terça-feira, 26 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11319: (Ex)citações (216): É lamentável que se perfilhe a teoria propagandista do IN/PAIGC, segundo a qual este cercou Guiledje em Maio de 1973 (Carlos Silva)


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3477 (Novembro de 1971/ Dezembro de 1972) > Foto aérea de 1972 do aquartelamento e tabanca de Guileje, tirada no sentido oeste-leste.

Foto: © Amaro Samúdio (2006). Direitos reservados.

1. Comentário deixado no Poste 11297 pelo nosso camarada Carlos Silva (ex-Fur Mil Inf CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71), no dia 24 de Março de 2013:

Amigos e Camaradas

A propósito do Post 11297 da autoria do Cor Coutinho e Lima em resposta ao que é publicado no livro “Alpoim Calvão Honra e Dever” a págs 311, de facto é lamentável que os autores, pelo menos os 2 militares, perfilhem a teoria propagandista do IN/PAIGC, segundo a qual este cercou Guiledje em Maio de 1973.

Aliás, até são contraditórios, pois por um lado dizem que o “…. PAIGC cerca Guidaje, a Norte, GUILEJE, na fronteira com Conakry “ e referindo ainda “…. Perante a incredulidade do inimigo que demora muitas horas até se aperceber de que estava a CERCAR uma instalação militar deserta.”

Afinal é caso para perguntar. O IN cercou ou não o nosso aquartelamento de Guileje??
Daqui resulta claro que não. E só quem não está de boa fé ou que não foi militar ou que não conhece os factos, só pode revelar uma ignorância desta natureza.

Já Aristides Pereira no seu livro “Uma Luta, um partido, dois países” pág. 205 mente descaradamente quando refere: 

“...Em fins do terceiro trimestre de 1972, Cabral, depois de aferir da importância do quartel como peça mestra de um dispositivo que pretendia reconquistar o controlo da fronteira sul, havia concebido o plano de assalto e tomada da fortificação de Guiledje, o que, porém, só veio a concretizar-se nos meses que se seguiram ao seu assassínio…..”, reafirmando a seguir: “Foi em Maio de 1973 que o PAIGC atacou e tomou Guiledje, o quartel mais bem fortificado da frente sul, que, pela, sua importância e localização, funcionava como ponto estratégico a partir do qual as forças coloniais controlavam a movimentação das FARP no Sul da Guiné em ligação com outras guarnições de menor importância.”

É nesta onda de mentira que também os autores do livro “Alpoim Calvão… “ e outros camaradas pactuam, deturpando os factos e prestando assim um mau contributo para a nossa História.

Meus Amigos, abstenham-se de pactuar com tretas destas. E se assim não é, então desafio para que apresentem provas concretas de que as vossas afirmações são verdadeiras, o que não conseguem.

Eu já aqui apresentei testemunhos relativamente à inexistência do mito do cerco a Guiledje, em comentário a propósito dos Posts 5403; 5417 e 5432, o qual reitero e aqui reproduzo.

“Não vou pronunciar-me sobre a retirada de Guileje, nem sequer fazer apreciações sobre a mesma, porquanto, não estive lá e felizmente não passei por esse pesadelo e nem sequer vou pronunciar-me sobre a tomada da decisão da retirada ou sobre a visão que cada um tem sobre esses momentos que viveu, deveras difíceis. Pois cada um tem a sua própria visão dos factos.

Compreendo as diferentes reacções que cada camarada possa ter tido naquelas situações vividas, na medida em que, eu próprio passei por diferentes situações complicadas e tive reacções diferentes nesses momentos.

Dito isto, apenas quero salientar que não concordo com a expressão que se vem referindo “cerco de Guileje” porquanto, das provas documentais, documento escritos, fotografias, etc. resulta claro que não houve cerco ao aquartelamento de Guileje, tanto que, em lado algum li ou ouvi referências onde o IN estivesse posicionado durante o hipotético cerco. Aliás, na audiência que um grupo de camaradas teve com o falecido Presidente Nino em 5 ou 6-3-2008 que se deslocaram à Guiné para participar no Simpósio de Guileje, onde estive presente, bem como, o Sr Cor Coutinho e Lima, Luís Graça, Abílio Delgado; José Carioca e outros, como não poderia deixar de ser, foi abordada a questão da retirada de Guilege. 

