há questões concretas:
_O A.M. se foi combatente seria do outro lado. Certo? Então viria aqui contar as suas estórias como guerrilheiro do PAIGC infiltrado no Exército Português. Assim a estória teria outro conceito e eu aceitaria. A guerra é suja e tem coisas destas.
No meu tempo e de outros muitos mais nestas condições de guerrilha, se o A.V. fosse detectado nesta situação sofreria as consequências como guerrilheiro, por isso não vale a pena levantar a questão do pelotão de fuzilamento, era de certeza vitima de um acto normal de guerra.

_Agora se o A.M. se assume como militar português o problema tem de levar outro tratamento, e aí, meus amigos tem de sofrer as concequências da falsidade aos camaradas. Que cada um faça livremente o juizo que lhe aprover.

_No meu caso concreto, se o gasóleo não era seu, foi furtado!
Para mim basta! apoderou-se do que não lhe pertencia. Está classificado como homem que praticou o acto.

As várias Tribos Indias dos EU da América ainda hoje (nem todos foram extreminados) entre os seus principios de vida têm um e que transcrevo:

"Não tome o que não é seu.
Seja de uma pessoa da Comunidade, da Natureza, ou da Cultura.
Se não lhe foi dado não é seu!"

Para toda a Tabanca Grande o AB do tamanho do Cumbijã.

Mário Fitas

Joaquim Mexia Alves disse...

O problema para mim, nem está tanto na história que é muito triste e feia para não dizer mais.

O problema está no tom em que a mesma é contada e quase como se tivesse feito um favor às tropas portuguesas.

Não existe qualquer tentativa de perceber que cometeu um acto indigno para com a sua pátria e sobretudo para com os seus camaradas de armas.

Meu caro camarigo Luis Graça, a guerra acabou há 35 anos mas ainda vive na pele de muitos e ainda deixa muitos sem dormir.

Não se pretende "crucificar" ninguém, obviamente, mas pretende-se que se entenda que se fez um acto a todos os níveis desprezivel, só em parte justificado pela juventude e pela ingenuidade.

Abraço camarigo para todos

Anónimo disse...

Que fique bem claro ao iniciar este comentário, que eu não defendendo, nem de perto nem de longe, nem de modo nenhum, como Homem português e ex-militar do nosso Exército (filho de militar), este acto que o A.V. cometeu e agora nos confessou, na Guiné.

Posto isto, quero transmitir-vos que o A.V. foi pré-avisado pelo Editor e co-Editores deste blogue, que esta sua história ia inevitavelmente ser submetida a julgamento sumário, e o levaria, sem qualquer tipo de recurso, inapelavelmente, ao "pelotão de fuzilamento virtual".

E depois dessa "execução", bem morto, outros pelotões se perfilariam para o reexecutar, uma e outra vez, por este seu acto.

Mesmo assim ele teve a coragem suicida (salvo seja) de manter o pedido de publicação, e que déssemos à luz esta sua (não adjectivo por motivos óbvios) história.

Hajam outros “aventureiros” que cometeram actos idênticos, que eu referi no poste e reitero a 100% (porque ouvi outras estórias "doidas" e muito parecidas), que tenham a mesma coragem que o A.V. e venham aqui confessar que o fizeram, e, se o souberem explicar, que nos digam como e porquê o fizeram.

Já eram mais que adivinhadas e esperadas as reacções a quente do pessoal, que não lhes permite parar um pouco e, a esta distância do acontecimento – 35 anos -, ter a calma e o sangue frio suficientes, para antes da “crucificação” do A.V., analisarem a exactidão dos objectivos, ideais e finalidades do blogue, que o nosso Camarada Luís Graça traçou ao criá-lo.

Na minha análise pessoal, durante estes últimos anos, com os contactos e trocas de ideias com o Luís Graça, fui deduzindo que ele criou o blogue, para que todos nós, aqui, pudéssemos narrar o nosso passado na Guiné (controverso ou não), dentro de limites de respeito mútuo pelas ideias uns dos outros, empregando a correcção das palavras utilizadas na aplicação da linguagem e, acima de tudo isto, uma coisa que muitos de nós, ainda não absorvemos e interpretamos desde 25 de Abril de 1974, que é a: Liberdade de expressão intelectual e pessoal de cada um de nós aqui no seu blogue.

