1. Em mensagem do dia 7 de Abril de 2012, o nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), enviou-nos os anexos I, II e III referentes à VII Parte das Memórias da sua Companhia.
MEMÓRIAS DA CCAÇ 798 (8)
De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné
De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné
Uma Perspectiva a Partir de Gadamael Porto - 65/67 (VII Parte) Anexos I, II e III
O Diagrama anterior evidencia a sequência da ocupação de toda a Fronteira Sul pelas NT, onde Guileje aparece em último lugar. Se esta sequência manifesta o grau de prioridade, teremos de concluir que, nessa altura, a zona de Guileje não era prioritária. Só muito mais tarde a CCAÇ 726 (28/10/64) se instalou em Guileje, 17 meses depois da CCAÇ 273 ter chegado a Cacine. (15/MAI/63).
Mas mudam-se os tempos e alteram-se as situações e as estratégias, o que levou o Gen. Spínola a extinguir Sangonhá/Cacoca (29/JUL/68), Gandembel/Balana e Mejo (28/JAN/69) e mais tarde Ganturé (13/MAI/70). Guileje retirou (22/MAI/73) para Gadamael.
É oportuno referir que o Pelotão que ocupou Guileje (04/FEV/64) era da CART 495, sediada em Aldeia Formosa, o que reforça a ideia de que, inicialmente, a zona não era nem perigosa nem prioritária. Mas o “Corredor da Morte” começou nesta altura e aqui.
FONTES: Vários, in Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
O Cronograma anterior apresenta todas a Companhias que fizeram parte da guarnição de Gadamael de 63 a 74, respeitando a sequência e a titularidade da sua presença no Setor.
Critérios:
1 – Dada a existência de sobreposição, a data que consta no Cronograma, refere-se à chegada da Companhia que rende, a menos que esta não seja conhecida. Neste caso, indicou-se a data da partida da Companhia rendida.
2 – Havendo discordância de datas, optou-se por aquela que parecia mais provável, quanto à origem da fonte e/ou quanto ao contexto da informação.
Fontes:
Principal – Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, particularmente através dos contributos de Luís Graça e Daniel Matos em P 7186 e Luís Graça em P7156.
Secundária - Batalha de Gadamael, ULTIMA MISSÃO de José Moura Calheiros De Recurso – E. M. E.- RESENHA HISTORICO-MILITAR DAS CAMPANHAS DE ÁFRICA – Fichas das Unidades, 7º Vol. Tomo II (61 – 74)
Nota a) - Refere-se à CCAÇ 8350, após a retirada de Guileje.
Notas:
1 – A representação do Armamento apresenta algumas descontinuidades resultantes da falta de elementos, o que não condiciona a perceção da tendência da situação. Lembro que, das Companhias que constituíram a Guarnição de Gadamael Porto, de DEZ/73 a JUL/74, ¼ não estão representadas no Blogue, o que dificulta ou mesmo impede, a recolha de elementos e os contactos para a sua obtenção.
2 – A deslocação de subunidades em reforço, não foi tida em conta na elaboração do Diagrama, a não ser, quando a sua presença assumiu um caráter permanente.
3 – Note-se que até 13/MAI/70, data o abandono de Ganturé, o Armamento do Setor estava distribuído por dois Aquartelamentos.
O Diagrama dá uma visão geral do que foi o reforço em Pessoal e Armamento, em Gadamael Porto de 63 a 74, mas admite outras leituras importantes: - Sublinho, em primeiro lugar, os anos charneira de 68/70 a que corresponde a concentração da população vinda de Sangonhá, Cacoca e Ganturé e consequente dilatação do Setor operacional para Sul. A esta alteração, por si só considerável, acresce um aumento da atividade do PAIGC, em certos períodos, o que determina um aumento do apoio de fogos. Finalmente, a necessidade de defender, a “todo o custo” Gadamael Porto em 73/74, também está bem documentada no Diagrama, através do reforço do Pessoal e Armamento.