Nessa audiência recordo que o Presidente Nino falou sobre os constantes bombardeamentos de artilharia do PAIGC ao aquartelamento de Guileje e disse também que tiveram conhecimento da retirada das NT do local posteriormente e que passados 3 dias foram lá com todas as cautelas possíveis, pois as NT poderiam ter deixado o local armadilhado.
Feito o reconhecimento da zona, retiraram sem efectuarem qualquer ocupação efectiva. 


Em Março/2009, estive novamente em Guilege, Gandembel, Candembel [corredor da morte] onde falei com um ex-Comandante que actuava na zona, o qual também acompanhou-nos durante o Simpósio ano transacto e falámos sobre o tema. Claramente lhe disse, argumentando com os testemunhos atrás invocados, que não tinha havido “cerco a Guileje” e ele concordou comigo.

Face aos testemunhos atrás mencionados, tenho para mim, que não existiu qualquer cerco a Guileje, salvo o devido respeito que é muito, por opiniões contrárias.

Carlos Silva Ex-Fur Mil CCaç 2548/Bat Caç 2879”

____________

Nota do editor:

Vd. último poste da série de 22 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11297: (Ex)citações (215): O ataque a Guileje (Maio de 1973) e o livro "Alpoim Calvão - Honra e Dever" (Coutinho e Lima)

16 comentários:

António Martins Matos disse...

Caro amigo
Não se zangue por tão simples assunto.
Não sei por onde tem andado mas, se estivesse com atenção, devia ter verificado que os que defendem o grande cerco do Guileje com milhares de guerrilheiros do PAIGC, são poucos e sempre os mesmos.
Um ponto é fulcral, nunca conseguem explicar como, apesar desse cerco tão operacional, o PAIGC não se conseguiu aperceber da fuga de 600 pessoas.....
Ainda assim e se tiver dúvidas, leia o post com que há quatro anos entrei neste blogue, o P3737.
Abraço
AMM

Luís Graça disse...

Poste a que se refere o nosso camarada António Martins Matos, ex-Ten Pilav (BA12, Bissalanca, 1972/74):

14 de janeiro de 2009
Guiné 63/74 - P3737: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (11): Um erro de 'casting', o comandante do COP 5 (António Martins de Matos)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2009/01/guin-6374-p3737-retirada-de-guileje-pro.html

Anónimo disse...

Caros Camaradas:
Não havia necessidade (como dizia o outro) de se voltar a falar neste assunto, de tão dolorosas recordações, para muitos camaradas nossos.Porém, já que se fala...então falemos.
1º Conceito de cerco.
Consta do dicionário da Porto Editora "disposição de tropas em redor de uma posição inimiga"

Se quisermos forçar até ao limite, o cerco só se verifica se houver um anel de tropa em torno de uma posição, sem qualquer hiato. Ora, havia de facto um hiato ( pelo menos um) no perímetro daquele anel. Ou não havia nenhum anel mas simplesmente uma frente em meia lua? Oh pá! Onde é que eu já vou?
Não estive lá mas em Colibuia ouvimos os rebentamentos, durante uma semana, em Guiledge.
Se não foi bem um cerco foi cerca disso.
Um abração
Carvalho de Mampatá

Júlio disse...

eu estive em guilege nunca falei com
terroristas como por exemplo esse tal
nino que mandou fuzilar os melicias
e comandos africanos que pertenciao
as nossas tropas e nao so outros como
ele por isso para conhecimento da
verdade e pena voce nao ter estado la
lembrese foram semanas com centenas
de flagelacoes e nao emboscadas e os
nossos companheiros mortos as dezenas
isto era um cerco a guilege piss off

Júlio disse...

eu estive em guilege nunca falei com
terroristas como por exemplo esse tal
nino que mandou fuzilar os melicias
e comandos africanos que pertenciao
as nossas tropas e nao so outros como
ele por isso para conhecimento da
verdade e pena voce nao ter estado la
lembrese foram semanas com centenas
de flagelacoes e nao emboscadas e os
nossos companheiros mortos as dezenas
isto era um cerco a guilege piss off

Manuel Reis disse...


