Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Finete, regulado do Cuor > 1969: Destacamento de milícias e aldeia em autodefesa de Finete, junto ao Rio Geba. Na foto, o furriel miliciano Luís Manuel da Graça Henriques e dois dos soldados africanos da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, do 4º Grupo de Combate, o Soldado Arvorado (mais tarde promovido a 1º cabo) José Carlos Suleimane Baldé e o Soldado Umarú Baldé, apontador de morteiro 60. Umaru, o puto, na foto, de pé, de cachimbo: na época teria 16 ou 17 anos... A sua recruta e a instrução de especialidade destes dois militares do recrutamento local foi feita em Contuboel (Abril/Julho de 1969) (*). O Umaru veio para Portugal, onde morreu, há uns anos, de doença. O José Carlos, que era ligeiramente mais velho (18 ? 19?), vive em Amedalai, uma tabanca fula do regulado do Xime, na estrada Xime-Bambadinca. Andará hoje na casa dos 60 anos.
Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados
Guiné-Bissau > Regiãod e Bafatá > Xime > Amedalai > 26 de Julho de 2006 > O José Carlos com a família.
Foto: Odete Cardoso (2010). Direitos reservados
Extracto de um carta que o José Carlos mandou à Maria Odete Cardoso, esposa do ex-Alf Mil Jaime Pereira, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/72) e onde transcreve, sob a forma de poema, o sonho que teve, a sua visão de Portugal e o seu desejo, que quer ver concretizado antes de morrer, de conhecer Portugal. Não sei qual a data mas deve ser recente. A Odete corresponde-se com o José Carlos, desde 2000, depois de uma ida à Guiné, com o marido, em 1999, e otro camarada, o José Sobral.
Sonhei com Portugal,
por José Carlos Suleimane Baldé
Era uma noite,
calma,
serena!
Um ambiente bem silencioso!
Vejo os céus de Portugal.
Alguém disse:
- Levanta a cabeça!
Nos céus sem nuvens
vi variadíssimas estrelas
que nunca vira antes!
De repente soou um grito,
dizendo:
- Não tenhas medo,
que aqui é Portugal!
[ Revisão / fixação de texto: L.G.]
1. Mensagem, de 25 do corrente, do José Luís Vacas de Carvalho, membro da nossa Tabanca Grande, ex-Alf Mil Cav, Pelotão Daimler 2206, e também instrutor de companhias de milícias (Bambadinca, 1970/71) [, foto à esquerda]
Caríssimos: Recebi esta msg, da Maria Odete Cardoso, casada com o ex-alferes Jaime Pereira [, da CCAÇ 12, Bambadinca, 1971/72]. Achei muita piada. O Zé Carlos foi soldado das duas CCAÇ 12 [, 1969/71 e 1971/72]. Tem uma filha em Portugal e gostava de a vir ver. O resto está dito pelo Odete.
Um abraço a toda a Tabanca
Zé Luis
2. Mensagem da Odete Cardoso, com data de 25 do corrente, com conhecimento ao Victor Alves (ex-Fur Mil SAM, da CCAÇ 12, 1971/72), residente em Santarém:
Vaquinhas: Aqui vai o que enviei ao V.A. Envio por 2 vezes. Podes usar a foto e o poema no blogue, se considerares adequadas.
Eu tenho uma carta em que ele recorda os militares da CC12 anterior [ 1969/71] (**).
Um abraço. Odete
3. Mensagem, de 23 do corrente, enviada por Odete Cardoso ao Victor Alves:
Contribuir para a realização de um sonho... põe-se a questão:
- Quem é que fica mais feliz? O que realiza o sonho, ou os que proporcionam a sua realização?
Se o quisermos fazer temos de nos apressar, pois os vossos homens guineenses, com 60 anos, já estão na meta da esperança de vida em África.
