Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Guiné 63/74 - P6309: Controvérsias (72): Uma Página Negra (José Manuel Matos Dinis)
1. O nosso Camarada José Manuel Matos Dinis* (ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), enviou-nos a seguinte mensagem, complementando a informação prestada no poste P 6261, da autoria do Mário Pinto:
Uma Página Negra
A propósito de um poste subscrito pelo Camarada Mário Pinto, que perguntava onde tinha andado a maioria dos capitães do QP durante os anos da guerra, [circulou internamenet, por mail, na nossa Tabanca Grande] um carta e um estudo subscritos pelo Sr. Coronel António Carlos Morais da Silva que pretende contrariar aquela interrogativa.
Em seguida (durante o dia 28/Abril) recebi uma mensagem do Jorge Teixeira (Portojo), que referia ter sido eliminado do blogue o poste referido. Face à surpreendente notícia, contactei o Mário Pinto, que me referiu ter condescendido com a retirada do poste a pedido dos editores, porque estaria a dar granel. Mau!!??
Ainda agora se comemorou o 25 de Abril, cuja melhor herança foi e é a liberdade.
Por outro lado, é divisa do blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, não deixarmos que sejam os outros a contar a história da guerra por nós, o que implica a abordagem de qualquer assunto implícito, sem tabus de qualquer ordem, como decorre de reiteradas intervenções do nosso Comandante. Apenas se exige respeito pelas regras editoriais.
Do que me lembro, o texto continha uma interpretação enviesada, mas apresentava-se educado e respeitoso. Aliás, alertado para o equívoco, o Mário prontamente esclareceu o erro e, humildemente, pediu desculpa.
Às vezes o preconceito tolhe a capacidade de pensar e aclarar ideias sobre factos e acontecimentos. E neste caso demos uma flagrante prova de incapacidade para resolver um assunto interno, que nem sequer alterava o sentido do poste, nem punha em causa a linha do Blogue, pois abriu-se a porta à auto-censura.
Havia que analisar a carta e o estudo que vieram baralhar a situação.
Optei por apreciar, primeiro a carta e, depois, o estudo contestatário de uma tese de doutoramento que, também ela aborda a matéria, e coteja a evolução relativa dos números de capitães do QP e milicianos no comando de companhias operacionais, ou de combate.
Diz o senhor Coronel (que não integra a família do Blogue) ter contestado junto do Reitor e do júri da U. de Évora - que fez a apreciação da tese "As elites militares em Portugal de 1900 a 1975", da autoria de Manuel Rebocho, Sargento-Mor Pára-Quedista, entretanto licenciado e doutorado em Sociologia - com base nas seguintes afirmações em diferentes trechos da tese, que podem ser verificados pela divulgação que a carta teve entre nós:
1 - "Na medida em que os capitães de carreira pretenderam seguir outras funções que não as de combate...";
2 - "A clivagem deu-se pela formação diferencial...";
3 - "Estes oficiais com dois anos de formação e sem vocação/motivação aferida, tiveram menor formação do que os oficiais que ingressaram na E.E. entre 1938 e 1958...";
4 - "Também se provou que a partir de 1966 os capitães de carreira se foram afastando do comando destas companhias, retirando-se para locais longe da Guerra e para actividades ditas de retaguarda...";
5 - "Os oficiais dos anos 60 fugiram da Guerra... a Academia Militar falhou na selecção e na formação psicológica das futuras elites militares...";
6 - "O Exército cometeu mais um erro ao colocar nas funções de Estado-Maior, oficiais sem capacidade de adaptação e sem experiência, quer da tropa, quer da guerra, pois nunca lá tinham estado, ou pretendiam vir a estar...";
7 - "a fuga dos oficiais combatentes para os Serviços de Apoio constituiu o maior entrave, não só à eficiência, mas também à formação do espírito militar que se ordena e inspira em valores básicos de humanidade...".
Em conclusão da carta ainda de lê:
- É iniludível o enxovalho do QP do Exército praticado em acto público.
