Retomando o meu percurso na Guiné
Depois dos 45 dias em Mansabá eis o Pel Caç Nat 54 de volta a Bissau. Já agora a composição do Pelotão:
Alferes:
Carlos Alberto de Almeida Marchã
Furriéis:
Arlindo Alves da Costa (Ferido em Combate)
Álvaro Valentim Antunes (Morto em Combate)
José Antonio Viegas
Cabos:
Coelho (Ferido em Combate)
Manuel (Ferido em Combate)
João Simão - Telegrafista
A restante composição era feita por Fulas, Mandingas, Papel e Olof.
Os poucos dias que estive em Bissau, foi para tomar contacto com a cidade, um dos sítios de encontro era o Café Bento, conhecido pela a 5ª Rep, onde encontrei amigos que nem pensava que estavam por aqueles lados.
Neste café sabiam-se as novidades todas do mato e também as histórias que contavam aos piriquitos.
Havia um pouco de tudo, aqueles que diziam que estávamos ali na guerra para defender os interesses da CUF que era representada pela Casa Gouveia, outros que diziam que ainda iam voltar situações piores que a Ilha do Como.
Os frequentadores assíduos do Café aconselharam-me logo que se quisesse bons livros era falar com o Sr. Bento, pois que certos livros a Pide ia lá buscar, mais tarde tive ocasião de presenciar.
Passados que foram estes curtos dias em Bissau, lá fomos embarcados nos barcos da Casa Gouveia, que iam levar abastecimentos a Bambadinca, e navegando rio Geba acima durante a noite, aconchegados da humidade no meio da carga.
Chegámos ao Enxalé pela manhã. As barcaças encostaram, não havia cais, fomos recebidos pela Companhia 1439 e pelo Pel Caç Nat 51 que já estava naquele aquartelamento.
Fui encontrar o pessoal da CCAÇ 1439 um pouco desmoralizado pois um mês antes, em Outubro, tinha rebentado uma mina em Mato Cão, na ida houve um primeiro rebentamento que pulverizou um soldado açoriano, e na volta outro rebentamento que resultou na morte do Furriel Mano.
Esta Companhia era comandada pelo Capitão Pires, um grande homem e um bom operacional.
A nossa primeira saída foi para ir a Bissá onde o BCAÇ 1888 queria fazer um destacamento.
Fomos direito a Porto Gole e depois seguimos para Bissá, era impressionante ver aquele aldeamento, no chão balanta, no meio de uma grande clareira com bastante gado e celeiros de arroz enormes.
Lembro-me do Cap Pires dizer:
- Um destacamento aqui, no meio de um dos principais fornecedores do IN? Vai correr muito sangue.
E foi verdade, entre 1967 e 1968 muitos morreram e muitos ficaram feridos.
Regressámos com gado comprado para a Companhia.
Nesta mês de Novembro a nossa missão era fazer colunas a Missirá e a Porto Gole e umas operações na zona. Lembro-me do Alferes Zagalo de Matos que quando saía para as operações o seu ordenança trazia o camuflado impecável e as botas a brilhar, tinha que estar todo a rigor. Ainda há dois para três anos, quando o encontrei nas suas andanças teatrais, lhe falei nisto que ele recordou com saudade. (Já partiu).
Havia na Companhia um Furriel que era professor, o Farinha, dava aulas aos militares, a maior parte madeirenses, alguns analfabetos, e dava aulas numa escola improvisada no aldeamento, não esqueço a fome de aprender daquelas crianças.
1966 > A caminho do Enxalé
Cais do Enxalé > Eu, o Alf Mil Marchã e o Fur Mil Enf da CCAÇ 1439
Operação Vaca
____________Nota de CV:
(*) Vd. poste de 23 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10852: Efemérides (113): Lembrando o ataque a Missirá em 22 de Dezembro de 1966 (José António Viegas)
2 comentários:
Viegas, meu grande camarigo
Só hoje vim espreitar o Blog e gostei do teu Post. Continua.
Só um pequeno reparo: quem estava à tua espera no Enxalé era eu com o 52 e não o 51, este estava em Guileje, como por lapso teu ou do editor saiu no Post. Grande abraço. Henrique Matos
AMIGOS,COMPANHEIROS,CAMARADAS,C.CAÇ 1439,BRAVOS AVANTE,OS MADEIRENSES.BAMBADINCA,ENXALÉ,MISSIRA,PORTO-GOLE.
EU, JULIO MARTINS PEREIRA,SOLDADO,TRANSMISSÕES,26523/65.EU,esteve naquela companhia de 65a67 e quando lá cheguei a mesma ja se encontrava em Bambadinca o que nos aconteceu, 2 dias depois da minha chegada foi irmos fazer uma OPERAÇÃO prós lados do XIME,ai na minha primeira saida foi acompanhar o nosso «Cap. Pires» para recebere transmitir as informações adequadas ão bom desempenho daquela função.
Depois fomos para o Enxalé,ali as tropas foram divididas umas para Missira outras para Porto-gole e as restantes ficaram lá.
eu fui para Missira com o Alf.zagalo
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