Foi preciso um nosso Camarada de nome Luís Faria, sábia, tranquila e atinadamente, com meia dúzia de termos precisos e concisos, vir ao “terreno de combate” (leia-se blogue), pôr, pelo menos as minhas ideias, em dia e clarificar os mais distraídos sobre as reais finalidades do blogue.

Pela minha parte como co-Editor deste blogue do “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, que graças a esta qualidade, ao fim de 57 anos de existência, permitiu que já tivesse sido insultado (e o que mais virá por aí?), por dois dos nossos Camaradas de PIDE e NAZI, resta-me mandar um grande abraço especial ao Luís Faria, pedindo-lhe que, pelo menos ele, consiga manter a clarividência de análise pessoal, para que continue a comentar tão acertada e atempadamente como agora o fez.

Para todos os restantes Camaradas um abraço Amigo do Magalhães Ribeiro.

Anónimo disse...

Afinal esta nossa Tabanca Grande e um espaco de convivio, de revelacao de experiencias e "estorias" vividas no atoleiro da nossa juventude, ou um tribunal popular ?

Valha-nos a serventia dos editores do blogue,para salpicar agua quanto baste a fervura de alguns bloguistas, quais paladinos de um extemporaneo estoicismo, de quem pela Guine andou as turras com o PAIGC.

Bam haja mais CATARSE e das boas !

Para ser honesto,determinadas reaccoes fazem-me lembrar a sensacao, que em adolescencia, todos nos tivemos um dia (jura que nao teve ?)perante aqueles filmes cujo FIM nem sempre condizia com as nossas expectativas iniciais. Por exemplo o infeliz de um actor principal ser fulminado logo no inicio ,por balas assassinas.

Depois de cenas do genero, que piada restava a pelicula ?

Filmes desses,convenhamos nao valiam pelos oscares que por vezes lhes eram atribuidos!

Anonimo Identificado

Anónimo disse...

Não estou a quente nem a frio, estou racionalmente em Q.B.

1ª. Questão:
Protesto quanto ao anonimato (identificado)de quem nos relembra reacções de adolescente.
Seja dado nome ao filme do atoleiro da nossa juventude.

2ª. Questão:
Então a intelectualidade pessoal da liberdade é só para ouvir?

3ª. Questão:
Quem mandou formar o pelotão de fuzilamento?
Não há dúvidas que naturalmente
em termos de guerra, quem não mata morre!

4ª. A generalização de critica a comentários não é justa!

5ª. Assumo! É a minha verdade a
meus comentários, por isso é natural que ela tenha o direito de ser democraticamente expressa.

6ª. A liberdade também foi conquista minha, porque estive lá no 25 e antes, como Povo e Sindicalista.

Um abraço para toda a tabanca,

Mário Fitas

JD disse...

Camaradas,
O Mário pergunta: "onde está a lealdade, a unidade e confiança que devia para com os seus camaradas de companhia?". Mas não sabemos se todos os camaradas da companhia, respeitavam e eram leais para com a companhia, se não quebravam a unidade e confiança.
Porque, na Guiné, houve disso.
O Luis Faria e o Luis Graça apelam à calma e sensatez e o Faria acrescenta, ou o blogue "começará a torner-se inibidor da expressão".
Finalmente, o Magalhães Ribeiro refere: que venham outros "e, se o souberem explicar, que nos digam como e porquê o fizeram".
Parece-me o corolário lógico. Que venham e expliquem.
A Tabanca não pode ser uma tricheira, uma linha de fractura entre nós, desde que o respeito recíproco seja mantido.
Cada um pode contrapor ideias, pode criticar, mas não sejamos assanhados, nem tenhamos a veleidade de fazer limpezas a quem não pensa ou age como nós.
Afinal, a diferença, é a primeira caracteristica comum ao género humano.
Quero com isto dizer, que as nossas intervenções devem primar pelo respeito. Se não, não posso valorizar as atoardas.
Abraços fraternos
José Dinis

paulo santiago disse...