- Contrariamente ao que a Universidade de Évora aceitou, sem questionar, os números apurados permitem concluir que os Capitães do QP não fugiram à guerra.
- Cumpriram o dever assumido no juramento de Bandeira que fizeram, voluntariamente.
- Cuidaram da Pátria e não da Fazenda.
A carta, ao contrário do que inspirava, não apresenta argumentos contrários que demonstrem a invalidade dos 7 pontos da tese referenciados. Acaba com as quatro frases lapidares transcritas.
A demonstração do contrário ao explanado na tese, parecia estar consignado no estudo que o Sr. Coronel anexou, e devia refutar expressamente o conteúdo da tese. Fui ver.
Verifiquei que relativamente aos três TO, Guiné, Angola e Moçambique, durante o período de 12/8/1959 a 01/11/1975, segundo o estudo, foram mobilizados 2368 capitães para 1876 companhias de combate (pg.17), sendo que 57,8% foram do QP.
Mas, adiante, com gráficos evolutivos, (pg.22), conclui alguns aspectos relevantes;
1 - De 1965 a 1868 o efectivo de Capitães do QP tem uma quebra de 30 pontos percentuais estabilizando na vizinhança de 57% até 1971;
2 - Nos anos de 1972 e 1973 registam-se quebras de efectivos do QP na ordem dos 15%;
3 - O ano de 1972marca o inicio da queda acentuada do efectivo de capitães do QP, o número de capitães milicianos passa definitivamente a ser superior ao de capitães do QP por razões que adiante são expostas;
Prosseguindo, talvez no âmbito das "razões expostas", refere-se: "Não encontrei justificação para a disparidade entre Moçambique onde 82% das companhias tiveram comando único e a Guiné onde tal valor se situou nuns modestos 65%"- pg.23.
A página 27 refere-se "em 1971 e 1972 não há novos capitães para render os que embarcaram em 1969 e 1970 tendo inicio a intensificação do recurso a capitães milicianos".
E, por fim, na pág. 28 referem-se outros aspectos relevantes:
1 - De 1963 a 1971 pelo menos um terço do stock de capitães QP (Inf, Art, Cav) comandou companhias de combate";
2 - A partir de 1973 tal esforço deixou de ser possível pelas razões já carreadas;
Deste estudo, na parte escalpelizada, pode inferir-se:
1 - Desde o inicio da guerra na Guiné houve recurso a capitães milicianos;
2 - No período de 1963 a 1971, cerca de 70% das companhias de combate foram comandadas por capitães milicianos;
3 - A partir de 1972 essas percentagens afastaram-se, por força do aumento do número de capitães milicianos, por razões, afinal, não explicadas, porque se os capitães antes formados não tinham abandonado o QP, alguma razão pertinente aconteceu para que não voltassem a comandar companhias em campanha, tirando partido da experiência anterior.
Porque o número de capitães não baixou drasticamente, eles terão sido colocados em repartições e serviços de retaguarda;
4 - Nesse caso, com que resultados para a condução da guerra? Sobretudo na Guiné;
5 - A carta do Sr. Coronel, em contestação da tese antes referida, afinal, vem ao encontro das conclusões ali explanadas - na tese, não podendo por isso oferecer-lhe oposição de argumentos. Vide a coincidência de conclusões;
6 - Decorrente do anterior, o poste subscrito pelo Mário Pinto assenta em constatações que, no essencial, tanto a tese de doutoramento, como o estudo do Sr. Coronel, confirmam.
Voltando à carta do Sr. Coronel, refere no final, que foi "iniludível o enxovalho do QP do Exército praticado em acto público", e "que os capitães cumpriram o dever assumido no juramento de Bandeira".
Mais uma vez, sublinho, não se pode tomar a nuvem por Juno, e todos temos notícia de algum capitão merecedor da admiração daqueles que comandou, e dos que disso tiveram conhecimento.
Em lugar de ter utilizado o termo enxovalho, a leitura do estudo que o Sr. Coronel concluiu e divulga, conduz à ilação do grande erro de estratégia por não ter sido aproveitada a experiência dos capitães em segundas comissões para comandar companhias de combate, ou, na ausência de outras explicações, ter-se-á que concluir pela aceitação tácita no preenchimento de serviços na retaguarda.
