1. O nosso camarada Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763, “Os Lassas”, Cufar, 1965/66, enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 25 de Maio de 2010:
11º Encontro da CCAÇ 763
A Helena (esposa do Mário Fitas), Carlos Filipe, Álvaro Veríssimo e esposa
Caro Luís e Camaradas.
Mais um encontro da C.CAÇ. 763, construtora do que viria a ser o Aquartelamento de Cufar, um dos pontos cruciais da Guerra, dado o seu posicionamento de apoio na luta travada com o PAIGC no Sul da Guiné.
Continuamos a juntar, rememorando os tempos difíceis que foram aqueles vinte e dois meses em luta, e construindo todas as estruturas de um Aquartelamento.
Percorremos não só todos os caminhos de Catió a Ganjola, de Cufar a Cobumba, como as míticas matas de Camaiupa, Afiá, Cachaque e Cabolol. Mas também nos mandaram para o lado de lá do Cumbijã, para o Cantanhez. Darsalame, Cadique, Caboxanque, Flaque Injã, Bedanda até ao cruzamento de Salancaur Mejo.
Apenas com 48 homens operacionais, só não nos refinaram os ossos para o açúcar, de resto ficou lá tudo.
Para aqueles que por doença ou diversos motivos não puderam estar presentes, sabemos que em espírito lá estavam também. Todos foram lembrados.
Desta louca vivência tivemos a gratificante companhia e amizade de um punhado de homens, aos quais queremos deixar hoje aqui a nossa homenagem e agradecimento que foram os Homens da C.CAV. 1484, de quem nos foi sempre cedido um grupo de combate, para as últimas seis operações de envergadura que efectuámos naquela terra.
Deram-nos alguns desses extraordinários homens, da C.CAV. 1484, com suas esposas e família, a doce alegria de nos acompanharem neste nosso convívio, recordando momentos difíceis de antanho.
Para todos eles e em especial ao mobilizador desta fraterna companhia, Benito Neves, da C. CAÇ. 763 vai o nosso agradecimento e o fraterno abraço do tamanho do nosso Cumbijã.
A Organização do 11º Encontro da C. CAÇ. 763
Mais um encontro da C.CAÇ. 763, construtora do que viria a ser o Aquartelamento de Cufar, um dos pontos cruciais da Guerra, dado o seu posicionamento de apoio na luta travada com o PAIGC no Sul da Guiné.
Continuamos a juntar, rememorando os tempos difíceis que foram aqueles vinte e dois meses em luta, e construindo todas as estruturas de um Aquartelamento.
Percorremos não só todos os caminhos de Catió a Ganjola, de Cufar a Cobumba, como as míticas matas de Camaiupa, Afiá, Cachaque e Cabolol. Mas também nos mandaram para o lado de lá do Cumbijã, para o Cantanhez. Darsalame, Cadique, Caboxanque, Flaque Injã, Bedanda até ao cruzamento de Salancaur Mejo.
Apenas com 48 homens operacionais, só não nos refinaram os ossos para o açúcar, de resto ficou lá tudo.
Para aqueles que por doença ou diversos motivos não puderam estar presentes, sabemos que em espírito lá estavam também. Todos foram lembrados.
Desta louca vivência tivemos a gratificante companhia e amizade de um punhado de homens, aos quais queremos deixar hoje aqui a nossa homenagem e agradecimento que foram os Homens da C.CAV. 1484, de quem nos foi sempre cedido um grupo de combate, para as últimas seis operações de envergadura que efectuámos naquela terra.
Deram-nos alguns desses extraordinários homens, da C.CAV. 1484, com suas esposas e família, a doce alegria de nos acompanharem neste nosso convívio, recordando momentos difíceis de antanho.
Para todos eles e em especial ao mobilizador desta fraterna companhia, Benito Neves, da C. CAÇ. 763 vai o nosso agradecimento e o fraterno abraço do tamanho do nosso Cumbijã.
A Organização do 11º Encontro da C. CAÇ. 763
2. Envio também, pelo seu interesse, o discurso proferido neste convívio, pelo Alf Mil Jorge Paulos, da CCAÇ 763, em Boleiros - Fátima.
ENCONTRO DE CONFRATERNIZAÇÃO DA CCAÇ 763 – MAIO 2010
Ter a possibilidade de dirigir aqui algumas palavras a todos os presentes, mais do que um privilégio, é uma honra porque, antes do mais, me faz relembrar a figura ímpar e insubstituível do nosso Capitão Costa Campos
Não estamos neste encontro por um acaso, juntámo-nos, mais uma vez, porque muitos dos presentes tiveram uma aventura em comum, que, naturalmente, não só não a esquecem, como fazem questão de a relembrar.