Ora aqui está,eu que até nem sou
dogmático,um assunto grave,muito
grave...
Dar gasóleo ao PAIGC!consequências?É para as viaturas...vêm até mais
perto de Bajocunda transportando a
artilharia,os 82B10,ou os 120mm...
mas o gasóleo também tem outras
utilidades...distribui-se por uns
quantos recipientes que se juntam
a umas quantas cargas explosivas...
assim se monta um fornilho para
liquidar"ene"militares.
Não vou dizer que todos sabiam...eu
sabia, a guerra na Guiné,era um
contrasenso,os"ventos da História"
diziam-me que estava errado...mas
não podia entregar armamento ao
PAIGC...com isso não estava a
contribuir para o fim da guerra,
estava a contribuir para a morte
de camaradas...porque o gasóleo era
uma arma...
Por muito que fosse contra a guerra
não imagino ser possível dar armas
ao IN...estava a trair,nem digo a
Pátria ou o País,estava a trair
aqueles que viviam comigo no quartel,aqueles que viviam nos
quartéis da Guiné...nunca mais
conseguia ver-me num espelho...
e existe uma coisa que se chama...
HONRA
Isto é tão lamentável...tempos
atrás o Amilcar veio num comentário
atacar o Manuel Alegre,que não
ofereceu armas ao MPLA,fazia
propaganda anti-colonial a partir
de Argel...agora acontece esta...

Anónimo disse...

Caros camaradas,
O AV teve e tem o direito de se exprimir em termos correctos neste nosso blog. De facto é um direito que lhe foi concedido pelos eventos do 25 de Abrl. É mesmo um direito humano reconhecido internacionalmente.

O AV usou uma forma própria para se dirigir a nós. Não ofendeu, quem quer que seja, na forma como o fez.

O conteúdo do seu escrito, esse sim, é e poderá ser considerado ofensivo para muitos de nós. Pura e simplesmente porque fomos e nos sentimos atraiçoados.

Sou velho de mais para julgar a acção do AV. E muito menos gostaria de fazer parte do pelotão de fuzilamento. Não ficaria de bem com a minha conscência, e essa é a única que nunca poderei atraiçoar.

Acredito que a história, a verdadeira história da Guiné, só poderá ser escrita com todos os dados em cima da mesa. O que o AV disse, a ser verdade em toda a sua extensão,intenção e gravidade, são factos que ajudam a clarificar algumas partes negras da nossa guerra.

Sem melindres da nossa parte, por muito que doa, devemos aceitar que ações como a descrita pelo AV foram algumas das páginas negras que bem gostaríamos não tivessem acontecido.

AV,
Sabias perfeitamente bem que a tua acção iria abrir uma conserva de ração de combate cheia de bichas.
Tiro o chapéu (que ainda não uso) pela coragem que tivestes em assumir o teu crime-traição perante os teus camaradas, a tua nação, e, tanto ou mais importante, perante a imagem que vês reflectida, todos os dias, no espelho da tua casa.

Como ser humano estou contigo se te sentes bem com o reflexo. Como ex-militar nego-te todo o direito de pensares que, com a tua acção, me protegestes e ajudaste a sair vivo da Guiné.

Hoje não te posso chamar camarada porque tu, e só tu, não o soubestes ou não quizestes sê-lo.

O meu abraço e o meu respeito vão para aqueles que, no conjunto da Guiné, deram o melhor que tinham pelo meu bem estar, e nunca me pediram nada em troca. Honraram-me com o seu perfil e a sua classe.

José Câmara

Fernando Gouveia disse...

Cheguei de férias e deparo-me com a estória do AV. Pensei que com a minha idade já tinha ouvido tudo.

Muitos camaradas eram contra a guerra (e quem não era?). Entendo que quem era frontamente contra, caso do AV, desertaria.

O acto descrito, além de cobarde, como uma punhalada pelas costas, configura um crime de roubo, um crime de alta traição e muitos crimes de assassinato relativamente aos camaradas que sofreram as possíveis consequências posteriores.

