Carlos Fraga, hoje... Vive em Faro
Foto nº 85 > Trincheiras reforçadas com bidões cheios de terra no quartel de Mansabá
Fotos: © Carlos Alberto Fraga (2013). Todos os direitos reservados
1. Mensagens enviadas pelo Carlos Fraga, que passa hoje a integrar a nossa Tabanca Grande, sob o nº de ordem 611.
(i) 6 de abril de 2013
Caro Luís
Terei muito prazer em fazer parte da Tabanca Grande e em partilhar as minhas experiências da Guiné. O tempo que passei por lá é inesquecível e os convívios periódicos da 3ª Comp a que tenho ido (não todos) são óptimos.
Envio-lhe mais umas fotos da Guiné tiradas por mim. Há algumas que faltam mas terei que rever os slides todos e os negativos para detectar exactamente quais.
Mando-lhe uma listagem em anexo de legenda dos slides do DVD que o nosso comum amigo Jorge lhe enviou partindo do principio que a ordem é idêntica à do CD que também me enviou.
Não tenho nenhum obstáculo a que utilize no seu blogue as fotos desde que mencione a origem. Quanto às que adquiri e, como referi no mail, idem, desde que mencione que foram cedidas por mim sendo de autores desconhecidos.
A mim preocupava-me documentar a guerra na Guiné, como vivíamos, o que se passava etc. Daí os slides e fotos que tirei. Levava as máquinas fotográficas comigo para o mato. Pena terem-se estragado 2 rolos ( ou já estariam estragados) pelo que muitas das fotos que tirei foram à vida. Para além desses comprei a militares as fotos que consegui.
O Jorge [Canhão] já o informou do meu percurso militar. Como curiosidade digo-lhe que tomei conhecimento do MFA e aderi a ele logo mesmo quando começou. Como já se sabe, teve início na Guiné em 1973 a partir de uma reunião de oficiais em Bissau. Nesse mesmo dia em Mansoa soube do que se passava e aderi.
De regresso a Mafra, e aí já como tenente, o meu superior dentro do MFA era o Ten Marques Júnior. Posteriormente fui formar batalhão em Penafiel onde o meu superior hierárquico dentro do MFA era o famoso Cap Dinis de Almeida (fala um pouco de mim nessa altura no seu livro «Origem e evolução do movimento dos capitães»).
No dia 25 de Abril com várias vicissitudes fui para o Porto fazer o pronunciamento militar.
Posteriormente fui como Capitão Miliciano para Moçambique, comandando uma companhia durante a descolonização. Acabei nos Açores nos resquícios do Verão quente nos Açores. Ainda apanhei, também, o PREC, o 25 de Novembro. Sou me escapou o 11 de Março, em que estava de licença.
Cumprimentos
C. Fraga
(ii) 9 de abril de 2013
Caro Doutro Luís Graça
Tenho estado a ver o blog e creio que ainda não o vi todo.
A experiência da Guiné é inesquecível para quem por lá tenha passado sobretudo aqueles que estiveram em zonas de combate. Quando cheguei à Guiném Guileje acabara de cair e também por essa altura houve a questão de Guidage. Havia muita apreensão entre as NT. Tentei documentar o que por lá se passava, o que tínhamos, como vivíamos, transmitir a dureza da guerra em que estávamos envolvidos e, se possível, até imagens de combate. Daí a série de fotografias que tirei de alguns sítios por onde ia andando. Outras, dado o meu interesse, adquiri-as. Mandei-lhas separadas e com indicação expressa de umas e outras.
O vosso Blog é bem vindo e creio que partilhar as experiências e as imagens da Guiné é óptimo tanto para informação como para manter o espírito da geração que por lá passou. Assim dá-me muito prazer partilhar. Qual o vosso critério de publicação de experiências, de fotos etc. Terei gosto em participar no vosso blog dentro das orientações do mesmo, em que sejam publicadas as fotos para que não fiquem apenas em arquivo individual. Cumprimentos e um abraço C. Fraga
PS. Irei ao almoço do dia 27 em Faro
2. Comentário de L.G., com data de 10 do corrente:
Meu caro camarada Carlos Fraga;
Temos um livro de estilo, donde constam basicamente 10 regras que orientam a nossa política editorial (e que já vêm da I Série do Blogue):
Por outro lado, e como antigos camaradas de armas que fomos, tratamo-nos por tu. Carlos, vou-te apresentar à Tabanca Grande. Tenho muito apreço pelo teu CV. Estiveste, ao serviço da pátria, numa época charneira da nossa história. Foste ator social e testemunha privilegiada. A tua presença muito me/nos honra. Manda uma foto tua, atual, se possível. Um Alfa Bravo. Luís
3. Resposta do C.F., com data de 11 do corrente:
Obrigado pelas respostas.