Mais palavras para quê?

João Carlos Abreu dos Santos disse...

...
ao Carlos Silva, «é lamentável que [neste blogue ao longo de 'n' postais e respectivos comentários] se perfilhe a teoria propagandista do IN/PAIGC, segundo a qual este cercou Guiledje em Maio de 1973».
Subscrevo, tb, por conhecimento 'de causa'.
Com um abraço, do
João Carlos Abreu dos Santos

Anónimo disse...

Não queria entrar em comentários sobre uma matéria já tão debatida, quero apenas exemplificar com uma simples história, ESTOU EM MINHA CASA COM A MINHA FAMÍLIA, CHEGAM UNS BANDIDOS QUAISQUER A QUEREM APODERAR-SE DA CASA E DO RECHEIO, E QUE FAÇO ??? VIRO AS COSTAS ?? DEIXO QUE LEVEM TUDO ?? E A MINHA HONRA ?? E QUE PENSARIAM OS MEUS FAMILIARES ??? Nada mais digo pois há muito que aqui não vinha, mas a mostarda pica para canecos.
Rui G.dos Santos

Carlos Silva disse...

Amigos & Camaradas

Sr Ten Gen António Martins Matos

1 –Não o trato por tu conforme aqui está convencionado, apesar de sermos amigos do e no blogue, como já dizia um outro nosso camarada e amigo do e no blogue…. apesar de o conhecer pessoalmente, não tenho confiança suficiente para o tratar por tu.
Eu não me zango e acompanho o diário do blogue quase desde o início, bem como leio atentamente os posts publicados, incluindo o seu artigo referenciado como P3737 e a prova disso, agora digo eu, basta ler as minhas intervenções que ultrapassam umas dezenas, assim como, os comentários. Eu não intervenho “por dá aquela palha”.
Por tal motivo, aprecio bastante as suas intervenções, porque de facto são bem fundamentadas.

2 - Resulta claro quer das suas intervenções sobre o tema Guiledje e especificamente sobre o tão propalado “cerco” que nós temos a mesma opinião, ou seja, que não houve “cerco” na altura da retirada das NT conjuntamente com a população e até agora os que defendem a sua existência não fizeram a prova de que efectivamente assim aconteceu.
Portanto, estamos em sintonia.

3 – Logo, desta sua posição que assume de forma inequívoca, infiro que não pode estar de acordo a 100% com o texto do livro “Alpoim Calvão Honra e Dever” na medida em que, lamentavelmente os autores, pelo menos os 2 militares, perfilham a teoria propagandista do IN/PAIGC, segundo a qual este cercou Guiledje em Maio de 1973, vid pag 311, isto é, contrariamente aquilo que refere no seu comentário ao Post 11297
Com um abraço
Carlos Silva

Carlos Silva disse...

Amigos & Camaradas

Vamos lá ver se a falar a gente se entende

1 – O tema sobre Guiledje não cansa e não está esgotado, embora possa estar para alguns, mas não estará com certeza para a História.
Tanto que assim é, que continuam a narrar e a publicar factos deturpados e estes jamais nós conseguiremos apagá-los ou passar uma esponja por cima deles, bem como, não conseguiremos rasgar todas as folhas dos livros onde eles vêm publicados.
Daí, a intervenção do Cor Coutinho e Lima com a publicação do Post 11297
Daí a minha intervenção neste e noutros posts, pois em minha opinião temos o DEVER de os denunciar e de os desmistificar.
Acham que devemos calar-nos e sentirmo-nos cansados perante afirmações que se fazem e transcrevo acima?
O princípio segundo o qual “ quem cala, consente” eu não o perfilho em situações destas.