Mas, neste caso, levanta-se a questão de saber que efeitos positivos advieram para a condução da guerra. E, se aí, na retaguarda, a esmagadora maioria dos capitães do QP cumpriu o seu dever, não foi eficientemente, porque as companhias de combate sempre evidenciaram terríveis necessidades.
Um abraço,
José Dinis
Fur Mil At Inf da CCAÇ 2679
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
2 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6297: Controvérsias (71): Contemos as nossas experiências e deixemos as especulações para quem não esteve lá (Carlos Vinhal)
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18 comentários:
Sem qualquer "desprimor" para os homens do QP, assino por baixo este texto do camarigo José Dinis.
Aliás se entre os atabancados fizéssemos uma pequena amostragem sobre quem comandou as companhias onde estiveram/estivemos seria fácil constatar esta verdade, que por o ser, não pode ser de modo nenhum "ofensiva".
Segundo julgo aliás, a partir de uma certa época a grande maioria dos Batalhões que tinham para além da CCS, três companhias operacionais, duas eram comandadas por Milicianos e uma por QP, sendo "certo" que este normalmente não acabava a comissão na companhia com que tinha ido da Metrópole.
Isto, pelo menos para mim, não é para "achincalhar" ninguém mas parece-me ser a realidade do que se passou.
Um abraço camarigo a todos.
E como em todas as coisas, há homens extraordinários no QP e nos Milicianos, e há outros...que nem por isso!!!
Sempre que as verdades têm que ser "adocicadas" para nao ofenderem "vacas sagradas",nao sao estas últimas quem fica a perder. Um abraco amigo.
Camaradas
O Sr Coronel Morais da Silva no seu estudo saltou um posto. Esqueceu-se dos Tenentes do QP. A minha Comanhia de Caçadores 1589 saíu de Lisboa comandada por um Tenente do QP e que só foi promovido a Capitão já com seis meses de comissão. Como a minha devem ter partido muitas mais para os 3 TO
Armandino Alves
José M Dinis
Talvez como excepção(?!)na minha Companhia houve o Cap Miliciano que nos levou da Metropole.Ao fim de um ano foi para Bissau sendo substituido por um Cap do QP,que posteriormente foi substituido por outro à mesma do QP que posteriormente foi substituido de novo pelo primeiro do QP !!
Devo confessar que tanto o Cap Mil Mamede (Arquitecto)como o segundo,Cap QP T.Branco,muito diferentes, me deixaram saudades.Do terceiro...nem por isso!!
Creio que no proprio Batalhão 2928 (batalhoa como diz o Matos)os Capitães das 2789 e 2790 eram do QP
Um abraço
Luis Faria
" Deste estudo, na parte escalpelizada, pode inferir-se:
2 - No período de 1963 a 1971, cerca de 70% das companhias de combate foram comandadas por capitães milicianos; "
Não sei como isto é inferido porque está errado.
O documento indica que, ao longo dos anos de 63 a 71, o QP manteve a comandar 1/3 do stock anual de capitães.
Será que foi aqui que concluiu pelos 70%?!
Como é que isto poderia bater certo com o que é dito - "durante o período de 12/8/1959 a 01/11/1975, segundo o estudo, foram mobilizados 2368 capitães para 1876 companhias de combate (pg.17), sendo que 57,8% foram do QP. "
O documento merece ser estudado e discutido sem ideias (palpites) feitas.
João Mendes
Alf. Milº 64/66 em Moçambique.
CARO ZÉ DINIS,
A IMAGEM QUE TENHO POR CONVERSAS COM MUITA MALTA QUE ESTEVE NA GUINÉ,MOSTRA QUE CEDO COMEÇARAM A DESAPARECER DAS COMPANHIAS OPERACIONAIS OS TAIS QP.