Agora que entrei nisto que me agrada, dir-me-ás como mentor do Blog e editor como pensas que se podem publicar as minhas fotos e, eventualmente, inseri-las num contexto.
Como solicitaste, envio-te uma foto minha (a mesma que está no perfil do facebook). Tem para aí 3 anos
Abraço
C. Fraga
4. Novo comentário de L.G., com data de 11 do corrente:
Grande Carlos:
Obrigado. Vou-te apresentar à Tabanca Grande, se possível ainda hoje.. Serás o grã-tabanqueiro nº 611. As tuas fotos (e as respetivas legendas) terão direito a uma série própria...A numeração das fotos do teu CD não bate certo com as que me mandou o Jorge Canhão (via Agostinho Gaspar)... Em caso de dúvida, peço a tua ajuda... Tens documentos do teu tempo de Guiné que julgues de interesse divulgar ? E histórias ? Já percebi que tens jeito para a escrita...
Aí vai um Alfa Bravo. Luis
5. Nova mensagem do Carlos Fraga, com data de 12 do corrente:
Agradeço a minha inclusão na Tabanca Grande.
Tudo bem, fazeres uma sére com as minhas fotos. Obrigado. Talvez escreva umas curtas histórias dizendo o que significam e os porquês. Tenho jeito para a escrita mas de livros e artigos científicos. Para romance, contos etc. já não tenho esse jeito com muita pena minha. Já me pediram para escrever um livreco sobre o meu tempo de Guiné e o de Moçambique mas para isso não tenho muito jeito: Escrevi a pedido do Jorge Canhão uma curta história sobre o combate no Choquemone que, creio, o Jorge divulgou pela malta que lá estava a ver se alguém queria acrescentar algo para se poder contar a história o mais completa e verídico possível.
Talvez vá encontrando em caixotes alguma coisa escrita do tempo da Guiné mas será muito pouco. A correspondência enviada à minha ex-mulher e à minha filha, creio que se perdeu toda numa inundação que houve em casa dos meus ex-sogros. Quanto à enviada aos meus pais assaltaram-nos uma casa onde tínhamos a papelada e levaram tudo. De forma que é muito pouco provável que se encontre muita coisa. Mas irei vendo.
Para ficares mais informado sobre mim fui juiz durante mais de 20 anos, fiz o Mestrado e o Doutoramento (Direito Constitucional-Direitos Fundamentais) e sou investigador integrado do CAPP, ISCSP, Universidade Técnica de Lisboa (UTL).
Abraço
C. Fraga
6. Comentário final de L.G.:
Carlos, vejo que para além da guerra colonial, da Guiné e do 25 de Abril, temos mais afinidades... Conheço o ISCSP, fiz lá o 1º ano em 1975/76, o Salgueiro Maia foi meu colega (ele andava em antropologia e eu em ciências sociais). Depois passei pelo ISEG (2º ano) e acabei no ISCTE (3º 4º e 5º) onde me licenciei em sociologia (a primeira fornada de sociólogos; não havia sociologia antes do 25 de abril). Sou doutorado em saúde pública. Obrigado por estas informações adicionais que vou integrar na tua apresentação. Um Alfa Bravo. Luis Graça
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Nota do editor:
Último poste da série > 9 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11365: Tabanca Grande (392): Camaradas da CCAÇ 14: António Bartolomeu (Contuboel, Aldeia Formosa e Cuntima, 1969/71) e Eduardo Estrela (Bolama e Cuntima, 1969/71)
6 comentários:
Meu Caro Luís;
Permite-me que diga que antes do 25de Abril já havia pelo menos uma licenciatura em Sociologia, no Instituto de Estudos Superiores de Évora - Instituto Superior Económico e Social de Évora, instituido pela Fundação Eugénio de Almeida tendo Jesuítas como professores.