Claro que não se pode comparar o que não é comparável, mas a tentação é grande, de comparar os efetivos e o apoio de fogos concentrados em Gadamael Porto em 73/74, com a possibilidade de dispersão dos mesmos, distribuídos por vários Aquartelamentos ao longo da Fronteira Sul. Por outro lado, pode ainda colocar-se a questão de saber se a concentração de efetivos, em Gadamael Porto, cerca de 600, não pode reeditar uma situação de risco, perante um novo ataque de Artilharia do PAIGC, à semelhança do que aconteceu em MAI/JUN/73. Questão complementar da anterior, é saber até que ponto a impreparação das defesas do Aquartelamento foi resolvida de maneira a resistir à artilharia do PAIGC.
A resposta a estas questões, embora pertinente, implica um outro tipo de análise que vai muito para além do âmbito deste anexo, mas haverá com certeza, na tertúlia, quem tenha respostas esclarecidas sobre estes assuntos.
Fontes:
Principal – Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, através das Apresentações, Comentários e Correções.
Secundária - Batalha de Gadamael, ULTIMA MISSÃO de José Moura Calheiros.
Outras Fontes:
1 – A necessidade de elementos concretos para a elaboração deste Diagrama obrigou ao contacto direto de vários camaradas que fazem parte da Tertúlia, constituindo assim fontes adicionais que passo a identificar: Ex. Fur. Mil. Luis Guerreiro; Ex. Alf. Mil. Vasco Pires; Cor. na reserva Morais e Silva; Ex. Alf. Mil. José Gonçalves.
2 – A recolha de elementos excedeu mesmo os contatos existentes no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, pelo que houve necessidade de recorrer a outras fontes que passo a identificar: Ex Militar Manuel Teixeira da CCAÇ 3518; Ex 1º Cabo Mecan. Artur Machado do Pel. FOX 3515; Ex. Alf. Mil. Lopes Monteiro da CCAÇ 3518.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 7 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9577: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (7): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar
14 comentários:
Obrigado, Manuel Vaz, pelo carinho e interesse com que recolheste e trataste a informação relativa ao dispositivo militar em Gadamael, ao longo dos anos de guerra. Gostei particularmente do cuidado e sentido estético que puseste na criação do teu gráfico. Um exemplo a seguir!... Muitos parabéns!...
Manuel Vaz
Parabéns e obrigado pelo teu muito bom trabalho. No entanto um pequeno reparo,é que existe sempre uma tendência,para nos esquecermos da chamada tropa macaca e aqui venho defender a minha dama...a 3ªCCaç do 4612/72. Esteve em Gadamael Porto em Junho de 73,também lá passámos algumas horas debaixo de fogo, fizemos patrulhamentos em conjunto com as Compªs de páras,salvo erro a 121 e a 123,pois parece-me que a 122 já tinha saído de lá.
Este é o meu pequeno reparo e mais uma vez parabéns pelo teu trabalho
Abraços
Jorge Canhão ex-furr.mil. atirador de infantaria
Olá Camarada
Parece-me um estudo importante por abordar o que sucedeu em Gadamael e também no Sector do antigo Batalhão de Buba, que tinha tropa de Gadembel a Cacine. Este trabalho poderá ser base a uma pergunta simples, mas de resposta complicada: aquilo que recebi dos "velhos" era tacticamente melhor ou pior do que aquilo que passei aos "piriquitos"? A resposta é importante e, mesmo que seja "recebi e passei sensivelmente a mesma situação", já é mau que assim tenha sido.
Era curioso fazermos estudos destes para outros locais. Assim poderíamos ter uma percepção mais concrecta do evoluir da situação.
Obrigado e um Ab.
António J.P. Costa
Camarada Luis Graça:
Agradeço o teu comentário que muito apreciei. Um grande abraço.
Manuel Vaz
Camarada Jorge Canhão:
Agradeço o teu reparo, mas em toda a pesquisa que fiz e foi muita, nunca encontrei qualquer referência à tua Companhia. Mesmo na "A Batalha de Gadamael", capít. do Livro "A última Missão", onde aparecem referências concretas à atuação das NT, a tua Companhia não é referida.
