quinta-feira, 12 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9739: Estórias avulsas (60): “Estórias lá para a banda de Bedanda” (Luís Gonçalves Vaz/Mário de Azevedo)



1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz (foto do lado direito), membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou-nos a seguinte mensagem, apresentando-nos o seu primo Mário José Lopes de Azevedo, que foi Furriel  Miliciano de Artilharia da CCAÇ 6, BEDANDA, 1970/72.



A famosa e feliz foto do ex-Alf Mil Médico Amaral Bernardo: a saída do obus 14, de noite. "Foi tirada com a máquina rente ao chão. Bedanda tinha três. Uma arma demolidora. Um “supositório” de 50 quilos lançado a 14 km de distância... 



  3 fotos do álbum de memórias do Mário de Azevedo 

Camarigos,

Ontem passei o dia, perto de Ponte de Lima, num lugar espectacular, em casa do meu primo Mário Zé. 

Sabem quem é? 

É mais um ex-combatente que esteve na Guiné a “fazer a guerra”, o Mário José Lopes de Azevedo, Ex-FURRIEL MILICIANO na CCAÇ6 em BEDANDA de 70/72

Eu já sabia há muito tempo que ele tinha combatido na guerra da Guiné, antes de eu lá ter estado, mas desta vez, contou-me inúmeras histórias, nomeadamente do muito fogo que fez, como artilheiro com o seu obus 14, para apoiar “respostas” a ataques do IN, a diversos aquartelamentos da Zona. 

Desafiei-o a realizar um “Artigo” para o nosso blog, e ele prometeu-me que iria pensar nisso. Mas das “estórias” que me contou ontem, aquela que me ficou na “retina”, envolve-o a ele e um outro militar, de apelido já não me recordo. 

Vou aqui apenas citar a sua parte final, numa bela noite em plena época seca (penso que era uma noite…) e numa amena cavaqueira, um grupo de militares de Bedanda, alguns com grande responsabilidade no aquartelamento, estavam a beber cerveja muito calmamente, quando de repente… se inicia um forte ataque ao aquartelamento, em que o Furriel Mário Azevedo (por sorte ou azar…), caiu no mesmo abrigo que um outro militar, que por ironia do destino seria seu superior, e este último com um ar natural, ordenou ao furriel Azevedo: 

“Então furriel Azevedo, não vai para junto do seu obus? (as explosões sucediam-se…).

O furriel Mário Azevedo respondeu também naturalmente: 

“Eu vou já meu … (já não me lembro do posto desse militar!)… se vier comigo até lá…”, pois ainda eram uns 150 metros até o obus 14 cm do furriel Mário Azevedo… 

Parece que ficaram os dois, no mesmo abrigo, até a “coisa” acalmar… E felizmente, segundo me contou o ex-furriel Mário de Azevedo, não houve vítimas a registar. 

Na altura deste pequeno episódio, a Companhia de Caçadores 6 (CCAÇ 6) era então comandada pelo jovem Capitão de Cavalaria, Carlos Ayala Botto, futuro ajudante de campo do General Spínola. 


Fotografia tirada no bar do aquartelamento de Bedanda", o Furriel Artilheiro, Mário Azevedo é o de óculos, ao lado direito do alferes médico Mário Bravo. Em primeiro plano, do lado direito, o furriel miliciano Pires. Ao lado direito do Mário de Azevedo é o Furriel Monteiro.
  
Mas o grande objetivo deste artigo/mensagem, é em nome deste ex-combatente, o furriel artilheiro Azevedo, mandar um grande abraço para todos aqueles, que com ele conviveram, em Bedanda, entre o mês de Junho de 1970 e o mês de Julho de 1972, especialmente os seguintes furriéis: 

Furriel Mil Pereira (Artilheiro) de Tomar
Furriel Mil Domingos (Artilheiro) de Gaia
Furriel Mil Ribeiro (Atirador) de Guimarães
Furriel Mil Revés (Amanuense) do Algarve
Furriel Mil Carvalho (Atirador) de Famalicão
Furriel Mil Azeredo (Atirador) do Porto
Furriel Mil Magalhães (Atirador) de Barcelos
Furriel Mil Pires (o da fotografia do lado direito)


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > 1971/72>  O Alf Mil Médico  Mário Bravo, entre os furriéis da companhia, estando ao seu lado direito, o Furriel Artilheiro, Mário de Azevedo. O militar da viola é o Cabeças, e o furriel ao lado do Mário de Azevedo é o Monteiro. É nítida a boa disposição, a boa música e um bom uísque. Segundo dados recolhidos no nosso Blog, O alferes médico, Mário Bravo não terá estado mais do que 4 meses em Bedanda (entre Dezembro de 1971 e Março de 1972, com algumas saídas, pelo meio, até Guileje, Gadamael e Cacine).

Brevemente teremos um artigo do Mário de Azevedo de Braga, pois eu vou lembrando-lhe…

Forte Abraço:
Luís Gonçalves Vaz
(Tabanqueiro 530) 

Fotos 2, 3 e 4: © Mário de Azevedo (2011). Direitos reservados.