Grande Abraço
Joaquim Sabido
Évora
Obrigado, Sabido, pela tua informação. È verdade que o então Instituto de Estudos Superiores de Évora, que era privado, criou uma licenciatura em sociologia. Mas eu referia-me à universidade pública, condicionada pelo espartilho político-ideológico do Estado Novo . A licenciatura de Évora, de que não tenho informação detalhada (em termos dos “curricula” e do corpo docente na época), poderá ter tido algum efeito, embora marginal, na institucionalização da sociologia em Portugal. Ao que parece, era um curso com o objetivo prático prático de formar profissionais para a intervenção no campo do desenvolvimento social e comunitário, mas também com preocupações explícitas de natureza ético-religiosa. Não sei, não estou em condições de o afirmar categoricamente. De resto, a década de 60 é uma década de grandes mudanças, incluindo ao nível das elites… Para a história da institucionalização da sociologia em Portugalo costuma-se apontar o aparecimento da revista “Análise Social”, em 1963, sob a liderança de Sedas Nunes, e centrado à volta de investigadores, ditos “católicos progressistas”, que pertenciam ao Gabinete de Investigações Sociais)
A primeira licenciatura em sociologia, na universidade pública portuguesa, essa só nasce, de facto, depois do 25 de abril… (*)
UM abraço para ti, um abraço para o nosso novo grã-tabanqueiro, Carlos Fraga. Até Monte Real
________________
Fontes:
http://www.ensp.unl.pt/luis.graca/historia1_legis1926_1974.html
http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/ficheiros/78.pdf
Meu Caro Carlos Fraga, MMº Sr. Juíz;
Penitencio-me e apresento o meu pedido de desculpas, pelo facto de, na minha intervenção neste espaço que te foi dedicado, não te ter endereçado e desejado as boas-vindas ao blogue, dispersando-me antes por questões atinentes à área do nosso grã-tanbanqueiro Luís Graça.
Já agora, seja-me permitido acrescentar que, se bem me lembro, foi, igualmente, no Instituto Superior Económico e Social de Évora, que se iniciaram os estudos das ciências económicas enquanto área de estudo independente das ciências financeiras. Aqui se licenciaram em economia, entre muitos outros, os bem conhecidos Drs. José Manuel Espírito Santo Silva, do BES e Henrique Granadeiro, da PT e não só.
Camarigo Carlos Fraga, usando das normas em vigor no blogue, seja-me permitido tratar-te no âmbito do tu cá tu lá. Também estive em Penafiel com o então capitão Dinis de Almeida,provavelmente no período imediatamente anterior à tua ida para o RAL 5. Era comandante o sr. Coronel Cirne Pacheco, que havia regressado do CTIG, onde fora comandante do GA 7.
A ambos (Coronel e Capitão) voltei a encontrar e a conversar com eles, por algumas vezes, aqui em Évora, onde o Dinis vinha com frequência para se encontrar com o então Deputado Lino de Carvalho e o Sr. Coronel porque tinha um filho a estudar na UE.
Sê bem-vindo e senta-te à sombra deste poilão.
Um grande e fraterno abraço a todos os Camarigos e, até Monte Real.
Joaquim Sabido
Évora
Caro Sabido
Agradeço as boas vindas.
Foram uns tempos muito interessantes os que passei em Penafiel com o Cap. Diniz de Almeida. Ficávamos até às tantas a conversar sobre a preparação do que veio a ser o 25 de Abril que se preparava. E mesmo quando foi para Aveiro mantivemos o contacto. Mas isso são outras histórias, algumas bem pitorescas. Depois do 25 de Abril só encontrei uma vez o Diniz de Almeida e também o Major Murta.
Amigo Carlos Fraga , fui eu que entreguei o cd ao Luis Graça , que o Jorge me enviou, já passaram uns anitos e ainda agora se recorda o nosso passado.
Benvindo ao grupo da Tabanca Grande, temos muitas Historias para contar.Um abraço
Amigo Carlos Fraga , fui eu que entreguei o cd ao Luis Graça , que o Jorge me enviou, já passaram uns anitos e ainda agora se recorda o nosso passado.
Benvindo ao grupo da Tabanca Grande, temos muitas Historias para contar.Um abraço
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