Moura > 10 de Abril de 2010 > Homenagem aos 29 mortos da guerra colonial, naturais do concelho (*) > Almoço-convívio > Actuação do Grupo Coral e Etnográfico Ateneu Mourense, com um belíssimo tema do Cancioneiro Popular Alentejano que remonta, segundo nos parece, ao tempo da I Grande Guerra (1917/18), e cuja letra tentámos recuperar e transcrever a seguir... O grupo, criado em 1997, tem dois CD gravados, de que a Câmara Municipal de Moura nos fez uma gentil oferta: Adeus minha linda Vila (2000 ), Se fores ao Alentejo... dá-lhe um beijo ( 2003).
Aqui fica mais uma vez o nosso agradecimento à Comissão Organizadora do evento (onde se inclui o nosso camarada Francisco Godinho, membro da nossa Tabanca Grande), pelos momentos de grande emoção que nos proporcionaram, a nós, membros do nosso blogue, que fomos convidados para a cerimónia e que interviemos no colóquio da manhã, eu próprio, o José Brás, o Pedro Lauret, o Miguel Pessoa e a Giselda.
Vídeo (4' 38''): © Luís Graça (2010). Alojado no You Tube> Nhabijoes
Me vou amanhã embora (?),
Adeus que embora me vou,
Quem não me conhece chora,
Que fará quem me criou.
E adeus montinho (?) da serra,
Adeus casa dos meus pais,
Estou de abalada p’rá guerra,
Não sei se voltarei mais.
Não sei se voltarei mais,
Vou deixar a minha terra,
Adeus casa dos meus pais,
P'ra sempre sozinho na guerra (?).
Em vales, montes andei
No trevo fazendo escolhas,
Só nos teus olhos achei,
O trevo das quatro folhas.
Adeus montinho (?) da serra,
Adeus casa dos meus pais,
Estou de abalada para a guerra,
Não sei se voltarei mais.
Não sei se voltarei mais,
Vou deixar a minha terra,
Adeus casa dos meus pais,
P'ra sempre sozinho na guerra (?).
[ Transcrição / fixação de texto: L.G.]
____________
Nota de L.G.:
(*) Vd. postes anteriores:
18 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6175: O povo e o município de Moura homenagearam, no passado dia 10, os seus 29 mortos na guerra colonial (Parte I) (Luís Graça / Francisco Godinho)
4 comentários:
Peço ao Francisco Godinho que me reveja a letra do tema aqui cantado pelo Grupo Coral da sua terra... A gravação foi feita numa sala ampla, com ruído de fundo, em condições tecnicamente sofríveis, com a minha máquina fotográfica que também faz pequenos vídeos... Julgo que não apanhei o princípio da canção e tenho dificuldade em perceber uma ou versa frase..
Ao Povo Alentejano e seu gregoriano cantar, a minha homenagem querida Planície!
No velho e extinto Batalhão de Caçadores nº. 8, na bela e linda cidade de Elvas. O 1º. Pelotão da 1ª Companhia de Instrução Básica em Janeiro de 1964, com 90% de homens do Alentejo. Formaram um grupo de cantares Alentejanos, que eram ouvidos nas velhas muralhas nos intervalos da instrução.
Eram instrutores desse pelotão o já falecido alferes miliciano Botequim de Santarém, o cabo miliciano, João Parreira depois fur. miliciano nos Comandos na Guiné e este veterano "Cota" fur. miliciano dos "Lassas" em Cufar no sul da Guiné.
Ouvir cantar o Povo Alentejano é ouvir o grito da Planície.
Obrigado Luís por este momento.
Hoje vai um abraço do tamanho do Além do Tejo.
Mário Fitas
Devo confessar que eu e o Zé Brás, que estávamos sentados, juntos, na mesma mesa, ficámos com pele de "pele de galinha" ao ouvir estas vozes telúricas a cantar este Adeus, minha terra, que vou p'ra guerra... O Zé já escreveu, brilhentemente, sobre as emoções deste dia... LG
Caro Luís e restante Tabanca!
Mais uma vez, me apanhaste fora de casa, mas ainda assim, desta vez ainda bem, dado que estou em Moura e como por aqui se diz, "en su sítio". Daí que estou à vontade, aliás estamos, pois estou com o José Mira Infante, que conheceste e que até faz parte do Grupo Coral, é aliás o Presidente da Colectividade do Ateneu Mourense, e portanto vamos refazer a letra da "moda".
Então aqui vai:
Título da moda
"Adeus montinho da serra"
Quadra
Adeus que me vou embora
Adeus que embora me vou
Quem não me conhece chora
Que fará quem me criou
Refrão
Adeus montinho da serra
Adeus casa dos meus pais
Estou de abalada para a guerra
Não sei se voltarei mais
Não sei se voltarei mais
Vou deixar a minha terra
Adeus casa dos meus pais
Adeus montinho da serra
Quadra
Em vales e montes andei
No trevo fazendo escolhas
Só nos teus olhos achei
O trevo das quatro folhas
"Repete o refrão"
É bom não esquecer, que o ponto começa a moda com uma quadra, depois entra o alto, e só depois o coro com o conjunto de vozes, e que tanto tu como o Zé Brás muito bem "batizaram" de cante telúrico, pois até parece vir das profundezas, "das entranhas da terra".
Bem hajas e um abraço quer do Infante, quer da restante Comissão, e até do próprio Grupo Coral no seu todo.
F.Godinho
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