1. Com data de 15 de junho último, aqui vai uma mensagem do J. Pardete Ferreira, em complemento de uma outra já aqui publicada, na véspera (*):
Obrigado, caro Luís Graça,
Provavelmente o erro foi meu mas a instrução no HMP era de 6 semanas e não de 6 meses [, como por lapso informei,], englobando ainda algumas idas ao HMDIC (Hospital Militar de Doenças Infecto-Contagiosas), perto da Ajuda.
Ao que eu informei, devo acrescentar sobre os "reinspeccionados", médicos que estavam isentos de Serviço Militar ou que já tinham uma certa idade: a sua recruta era mais "soft" e era feita na EPC [, Escola Prática de Cavalaria,] em Santarém; iam preferencialmente para os Hospitais, havendo, igualmente, quem integrasse os Batalhões.
Respondo agora ao teu questionário:
1 - Já me pronunciei e hoje mandei um Post-Scriptum.
2 - a) No meu Batalhão, três médicos. No barco (2 Batalhões) 6 médicos + dois de rendição individual, para o HM 241.
b) Eu saí logo do meu Batalhão e segui para o CAOP1, outro foi para Aldeia Formosa e mais tarde para o HM 241 e foi substituído por outro colega.
c) No meu Batalhão, Madureira, Morais Sarmento e Pardete Ferreira. O substituto foi o Bigote e eu fui substituir o Bessa, juntando-me ao Fernando Maymone Martins. Quem me substitui no CAOP1 foi o Gouveia.
d) Eu precisei de Consultas de ORL, por causa do meu Clesteatoma, de Medicina Interna e de Fisioterapia, porque me "lembrei" de fazer uma neuropraxia do radial direito. Estando em Bissau e não podendo operar, andei a prestar assistência às Unidades do exército sediadas em Bissau.
e) Nunca estive internado, mas na sede do CAOP1 havia enfermaria.
f) Respondida em e).
g) Não fui evacuado para a Metrópole mas acompanhei três evacuações, duas via TAO, um Militar e uma civil atropelada por um Jeep Militar e um avião Super Constellation de carga, transformado em enfermaria, vindo de Moçambique, que já tinha tido duas ou três avarias. As camas e os lugares eram de lona, e eram quase todos portadores de queimaduras provocadas pelas granadas de "fósforo". Duas Enfermeiras Pára-quedistas vieram também: a Maria Arminda, que já vinha de Moçambique, e a Aura Teles que entrou em Bissau.
Acrescento que em Cacheu, detectei uma cardiopatia num Cabo Maqueiro que evacuei para Bissau e depois foi evacuado pela Metrópole e que a Junta considerou inapto para o Serviço Militar... e os colegas dele diziam que não podia estar doente porque era o mais "operacional" de todos...
f) Em Teixeira Pinto havia um Hospital Civil e uma Maternidade à nossa guarda. No Cacheu os civis eram vistos pelo médico militar mas num Posto separado. Em Csió, no Bachile e em Jeta e em plena picada na desmatação, era tudo junto. Era o médico militar quem tratava de praticamente toda a População Civil.
Sempre pronto a recordar embora já com 42 a 44 anos passados sobre os acontecimentos.... envio-te um grande abraço, extensivo a todos os Combatentes e, particularmente aos Tabanqueiros (*).
Pardete Ferreira
PS - A 1 de Julho, tivemos, aqui em Setúbal o 16º emncontro da Malta do HM 241 (63 presentes, alguns acompanhados de familiares. A 30 de Julho estarei nas Comemorações do 26º Aniversário da Associação de Pára-quedistas de Setúbal, que vai ser Condecorada pela Câmara Municipal. E já que estamos a falar em Condecorações, a semana passada a minha mulher foi Condecorada pelo Governo Francês com o grau de "Chevalier de l'Ordre des Palmes Académiques".
2. Outra mensagem do J. OPardete Ferreira, com data de 18 de junho último:
É natural que no início da Guerra houvesse um Médico por Companhia mas os recursos em médicos foram-se esgotando. Assim, no meu tempo, iam três por Batalhão e já se recorria aos "reinspeccionados".
b) Eu saí logo do meu Batalhão e segui para o CAOP1, outro foi para Aldeia Formosa e mais tarde para o HM 241 e foi substituído por outro colega.
c) No meu Batalhão, Madureira, Morais Sarmento e Pardete Ferreira. O substituto foi o Bigote e eu fui substituir o Bessa, juntando-me ao Fernando Maymone Martins. Quem me substitui no CAOP1 foi o Gouveia.
