Data: 6 de Maio de 2010 14:45
Assunto: Perdidos e Chados !
Já que nisso de "perdidos e achados", no bom sentido é claro, o blogue tem sido profícuo, a vez desta é minha! E o propósito é o de tentar localizar três velhos amigos, referências da minha infância na Guiné.
Quanto aos dois primeiros, ignoro pois a respectiva graduação na altura. São gémeos de nome de baptismo Mário e Chico (Francisco, obviamente). Foram meus vizinhos na antiga Rua Engenheiro Sá Carneiro, a mesma da messe dos sargentos da Força Aérea e do famoso Cabaret ou Boite Chez Toi... Também a rua dos Serviços Metereológicos !
Desconheço se terão estado numa outra "Frente" [de guerra], conheci-os pois em Bissau e ambos habitavam um quarto alugado numa residência mesmo em frente da Messe dos Sargentos.
De tal forma afectos aos vizinhos e à minha familia em particular, ainda me recordo de, nos anos 70 (72/73), a familia toda, na altura de férias em Lisboa, ter sido presenteada com uma visita dos irmãos gémeos (na altura já com a comissão militar concluída na Guiné), acompanhados pela respectiva mãe...que no fundo quis conhecer a família africana que tanto afecto tinha dedicado aos filhos na Guiné. Um gesto simpático de gente nobre !
De tal forma afectos aos vizinhos e à minha familia em particular, ainda me recordo de, nos anos 70 (72/73), a familia toda, na altura de férias em Lisboa, ter sido presenteada com uma visita dos irmãos gémeos (na altura já com a comissão militar concluída na Guiné), acompanhados pela respectiva mãe...que no fundo quis conhecer a família africana que tanto afecto tinha dedicado aos filhos na Guiné. Um gesto simpático de gente nobre !
Foi pois a última vez que os vi... tinha eu uns 10/11 anos! E, como devem calcular volvidos todos esses anos, nunca é demais reaver o requinte de amizades do género... Para que no mínimo se fique a saber ... que nem tudo o tempo levou !
Mas a propósito deste par de gémeos e relativamente ao que vou apelidar aqui de "critérios de chamada à tropa", uma dúvida andou por todos estes anos "apipocando-me" a mente. Tal qual a experiência do Private Ryan [, referência ao filme Saving Private Ryan, de Spielberg, 1998] como é que funcionavam as coisas, quando tal "dever" se via confrontado com casos de irmãos, (neste caso, por sinal gémeos), em idade de incorporação militar ? "Apanhavam" todos pela mesma bitola, como foi o caso ?
Mas a propósito deste par de gémeos e relativamente ao que vou apelidar aqui de "critérios de chamada à tropa", uma dúvida andou por todos estes anos "apipocando-me" a mente. Tal qual a experiência do Private Ryan [, referência ao filme Saving Private Ryan, de Spielberg, 1998] como é que funcionavam as coisas, quando tal "dever" se via confrontado com casos de irmãos, (neste caso, por sinal gémeos), em idade de incorporação militar ? "Apanhavam" todos pela mesma bitola, como foi o caso ?
Guiné-Bissau > Bissau > s/d > O emblemático edifício da sede da UDIB - União Desportiva Internacional de Bissau onde jogou à bola o pai do Nelson Herbert, Armando Duarte Lopes.
Imagem: Cortesia de Nelson Herbert (2009)
A terceira figura de referência incontornável da minha infância foi, por sinal, um dos meus ídolos da arte de jogar a bola. Militar e futebolista da UDIB, destacou-se na arte da marcação de cantos directos... ao golo ! Era quase que infalível, quando Lino (assim o ficámos a conhecer) era chamado a bater tais lances de bola parada, como soi hoje dizer-se na gíria desportiva !
Meu vizinho nos anos 70, nos tempos livres sempre arranjava tempo para organizar e orientar o time da meninada do meu bairro. Terminada a comissão militar, ainda chegou a ser futebolista profissional em Portugal. Integrou, com Lemos (ex-futebolista do Futebol Clube do Porto, então em comissão militar na Guiné) a celebre selecção da Provincia da Guiné, na altura reforçada por militares da então "Metrópole" que se bateu, sem complexos com a então equipa principal do Futebol Clube de Porto, do peruano Teófilo Cubilas, Rudolfo e Rolando !
Estarão porventura estas três personalidades navegando pelo blogue ou porventura alguém que saiba do paradeiro dos mesmos ?
Estarão porventura estas três personalidades navegando pelo blogue ou porventura alguém que saiba do paradeiro dos mesmos ?
Mantenhas
Nelson Herbert
USA
____________
Nelson Herbert
USA
____________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 15 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5109: Meu pai, meu velho, meu camarada (18): Do Mindelo a... Bambadinca, com futebol pelo meio (Nelson Herbert / Luís Graça)
(...) 1- O meu velho entrou para a tropa a 15 de Agosto de 1943. Fez a recruta e o treino militar em Chã de Alecrim [, a nordeste da cidade do Mindelo, Ilha de S. Vicente, Cabo Verde].,
Depois do juramento da bandeira (será esse o termo ?) é transferido para Lazareto e São Pedro [, na parte oeste, sudoeste da ilha].
