1. Mensagem de Nelson Herbert (também inserida como comentário ao poste P6937) (*)
Data: 6 de Setembro de 2010 03:14
Assunto: A propósito do livro Três Tiros da Pide, nota de leitura de Beja Santos (*). Comentário: Assassinato de Amílcar Cabral / Queima de Arquivos
De facto, como bem frisa Beja Santos, com propaganda reles, do tipo do Três Tiros da Pide, do jornalista russo Oleg Ygnatiev, não se chega a ponta de novelo algum, do tão desejado esclarecimento dos contornos do assassinato de Amílcar Cabral.
Mas diga-se em abono da verdade que nem Oleg Ygnatiev, nem o jornalista português José Pedro Castanheira, no seu Quem Mandou Matar Amilcar Cabral, por sinal autores das duas únicas obras a induzirem uma eventual clarificação dos factos, esclarecem coisa alguma !
Limitam-se simplesmente a uma postura de reféns, quais autênticas caixas de ressonância de versões oficiais de um e outro lado...
O primeiro vale-se da enviesada e conveniente versão oficial do PAIGC em Conacri, o segundo mergulha no que, por conveniências alheias à verdade histórica, se entendeu poupar dos arquivos da actividade da PIDE/DGS na Guiné, para dar corpo a um emaranhado de hipóteses conspiratórias - a da ala guineense do PAIGC, a de Sekou Touré e a da PIDE/DGS - que entretanto peca por não arriscar uma relação de causa/efeito entre as mesmas…
A tal estória do ovo e da galinha – quem vem primeiro ?!
Se no seu Três Tiros da Pide, Oleg Ygnatiev zela por um inocentar de determinados sectores dirigentes do PAIGC, na morte do seu líder , no Quem Mandou Matar Amilcar Cabral, de José Pedro Castanheira [, Lisboa, Editora Relógio d'Água, 1995, 326 pp.], o propósito roça o branqueamento da alegada responsabilidade do general António de Spínola e da PIDE/DGS no complô !
O consciente destino dado, em Bissau e em Conacri, a praticamente toda a documentação/informação referente, por exemplo à Operação Mar Verde e aos interrogatórios dos implicados no assassinato de Amílcar Cabral (só para citar estes), atestam o quao sabia e o adagio popular guineense…"bardadi i suma malgueta, i ta ardi !" [, A verdade é que nem a malagueta, arde !]
Nelson Herbert (**)
USA
___________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 5 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6937: Notas de leitura (143): Três Tiros da PIDE, de Oleg Ygnatiev (Mário Beja Santos)
(**) Último poste desta série: 14 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6983: (In)citações (5): Amílcar Cabral, os portugueses, o colonialismo e o racismo (Cherno Baldé)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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