É bom sabermos que temos amigos e camaradas como vocês
Foram palavras de grande conforto, as vossas, deixadas nos comentários do blogue* ou na caixa de correio da Tabanca Grande, e lidas - a maior parte delas - um dia depois de ter acompanhado o corpo do meu pai até à "terra da verdade"...
Muitos de vós já passaram por esta provação, e eu fico sensibilizado com a admiração e o amor com que falam do vosso pai, e orgulhoso do enlevo com que honram, publicamente, a sua memória neste espaço que atravessa várias gerações. São demasiados para eu os poder citar aqui, um a um…
Alguns dos camaradas do blogue, da área da Grande Lisboa, estiveram comigo, na Lourinhã, nas cerimónias fúnebres, e eu quero aqui registar os seus nomes, correndo embora o risco de esquecer de algum: o José Colaço, o Humberto Reis, o Eduardo Jorge Ferreira, o Luís Moreira, o António Marques e a Gina... Outros telefonaram-me ou mandaram-me mensagens por telemóvel (perdoem-me se me esqueço, mais uma vez, de alguém): o Carlos Vinhal, o Torcato Mendonça, o João Paulo Diniz, o Joaquim Mexia Alves, o Miguel Pessoa, o Joaquim Peixoto, o Santos Oliveira, o António Duarte, o Zé Saúde, o Hélder Sousa, o Salvador [Nogueira]... A todos, a minha gratidão.
Também outros ex-camaradas de armas da Lourinhã me trouxeram o seu abraço de amizade e conforto moral: o Jaime Bonifácio Marques da Silva (ex-Alf Mil Pára-quedista em Angola, c. 1970), o Luís Maçariço (ex-prisioneiro na India em 1961/62), o Rogério Gomes (ex-Alf Mil, em Angola, c. 1970)… só para citar três, que são meus amigos e conterrâneos... Sem esquecer o Laurentino Marteleira e a Glória, o Arcílio Marteleira (também ex-camarada da Guiné) e a Elisabete, o Soares (outro camarada da Guiné) e a Mila, todos da minha tertúlia lourinhanense, tal como o Jaime e o Rogério. E muitos outros amigos que me acompanharam neste momento, a começar pela minha família, incluindo os meus cunhados do norte, dois dos quais também ex-combatentes, e que vieram expressamente do Porto (Um xicoração muito especial para o Gusto e a Nitas, o Zé, a Rosa, o António, o Joaquim e a Olinda).
É bom sabermos que temos amigos e camaradas como vocês, tão longe e tão perto, ajudando-me a fazer o luto pela perda de uma pessoa tão especial, para mim, como foi o meu pai.
Estava com a família, de férias pascais, em Candoz, Marco de Canaveses, na véspera do 34º aniversário da minha filha Joana, quando recebi, na passada quinta feira, más notícias sobre a evolução do estado de saúde o meu pai. De imediato rumámos ao sul, para passarmos com ele aqueles que seriam os últimos três dias da sua existência.
Luís Henriques, “meu pai, meu velho, meu camarada”, morreu em paz e com dignidade e todos nós pudemos despedir-nos dele com a tranquilidade possível. Teve uma linda festa de despedida, na sua terra onde era muito querido e popular, com uma cerimónia fúnebre realizada na igreja gótica do séc xiv onde eu fui batizado, com o João Graça a tocar Bach, com amigos a cantarem-lhe uma peça coral italiana muito bonita, com os filhos, netos e bisnetos a fazerem-lhe a última oração... Aqui vai, a que eu li, em nome dos filhos, nora e genros, no final da missa de corpo presente... E, já agora, também a que foi lida em nome dos netos e bisnetos.
Um grande xicoração para todos/as.
LG
1. Oração dos filhos, nora e genros
Nosso querido Pai,
Partes para a tua última grande viagem.
A mais dolorosa, para todos nós, teus filhos,
Porque é a viagem sem retorno.
Já temos saudades tuas,
Já temos tantas saudades tuas,
Mas sabemos que partes
Em paz contigo, com o mundo, e com Deus.
