1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 15 de Outubro de 2010:
Caros Luis, Carlos, Magalhães, Briote e restante Tabanca Grande.
Como não tenho netos e tenho que me entreter com alguma coisa, vou escrevinhando e desta vez um mal amanhado poema de gosto e qualidade duvidosa.
Poema? Se isso lhe poderei chamar.
Um abraço para todos
Juvenal Amado
Foto: © Paulo Salgado (2010). Todos os direitos reservados.
POR VEZES...
Por vezes
Oiço o vento
São suaves murmúrios
Perfumes e aromas de outras paragens
Chove
O vento traz lembranças
Cheira a pinheiro
Da minha primeira vez
Mais tarde, a ruela estreita
O cheiro moreno
O corpo cálido
O assomo urgente
A calma que adormece
O tempo ameaça parar
Levanto-me
Saio devagar
Sou mero espectador
Vejo ou adivinho a imagens
Recordo as vozes e momentos
Os rostos misturam-se
Caminho lentamente
Cheira a terra molhada
Mancarra torrada
O doce ácido do vinho de palma
Acendo um cigarro
Aspiro até os pulmões protestarem
Olho o fumo que volteia
Tusso
O horizonte incendeia-se
Pintor louco escreve com lápis de fogo
O trovão ensurdece-me
Dobro-me sobre a terra
Instintivamente
E finalmente acordo
Por vezes
Regresso lá!
Juvenal Amado
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 17 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7140: Blogoterapia (161): Pensamentos e perguntas a nós próprios (Juvenal Amado)
Vd. último poste da série de 3 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7219: Blogpoesia (83): Respeito, esse pau da bandeira foi colocado pelos Lassas de Cufar (Mário Fitas)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
Um Abraço do
T.
Caro Juvenal
Gostei do seu sonho!
Tantas lembranças de um tempo, que deveria ser para esquecer, mas está provado, que de tudo porque passamos, fica sempre algo para recordar.
Chorar, rir, lembrar horizontes, (neste caso tão distantes), mas tão belos, faz-nos sem dúvida pensar que já vivemos...muito pouco...
Parabéns amigo
Voltei para pedir desculpa de não ter assinado o comentário anterior.
Sou a
Felismina Costa
CARO JUVENAL,
VIVA O POETA QUE TÃO BEM ESCREVE.
UM GRANDE ABRAÇO.
MANUELMAIA
Manel Maia
Sem desprimor para o Torcato e Felismina a quem agradeço os comentários , um comentário vindo de um poeta e porque se trata de um poeta a sério como tu deixa-me muito orgulhoso.
Muito obrigado
Juvenal Amado
Meu camarigo Juvenal
Já te conhecia algumas "veias", mas esta de poeta, não!
Em boa hora a deste conhecer, pois a tua poesia expressa bem o teu sonho.
Permito-me ver neste teu sonho/poema uma ligação Alcobaça/Guiné, pois lá estão entre outros, os cheiros do pinheiro e da mancarra, e para quem é daqui, da nossa zona, o pinheiro está sempre presente, não é verdade???
Parabéns e um grande abraço
E o almoço de Natal da Tabanca do Centro dia 24 conta com a tua presença indispensável, ou não?
Caro Juvenal
E quem é que, por vezes, não regressa lá? Haverá quem?
Sejam por bons ou maus momentos ou pensamentos, há sempre um regresso lá.
É o vento, é o trovão, é a chuva, é o calor, é um estrondo, é um 'clic' que se faz cá dentro perante um pequeno pormenor que nos ocorre, assim de repente, uma lembrança por mais fugaz que seja e.... estamos lá!
Já agora, de passagem, essa foto é espectacular, creio mesmo que perante ela, ao vê-la, muitos estarão lá, a antever a tempestade que está prestes a desabar.
Bom poema.
Um abraço
Hélder S.
Enviar um comentário