OUTROS ALTOS VALORES SE ALEVANTAVAM,COMO DIRIA O POETA,E SURGIAM ENTÃO NAQUELAS DIFICÍLIMAS POSIÇÕES NAS CIDADES, MAPA TERRITORIAL ABERTO(SE POSSÍVEL COM RELEVO...)UNS SOLDADINHOS DE CHUMBO,AS BANDEIRINHAS DA PRAXE UMAS MINIATURAS DE ARMAS PESADAS E ENTRETENDO-SE NOS SEUS JOGUINHOS DE OPERACIONAIS DE PINGUELIM E BOTA ENGRAXADA, VIGIANDO, LUPA NA MÃO, O CRESCIMENTO DA PILOSIDADE FACIAL DOS CIRCUNSTANTES...
É EVIDENTE QUE EM TREZE ANOS DE GUERRA,HOUVE CERTAMENTE ALGUNS OFICIAIS DO QP MERECEDORES DOS MAIORES ENCÓMIOS,NINGUÉM O DUVIDA,MAS O SEU PAULATINO ABANDONO
DE FUNÇÕES OPERACIONAIS CONTRIBUIRIA PARA UMA DEFICIENTE PREPARAÇÃO DOS MILICIANOS QUE POR SUA VEZ DAVAM ENSINAMENTOS NA INSTRUÇÃO ÀS COMPANHIAS,SOBRE ASSUNTOS QUE DESCONHECIAM EM ABSOLUTO.
A RESULTANTE FINAL É QUE O COMBATENTE SÓ AO FIM DE UNS BONS MESES DE OPERACIONALIDADE IA REUININDO AS CONDIÇÕES MÍNIMAS DE QUE DEVERIA TER SIDO PORTADOR AQUANDO DO EMBARQUE.
QUANTOS MORTOS,FERIDOS E ESTROPIADOS SE PODERIAM TER EVITADO SE O SEU CONHECIMENTO DA GUERRA TIVESSE SIDO MINISTRADO POR QUEM EFECTIVAMENTE HAVIA TIDO JÁ EXPERIÊNCIA DE COMBATE?
PERDERAM OS MILICIANOS,PERDEU O PAÍS E PERDERAM OS DO QP A QUEM CABIA A OBRIGAÇÃO,(POR ISSO ERAM PROFISSIONAIS ,POR ISSO O PAÍS LHES PAGAVA,
E O DINHEIRO NÃO DEVERIA SER GANHO DE "RABO PARA O AR",COMO SOE DIZER-SE,MAS SIM MERECIDAMENTE...)
MAS O CHAMADO BURACO AO FUNDO DAS COSTAS,O TAL SITUADO ONDE AS DITAS MUDAM DE NOME,CATAPULTOU-OS PARA AS TAIS DIFICEIS MISSÕES DE MAPA E SOLDADINHO DE CHUMBO.
QUEM NÃO QUER SER LOBO,NÃO LHE VESTE A PELE!
POR EXEMPLO NO MEU BATALHÃO,O COMANDANTE ERA AQUILO A QUE EM LINGUAGEM MILITAR SE PODERIA CHAMAR, COM PROPRIEDADE, DE BÁSICO...
ERA MAJOR QUANDO FOI PESCADO NA GNR,DONDE,AO QUE CONSTOU NA ALTURA,TERÁ TIDO QUALQUER ENVOLVÊNCIA COM COMBUSTÍVEIS E NEGÓCIO IMPLÍCITO...
TERIA SIDO,PORTANTO,UMA ESPÉCIE DE PUNIÇÃO...
POIS NÃO É QUE O HOMEM AQUANDO DO IAO,NÃO SE APRESENTOU DURANTE A SEMANA DE CAMPO,( FÔRA PROMOVIDO A TEN.CORONEL AQUANDO DO EMBARQUE)BARAFUSTANDO COM O CAPITÃO MILICIANO QUE TAMBÉM OSTENTAVA A PILOSIDADE FACIAL DE DIAS COMO TODO O PESSOAL,DE RESTO,PELO AR POUCO MILITAR DA BARBA CRESCIDA?