De qualquer maneira, o caráter transitório da Vossa passagem por Gadamael, não justificava a inclusão da Compª,nem no Anexo II, por apenas se referir à Guarnição, nem, nem no Anexo III, conforme se refere na nota 2)do mesmo.
No entanto fizeste bem em forneceres mais um apontamento para a História de Gadamael. Um abraço.
Manuel Vaz
Camarada António Costa:
Agradeço o comentário que reputo de estímulo para continuar o meu trabalho. O Anexo IV que está em fase adiantada, até certo ponto, será uma tentativa de resposta a "aquilo que recebi dos velhos..."
Um abraço
Manuel Vaz
Camarada Manuel Vaz
Recém chegado do estrangeiro, e ao ler o blog deparo com este trabalho sobre Gadamael.
As informações aqui expressas em gráfico estão correctas.
Em 74 seria provavelmente em todo o T.O. da Guiné o aquartelamento melhor dotado tanto em meios humanos como materiais.
Sobre a questão se estaríamos preparados para os ataques de artilharia do IN, posso dizer com toda a certeza que sim.
Para além dos meios materiais de que disponhamos,já aqui referi em comentários anteriores,com a reacção de incredibilidade de alguns, que tínhamos em stock material de guerra em maior quantidade do que as próprias chefias em Bissau certamente pensavam.
Tínhamos abrigos suficientes,nomeadamente os das transmissões e enfermaria eram feitos de betão.
Quero realçar que a Ccaç 20 era quase toda constituída por elementos oriundos dos comandos africanos.
Após a retirada de Guilege,Gadamael em termos estratégicos valia zero,estávamos ali apenas a servir de carne para canhão.
Um artilheiro de Gadamael
C.Martins
Canhão,
Tu e eu e muitos outros, sonhamos que estivemos em Gadamael...
Até sonhamos com um eclipse no inicio de Julho, lembras-te, que nos ia eclipsando...
De qualquer maneira, fomos eclipisados históricamente!
Bernardo
Canhão,
Tu e eu e muitos outros, sonhamos que estivemos em Gadamael...
Até sonhamos com um eclipse no inicio de Julho, lembras-te, que nos ia eclipsando...
De qualquer maneira, fomos eclipesados históricamente!
Bernardo
Caro Manuel Vaz,
Parabéns, pelo trabalho de resgate, dessa guerra de Gadamael Porto, tão marcante, para tantos de nós.
cordiais saudações
VP
Olá Camarada
Volto à antena, apenas para lembrar que algures no blog há intervenções minhas sobre o ano de 1968 que podem, indirectamente, fornecer dados sobre o evoluir da situação "neste sector do TO daquela PU". É período da construção e manutenção de Gandambel e da supressão do sector Sangonhá-Cacoca.
Um Ab do
António J. P. Costa
Caro camarigo Manuel Vaz
Excelente trabalho.
Muito carinho, muita dedicação.
É uma obra de fôlego e aponta pistas para como se pode utilizar as informações que estão aqui plasmadas no Blogue (e não só), de modo a aprofundar a História.
Parabéns!
Abraço
Hélder S.
Canhão:
Tu e eu e muitos outros, sonhamos que estivemos em Gadamael...
Até sonhamos com um eclipse no inicio de Julho, lembras-te, que nos ia eclipsando...
De qualquer maneira, fomos eclipsados históricamente!
Bernardo
... se me dão licença, venho lavrar neste v/território para deixar mais uma semente "auxiliar de memória":
Em 18Jun73, a 3ª/BCac4612/72 «foi atribuída em reforço temporário do COP5, seguindo para Gadamael e onde se manteve até 13Jul73»; (cf pg.180 de umas das fontes secundárias, supra citadas pelo autor deste postal).
QED, nenhum gadamaelense foi "eclipsado historicamente"...
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