Eu mantenho correspondência com o José Carlos desde o ano 2000 e, em 2004, quando lhe nasceu uma filha ele deu-lhe o meu nome e daí eu fazer-lhe chegar, via nossa embaixada em Bissau, alguma ajuda.
Penso que se os 2 grupos da CCAÇ 12 quisessem contribuir com uma quantia a partir de 10 euros cada, conseguiríamos o montante para a viagem de avião e assim ele poderia estar presente no almoço de 2010.
Mando-te uma fotografia dele, tirada em 2006, com roupinha from Portugal, a última carta que me enviou, agradecendo um telemóvel e uns sapatos e um poema em que ele sonha visitar Portugal.
Tu é que és o homem das relações públicas.
Um grande abraço. Aparece com a tua Lena.
Odete Cardoso
4. Mensagem enviada por L.G. ao J.L. Vacas de Carvalho:
Meu caro José Luís:
Fico-te muito grato pelas notícias sobre o nosso José Carlos Suleimane Baldé, do 4º Grupo de Combate da CCAÇ 12 (1969/71)... Fizemos diversas operações juntos, estivemos em tabancas em autodefesa... Ele foi meu cozinheiro, guarda-costas, intérprete, aluno, bom amigo... Foi o nosso 1º Cabo Africano, promovido depois de ter feito a 4ª classe... Andava sempre de caderninho na mão, e lapiseira... Era humilde, atento, prestável, dedicado... Tenho uma foto dele com o puto Umaru, que já morreu [, tirada em Finete, na margem direita do Geba Estreito]. O António Marques vai também ficar feliz por saber dele e poder ajudá-lo. Vamos combinar como o poderemos ajudar... (Caímos junto, o eu, o Marques, o Umaru, o José Carlos... na fatídica mina A/C, em Nhabijões, em 13 de Janeiro de 1971, duas secções da CCAÇ 12, lembras-te...).
Por mim, tudo farei para o ajudar... Podemos mobilizar o blogue. Adorei o poema dele... [ Merece uma análise de conteúdo: devido a uma forte aculturação - ele conviveu com os portugueses desde 1969 até 1974 -, Portugal surge-lhe, no seu imaginário, como um verdadeiro eldorado]. O ano passado, quando fui à Guiné, em Março, falaram-me dele, que vivia em Amedalai (***)... Infelizmente não passei pelo Xime. E por Bambadinca, foi a correr. Vou publicar o teu texto e o da Odete no blogue. Já falei ao Victor, esta manhã. E tentei contactar a Odete. Infelizmente, já não me lembro do Jaime. A sobreposição foi curta. Vim-me embora no princípio de Março de 1971, seguindo de Bambadinca para Bissau, onde aguardei transporte para a Metrópole. Mas espero poder encontrar-me com ele, a Odete, o Jaime e tu, numa próxima oportunidade.
A foto do José Carlos não abre, por que vem em formato dmi. Não tenho programa para a abrir. Não é possivel digitalizarem a foto em formato jpg, que é o mais compatível com a linguagem em html do blogue ? Estou em casa: telef. 21 471 0736. Amanhã vou almoçar à Tabanca do Centro. Depois fico na Lourinhã. Em 29 de Maio ou 5 de Junho faremos o nosso V Encontro Nacional. Não podes falhar desta vez.
5. Mensagem, de ontem, da Odete Cardoso:
Caro Luis Graça:
É muito compensadora esta troca de afectos.
A visita que fiz com o Jaime e o Zé Sobral, em 1999, à zona de Bambandinca, foi marcante e mostrou a saudade e respeito que os vossos homens guardavam dos portugueses.
Aqui vai a foto do Zé Carlos tirada em 26.7.2006.
Um abraço.
