quarta-feira, 5 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6322: Controvérsias (73): Contra a corrente é difícil nadar (José Brás)

1. Texto enviado pelo nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), enviado ao nosso blogue para publicação:


Contra a Corrente


Contra a corrente é difícil nadar.
Difícil e perigoso, como não se cansa de dizer na praia o nadador-salvador.
Mas todos conhecemos gente que não quer outra coisa da vida senão ir contra a corrente, caminhar contra o vento, muitas vezes atirar a pedra na vertical e esperar que lhe tombe na cabeça.

Não é totalmente o meu caso. Já foi mais, atrás no tempo e nos tempos, quando quase só tinha certezas construídas à luz de uma leitura da vida provavelmente justa mas claramente monocolor num mundo que se tem de compreender colorido.
Confesso, no entanto, que de vez em quando, talvez mais vezes do que aconselhável para uma certa comodidade a que se tem direito de aspirar na minha idade, me apetece dar a cara ao vento que sopra contra, e teimar em frente.
Como agora, por exemplo, quando antes de começar me apetece já dizer, meu deus, no que vou eu meter-me!
Hesito, por isso, e que ninguém se admire da minha hesitação.

Escrevo, não escrevo?
Digo, não digo, pergunto eu, a mim próprio sem mais ninguém a quem perguntar, a não ser, talvez, se me dividisse e perguntasse aos vários eus que sou.
O problema é que todos falam na mesma língua e com as mesmas palavras, ainda que discutam entre si e discordem.

Vai a ver-se e, provavelmente, o problema é de falta de moderador, de juiz que sintetize, que pese argumentos e corte a direito doa a qual dos eus a quem vier a doer.
Ou que contente a todos, em pacto de regime que tanta falta nos faz sempre, como sabem, sobretudo hoje em dia.

Na verdade, sei que vou entrar num assunto delicado e que, por sê-lo, deve ser tratado com pinças e cuidados extremos, tendo no centro gente, tendo no centro passados e presentes de gente que viveu já muitas contradições e que nelas se fez o que é hoje, sendo hoje a memória dos passados todos que sofreu.
E tem também a outra gente, amigos lado a lado anos a fio, comungando as mesmas fés, ou próximas, correndo os mesmos riscos, ganhando e perdendo, às vezes no gume da vida, e nesse entendimento se fez também, um pouco, comunhão plena da admiração e da amizade profunda entre seres assim vividos.

Portanto, o risco é grande e talvez mais valesse ouvir o polícia das séries americanas que vemos na televisão, guardando eu também o direito de ficar calado porque tudo o que disser poderá ser usado contra mim.
Sei inclusive que hipotéticos juízes, neste caso como tantas vezes na justiça a sério, nem terão necessidade de processo de investigação, quer dizer, de ler o texto todo que me irá sair e que neste momento ainda nem sei bem o que será senão no fio muito genérico de uma ideia, para me julgarem e condenarem a minha alma aos quintos do inferno.

Ainda assim, vou avançar e depois se verá se publico ou se eu próprio me condeno e deito fora o que tiver produzido.

Vem isto a propósito do lançamento recente do livro de Amadu Bailo Djaló e da fila de bocas abertas de espanto perante a barbárie que se abateu sobre antigos combatentes negros da Guiné que lutaram do nosso lado, tivessem sido ou não heróis por feitos contra o PAIGC, tivessem sido ou não inimigos ferozmente radicais da guerrilha e das populações que a ela se encostavam, tivessem ou não massacrado, tivessem ou não feito a viagem "Ametista Real" ou outra qualquer das que existiram dentro ou fora do quadro normal(?) de uma guerra como esta, feita no último estertor de um regime e de um sistema condenados.

E quem não se espantará de tal barbárie, sobretudo se sobre gente que combateu ao nosso lado, bravos e abnegados, leais e amigos, crentes na convicção que os preenchia de que estavam do lado certo, qual de nós não espantará, sabendo que sempre nos tocam e agoniam muito mais profundamente os dramas daqueles que nos estão próximos do que os de outros, hipoteticamente maiores mas sofridos por desconhecidos longínquos?