E TERMINARIA COM UMA TIRADA MUITO PRÓXIMA DISTO:- PARA USAR BARBAS É PRECISO MERECÊ-LAS COMO D.JOÃO DE CASTRO VICE-REI DAS ÍNDIAS...
JULGO QUE ESTÁ PERFEITAMENTE CARACTERIZADO O DITO.
DEPOIS HAVIA UM MAJOR DE QUE NÃO TENHO A MENOR LEMBRANÇA.
OS COMANDANTES DAS TRÊS COMPANHIAS OPERACIONAIS ERAM TODOS MILICIANOS.
ALIÁS A MINHA COMPANHIA,A 2ª (TERRÍVEIS) DO BCAÇ4610/72 SÓ TINHA UM MILITAR DO QP,JÚLIO CÉSAR GINJA,(1º SARGENTO)UM HOMEM QUE ADMIREI,DO QUAL ME TORNEI AMIGO,E QUE INFELIZMENTE JÁ PARTIU.
ESCUSADO SERÁ DIZER QUE TIVEMOS UMA EXPERIÊNCIA DE 25 MESES EM QUE A SOLIDARIEDADE ENTRE TODOS FOI A MARCA NA OURELA,EM QUE OS GRADUADOS SEMPRE TIVERAM UM RELACIONAMENTO EXTREMAMENTE CORRECTO E AMIGO ENTRE SI E COM OS SUBORDINADOS,FAZENDO DO EXTENSO GRUPO(À VOLTA DE 180) UMA VERDADEIRA FAMÍLIA...
ABRAÇO
MANUELMAIA
Caro João Mendes,
Obrigado pela sua intervenção que tentarei esclarecer.
A frase que lhe suscitou a dúvida, "De 1963 a 1971 pelo menos um terço do stock de capitães QP comandou companhias de combate", pag.28 do Estudo, está transcrita ipsis verbis. Peço-lhe o favor de a interpretar a contrário senso.
Em boa verdade não bate certo com os gráficos que o estudo apresenta para aquele período e, por exemplo, que durante os anos de 1970 e 1971, regista para os 3TO, a existência de 622 e 598 capitães, respectivamente, sendo que do QP foram 60% e 57%, cfr. gráfico da pag.21.
O EStudo apresenta lacunas para a questão em apreço: não indica o nº. total de capitães do QP durante cada ano da guerra; o Estudo revela que durante todos os anos registaram-se nºs. ecessivos de capitães para comandar as companhias de combate, mas é omisso a referir percentagens de capitães evacuados quanto à origem, quer do QP, quer Milicianos.
A apreciação não podia ser exaustiva, poi foi num clic, mas a questão originária, a meu ver, mantém-se, onde estavam os capitães do QP?
Espero que compreenda que a minha apreciação não se estriba em palpite, preconceito ou ideia-feita.
Receba um abraço
JD
Não li o livro do Doutor Rebocho,
não tenho,por esse motivo,nada a
declarar.Li o estudo do Cor.Morais
da Silva que circulou por aí, e
acredito que os números estão certos,não sendo assim,estaríamos
em presença de uma manipulação,
penso não ser.
Nos mapas apresentados(pág.20 ou
21)vê-se que das 450 unidades
enviadas para os 3 TO, até 1965,
86% tinham no comando capitães do
QP e 13% tinham capitães MIL.Nesta
fase,50 Cap.Mil./ano chegavam para
as "encomendas"e poderá depreender-
se que a selecção seria rigorosa.
Entretanto,baixa de forma drástica,
a frequência da AM,dando origem a,
nos anos 70,já serem necessários
400 Cap.Mil.,o que levará a uma
menos eficaz selecção.Convém também
lembrar que alguns QP,já eram muito
veteranos,quando da 1ª comissão e
eram promovidos.Penso que o comand.
do Mário Fitas,o Cap Costa Campos,
teria 38 anos,idade já provecta para o comando de uma CCAÇ.
Segundo os tais números em 71,dá-se
a inversão:53% de capitães MIL.para
46% de capitães QP.Será que os QP
"fugiram" das Companhias?ou será
que a "fonte",a Academia Militar,
tinha vindo a diminuir de caudal?