Odete Cardoso
6. Comentário de L.G.:
Odete, obrigado pela sua gentileza. É uma grande emoção, para mim, para o António Marques, para o Joaquim Fernandes, para o António Levezinho, para o Humberto Reis, par ao José Luís de Sousa (funchalense, que espero que esteja bem nestes dias difíceis para a Madeira!), para o Gabriel Gonçalves, para o Abel Maria Rodrigues (o único alferes da velha CCAÇ 12 que faz parte deste blogie!), e outros camaradas da primeira CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971) saber notícias dos nossos camaradas guineenses, e em especial do 1º Cabo José Carlos Suleimane Baldé, que era de etnia fula como a grande maioria, e o único - salvo erro - que no nosso tempo conseguiu reunir as condições para ser promovido a 1º cabo. Sempre o estimei, protegi, ajudei e tratei como amigo. (Sobre a nossa CCAÇ 12, 1969/1974, temos pelo menos 95 referências na II Série do nosso blogue, além de dezenas e dezenas na I Série)
Tive notícias do nosso José Carlos, em Março de 2008, aquando da minha ida à Guiné, por ocasião do Seminário Internacional de Guiledje (***). Infelizmente não tive tempo de o visitar em Amedalai. Oxalá ainda nos possamos encontrar em vida... A Odete como é que faz para o contactar lá ? Tem algum número de telemóvel (que é coisa que se começa a banalizar, mesmo no interior da Guiné-Bissau) ? Já pedi a amigos meus, de Bissau, para saberem dele, em Amedalai. Da próxima vez que lhe escrever, fale-lhe do Furriel Henriques...
Odete, gostaria de a conhecer pessoalmente bem como ao Jaime. Os dois estão convidados a ingressar na nossa Tabanca Grande. Vou ver se lhe telefone para nos encontrarmos e falarmos com mais tempo e vagar. (****)
_____________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1026: Estórias de Contuboel (iv): Idades sem lembrança (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
(...) Quarto texto do Renato Monteiro, da série de cinco, que intitulei estórias de Contuboel, pequenos apontamentos que o meu amigo escreveu com base na sua experiência de instrutor de recrutas guineenses, em Contuboel, no 1º semestre de 1969. Desses recrutas, metade foram parar à CCAÇ 2590, que mais tarde (em Junho de 1970) passou a designar-se CCAÇ 12. A outra metade deu origem à CART 11, mais tarde CCAÇ 11.
IDADES SEM LEMBRANÇA
Coisa pela qual não passam: a comemoração do dia do aniversário. Pois não parece haver um entre os africanos do meu pelotão que saiba a sua idade. E lê-se-lhes nos olhos a inutilidade desse conhecimento que, apesar de tudo, acaba por ser superado através de um palpite dado por nós. Mera suposição inspirada no vinco e na dimensão das rugas, na maior ou menor vivacidade do olhar, não sei bem, num feeling que sustenta a nossa avaliação.
E é assim que Cherno Camará passou a partir de hoje a contar 23 anos, idade que acabou por merecer divertida discórdia quando comparada ao tempo de vida atribuído ao Amaduri Camará, 21 anos, por alguns considerado mais velho do que o primeiro.
Mas fora de qualquer polémica foram as 18 Primaveras calculadas para Demba Baldé, o Malagueta, seguramente o recruta mais jovem da nossa troupe, filho de Ira Baldé, prestigiado chefe de uma das tabancas da região de Gabu Sare.
Quanto a mim, talvez não fosse menos sensato deixar-se estes homens, na sua maioria ainda mais novos do que nós, tão alheados da sua idade quanto as árvores que se desenvolvem sem contarem os anéis do tronco que marcam o tempo da sua existência.
Opinião igualmente partilhada por Ussumani Colubali, para o qual o que importa é nunca perder de vista de quem se é filho, irmão, neto, bisneto e pai; bem como o lugar onde se nasceu e o número de cabeças de gado e de mulheres que se possui, sendo seguro que a memória da data de nascimento não leva a viver mais, sequer a acertar-se com o dia da sua morte. Ao contrário da generalidade dos africanos, muito reservados, Ussumane não se coíbe de expressar os seus juízos mesmo sem ser chamado a fazê-lo.