Estou a considerar a minha futura permanência no Blog com AVs ao meu lado.

Carlos Vinhal disse...

Caro Fernando
Tu não estás a mais, talvez os AVs
Vinhal

António Matos disse...

Para ser franco, tenho alguma dificuldade em começar este comentário pela catadupa de sentimentos antagónicos que me assaltam o espírito quer pelo delito propriamente dito, quer pelo desassombro do seu autor quer ainda pelas manifestações de repúdio algumas das quais a merecerem os mais vivos reparos por pessoas de bem.
Ainda que desde 1852 ( 10 de Março ) tenha começado a discussão da abolição da pena de morte em Portugal, a verdade é que só em 1976 (!!) a Constituição ( nrº 2 do artigo 24 ) estabeleceu objectivamente o seu fim para todos os crimes.
Torna-se, portanto, extemporâneo vir agora acicatar os ânimos com alarvidades de pseudo carrascos !
Do ponto de vista filosófico e ético a defesa da pena de morte enferma da irreversibilidade do acto o que, nos tempos modernos não augura nada de bom para os seus defensores tantos são os casos de ao fim de 20 ou 30 anos de cativeiro, virem a ser considerados inocentes aqueles que tinham sido considerados culpados.
Peço, pois, e com a autoridade que me confere o estatuto de ex combatente que nunca pactuou com "habilidades" que pudessem prejudicar a segurança dos que comigo palmilharam a merda daquelas picadas, matas ou bolanhas, que sejamos suficientemente "open minds" de modo a darmos o nosso veredicto depois de muito bem explicada toda a situação envolvente do Ventura.
A ti, Ventura, dirijo-te agora a palavra em discurso directo : acredito que te safaste de uma boa polinheira em não teres sido descoberto naquela altura ! Mas também aceito que, por ingenuidade ( independentemente das razões pessoais que omites ) ou mera estupidez, não tenhas quantificado minimamente as consequências dessa atitude e isso, não te ilibando, servirá de atenuante.
Assim tu assumas com humildade essa postura perante eventuais camaradas sacrificados por via dessa tua acção e eu a levarei a crédito da tua inimputabilidade.

O tão apregoado conceito de roubo do gasóleo que o Ventura oferecia ao inimigo não era mais pecaminoso do que o aproveitamento da dispensa dos víveres que era alvo de desvios para fins inconfessáveis da oficialidade gestora das CCS's !
E ninguém se manifesta ?

Longe de branquear a atitude do Ventura, julgo poder haver espaço para lhe compreender a tentativa de passar incólume no horror da guerra ( outros tentavam baldar-se ao mato besuntando as entranhas anais com alho provocando acessos febris imensos !!! ).
O cagaço manifestava-se de muitas maneiras e às vezes até provocava fugas para a frente dando origem a falsos heróis que ainda hoje lhes dão referências honoríficas FALSAS !

E tanto que se poderia dizer, a bem e a mal deste tipo de atitudes e de quem as assume....

Finalmente, acho que a actual atitude do Ventura em vir a terreiro exorcisar a sua culpa ( é uma conclusão lógica ) é um pouco como o Descascar a Cebola do Gunter Grass.
Também este mereceu a crítica contundente do mundo mas nem por isso o deixámos de admirar.

Talvez valha a pena pensar nisto.
António Matos

MANUEL MAIA disse...

CAMARADAS,

APÓS UNS DIAS LARGOS LONGE DESTA "MÁQUINA" ONDE SE ALINHAM IDEIAS,SE "RETEMPERAM" FORÇAS,SE ASSISTE A "GUERRAS" MAIS OU MENOS "VIOLENTAS" ENTRE ATABANCADOS,E NOS ENVOLVEMOS NELAS,OU NÃO,AO LER UM TEXTO DO ANTÓNIO MATOS ,APERCEBI-ME DE QUE MAIS UMA ESTALARA.

PELA QUANTIDADE DOS COMENTÁRIOS(26)E PELO TEOR DOS MESMOS,TEREMOS ASSUNTO PARA MAIS UNS TEMPOS...