Não estou a ver os capitães QP de
de 62,63,64,65...continuarem capitães em 69,70,71...mas seria
nessa lógica,capitães toda a vida,
que continuariam nas CCAÇ,CART e
CCAV.Não era possível.
Abraço
Caro José Manuel
Vai ter que ver o estudo novamente.
O gráfico da pg. 28 mostra o que há de capitães do QP em cada ano e destes quantos estão em companhias de combate. Veja que de 63 a 71 há cerca de 1/3 empenhado 38% , 33% , 39.6%,37%,.....33.5%).
Como vê só em 64 tem valor abaixo de 33.3%= 1 terço.
Em 1970 o autor diz que havia 374 QP e 248 Mil empenhados. O total é 622. Ora 374/622 = 60%
Em 1971 os números são 346QP e 252Mil no total de 598. Divida 346 por 598 e tem 57.8%.
Na pg. 28 no gráfico que já referi vê 374 em 1970 e 346 em 1971.
Afinal onde estão os erros e lacunas?
Diz que no estudo não apresenta o nº de capitães em cada ano. Mas tudo isso está nos gráficos das páginas 18 a 21 para cada TO e por fim os 3 TO juntos!
Desculpará mas parece-me que leu o estudo de forma apressada e não foi o único.
Leio aqui também comentários (clubismo?)que desconhecem os números e só dão palpites.
Não há pior cego do que aquele que insiste em não ver.
E por aqui me fico sem deixar de lhe dizer que considero o trabalho muito bem feito e com muitos dados que eu desconhecia.
Cordialmente
João Mendes
Caro José Manuel
Vai ter que ver o estudo novamente.
O gráfico da pg. 28 mostra o que há de capitães do QP em cada ano e destes quantos estão em companhias de combate. Veja que de 63 a 71 há cerca de 1/3 empenhado 38% , 33% , 39.6%,37%,.....33.5%).
Como vê só em 64 tem valor abaixo de 33.3%= 1 terço.
Em 1970 o autor diz que havia 374 QP e 248 Mil empenhados. O total é 622. Ora 374/622 = 60%
Em 1971 os números são 346QP e 252Mil no total de 598. Divida 346 por 598 e tem 57.8%.
Na pg. 28 no gráfico que já referi vê 374 em 1970 e 346 em 1971.
Afinal onde estão os erros e lacunas?
Diz que no estudo não apresenta o nº de capitães em cada ano. Mas tudo isso está nos gráficos das páginas 18 a 21 para cada TO e por fim os 3 TO juntos!
Desculpará mas parece-me que leu o estudo de forma apressada e não foi o único.
Leio aqui também comentários (clubismo?)que desconhecem os números e só dão palpites.
Não há pior cego do que aquele que insiste em não ver.
E por aqui me fico sem deixar de lhe dizer que considero o trabalho muito bem feito e com muitos dados que eu desconhecia.
Cordialmente
João Mendes
Esqueci uma referência ao tertuliano Mexia Alves quando diz:
"Aliás se entre os atabancados fizéssemos uma pequena amostragem sobre quem comandou as companhias onde estiveram/estivemos seria fácil constatar esta verdade..."
Amostragem é coisa que não é compatível com "palpites"!
O camarada mesmo sem amostra já tem o seu resultado! Baseado em quê?
Na regra 8 do blogue lê-se:
"(viii) respeito acima de tudo pela verdade dos factos;" ?
FACTOS ainda que não agradem.
Quanto ao camarada Armandino
Precisa reler as páginas 14,15,16,17. Na 17 lê-se 13 subalternos QP e 119 milicianos.
Subalterno é alferes e tenente... pelo que a sua preocupação tem resposta.
João Mendes
Olha camarada João Mendes eu por enquanto dou os palpites que quiser e se quiseres entender o texto, entendes, se não quiseres...paciência.
Não estou aqui a defender verdades "cientificas" e julgo que toda a gente percebeu o que eu queria dizer com uma pequena amostragem.