Assim, diz não existir à face da terra nenhumas Forças Armadas capazes de tão grandes façanhas como as nossas, razão que o levou a oferecer-se para o exército, aproveitando ainda uma vantagem: a possibilidade de, assim, ganhar uns patacões, muito difíceis de obter por outro meio.
Proveito que o Demba Baldé de bom grado dispensaria. Que foi o pai, contra sua vontade, que o mandou servir a tropa. Quando melhor estaria junto da sua Comança Baldé, ainda mais nova do que ele, a fazer filhos, a comer bianda e a tratar do gado. (...)
Vd. restantes postes da série do Renato Monteiro:
28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
30 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1005: Estórias de Contuboel (ii): segundo pelotão (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
2 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1017: Estórias de Contuboel (iii): Paraíso, roncos e anjinhos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1027: Estórias de Contuboel (V): Bajudas ou a imitação do paraíso celestial (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
21 Maio 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXV: Composição da CCAÇ 12, por Grupo de Combate, incluindo os soldados africanos (posto, número, nome, função e etnia)
É também um pequeno, modestíssimo, gesto de elementar justiça para com aqueles guineenses que lutaram ao nosso lado, que fizeram parte da CCAÇ 12 e, portanto, da nova força africana com que sonhou Spínola e que tanto atemorizou o PAIGC. Infelizmente, uma parte deles (quantos, exactamente?) já não hoje estarão vivos. Uns foram fuzilados, como o Abibo Jau, outros terão morrido de morte natural, que a sua esperança de vida era muito menor que a nossa, em 1969...
Eu estou à vontade para publicar esta lista: sempre critiquei a africanização da guerra da Guiné, embora longe de imaginar que, no dia seguinte à nossa retirada, começasse a caça aos traidores, aos contra-revolucionários, aos mercenários, aos colaboracionistas... Em 1969, ainda estava vivo o Amílcar Cabral e eu admirava-o, intelectualmente... Achava que na Guiné, depois da independência, tudo seria diferente, e não aconteceriam os ajustes de contas que se verificaram noutras revoluções ou guerras civis, na Rússia, na China, na Espanha franquista, na França depois da libertação, etc. Pobre de mim, ingénuo!...
Mas, por outro lado, também fui cúmplice da sua integração no nosso exército: mesmo sendo da especialidade de armas pesadas de infantaria, e não fazer parte formalmente de nenhum dos quatro grupos de combate da CCAÇ 12, participei em muitas das operações em que estes participaram, fui testemunha da sua coragem e do seu medo, dormi com eles nas mais diversas situações, incluindo nas suas tabancas... Foram meus camaradas, em suma.
Soldados ex-milícias, a maior parte com experiência de combate, os nossos camaradas guineenses da CCAÇ 12 (originalmente, CCAÇ 2590), eram oriundos do chão fula e em especial dos regulados do Xime, Corubal, Badora e Cossé, com excepção de um mancanhe, oriundo de Bissau.
“Todos falam português mas poucos sabem ler e escrever", lê-se na história da CCAÇ 12 (O que só verdade, 21 meses depois de os termos conhecido e instruído em Contuboel, em Junho e Julho de 1969). Foram incorporados no Exército como voluntários, acrescentou o escriba, para branquear a instustentável situação dos fulas, condenados a aliarem-se aos tugas.
Tirando o 1º Cabo José Carlos Suleimane Baldé (promovido ao actual posto em 16 de Setembro de 1969),eram, todos, praças de 2ª classe. Samba Só, Mamadá Baldé, Braima Bá e Quecuta Colubali passaram a soldados arvorados na mesma data, por reunirem qualidades para uma eventual promoção ao posto de primeiros cabos: "ascendente sobre os camaradas, experiência de combate e aprumo militar" (sic). Entretanto, houve mais promoções no final da 1ª Comissão da CCAÇ 12 (a rendição individual dos quadros metropolitanos fez-se a partir de Fevereiro de 1971).