A guerra, por mais que nos queiram convencer os que a amam(!), ou os que fingem admirar na catarse dos heróis que foram ou que gostariam de ter sido, não é um acto natural do homem e só acontece na distorção profunda da consciência colectiva de um povo, no caso de ambição desmedida e colectivamente manifestada por poderes e por domínios, num processo de manipulação ideológica e moral, ou, então, no caso de adopção colectiva da revolta perante a incapacidade absoluta de esperar por justiça negada.

Num processo ou no outro, nos dois casos, existem sempre determinados aspectos que se encontram, quer se trate da bravura no combate, da honra, do respeito pela humanidade dos contendores individuais ou pela negação desse respeito.
Desencadeada, não é muito fácil encaixá-la em regras cavalheiras, e quem tomou parte num lado ou no outro o que quer é ganhar, naturalmente, derrotando (aniquilando) o inimigo.

Não sei dos motivos individuais mais profundos que levaram a que tantos cidadãos das colónias se tivessem juntado às nossas forças, combatendo os irmãos que, mal ou bem, se batiam e davam a vida no caminho na ideia da libertação da terra onde nasceram.
Certamente que serão muitas e muitos, tais razões e motivos, uns entendíveis, conscientemente pensados e decididos, provavelmente nobres na complexidade das questões, e outros, acidentais apenas, inevitáveis, inconscientes e tomados por acaso ou por conveniências aparentes, o que de resto terá também acontecido a muitos que combatiam nas fileiras do PAIGC.

Retomando o que acima já disse, para explicar a pluralidade deste pensamento, posso repetir aqui que, não sendo, hoje, o homem de convicções absolutas que já fui, tenho como toda a gente, valores que agarrei no meu processo de crescimento e amadurecendo, sendo que nesses valores e conceitos cabem algumas certezas sobre a multiplicidade da alma humana, sobre verdades e sobre razões de cada um, verdades e razões que explicam as suas decisões individuais, estranhas, incompreensíveis e até inaceitáveis para quem, de fora, não lhes toma o devido peso.
Há certezas que me enchem de tal modo ainda hoje, que delas não julgo possível abrir mão, por mais que aceite e tente compreender o seu contrário.

Por exemplo!
O orgulho que me dá de ter nascido numa pátria que a determinado tempo do seu romance, foi capaz de sair de si própria, correr riscos e sofrimentos desmedidos, na crença de que haveria formas novas de melhorar o mundo, se fez ao mar, descobriu caminhos e gentes, desbravou terras longínquas, alargou o mundo e ofereceu o seu labor à humanidade.

Por exemplo!
Que passados os séculos que passaram e se aceitam como foram, novas verdades se construíram (ler Camões) no desenvolvimento da moral e dos conceitos sobre a humanidade nova, justamente consequência da realidade desse passado e das novas necessidades do homem. A descolonização era um processo mundial irreversível e muito melhor para todos teria sido reconhecer isso e preparar as mudanças, do que teimar na sua negação, manipulando a ideia de uma pátria cristã, multicontinental e plurirracial, arrastar gentes para guerras prolongadas e destruidoras de passados, de presentes e de futuros.

Por exemplo!
Que sei e sempre soube que o lado em que me bateria nessa guerra, seria o outro, se nessas terras tivesse nascido, branco como sou, ou negro, mas, na referida postura que me anima, não me admira que a maioria dos cidadãos deste País, como eu, tivessem partido para a guerra a matar e a morrer, assumindo ou não a ideologia do Estado e ainda que com dúvidas sobre a razão, nem me admira tão pouco que, mesmo filhos dessas terras tivessem escolhido o nosso lado e nele se tivessem batido.