Há 45 anos, recordam-se, éramos uns putos. Éramos, de facto, muito novos, mas, meus amigos, podemos hoje, que já somos menos novos, olhar para trás e sentir orgulho por, nessa altura, termos sido capazes de enfrentar, com sucesso, os perigos e as adversidades com que nos confrontámos.
Nunca me canso de lembrar que ter coragem não significa não ter medo, ter coragem é ser capaz de dominar esse medo e seguir em frente.
A vida é difícil, mas não podemos deixar-nos vencer. A cada momento é preciso levantar a cabeça e seguir em frente.
Amigos, quero pois saudar todos os militares da CC 763, tornando extensiva esta saudação aos nossos companheiros da CCav. 1484, que várias vezes, conjuntamente connosco, lutaram na Guiné e que nos deram hoje o prazer da sua presença e para os quais peço uma salva de palmas.
Gosto sempre de relembrar, neste momento, uma das muitas operações em que entrámos e este ano evoco a operação Pirilampo.
Eram cerca das 00.00 horas do dia 10 de Setembro de 1966, quando a Companhia de Caçadores 763, conjuntamente com a Companhia de Cavalaria 1484, sairam do aquartelamento de Cufar na direcção da mata de Afiá, onde chegámos às 05.30 horas, para daí seguirmos para a mata de Cabolol, onde, segundo informações obtidas, o inimigo teria um aquartelamento.
Iniciámos, então, uma batida até cerca das 15.30 horas, altura em que detectámos o acampamento inimigo que, num rápido envolvimento, com a colaboração da Companhia de Milícias 13, destruimos.
Seguimos, de imedito, na direcção da Tabanca de Cabolol Balanta onde o inimigo, que para aí se tinha dirigido, reagiu com fogo intenso de metrelhadora pesada, lança-granadas e armas automáticas.
A nossa reacção foi pronta e fortíssima, fazendo calar, em poucos instantes, o tiroteio inimigo.
Destruída a tabanca, regressámos ao aquartelamento, cerca das 22.30 horas, desta vez, felizmente, sem mortos nem feridos.
Amigos, era bem melhor que não tivesse havido guerra, pois muitos dos nossos companheiros sofreram e ainda sofrem os seus resultados negativos. Mas, já que lá estivemos, não devemos ter receio de dizer bem alto que soubemos ser dignos de nós próprios, que honrámos o país e que tem sido escasso o reconhecimento da nossa entrega que, em muitos casos, chegou ao sacrifício da própria vida.
Companheiros foi bom estar aqui convosco, mas tal só foi possível, mercê da disponibilidade e trabalho do Mário Ralheta, que foi o obreiro deste encontro e para quem vai o nosso obrigado com uma singela, mas sentida, salva de palmas.
Termino, amigos, com uma palavra final para as nossas famílias que, é preciso dizê-lo, foram muitas vezes um pilar importante no equilíbrio da nossa vida.
Jorge Paulos
Maio de 2010
ENCONTRO DE CONFRATERNIZAÇÃO DA CCAÇ 763 – MAIO 2010
Ter a possibilidade de dirigir aqui algumas palavras a todos os presentes, mais do que um privilégio, é uma honra porque, antes do mais, me faz relembrar a figura ímpar e insubstituível do nosso Capitão Costa Campos
Não estamos neste encontro por um acaso, juntámo-nos, mais uma vez, porque muitos dos presentes tiveram uma aventura em comum, que, naturalmente, não só não a esquecem, como fazem questão de a relembrar.
Há 45 anos, recordam-se, éramos uns putos. Éramos, de facto, muito novos, mas, meus amigos, podemos hoje, que já somos menos novos, olhar para trás e sentir orgulho por, nessa altura, termos sido capazes de enfrentar, com sucesso, os perigos e as adversidades com que nos confrontámos.
Nunca me canso de lembrar que ter coragem não significa não ter medo, ter coragem é ser capaz de dominar esse medo e seguir em frente.
E foi isso, exactamente, o que fizemos e que não pode deixar de ser um exemplo que deixamos aos nossos filhos, aos nossos netos e a todos os jovens e menos jovens deste país.
A vida é difícil, mas não podemos deixar-nos vencer. A cada momento é preciso levantar a cabeça e seguir em frente.
Amigos, quero pois saudar todos os militares da CC 763, tornando extensiva esta saudação aos nossos companheiros da CCav. 1484, que várias vezes, conjuntamente connosco, lutaram na Guiné e que nos deram hoje o prazer da sua presença e para os quais peço uma salva de palmas.
Gosto sempre de relembrar, neste momento, uma das muitas operações em que entrámos e este ano evoco a operação Pirilampo.
Eram cerca das 00.00 horas do dia 10 de Setembro de 1966, quando a Companhia de Caçadores 763, conjuntamente com a Companhia de Cavalaria 1484, sairam do aquartelamento de Cufar na direcção da mata de Afiá, onde chegámos às 05.30 horas, para daí seguirmos para a mata de Cabolol, onde, segundo informações obtidas, o inimigo teria um aquartelamento.