AQUI VAI ENTÃO MAIS UMA INTERVENÇÃO...

MUDAM-SE OS TEMPOS,MUDAM-SE AS VONTADES...

NO SÉCULO XVII,SITUAÇÕES COMO AS DE MIGUEL DE VASCONCELOS ERAM PASSADAS NO GUME DE UMA ESPADA...

NESTE MUNDO GLOBAL EM QUE NOS ENCONTRAMOS HOJE,TÃO A GOSTO DOS POLÍTICOS E DE ALGUNS CANDIDATOS
AOS HOLOFOTES DA COMUNICAÇÃO SOCIAL,A VISÃO É NECESSÁRIAMENTE DIFERENTE...

SE ESTE PAÍS "ACEITOU DE
BOAMENTE",O "ALTRUISMO" DE ALEGRE EM AJUDAR OS SEUS IRMÃOS DOS "MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO",MESMO QUE À CUSTA DA PASSAGEM PARA O OUTRO LADO DA BARRICADA COM O INERENTE PREJUÍZO DOS MILITARES PORTUGUESES ENVOLVIDOS NA GUERRA,ACABANDO MESMO POR AGRACIÁ-LO COM AS IMENSAS PREBENDAS DE QUE FOI USUFRUINDO E CONTINUA A MANTER,
PORQUE RAZÃO HAVERIA DE NEGAR IGUAL ESTATUTO AO BOM DO VENTURA QUE ATÉ JÁ NOS FOI INFORMANDO QUE AGIU DESSA FORMA PARA CONTRIBUIR PARA O OBVIAR DA GUERRA???

PENSO QUE DEVERÍAMOS,ISSO SIM,INDICÁ-LO AOS CAPITÃES DE ABRIL SOLICITANDO PARA JÁ A TORRE E ESPADA BEM COMO A GRADUAÇÃO EM GENERAL(TAL QUAL COMO FIZERAM PARA SI PRÓPRIOS...)

SEM QUE ME VÃO LEMBRAR QUE SERIA UM "SALTO" MUITO GRANDE E QUE PROVAVELMENTE O BOM DO VENTURA NÃO ESTARIA Â ALTURA DOS ACONTECIMENTOS ...
NESSA ALTURA ,ATALHARIA EU COM A IMAGEM QUE AINDA HOJE NÃO ME
SAI DA CABEÇA, DE VER ESSE PARADIGMA DA INTELIGÊNCIA,ESSA FIGURA GRANDILOQUENTE QUE FOI DOM VASCO DE MELENA E PÁ...

ASSIM,O SEU A SEU DONO...

MANUEL MAIA

Unknown disse...

6 bidões x 200 L = 1.200 L : 2 viaturas = 600 L cada.
Se gastassem 30 L/100 km cada, daria para 2.000 Km : em um ano de comissão mais ou menos seriam 65 km /dia mais ou menos. Se acrescentarmos o que realmente gastavam as viaturas no seu dia a dia, não era um consumo excessivo ?
Será que os responsáveis da companhia - 1º Sargento e capitão, normalmente - seriam tão tapados que não davam fé da "fuga" ? Como eram contabilizados esses combustíveis nas contas da companhia ?
Há coisas que na realidade só existem na cabeça das pessoas. Me desculpa AV tanta ignorância da minha parte.

António Matos disse...

O tema é verdadeiramente aliciante e as estratégias e respectivas técnicas de transporte e transfega do gasóleo, na ausência dum pipeline, levam a contas de alta contabilidade capazes de baralhar qualquer um menos habituado a fazê-las. É o meu caso.
Porém, gostei sempre de resolver as chamadas matemáticas expressões simples e fiquei perplexo com o resultado que o Portojo apurou.
Para mim, os tais 2.000 kms que as viaturas fariam com o dito gasóleo, não seriam numa média de 65 por dia mas apenas de 5 !

2000,0 kms / 365 dias = 5,4 km dia

Mas agora permite-me a pergunta : o que pretendes provar com isso ?
Recebe um abraço,
António Matos