Lembra-se perfeitamente do corpo expedicionário vindo da então Metrópole. Termina o serviço militar em Janeiro de 1945. Frequenta , como vários outros nativos crioulos, o Curso de Sargentos Milicianos, graduação a que entretanto dificilmente os nativos chegavam...
Participou de forma rotineira nos tais exercicios físicos da tropa, na Praia da Matiota ... (que melhor lugar para um exercício matinal!). Já naquela altura era futebolista do Amarante Futebol Clube, um dos históricos clubes de Mindelo. Ainda se recorda, e bem, da argumentação semanal para conseguir a devida licença da tropa, para os treinos e jogos do fim de semana...
Alias, é pois o futebol que o acaba por levar à então Guiné Portuguesa, para jogar na UDIB - União Desportiva e Internaconal de Bissau.
2- Sobre a passagem dele, por Bambadinca... Mandatado pela JAPG [, Junta Autónoma dos Portos da Guiné,], foi ele quem implanta e organiza a administração local (serviço de escrituração -seré esse o termo) do porto local. Finda essa fase de estruturação da funcionalidade do porto local, é chamado à sede (Porto de Bissau) e em substituição é despachado um outro colega.
Lembra-se do batelão Poana , de umas 100 toneladas, e que, sob escolta da tropa, fazia o trajecto Bambadinca-Bissau e vice-versa com carga militar e civil (esta último sobretudo gado para os matadouros em Bissau). E, era segundo ele, na gestão "da hora e da vez de cada um " na utilização da embarcação, que surgiam os inevitáveis "atritos" com a tropa .
Durante esse período (uns dois anos passados em Bambadinca entre 1969 e 1971/72 ) nós, os filhos (seis), por questões de segurança, tivemos que nos manter em Bissau. Lembro-me entretanto da nossa mãe, tê-lo visitado uma ou duas vezes em Bambadinca e de lá ter regressado, de avião, um dia após um ataque da guerrilha! [, em 28 de Maio de 1969]. (...)
(**) Vd. último poste da série: 2 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6293: Em busca de... (129): Valente de Sousa, ex-Fur Mil da 3.ª Equipa do Grupo Comandos "Os Centuriões" (Luís Rainha)
(*) Vd. poste de 15 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5109: Meu pai, meu velho, meu camarada (18): Do Mindelo a... Bambadinca, com futebol pelo meio (Nelson Herbert / Luís Graça)
Depois do juramento da bandeira (será esse o termo ?) é transferido para Lazareto e São Pedro [, na parte oeste, sudoeste da ilha].
Lembra-se perfeitamente do corpo expedicionário vindo da então Metrópole. Termina o serviço militar em Janeiro de 1945. Frequenta , como vários outros nativos crioulos, o Curso de Sargentos Milicianos, graduação a que entretanto dificilmente os nativos chegavam...
Participou de forma rotineira nos tais exercicios físicos da tropa, na Praia da Matiota ... (que melhor lugar para um exercício matinal!). Já naquela altura era futebolista do Amarante Futebol Clube, um dos históricos clubes de Mindelo. Ainda se recorda, e bem, da argumentação semanal para conseguir a devida licença da tropa, para os treinos e jogos do fim de semana...
Alias, é pois o futebol que o acaba por levar à então Guiné Portuguesa, para jogar na UDIB - União Desportiva e Internaconal de Bissau.
2- Sobre a passagem dele, por Bambadinca... Mandatado pela JAPG [, Junta Autónoma dos Portos da Guiné,], foi ele quem implanta e organiza a administração local (serviço de escrituração -seré esse o termo) do porto local. Finda essa fase de estruturação da funcionalidade do porto local, é chamado à sede (Porto de Bissau) e em substituição é despachado um outro colega.
Lembra-se do batelão Poana , de umas 100 toneladas, e que, sob escolta da tropa, fazia o trajecto Bambadinca-Bissau e vice-versa com carga militar e civil (esta último sobretudo gado para os matadouros em Bissau). E, era segundo ele, na gestão "da hora e da vez de cada um " na utilização da embarcação, que surgiam os inevitáveis "atritos" com a tropa .
Durante esse período (uns dois anos passados em Bambadinca entre 1969 e 1971/72 ) nós, os filhos (seis), por questões de segurança, tivemos que nos manter em Bissau. Lembro-me entretanto da nossa mãe, tê-lo visitado uma ou duas vezes em Bambadinca e de lá ter regressado, de avião, um dia após um ataque da guerrilha! [, em 28 de Maio de 1969]. (...)
(**) Vd. último poste da série: 2 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6293: Em busca de... (129): Valente de Sousa, ex-Fur Mil da 3.ª Equipa do Grupo Comandos "Os Centuriões" (Luís Rainha)
1 comentário:
Caro Nelson Herbert
Era assim mesmo, todos eram apanhados. Fui para a Guiné em 07-05-1969 e o meu irmão embarcou no dia seguinte para Angola,pensava eu que por ter sido mobilizado depois do meu irmão poderia cá ficar por ser amparo de mãe, mas a resposta que recebi foi a seguinte "sim senhor, o sr não vai agora, mas quando o seu irmão voltar, então embarca para o CTIG", claro que desisti logo da intenção.
Um abraço
César Dias
Mansoa 69/71
Enviar um comentário