Iniciámos, então, uma batida até cerca das 15.30 horas, altura em que detectámos o acampamento inimigo que, num rápido envolvimento, com a colaboração da Companhia de Milícias 13, destruimos.
Seguimos, de imedito, na direcção da Tabanca de Cabolol Balanta onde o inimigo, que para aí se tinha dirigido, reagiu com fogo intenso de metrelhadora pesada, lança-granadas e armas automáticas.
A nossa reacção foi pronta e fortíssima, fazendo calar, em poucos instantes, o tiroteio inimigo.
Destruída a tabanca, regressámos ao aquartelamento, cerca das 22.30 horas, desta vez, felizmente, sem mortos nem feridos.
Amigos, era bem melhor que não tivesse havido guerra, pois muitos dos nossos companheiros sofreram e ainda sofrem os seus resultados negativos. Mas, já que lá estivemos, não devemos ter receio de dizer bem alto que soubemos ser dignos de nós próprios, que honrámos o país e que tem sido escasso o reconhecimento da nossa entrega que, em muitos casos, chegou ao sacrifício da própria vida.
Companheiros foi bom estar aqui convosco, mas tal só foi possível, mercê da disponibilidade e trabalho do Mário Ralheta, que foi o obreiro deste encontro e para quem vai o nosso obrigado com uma singela, mas sentida, salva de palmas.
Termino, amigos, com uma palavra final para as nossas famílias que, é preciso dizê-lo, foram muitas vezes um pilar importante no equilíbrio da nossa vida.
Para todos os votos de muitas felicidades.
Jorge Paulos
Maio de 2010
Por Fátima passaram muitos veteranos da C.CAÇ. 763. Da esquerda para a direita: Pernas, Pereira, Marques e Carlos Filipe
Alf Mil da 763 Jorge Paulos, Artur Teles e respectivas esposas
Bernardino Pinto e esposa
A juventude também marcou presença, acompanhando o avô Veterano de Guerra
Um abraço,Mário Fitas
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
23 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6457: Convívios (158): XX Encontro do pessoal do BCAÇ 2884, no dia 15 de Maio de 2010 na Guarda (José Firmino)
4 comentários:
Meu caro Mário, obrigado pelas tuas palavras. Como já tive oportunidade de te dizer, a ti e a quantos da 763 estiveram no vosso almoço, foi bom, muito bom termo-nos reencontrado 44 anos depois. É sempre óptimo fortalecer os laços da amizade que o espírito de entre-ajuda criou e moldou nos tarrafos e bolanhas do sul da Guiné. Foram vocês que nos deram o treino operacional e nos ensinaram os princípios do que depois nos esperava durante todo o tempo em que fizémos intervenção ao Sector de Catió. Naquele tempo, a nossa ajuda valeu o que valeu, mas a vossa foi preciosa. Ficámos a saber o quão benéficos eram os banhos de lama da bolanha, levaram-nos a conhecer locais exóticos como foram Cachanga, o itinerário Bedanda-Mejo, Cachaque, o tristemente célebre ponto cota 15, Afiá, Caboxanque, Cabolol e alguns outros mais. Foi boa a vossa companhia de outrora, como foi a de agora, em que nem sequer tivémos que picar a estrada (mas picámos à mesa.). Um abraço de Amizade reforçada, se me permites, maior do que o Cumbidjã.
Benito Neves
C.Cav. 1484
Caro Benito,
nós C.CAÇ. 763 é que vos estamos agradecidos, e tu sabe-lo bem, uma companhia de 150 homens com 48 operacionais não dava. Fosteis vós 1484 que nos ajudaram e nesse ponto vos estamos muito agradecidos.
Foi um bem, porque hoje há gente de diferentes companhias que podem falar a mesma voz.
Não é fácil uma C.CAÇ. e uma C.CAV. falarem a mesma linguagem.
Mas a C.CAV. 1484 e a C. CAÇ. 763, porque pisaram a mesma lama, beberam da mesma bolanha, sofreram nas mesmas matas, hoje sabem que não foi estória, que foi verdade todos os pontos que enumeraste no teu comentário. Assim como é verdadeiro que quando o vosso grupo de combate que se nos juntava, já tinha 12 quilómetros a penantes pela bela e traiçoeira estrada de Catió.
É! Foi! Verdade tudo aquilo que em conjunto vivemos.
As palavras do Jorge Paulos têm valor.
Só tenho pena de no Post não constar uma foto em que demonstra-se a vossa presença, mas elas foram enviadas.
O nosso abraço será sempre mais forte que o Cumbijã, porque foi caldeado nas suas àguas e lamas.
Mário Fitas
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Abraço do fadista!
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