d) Eu precisei de Consultas de ORL, por causa do meu Clesteatoma, de Medicina Interna e de Fisioterapia, porque me "lembrei" de fazer uma neuropraxia do radial direito. Estando em Bissau e não podendo operar, andei a prestar assistência às Unidades do exército sediadas em Bissau.
e) Nunca estive internado, mas na sede do CAOP1 havia enfermaria.
f) Respondida em e).
g) Não fui evacuado para a Metrópole mas acompanhei três evacuações, duas via TAO, um Militar e uma civil atropelada por um Jeep Militar e um avião Super Constellation de carga, transformado em enfermaria, vindo de Moçambique, que já tinha tido duas ou três avarias. As camas e os lugares eram de lona, e eram quase todos portadores de queimaduras provocadas pelas granadas de "fósforo". Duas Enfermeiras Pára-quedistas vieram também: a Maria Arminda, que já vinha de Moçambique, e a Aura Teles que entrou em Bissau.
Acrescento que em Cacheu, detectei uma cardiopatia num Cabo Maqueiro que evacuei para Bissau e depois foi evacuado pela Metrópole e que a Junta considerou inapto para o Serviço Militar... e os colegas dele diziam que não podia estar doente porque era o mais "operacional" de todos...
f) Em Teixeira Pinto havia um Hospital Civil e uma Maternidade à nossa guarda. No Cacheu os civis eram vistos pelo médico militar mas num Posto separado. Em Csió, no Bachile e em Jeta e em plena picada na desmatação, era tudo junto. Era o médico militar quem tratava de praticamente toda a População Civil.
Sempre pronto a recordar embora já com 42 a 44 anos passados sobre os acontecimentos.... envio-te um grande abraço, extensivo a todos os Combatentes e, particularmente aos Tabanqueiros (*).
Pardete Ferreira
PS - A 1 de Julho, tivemos, aqui em Setúbal o 16º emncontro da Malta do HM 241 (63 presentes, alguns acompanhados de familiares. A 30 de Julho estarei nas Comemorações do 26º Aniversário da Associação de Pára-quedistas de Setúbal, que vai ser Condecorada pela Câmara Municipal. E já que estamos a falar em Condecorações, a semana passada a minha mulher foi Condecorada pelo Governo Francês com o grau de "Chevalier de l'Ordre des Palmes Académiques".
2. Outra mensagem do J. OPardete Ferreira, com data de 18 de junho último:
É natural que no início da Guerra houvesse um Médico por Companhia mas os recursos em médicos foram-se esgotando. Assim, no meu tempo, iam três por Batalhão e já se recorria aos "reinspeccionados".
Os médicos chegaram a ser mobilizados com 53 anos de idade, como o Falecido Dr. Rui de Brito, Cardiologista no Porto e o Dr. Botelho e Melo, Oftalmologista em Ponta Delgada.
É verdade, igualmente, que, não existindo especialistas em número suficiente, fossem chamados para o desempenho destas, médicos com grau mais avançado na carreira médica ou até por conhecimento ou prémio no final da comissão. Naturalmente estes factos implicavam rotação e distribuição pois havia a pretensão de não existirem zonas muito desprotegidas. O Antero da Palma Nunes, Oftalmologista em Faro, por exemplo, foi Médico de Batalhão, foi Médico da equipa itinerante de Estomatologia e Oftalmologista do HM 241.
Alfa Bravo
José Pardete Ferreira
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 14 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11704: Os nossos médicos (47): Qual era a dotação médica de um batalhão ? Três médicos por batalhão, diz-nos o ex-alf mil méd J. Pardete Ferreira (CAOP1, Teixeira Pinto; HM 241, Bissau, 1969/71)
(...) Questões:
(i) Quantos médicos seguiram com o vosso batalhão, no barco ?
(ii) Quantos médicos é que o vosso batalhão teve e por quanto tempo ?
(iii) Lembram-se dos nomes de alguns ? Idades ? Especiallidades ?
(iv) Precisaram de alguma consulta médica ?
(v) Estiveram alguma vez internados na enfermeria do aquartelamento (se é que existia) ?
(vi) Foram a alguma consulta de especialidade no HM 241 ?
(vii) Foram evacuados para a metrópole, para o HMP ?
(viii) Tiveram alguma problema de saúde que o vosso médico ou o enfermeiro conseguiu resolver sem evacuação?
(ix) O vosso posto sanitário também atendia a população local ?
(x) (E se sim, o que é mais que provável:) Há alguma estimativa da população que recorria aos serviços de saúde da tropa ?...
(**) Último poste da série > 15 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11843: Os nossos médicos (65): Fui uma vez ao HM 241, em Bissau, por problemas com os dentes, mas a experiência foi negativa, o dentista era bom para arrancar dentes a elefantes... (Alcides Silva, CCS / BART 1913, Catió, 1967/69)
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