É muito provável que todos ou quase todos os graduados africanos da CCAÇ 12 ( e da CCAÇ 21, para a qual transitaram em 1973) tenham sido fuzilados, em 1974 e 1975 (...). (*****)
(...) 4º Gr Comb
Comandante: Alf Mil Cav 10548668 José António G. Rodrigues [já falecido, em Portugal]
1ª secção
Fur Mil 15265768 Joaquim A. M. Fernandes [membro da nossa Tabanca Grande; saiu para integrar a equipa de reordenamento de Nhabijões; ferido com gravidade na 1ª mina A/C do dia 13/1/1971]
1º Cabo 18861568 Luciano Pereira da Silva
Soldado Arvorado 82115469 Samba Só (F)
Soldado 82109869 Samba Jau (Mun Metr Lig HK 21) (F) [ferido na 2ª mina A/C, do dia 13/1/1971]
Sold 82115269 Cherno Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F) [ferido na 2ª mina A/C, do dia 13/1/1971]
Sold 82117569 Mamai Baldé (F)
Sold 82117869 Ansumane Baldé (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82118269 Mussa Jaló (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82118969 Galé Sanhá (FF)
2ª secção
Fur Mil 11941567 António Fernando R. Marques [membro da nossa Tabnca Grande; ferido com gravidade na 2ª Mina A/C do dia 13/1/1971]
1º Cabo 17714968 António Pinto
1º Cabo 82115569 José Carlos Suleimane Baldé (F)
Soldado Arvorado 82118369 Quecuta Colubali (F) [ferido gravemente na 2ª mina A/C do dia 13/1/1971]
Soldadado 82110469 Mamadú Baldé (F)
Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60) (F) [já falecido, em Portugal, para onde emigrara]
Sold 82118769 Alá Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82118569 Mamadú Colubali (FF)
Sold 82119069 Mamadu Balde (F)
3ª secção
1º Cabo 00520869 Virgilio S. A. Encarnação [passou a integrar a equipa de reordenamento de Nhabijões]
Soldado 82116069 Sajuma Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82110269 Suleimane Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82111069 Sori Baldé (F)
Sold 82115669 Sherifo Baldé (F) [ferido gravemente na 2ª mina A/C do dia 13/1/1971]
Sold 82115769 Tenen Baldé (F) [ferido gravemente na 2ª mina A/C do dia 13/1/1971]
Sold 82117169 Ussumane Baldé (F) [ferido gravemente na 2ª mina A/C do dia 13/1/1971]
Sold 82117769 Califo Baldé (F)
Sold 82118469 Califo Baldé (F)
(***) Vd. poste de 11 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2625: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (4): Na Ponte Balana, com Malan Biai, da RTP África
(...) Guiné-Bissau > Região de Tombali > Ponte Balana > 1 de Março de 2008 > Caravana do Simpósio Internacional de Guileje... Imaginem quem é que eu deveria encontrar aqui ? O operador de câmara da RTP África, Malam Biai... Nascido em 1965, em Bambadinca, de etnia mandinga, diz que é primo do J.C. Mussá Biai, natural do Xime e membro da nossa Tabanca Grande...
Quando puto, ia ao quartel de Bambadinca, à cata dos restos de comida do pessoal da tropa... Lembra-se bem dos militares da CCAÇ 12, unidade de intervenção que esteve em Bambadinca (Sector L1, Zona Leste), entre 1969 e 1973; dos dois ataques do PAIGC ao aquartelamento; da professora Violete (que dava aulas aos putos da 4ª classe); dos fuzilamentos a seguir à Independência (assistiu, aliás, à execução pública de um agente da polícia administrativa de Bambadinca)...