2 - E já agora aqui vai outra… vejam..

“Para os guineenses, Pedro Pires será sempre um Comandante antes de ser Presidente, fazendo parte da nossa luta pela liberdade, em especial pela sua decisiva participação no assalto final ao Quartel de Guiledje, que precipitou a libertação do povo português, onze meses depois, quando também caiu o Quartel do Carmo

In - http://www.facebook.com/adbissau?ref=ts&fref=ts

Eu desconhecia de todo que Pedro Pires fez parte …. Do assalto final ao Quartel de Guiledje,

Talvez fosse ao assalto aos fantasmas que por lá pairavam…
Eis a minha resposta:

[“Não houve nenhum assalto ao aquartelamento de Guiledje e nem o mesmo chegou a ser cercado, pois, por decisão do Comandante do COP 5, este retirou do aquartelamento com militares e população sem qualquer obstáculo do PAIGC.
Aliás, ouvi da boca do falecido Presidente Nino durante uma audiência aquando do Simpósio de Guiledje em Março/2008, que eles só tiveram conhecimento da retirada uns dias mais tarde e quando lá foram, acercaram-se do local com mil cuidados, pois tiveram receio que o mesmo estivesse armadilhado.
Todos os presentes nessa audiência ouviram esta narração.
Estes factos são sobejamente conhecidos, são públicos e notórios, não há que deturpá-los. Pelo facto do PAIGC fustigar o aquartelamento com ataques/flagelações, jamais em tempo algum o tomaram num "assalto final".
E mais ainda, nunca o ocuparam efectivamente
Essa cantilena poderá e compreendo que possa servir e para cantar os feitos históricos do PAIGC, mas se assim acontecer são deturpados”]

3 – Meus caros Camaradas & Amigos
Protagonistas da Guerra Colonial e em particular os visados da retirada de Guiledje, a aceitar o cerco e o assalto final a Guiledje, qualquer dia ainda vejo murais dizendo que vos massacraram até às últimas consequências dentro do aquartelamento.
Com um abraço
Carlos Silva

Anónimo disse...

Caros Camaradas:

O que é um assalto? Mesmo sem ir ao Porto Editora, é uma entrada abrupta com neutralização dos oponentes. Ora, já não havia oponentes, nem militares nem população. Então não houve assalto, outrossim houve uma entrada do Paigc em Guiledge, seguida de uma observação do local e tomada de alguns materiais deixados pelos "nossos" e abandono do local. Agora o que disse o Sr Nino também não me parece muito credível, tendo em conta outras situações. Eu diria que a questão do cerco ou não cerco é bizantina e nem mesmo o facto de ser incontestável a existência de um hiato ou buraco por onde os nossos fugiram, pode servir para refutar que os camaradas de Guiledge estiveram cercados.Admitindo que aquele anel de sitiadores apresentava outros buracos para além daquele que permitiu a fuga, mesmo assim aceito que se tratou de um cerco. O cerco tem aqui, também uma aceção filosófica e não apenas fisíca. Na verdade, aquela gente estava isolada e abandonada. Dificultada na sua operacionalidade por graves constrangimentos ao nível do abastecimento e das evacuações.Aquela companhia estava sujeita a ver-se transformada num autêntico "agnus Dei" da guerra. Quem, de entre nós, concordava ou concorda com a consumação de um inútil sacrifício?
Não nos interessam aqui conceitos académicos sobre cercos. Isso estuda-se na Academia Militar. O que aqui importa relevar é a atitude corajosa e racional, por parte do Coutinho Lima, de recusar ser o tal "agnus Dei". Não terá esta atitude contribuído para fortalecer a ideia de que estávamos no caminho errado?
O 25 de Abril recebeu muitos contributos... de Guiledge e de muitos outros sítios.
Fico por aqui

Um abração

Carvalho de Mampatá

Anónimo disse...

Caros camaradas

Vamos com calma.