A hora da passagem do poder do colonialista para os filhos das colónias que se haviam batido por um ideal de libertação, deveria ter sido um tempo de festa e de construção da paz, mesmo de uma paz que pudesse irmanar os dois lados da contenda.
Deveria ter sido e foi, de facto, se falarmos apenas das relações imediatas entre a guerrilha e o exército que a combatia.

A festa fez-se, desde logo nos espaços onde estavam instalados os soldados portugueses, muitas vezes em convívio de tal maneira aberto que observadores exteriores e conhecedores de outros processos, como o Francês e o Belga, se admiravam da amizade ali expressa. Também o foi, mais tarde, na consolidação formal da passagem do poder dos actos oficiais.

Contudo, desde logo se viu que a festa não incluía os cidadãos locais que haviam ficado do nosso lado. Contra esses, o ódio e a raiva falavam mais alto e tomaram aspectos marginais aos verdadeiros sentimentos da paz e da humanidade.

Era esperável tal atitude?

Acredito que se Amílcar Cabral vivesse ainda nessa altura, exceptuando casos extremos de acção violenta que sabemos que existiram no decorrer do conflito, tal festa abrangente teria mesmo acontecido.

Não li do livro de Amadú, senão pequenas notas que saíram no blogue, entre elas o episódio da criança capturada que opôs opiniões do Alferes branco e de Amadu e que mostra deste uma grandeza humana superior.

Irei lê-lo e tenho a certeza de que a sua leitura em nada diminuirá o respeito e a admiração que hoje nutro por ele apenas do que dele tenho ouvido por terceiros e apesar da escassez do convívio.

Provavelmente, ao contrário, tais sentimentos crescerão, então, e me recordarão outros combatentes negros que estiveram ao meu lado nesse tempo duro e de quem guardo grata memória.

Afinal, a natação acabou por fazer-se em águas menos desfavoráveis, creio, e isso é o que pensará Amadu e os seus amigos próximos, crentes também de que um dos grandes bens do homem de hoje é (ou deveria ser), o direito à diferença.

José Brás
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 28 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6268: Bibliografia de uma guerra (56): A Propósito de Até Hoje (Memória de Cão) (José Brás)

Vd. último poste da série de 4 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6309: Controvérsias (72): Uma Página Negra (José Manuel Matos Dinis)

16 comentários:

Torcato Mendonca disse...

Caro José Brás
Lê o livro.
Quanto ao teu escrito questionas e dás a resposta. não te livraste de alguns "eus".
É difícil e eu sei.
Gostei do texto. Gostei mesmo.
Um abraço
Torcato

Anónimo disse...

"Não sei dos motivos individuais mais profundos que levaram a que tantos cidadãos das colónias se tivessem juntado às nossas forças, combatendo os irmãos que, mal ou bem, se batiam e davam a vida no caminho na ideia da libertação da terra onde nasceram." E ca esta um mote a um debate.A guerra na Guine, sua africanizacao e respectiva consequencia, a todos os niveis e prismas: o das vitimas e o dos vitimados. Ate que ponto os efeitos da chamada "africanizacao" do conflito naquele antigo territorio ultramar portugues, sao ainda hoje sintomaticos nas sazonais desavencas etnicas, qual fagulha, que de tempo em tempo um e outro vai tentando pagar,por vezes com recurso a um pano embebido de gasolina ? Que peso pode ter tido essa "africanizacao" na acirrar dos odios etnicos, recalcados ?

Luís Graça disse...

Sr. anónimo, por favor mostre a cara ou o nome...

Anónimo disse...