Confirmou-me, de resto, a notícia do fuzilamento, na região do Xime, do Abibo Jau, o gigante da CCAÇ 12, e do tenente ou capitão Jamanca, que conheci na 1ª Companhia de Comandos Africanos, e foi depois comandante da CCAÇ 21 (o que vem ao encontro do relato já aqui feito pelo Mussá Biai)...
Diz-me, além, disso que o antigo 1º Cabo da CCAÇ 12, o José Carlos Suleimane Baldé, meu guarda-costas, intérprete, guia, cozinheiro, secretário, está vivo, em Amedalai, perto do Xime... Gostaria de o rever. (...)
(****) Último poste desta série > 22 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5520: Os nossos camaradas guineenses (24): Vi matar o meu camarada Lamine Sanha (Braima Djaura)
(*****) Sobre a CCAÇ 12 e os seus soldados africanos, vd. postes de:
11 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLIII: Aos nossos queridos nharros (Zé Teixeira)
11 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLV: Ex-graduados da CCAÇ 12 também foram fuzilados (António Duarte)
(...) O António Duarte (que foi furriel miliciano na CCAÇ 12 na fase final, depois de transitar da CART 3493, que esteve em Mansambo) vem lembrar que em Bambadinca (e um pouco por todo o lado), os que foram encostados ao trágico poilão por onde passávamos muitas vezes, não foram apenas os comandos africanos mas também os nossos nharros da CCAÇ 12 (que foram constituir novas unidades, como a CCAÇ 21), e se calhar dos Pel Caç Nat 52, 53, 54, 63... No nosso tempo já havia ou dois três soldados arvorados por cada grupo de combate da CCAÇ 12... Mais tarde passaram a cabos e, em segunda comissão, foram promovidos a furriéis, ao que parece na CCAÇ 21, comandada pelo comando Jamanca (...)
12 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLIX: O fuzilamento do Abibo Jau e do Jamanca em Madina Colhido (J.C. Bussá Biai)
29 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXIV: Ao Fernando Sousa: Sei que estás em festa, pá (Luís Graça)
(****) Último poste desta série > 22 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5520: Os nossos camaradas guineenses (24): Vi matar o meu camarada Lamine Sanha (Braima Djaura)
(*****) Sobre a CCAÇ 12 e os seus soldados africanos, vd. postes de:
11 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLIII: Aos nossos queridos nharros (Zé Teixeira)
11 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLV: Ex-graduados da CCAÇ 12 também foram fuzilados (António Duarte)
(...) O António Duarte (que foi furriel miliciano na CCAÇ 12 na fase final, depois de transitar da CART 3493, que esteve em Mansambo) vem lembrar que em Bambadinca (e um pouco por todo o lado), os que foram encostados ao trágico poilão por onde passávamos muitas vezes, não foram apenas os comandos africanos mas também os nossos nharros da CCAÇ 12 (que foram constituir novas unidades, como a CCAÇ 21), e se calhar dos Pel Caç Nat 52, 53, 54, 63... No nosso tempo já havia ou dois três soldados arvorados por cada grupo de combate da CCAÇ 12... Mais tarde passaram a cabos e, em segunda comissão, foram promovidos a furriéis, ao que parece na CCAÇ 21, comandada pelo comando Jamanca (...)
12 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLIX: O fuzilamento do Abibo Jau e do Jamanca em Madina Colhido (J.C. Bussá Biai)
29 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXIV: Ao Fernando Sousa: Sei que estás em festa, pá (Luís Graça)
8 comentários:
AMIGA ODETE CARDOSO, QURIA FAZER UM APELO VI O POSTE COM O JOSÉ CARLOS SULEIMANE BALDÉ, QUE SE ENCONTRA EM AMEDALAI ONDE FIZ GRANDES AMIGOS DESSA TABANCA POIS FUI LÁ VÁRIAS VEZES ESTAVA EM BAJOCUNDA QUE FICA A 5 KLMS DE AMEDALAI. O QUE QUERIA ERA SE ME PODIAS DAR A DIRECÇÃO DO SULEIMANE PARA EU LHE ESCREVER PARA VER SE ELE SABE DO MEU AMIGO MULAI BALDÉ QUE SE ENCONTRAVA EM PORTUGAL E VÁRIAS VEZES ESTIVEMOS JUNTOS TENHO O CONTACTO TELEFONICO DO MULAI MAS QUANDO TELEFONE NÃO TENHO RESPOSTA, JÁ CONTACTEI A EMBAIXADA, MAS NEM RESPOSTA ME DERAM, PODE SER QUE O SULEIMANE SAIBA ALGUMA COISA POIS O MULAI É DE BAJOCUNDA O MEU MAIL É amilcarjventura@gmail.com
OBRIGADA.