Guilege nunca esteve cercado no sentido literal e efectivo do termo.

Só que para quem conhece a zona,bastava e bastou montar emboscadas na direcção do poço que distava 4 km do aquartelamento e na picada para Gadamael e depois flagelar o aquartelamento inclusivé com peças de longo alcance colocadas em território da guiné-conakry e a morte de um soldado por falta de evacuação, e não falo das condições do armamento e munições disponíveis e ainda da recusa de reforço em homens e material por parte do Com-chefe com a ordem de "defesa a todo o custo"..onde é que eu já ouvi isto..ah..Salazar ao general Vassalo e Silva.. e estava montada a componente psicológica para a tomada de decisão do Sr.Coronel Coutinho e Lima.

Só quem nunca viveu estas situações,nomeadamente sentir-se abandonado por tudo e todos é que critica (é a minha opinião) e naquelas circunstâncias objectivas, para mim, foi a decisão correcta.

Se a decisão tomada por um oficial profissional e de carreira foi assim tão desastrosa,PORQUE É QUE NÃO FOI JULGADO ?
Responda quem souber..eu por acaso suspeito dos motivos..pois havia muita gente com mais responsabilidades com grandes culpas da "situação a que se chegou"..noto que entre estes acontecimentos e o 25 abril/74 decorreu UM ANO..ou já nessa altura os tribunais militares eram tão lentos como os actuais...mas isso não interessava nada..claro porque seria...
O que mais lamento é ver camaradas que tiveram comportamentos altamente meritórios como combatentes,julgarem na praça pública outro só pelo que ouviram dizer ou leram.

Um alfa bravo

C.Martins

Carlos Silva disse...

Amigos & Camaradas

Vamos lá ver se a falar a gente se entende.

1 - Ó Carvalho, meu amigo conterrâneo,
Não te esforces com blás, blás.
Parece que não lês bem o que é transmitido nas mensagens e o que elas consubstanciam.
O que tu escreves já todos nós sabemos pela boca e pelo punho do Sr Cor Coutinho e Lima e de outros camaradas que com ele conviveram.
Em lado algum dos meus escritos tu vês ou lerás uma tomada de posição sobre a retirada de Guiledje, e não falo em fuga ou abandono como tu e vários camaradas o fazem e também não sou Juíz e nem detentor de algum processo judicial para julgar seja quem for.

2 - Eu também estive no terreno tal como tu e compreendo as reacções que cada um possa ter tomado em situações menos boas, pois eu tive reacções também diferentes conforme as circunstâncias por que passei. Não fui herói, pois de heróis estão os cemitérios cheios.

3 - O tema que tenho abordado é a existência de cerco ou não e só isso. E tu não provas que houve.
Até prova em contrário, com todo o respeito, que é muito, por opiniões contrárias, estou convicto que não havia cerco, pelo menos na altura da retirada, pese embora o que elementos do PAIGC escrevem, quanto a cercos e tomadas de assalto etc etc.

4 - Aliás se leres bem todos os escritos do Sr Cor Coutinho e Lima que respeito muito, tu não encontras qualquer afirmação dele em que diga que na altura da retirada estava cercado.

5 - Portanto, não te esforces em vir para aqui repetir o que todos nós sabemos e não alinhes na propaganda do IN.

6 - Apenas te peço, se tiveres provas do cerco, então demonstra.
Recebe um abraço e até Gondomar
Carlos Silva

Anónimo disse...

