quarta-feira, 21 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6202: Ao correr da bolha (Torcato Mendonça) (6): Quem ficou com a minha G3

1. Torcato Mendonça (ex-Alf Mil da CART 2339, Mansambo, 1968/69), gostava de saber por onde pára a sua G3. É o que ele pergunta ao correr da bolha, em mensagem com data de 10 de Abril de 2010:


AO CORRER DA BOLHA - VI

QUEM FICOU COM A MINHA G3


Quem ficou com a minha G3?

Gostava dela. Coronha de madeira com um ronco ou amuleto na parte mais estreita, o fuste igualmente em madeira luzidia, tratada, toda ela, com carinho e, por isso mesmo, sempre pronta a trabalhar.

Quem teria ficado com aquela beleza?

Era muda, felizmente, e um pouco surda ou muito mesmo. Falava com ela e nada me dizia claro, se era muda só me ouvia, penso eu.

Nunca me deixou envergonhado, a minha G3 de coronha de madeira. O ronco ou amuleto, impensável tirá-lo sem o danificar, dava-lhe um ar africano. Talvez tenha sido herdada de um africano. Quem sabe.

Tive vários objectos herdados. Um cinturão, um bornal com divisórias interiores e um ou outro mais. Não herdados mas oferecidos, mais trocados talvez, dois ou três roncos de cintura e um de peito, pulseira e anéis. Estes e o cinturão ainda estão comigo. O bornal talvez o tenha oferecido. Houve ainda uma pulseira de prata e, em ouro, um anel de sete “escravas”. Trabalho excelente de um ourives de Bafatá. Objectos que se foram em braço e dedo de duas mulheres.

Há tempo, não muito, vi o cinturão e rodeei a cintura com ele. Espanto meu, espanto meu, para o fechar precisava mais um palmo de cinturão.

Rápido, mas cuidadosamente, enrolei-o lendo os nomes dos lugares nele escritos. Tantos? Não me lembro de alguns. Se lá estão escritos é porque por lá andei.

Voltando ao assunto principal, porque falo saudosamente da minha antiga G3?

Olhei, em leitura mais de folhear, para uma revista e vi dois militares, de hoje, em preparação para partida para terras distantes, outras guerras e outras vidas, só que nas mãos tinham G3. Ainda? Ainda duram as velhas G3 de meu tempo e os senhores das guerras, de hoje, não encontraram melhor? Será que algumas fizeram as guerras do meu tempo? Será que a minha G3 andou mundo fora, tiro aqui e rajada acolá? Não. Certamente já não teria os “roletes” funcionais. Daí talvez ainda esteja funcional e em boas mãos.

Se foi bem tratada, como no meu tempo, talvez. Limpa e oleada, culatra e eteceteras tratados e a até a alma brilhava. Sim porque as armas têm alma, neste caso a minha G3. O dono é que ainda hoje a procura. A alma claro.

Era companheirona a G3 e atirava tão bem bala 7,62 ou dilagrama com granada M/62.

Por onde andará?
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 20 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6197: Ao correr da bolha (Torcato Mendonça) (5): Mentes com dúvidas

3 comentários:

Unknown disse...

Meu Caro Amigo Torcato Mendonça

A sua G# já deve ter passado à peluda deve haver uns largos anos. Talvez tenha ido para algum quartel como arma de instrução.Em meados de 68 se
a memória não me atraiçoa começar a aparecer companhias com G# de coronha e fuste de plástico verde azeitona, pois eram muito mais leves do que as de madeira.

Armandino Alves

Unknown disse...

Onde está G# quer dizer G3. Eu é que me esqueci de retirar o de do Shift

Armandino Alves

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.