A tua vida foi simples, a de um homem bom,
Que amou a sua pátria, a sua terra,
A sua Maria, os seus filhos, demais família e amigos.
A tua vida e a tua morte foram também uma lição
Para todos nós,
E para todos os amigos, vizinhos e conterrâneos
Que hoje te acompanham
Neste cais da última partida:
Uma lição de humanidade, de alegria, de partilha.
Nunca esqueceremos o teu sorriso bondoso,
Nem o teu exemplo de generosidade.
Foste uma homem de palavra e de palavras,
Que nunca usaste como arma de arremesso
Contra ninguém.
Viveste pobre, morreste pobre,
A maior riqueza que nos deixas
São os valores que deram sentido à tua vida
Na terra,
Na tua terra, na tua família.
Bem como as gratas memórias
Que registámos da tua passagem terrena.
Estamos tristes por que partes,
Sem poderes contar a tua última história,
Sem poderes dizer o teu último verso,
Mas felizes por termos tido o privilégio de te ter como pai.
Para nós, teus filhos, foste e serás sempre
O melhor pai do mundo.
Boa e santa viagem, nosso querido pai!
Até sempre!
Teus filhos Luis, Graciete, Zairinha, Béu;
Tua nora e teus genros, Alice, Calado, Mário e António;
Continua a velar por nós e amar-nos,
Como sempre o fizeste.
Nosso querido avô e bisavô:
Os teus netos e bisnetos,
Que são tantos como um equipa de futebol
E seis suplentes,
Tiveram privilégio de conhecer-te em vida,
E de privar contigo
Nos bons e nos maus momentos…
Mais: tiveram a rara felicidade de estarem junto de ti
Na hora, difícil, da tua partida deste mundo.
Não esqueceremos que
A todos nos pegaste ao colo,
Nos ajudaste a dizer as primeiras gracinhas,
A dar os primeiros passinhos.
Avô lindo, avô velhinho:
Obrigado pelas histórias que nos contaste,
Obrigado pelo teu carinho,
Obrigado por tudo.
Os teus netos e bisnetos continuarão a falar de ti
Com a mesma ternura e orgulho
Com que tu falavas deles.
E sabemos que lá no alto
Tu continuarás
A ter orgulho neles!
Por nossa parte,
Não te vamos dececionar!
Continua a velar por nós e a proteger-nos,
Como sempre o fizeste,
A nós,
Aos nossos pais e às nossas mães.
Adeus, avozinho,
Até sempre!
Raquel Calado, em nome dos teus 12 netos e 5 bisnetos
____________(*) Vd. poste de 8 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9716: In Memoriam (116): O senhor Luís Henriques (pai do nosso editor Luís Graça), faleceu hoje, dia 8 de Abril de 2012, aos 91 anos, na Lourinhã (Tertúlia)
Vd. último poste da série de 9 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9722: Blogoterapia (207): O meu dia de aniversário, vivido na Sexta-feira Santa, foi especial (Joaquim Mexia Alves)
3 comentários:
Camarada
Nestas alturas não se sabe o que dizer.
Nada do que se diga ajuda.
Tudo o que se disser vem a mais.
Não há ajuda que se possa dar.
Os psicólogos dizem que é necessário "fazer o luto" ou "realizar o efeito da catarse"...
Só o tempo...
Um Ab. do
António J. P. Costa
Caro Luís
Tanta saudade que o tempo trará!
Mas, felizes os que tem saudades dos seus mortos!
Felizes, porque eles não partem, eles permanecem, apenas não os vemos.
É um preço que pagamos pelo bem que tivemos!
Ao longo do resto da nossa vida, iremos misturar lágrimas e sorrisos, recordando grandes momentos, e o tempo, só o tempo, se encarregará de desvanecer as saudades, e permanecerão para sempre , as lembranças.
Força!
Um abraço
Felismina
Caro Luis,
Receba um abraço solidário, nesta hora de dor.
Vasco Pires
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