É falso - redondamente falso e já sobejamente demonstrado, por várias pessoas e em diversas instâncias -, que, em redor de Guileje (18Mar73-22Mai73), fosse antes do abandono ao inimigo - daquela praça forte fronteiriça -, ou "durante a retirada", o PAIGC houvesse organizado uma qualquer espécie de "cerco", tivesse sido no sentido literal-livresco do termo, e muito menos em termos práticos, no terrreno; e, mesmo a conveniente teoria de o IN haver deixado "um corredor aberto", para que os (pseudo) sitiados pudessem fugir sem ser molestados, não colhe...
O que se sabe, isso sim, é que o então comandante militar de Guileje, decidiu, à revelia do comandante-chefe da Guiné, e após este o ter admoestado, rasgar a sua "carta de comando", com todas as funestas consequências, não apenas de fôro pessoal - e sobre isso nada a apontar -, mas sobremodo em vista do desprestígio das FA's de Portugal, ainda hoje indelevelmente manchadas por um tal acto de evidente cobardia frente ao inimigo.
Pode o senhor Coutinho e Lima insistir, como e onde queira, com o velho e relho argumentário justificante e que, desde final de Maio de 1973, demasiado se lhe conhece.
Não me convence; nem convencerá...
Aliás, em 1996 - imediatamente após a transmissão televisiva de uma peça sobre o assunto -, emiti sobre o assunto, publicamente, a minha perspectiva; e à qual o senhor Coutinho e Lima, em "formato" idêntico ao agora utilizado - por meio deste blogue -, contra quem do assunto opine de forma substantiva mas diversa da "versão Coutinho e Lima / Nino Vieira", deu réplica - decorrida praticamente uma década (!) -, em conteúdo absolutamente pesporrente e de evidente má-criação, sustentando-se no "direito ao contraditório".
Por mim, o contraditório já lhe foi concedido, até em demasia: ninguém se esquece do absurdo acolhimento (!) que a AM ofereceu ao lançamento do seu livro - o qual, na prática, contém qb "contraditórios" -, nem do "simpósio", respectivos participantes, apoiantes e ampla publicidade à vergonha do Exército Português em Guileje, que, alguns, classificam como "acto de heroicidade"... !

Cpts,
João Carlos Abreu dos Santos
____


Anónimo disse...

Caros Camaradas:
Por favor, respeitemos as pessoas que estiveram no epicentro do problema. Não lhes chamo heróis mas muito menos posso maltrata-los. Eles, os de Guiledge, não têm que se envergonhar de nada. Em toda a história das guerras houve gente que se rendeu e gente que fugiu do local, para não morrer. A companhia de Guiledge fugiu do local por se sentir abandonada. Tenho todo o respeito pela sua atitude que foi um ato de racionalidade visando a sua sobrevivência. As Forças Armadas de Portugal, estacionadas na Guine e também em Moçambique, estavam a caminho da exaustão e cada vez mais conscientes de que aquela guerra não fazia qualquer sentido.
Um abraço Carvalho de Mampatá

Anónimo disse...

Caros camaradas

Quem tem medo que se continue a debater abertamente Guileje e os acontecimentos ali ocorridos em 1973?

Quem tem medo do contraditório?

Serão os "poucos e sempre os mesmos" (como é dito no 1º comentário), que defendem a decisão do sr. Coronel Coutinho Lima no sentido da retirada ou, pelo contrário...
"serão os poucos e sempre os mesmos" que não se cansam de atacar e até invectivar de forma deselegante, a retirada ordenada pelo sr. Coronel, acabando por abranger nessa crítica todos os restantes camaradas que ali viveram os graves eventos.

Quanto a mim, são estes críticos, os mais "incomodados" quando se fala de Guileje. Talvez nunca tenham reparado que, em todas as guerras, houve avanços e recuos.

Quero dizer que, ao tempo, eu ainda estava na Guiné. Desde essa altura até hoje, sempre defendi que, face aos acontecimentos, foi tomada a decisão correcta. Se com ela se salvou um único camarada da morte, já valeu a pena.

Concordo em absoluto com os comentários do Carvalho (de Mampatá) e com o do C. Martins.
Conseguem explicar e bem o que é um "cerco" numa guerra de guerrilha e em determinada situação ou local (no caso, Guileje).

Também eu fico surpreendido com alguns camaradas e a sua ideia de cerco. Será que queriam ver ali em Guileje um cerco à imagem e semelhança dos cercos da Idade Média?. Parece-me bem que sim!!!


Um abraço para todos

José Vermelho