UM ABRAÇO DO TAMANHO DA GUINÉ PARA SI E PARA O MEU CAMARADA DE GUINÉ.
Camarada Amílcar Ventura:
Há aqui um equívoco... Há muitas tabancas com o mesmo nome (Amedalai, Madina, Afiá...). A Amedalai onde vive o José Carlos Suleimane Baldé, antigo militar da CCAÇ 12 (1969/74) não fica na região do Gabu, mas sim na região de Bafatá, mais exactamente no sector de Bambadinca, regulado do Xime...
Se desembarcaste no Xime (era obrigatório para todos os militares da zona leste, vindos de Bissau pelo Rio Geba em LDG), Amedalai era a primeira tabanca, fula, em auto-defesa, com um pelotão de milícia, que te aparecia do teu lado esquerdo, a seguir a Ponta Coli, e da grande bolanha de Samba Silate, a caminho de Bambadinca, a 4/5 quilómetros do Xime...
Vê a carta do Xime...
http://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial14_mapa_Xime.html
E, conversa, telefónica, com Victor Vaz, ex-vagomestre (que foi substituir em Fevereiro de 1971 o Jaime), formulei o desejo de nos virmos a encontrar, todos os graduados e especialistas metropolitanos da CCAÇ 12, uma companhia independente da "nova força africana" que esteve activa desde meados de 1960 a meados de 1974...
Julgo que no total não seremos mais do que 150, pertecentes a "3 gerações" (1961/71, 1971/73, 1973/74)...
O António Duarte é já um representante da 3ª geração... Segue o nosso blogue mas só intervem pessoalmente...
Trazer a Portugal o José Carlos em 2011 para o encontro de todo o pessoal da CCAÇ 12... seria, sem dúvida, realizar um grande sonho para ele! Para este ano, já é muito difícil!
Caro Luís Graça
Julgo que sabes e deves saber que todos os anos há um almoço da C. Caç.12, dos seus quadros, para o qual sou convidado, embora infelizmente ainda não tenha ido a nenhum.
Não tendo sido da 12, sempre fui considerado como se fosse e sempre me foram os meus companheiros nas minhas deslocações a Bambadinca, para além de algumas operações que fizemos juntos.
O Capitão, julgo eu, mais "carismático" que teve a 12 foi sem dúvida, digo eu, o Capitão Bordalo, militar competente e empenhado, e sobretudo um homem bom ao qual dedico uma amizade sem limites, embora infelizmente pouco esteja com ele.
Obrigado pelo teu comentário que me permnitiu abrir o coração numa homenagem aos homens da C. Caç. 12 que foram em grande medida o garante da minha pouca na altura sanidade mental.
Abraço camarigo para todos
Espero que a Alice já esteja bem!
E decididamente precisa das Termas de Monte Real!!!
E obrigado por terem estado connosco na Tabanca do Centro.
assim que tiver mais tempo surgirá um texto.