Meu Batalhão:
3 Companhias operacionais.
2 comandadas por Cap Milicianos
1 por um Cap QP, substituído por outro Cap QP, (dois competentes oficiais) e depois substituído por um Cap Miliciano.
Quantos foram assim nos últimos tempos da Guiné?
Queres perguntar àqueles que fizeram a guerra na Guiné?
Um abraço
Caro Mexia Alves
Dou um exemplo que nada prova tal como o teu.
1971: "Batalhão" de Catió
Catió, Bedanda, Cacine, Gadamael, Guilege todas as companhias com capitães QP (são 5). Sei isto porque uma delas era do meu camarada Simões que me passou o estudo porque está a fazer um mestrado mais alargado sobre a guerra colonial e a quem interessam muito estes dados agora publicados bem como os que vai colhendo neste blogue que consultamos regularmente.
A experiência pessoal não chega para falar do global. No meu batalhão de Moçambique todos os capitães eram milicianos (1973) e por isso tinha uma ideia parecida com a tua que afinal não estava certa.
Por fim só me interessam “verdades científicas”. Das outras prefiro as do meu Benfica
Retribuo o abraço.
João Mendes
Caro Joaão Mendes,
Claro que li o estudo, e dou como bons os núeros ali avançados.
No entanto já identificámos uma gralha, aquela de pelo menos 30% dos capitães do QP.
Quanto ao número total de capitâes em cada ano da guerra, não fui explicito, pois queria referir, no universo de capitães em serviço, quantos existiriam para além dos mobilizados para comandar companhias em campanha.
Eu sei que havia putros capitães, recentemente formados, regressados do ultramar e com bnovas colocações na Metrópole, para além daqueles que, com outras formações ou origens, não seria de esperar que comandassem companhias operacionais. Não acha que é uma lacuna?
Mas outra: qual o tempo médio de permanência dos capitâes que foram rendidos e se foram vitimas de acidente em combate, bem como uma comparação de capitães e outros militares evacuados de companhias de combate
É que o Estudo parece-me bastante insuficiente.
Cumprimentos
JD
Caro João Mendes
Um Batalhão com 5 companhias é coisa que eu nunca tinha visto, mas tudo é possível.
Já agora gostava de saber quanto tempo permaneceram esses Capitães do QP nas respectivas companhias.
É que era muito habitual ser apenas por uns meses e depois eram substituídos por milicianos.
Um abraço
Caro Mexia Alves
Quanto ao Bat de Catió a informação que tenho é que não houve mudança de comandantes (excepto Bedanda onde havia rendição individual). Como deve saber havia batalhões que agrupavam várias companhias independentes como foi este caso.
O Mexia Alves não quer conversar porque se limita a manobras de diversão para não concluir que a sua “crença” não tem fundamento.
Valha-nos o José Manuel que já dá como bons os números publicados embora continue a tentar encontrar lacunas que depressa reconhece não existirem quando lhe é apontado o que deve reler no estudo.
Por mim, termino. Quando quiserem argumentar com fundamento (com números) avisem.
Abração
João Mendes
Ok Caro João Mendes
Também fico por aqui.
A minha "crença" baseia-se no facto, comprovado por mim, de que em todos os sítios onde passei, e estive em três unidades operacionais em diferentes zonas da Guiné, a maioria esmagadora dos Capitães eram Milicianos e os do QP eram substituídos passados uns meses.
No entanto em Bissau havia bastantes, sem dúvida!
Os relatórios e histórias dos Batalhões estão cheios de lacunas e de omissões, para além de invenções.
Ainda recentemente alguém me disse, que tendo estado colocado em determinado Batalhão nunca lá apareceu a sua apresentação e "estadia".
Mas tudo bem, esse não é um problema que me tire o sono.
Um abraço
Depois de tudo lido concluo que não sabem porquê os Estados com um exército miliciano (exército de conscritos) têm um quadro permanente de oficiais, sargentos e praças.
Além de que está tudo esquecido que na guerra houve oficiais milicianos, sargentos milicianos e SOLDADOS milicianos.
Rosário Gomes
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