"Não sei dos motivos individuais mais profundos que levaram a que tantos cidadãos das colónias se tivessem juntado às nossas forças, combatendo os irmãos que, mal ou bem, se batiam e davam a vida no caminho na ideia da libertação da terra onde nasceram." E ca esta um mote a um debate.A guerra na Guine, sua africanizacao e respectiva consequencia, a todos os niveis e prismas: o das vitimas e o dos vitimados. Ate que ponto os efeitos da chamada "africanizacao" do conflito naquele antigo territorio ultramar portugues, sao ainda hoje sintomaticos nas sazonais desavencas etnicas, qual fagulha, que de tempo em tempo um e outro vai tentando pagar,por vezes com recurso a um pano embebido de gasolina ? Que peso pode ter tido essa "africanizacao" na acirrar dos odios etnicos, recalcados ?

PS:Por descuido o texto/comentario nao foi assinado: Nelson Herbert USA. As minhas desculpas!

De qualquer forma fica o repto: ate que ponto a chamada "africanizacao" do conflito pode ter tido a sua quota parte de impacto, nas friccoes etnicas de que a Guine Bissau tem infelizmente sido fertil, nos ultimos tempos. Ou o onus da responsabiliodade deve exclusivamente ser atribuido ao PAIGC e ao nacionalismo guineense ?

Anónimo disse...

Caríssimo José Brás
Já o encomendei e espero recebê-lo brevemente.
Quanto aos eus...é a velha questão da possibilidade da existência em cada um de nós, de muitos outros, sejam Zés, sejam, Amadus, sejam eles o que forem.
Não creio noutra coisa para explicar tantas contradições sem as condenar.
Abraço
José Brás

Anónimo disse...

Desculpa Torcato, por ter escrito a mim respondendo a ti.
é um sinal do tempo
José Brás

Anónimo disse...

Caro Nelso Herbert
Acho que tens razão sobre a importância do tema.
No entanto, a mim me parece que a africanização da guerra algumas consequências haveria de ter no que respeita aos três territórios.
Porém, na Guiné não me parece muito importante com fauctor da conflitualidade que tem atravessado o País após a independência.
Serão outros os motivos e, se nos abstivermos de alguns muito badalados e escuros, devemos lembrar mesmo que empiricamente a história das lutas entre as etnias no desejo de domínios, a passagem rápida de uma sociedade de subsistência para uma outra que se pretendia desenvolvida, a adequação de formas de organização política e administrativa antigas para uma democracia tipo europeu.
Não podemos esquece3r-nos dos séculos gastos na Europa para definição de fronteiras e das lutas dramáticas que isso ainda constrói no interior de sociedades que achamos modernas.
Cumprimentos
José Brás

Anónimo disse...

José Brás, já alguns desistiram de continuar escrevendo aqui, por não "gostarem" do rumo do blog.

Parece que estavas com receio às bocas que tenhas que ouvir.

Mas, afinal, entre outras já pegaste o boi à unha! Como tal não desistes. Parabens.

Como já debatemos umas coisas, se te lembrares, temos "certezas" diferentes.

Precisamos de ter alguem que nos tirasse as "dúvidas".

Como te deves lembrar fui, (sou) retornado, de maneira que não perco uma oportunidade de tentar de ouvir para compreender.

Fui à Gulbenkian dia 3 e 4 ouvir uns generais e uns civis, (M. Alegre, Medeiros Ferreira) e cheguei à conclusão que para essa gente toda, não existiram africanos (pretos, mulatos e brancos pensantes)apenas existimos nós, americanos e russos.

Que tristeza!

Enquanto não ouvirmos os africanos genuinos nunca compreenderemos o que se passou connosco.

Abraço,

Antº Rosinha

Anónimo disse...