Nota: As fotografias 5 e 6 foram retiradas do nosso Blogue.
___________
Notas de MR:


O nosso Amigo e Camarada Mário Azevedo é mais um elemento da CCAÇ 6, a dar sinais de vida e das suas memórias, juntando-se a vários Camaradas daquela unidade que, ao longo da vida do blogue, aqui têm vindo prestar os seus depoimentos e expor as suas fotos, de que momento me consigo lembrar: 

Hugo Moura Ferreira, ex-Alf Mil At Inf, 1966/68
Artur Ferreira, ex-1º Cabo Enf, 1968/70
Carlos Ayala Botto, (Cor Cav, situação de reforma, Cmdt da CCAÇ 6), 1970/72.
José Figueiral, ex-Alf Mil, 1970/72
Mário Bravo, Alf Mil Médico, 1971/72
Pinto Carvalho, ex-Alf Mil, 1971/72
Carlos Azevedo, ex-1.º Cabo, 1971/72,
António Teixeira, ex-Alf Mil, 1971/73
Vasco Santos, ex-1º Cabo Op Cripto, 1972/73

Em nome do Luís Graça e demais Camaradas desta já imensa tertúlia, apresento ao Mário José Lopes de Azevedo os nossos melhores votos de boas vindas e estadia entre nós, aproveitando para lhe recordar, também eu, que ficamos à espera das suas histórias e das fotos que adivinhamos ainda ter no seu espólio.

(*) Vd. também desta série o poste:


7 comentários:

António disse...

Meu caro Luis Vaz:

Estive também em Bedanda na mesma altura e lembro-me muito bem do Mário Azevedo. Sou o ex-alferes António Teixeira, e é engraçado que estas fotos aqui "postadas", foram feitas no meu laboratório de fotografia, que ficava nas traseiras da enfermaria.
Teria muito interesse em contactar com o Màrio, sobretudo nesta altura, pois vamos realizar o nosso 2º encontro no dia 9 de Junho, e muitos dos amigos dele vão lá estar, como o Candido Monteiro, O Pires, o Cabeça, o Mário Bravo e , creio eu, o ex capitão Ayalla Botto, grande entusiasta deste encontro.
E talvez o Mário também me conseguisse localizar mais algum pessoal...isso seria ouro sobre azul.
Para me contactar poderá utilizar o meu mail:

ahoct@netcabo.pt

ou o meu TM

917803681

Um grande abraço a vocês dois

António Teixeira

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro António Teixeira:

Já dei a "notícia" ao meu primo Mário! Ficou contente e vai-te ligar ainda hoje, e disse-me que tem vontade de ir ao vosso encontro de 9 de Junho, quer é saber as "coordenadas" desse mesmo encontro!

Grande Abraço:

Luís Vaz

Anónimo disse...

Rectifico

O "supositório" do obus 14,pesava 45 kg e o alcance máximo era 16,5 km.

Se tem importância..não,não tem.

Agora, porque na altura tinha.

O artilheiro "picuinhas"

C.Martins

Anónimo disse...

Nas flagelações aos aquartelamentos os infantes tinham a obrigação de correr para os abrigos.. E BEM.
Os artilheiros tinham a obrigação de correr para os obuses..só que às vezes essa obrigação nem sempre era concretizada, ou então era por etapas..corre..deita ..levanta..corre..etc e tal..ah e nos espaldões estávamos de "mona ao léu", para arejar os neurónios, é que aqueciam muito com as contas que tínhamos que fazer..ou julgam que aquilo era só meter granadas e cargas e disparar ao calhas...bem não digam nada, é segredo,..às vezes..mas só às vezes era assim.

C.Martins

Anónimo disse...

Todos vós tendes sorte de poder compartilhar memórias com outros camaradas-de-armas do mesmo tempo, da mesma companhia, do mesmo pelotão, da mesma mesade bejecas.
Unhappily, cá o je o moi, só pode partilhar memórias ... sózinho pois do meu tempo emBedanda(63/64)e1964/1965 em Bolama. Nobody aparece.
Mas dos meus amigos da 6ªC.C já ganhei amizades, mas eles não entendem o que era defender e atacar, sem obuses, sem G-3 (só mais tarde) apenas com Mausers 1904 e 1938 e ser flagelado lá no cimo cerca de duas vezes por mês, mas lá embaixo, onde estive destacado era duas a tres vezes por semana pape qui paré!!!" Mas tenho gratas recordações e tenho saudades dos tiros passando ...por cima e ao lado,das granadas rebentando perto das casas, e por aí fora ....
Era bem melhor que ouvir as notícias .... sempre negativas destes ...não digo mais, venham os tiros os rebentamentos que serão saudadoscom um sorriso ...
Rui Santos
ex-militar

Anónimo disse...

Estive em Bedanda nos anos de 1970-72 com o Mário Azevedo sendo do curso dele. Sou o furriel Pereira, de artilharia.

Agradeço, se possível, o contacto do Mário para lhe dar um abraço. O meu email é antoniodiaspereira@gmail.com.

Unknown disse...

Boa tarde Caro companheiro Luís Graça, também fui Furriel Miliciano Sapador, mas em Moçambique entre 1971 e 1973, na C. C. S, do B. Cac. 3842, com mata-bicho, porque o batalhão que nos ia render foi desviado para a Guiné, no navio Niassa, Navio que também nos levou a Moçambique, depois viemos de volta num Boeing 747 militar. Se for possível gostava de falar contigo, porque eu estive com o meu pai em Bedanda, que trabalhou na Casa sociedade ultramarina em 1949 e a minha irmã e dois meus irmãos. Da minha parte seria interessante, uma ligação, entre todos aqueles que foram obrigados a deixar a família, e muitos infelizmente não voltaram.
neste momento estou a preparar com um colega professor meu colega em Viana do Castelo, jovem Doutor Henrique Rodrigues, sobre a guerra colonial, em relação o que se passou connosco. Um abraço. Fernando Viana