Boa noite amigos e camaradas
O texto que envio em anexo já foi escrito há dois meses, no entanto, o facto que deu origem ao presente texto, aconselhava a deixar passar algum tempo, para o revelar.
Não é só uma homenagem a um amigo querido. É uma homenagem a uma terra solidária.
Um abraço e bom fim de semana
José Martins
O meu amigo António Santos partiu!
A notícia, apesar de esperada, surgiu como uma bomba. Mesmo quando se está à espera, a notícia é sempre brutal.
Residia na Grande Lisboa, mas quis regressar às suas origens, voltar para junto dos seus antepassados. Quis repousar na sua comunidade: São Martinho do Porto.
Terra muito antiga, teve Carta de Foral em 1257, que lhe foi concedida pelo 12.º Abade do Convento de Alcobaça, D. Frei Estêvão Martins, quando em Portugal reinava o rei D. Afonso III.
A sua baía, encastrada entre a Serra da Pescaria e a Serra do Bouro, sempre foi um porto de mar e um porto de abrigo, onde se desenvolveu a pesca e a construção naval.
Um bom porto de abrigo é, necessariamente! E é grato saber isso.
Quando cheguei junto do meu amigo e da sua família, que também é minha, por natureza, disseram-me que tinham colocado a meia haste a bandeira da Liga dos Combatentes, hasteada junto a um “Memorial ao Combatente”.
São Martinho do Porto. Memorial ao combatente.
© Foto de José Martins – 9/Julho/2010
Memorial discreto, como discreto é o local onde se encontra. Está situado junto a uma das entradas do cemitério local.
Quatro cubos, “empilhados assimetricamente”, ali colocados pela iniciativa conjunta do Núcleo de Alcobaça da Liga dos Combatentes e da Junta de Freguesia de São Martinho do Porto, em 10 de Outubro de 2009, recorda que este país, que é o nosso Portugal, tem um “povo” que sempre soube responder presente, quando a Pátria os chamou, quando deles necessitava, deixando os campos e as fábricas, os escritórios e as escolas, cerrando fileiras em torno da Bandeira.
2.º Cubo superior do memorial. Numa simples frase, uma verdade com séculos.
© Foto de José Martins – 9/Julho/2010
No interior do Campo Santo, nos locais de “descanso eterno” há, pelo menos, duas placas funerárias, de dois camaradas nossos, um que tombou em África e um outro que, regressado à sua terra, trabalhou e entregou o corpo à terra onde nasceu:
Nesta terra – São Martinho do Porto – terra simples e genuína, que ostenta no seu nome o nome do Santo que, num dia de invernia e como conta a história, dividiu o seu manto de militar com um pobre desvalido, num gesto de fraternidade, não pode deixar de ser um local de solidariedade, para se viver, hoje ou até à eternidade!
São Martinho do Porto. Memorial ao combatente.
“À sua Memória, a nossa Homenagem”
© Foto de José Martins – 9/Julho/2010
O António Santos amava a África, e sobretudo a Guiné onde esteve como cooperante. Falávamos sobre essa terra, tanto ele como eu, como se fosse “nossa” própria terra.
“O seu nome será sempre lembrado com amor, e se foi grande as saudades que vos deixou, devemos esperar que seja, incomparavelmente, maior a paz em que descansa.
Saiu da vida, mas não da nossa vida, como poderíamos acreditar que morreu, quem tão vivo está nos nossos corações”.
Santo Agostinho
António de Sousa Pereira Santos
(10 de Fevereiro de 1945 - 08 de Julho de 2010)
Descansa em paz, António!
Pesquisa e fixação do texto de
José Marcelino Martins
10/Julho/2010
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 15 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6993: Patronos e Padroeiros (José Martins) (15): Forças Pára-quedistas – Arcanjo São Miguel
Vd. último poste da série de 15 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6989: In Memoriam (53): O último voo de um anjo: Maria Zulmira André Pereira, enfermeira pára-quedista (1931-2010) - Mensagem de condolências da D. Teresa Almeida (José Martins)
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