Caro camarada
António Rosinha
Não existe quem nos tire as dúvidas.
Pode acontecer que, nós próprios, ouvindo aqui, afirmando ali, voltando às imagens velhas, alteremos as margens do que somos mas é muito difícil que mudemos no miolo.
Lembro-me que nos primeiros tempos em que ia a Nova Iorque, andava por lá, via o teatro marginal de Greenwich, assistia a debates e concertos nos cafés, olhava os milhares de despojados do interior ou mesmo nascidos nos arrabaldes, sem emprego, dormindo em caixas da papel que as lojas despejavam nas ruas de Manahatan, 80 mil, lembro-me de ter lido lá, a viverem assim.
No regrtesso, os meus colegas tripulantes juravam que não existia tal gente na 45 ou na 46 ou nas ruas todas prependiculares à 5.ª. Só tinham visto os grandes armazéns de roupas.
Mas entre nós a diferença não é essa e é menor do que parece.
Afinal o que me perturba é apenas a incapacidade do regime ter percebido que as coisas teriam de mudar e que bom para o futuro teria sido preparar tal futuro desde o início do século.
Um abraço
José Brás

Anónimo disse...

Caro Zé,

Sabes e tens conhecimento que nossos caminhos, por vezes paralelos outros cruzando-se. Sabemos onde estamos. É na pluralidade e diversidade das questões pessoais, que os homens se têm de entender. Não é necessário abdicar dos nossos princípios e formas de estar na vida. O principal no ser humano é chegar ao ponto de entendimento cultural.
Não estou arrependido, antes pelo contrário, de te ter de alguma forma metido nisto. Independentemente dos entendimentos, desentendimentos, formas diferentes de ver Hoje as coisas.
É nesta forma deversificada, mas humanisada que vamos construindo a nossa História.
Tens absoluta razão ao referires Camões!
Continua, o debate é culturalmente e imperiosamente preciso.

Um abraço,

Mário Fitas

Hélder Valério disse...

Caro Zé Brás

Chego tarde. Só agora, hoje, estou a dar uma leitura mais calma (se isso fosse possível...) ao Blogue e deparei com este teu texto.
É perfeitamente entendível, para mim, as tuas reservas, as tuas cautelas.
Mas o resultado é muito positivo. Colocas mais uma vez as questões muito bem, mesmo com esses 'pezinhos de lã'.
A questão proposta pelo Nelson Herbert não é de desprezar, pelo menos no que à Guiné se refere.

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Desculpem o comentário que vai um pouco OFF TOPIC (como se diz nestas coisas).
A entrevista de Amadu Djaló ao documentário "A Guerra" é absolutamente fabulosa. Que grande Senhor!!!
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo, camarada Carlos Cordeiro
José Brás

Manuel Joaquim disse...

Caro José Brás:

Não seremos, de todo, almas gémeas mas permite-me que assine, por baixo,todo este teu texto.

Um grande abraço

Manuel Joaquim

Anónimo disse...

Caro Camarada.

A questão já foi amplamente discutida no nosso Blogue.Por
mim remeto para o que então
escrevi(Posts-762-16 de Maio
de 2006 e 823-31 de Maio de 2006)

Um Abraço.

Jorge Cabral

Anónimo disse...

Camarada Jorge Cabral

Não conhecia os postes que referiste porque, a bem dizer, sou ainda piriquino no blogue.
Lendo o teu comentário, conhecendo mal o que tens escrito e o que pensas (penso, logo existo), pareceu-me um pouco aquilo que brasileiro costuma dizer "falei, está falado".
Não concordando, em princípio, com a ideia de que assunto tão complexo esteja já encerrado nos debate que terão havido, pedi ao Carlos que me enviasse os teus textos.
Nem sei que dizer, camarada!
De facto, está lá tudo.
A tristeza e a mágoa de ver matar sem julgamento e indiscriminadamente no mesmo saco, a simples colaboradores e a verdadeiros assassinos, a ausência completa de instruçãom e de julgamento sério;
A conclusão da inevitabilidade dos excessos construída nas raivas e ódios acumulados, não contra portugueses que haviam combatido mas contra guineenses que em sua opinião haviam traído;
A tentativa de percdeber os porquês da escolha do lado português na análise da realidade histórica anterior e local.
E a mim me parece, e uma vez mais o digo, que o único culpado de tudo isto foi o regime que não aceitou o andamento da história e recusou o diálogo com um homem como Amilcar Cabral.
Obrigado, camarada.
José Brás