Gostava e perguntar ao Renato Monteiro (o "homem da piroga"), se o José CARLOS Suleimane Baldé é o mesmo que o tal CARLOS que, em Contuboel, servia de intérprete entre os instrutores tugas e os novos recrutas, da Zona Leste:
Extracto de um poste do Renato:
(...) "Mais fulas do que mandingas, perfilhando todos a crença em Alá, mas também o princípio que consagra para todo o sempre um Portugal daquém e além mar uno e indivisível, coisa para mim demasiado estranha ao dar conta dos raros falantes da nossa língua e dos muitos que a entendem menos do que a Segunda, a minha lavadeira.
"Acaso não houvesse entre eles um Carlos, fula, de Bafatá, único cristão e com nome português, excepcionalmente dotado na comunicação com as línguas nativas, incluindo o crioulo - o esperanto da Guiné - para transmitir-lhes as nossas ordens, recomendações e outras tretas, bem poderíamos enterrar as palavras no bolso até às calendas, ir pregar para o deserto ou aos peixinhos do António Vieira." (...).
"Sequer a ordem de marchar (acaso fossem capazes de tal acrobática proeza) a partir da parada até uma área arborizada próxima do aquartelamento, utilizada para futura aplicação dos exercícios militares, é compreendida pela generalidade dos nossos instruendos.
"Coubesse o mar num concha cavada na areia que, por certo, seria igualmente possível olhar para estes homens e reconhecê-los como nossos compatrícios". (...)
28 de Julho de 2006
Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos ( Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
Renato:
Não tenho ideia nenhuma do José Carlos, fula, de etnia, ser (i)natural de Bafatá; e (ii) muito menos cristão... De qualquer modo, era de longe o que tinha o melhor domínio do português, escrito e falado... A ponte de, passado alguns meses, em Setembro de 1969 ter sido promovido a primeiro cabo... Sera outro CARLOS, pergunto eu...
28 de Julho de 2006
Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos ( Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
Um Alfa Bravo. Luis Graca
A propósito da informação dada pelo António Duarte e confirmada pelo Joaquim Mexia Alves (que privou muito com a malta da CCAÇ 12, sendo amigo do Cap Bordalo), foi o Apontador de Metralhadora HK 21, do 4º Gr Comb, quem abateu o Mário Mendes, chefe do bigrupo de Baio / Buruntoni, em finais de 1972, para lá de Madina Colhido.
No meu tempo, esse apontado era o Cherno Baldé, de etnia fula, pertencente à 1ª secção (originalmente comandada pelo Fr Mil Joaquim Fernandes, o nosso engenheiro, que depois ficou afecto à equipa de reordenamento de Nhabijões).
O que será feito do Cherno Baldé ? É vivo, está morto ? Em 13 de Janeiro de 1971, foi um dos feridos (embora não tenha sido evacuado para Bissau) na mina A/C em que caímos todos, eu, o Marques e mais duas secções do 4º Gr Comb.
Luis Graça
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Vd. poste de 24 de Fevereiro de 2010
Guiné 63/74 - P5878: PAIGC: um curioso croquis do Sector 2, área do Xime, desenhado e legendado por Amílcar Cabral (c. 1968) (Luís Graça)
Vd. também poste de 28 de Janeiro de 2010
Guiné 63/74 - P5717: Blogpoesia (64): À uma e meia da tarde... Em homenagem ao António Marques, que sobreviveu, dois anos depois, à explosão de um vulcão (Luís Graça)
Já aqui havia referido o Jaime Pereira,que me recordou o episódio da "estória" Alferes entornado...
Esteve comigo em Missirá e no difícil regresso de Madina.Conheço
a simpática Odete,minha ilustre
Colega.
Para ambos,um Grande Abraço.
Jorge Cabral
Sou o Marques,Ex-Furriel Milº.da C.Caç.12 1969/71,a ser solidário com o Luis Graça,Odete Cardoso e
Vacas de Carvalho, para que seja possivel, ao José Carlos Suleimane Baldé,vir a Portugal, já no próximo Encontro Nacional,ou para o proximo ano.
Um grande abraço para todos.
Marques
fernandormarques@gmail.com
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