Caro Editor do Blogue, Camarada e Amigo Carlos Vinhal:
Entendi ter chegado o momento de dar resposta positiva ao desafio, que há tempos atrás me colocaste, de publicar as minhas oito crónicas “Conversas à mesa com Camaradas Ausentes” (Estórias da História da Guerra Colonial na Guiné-Bissau) e das oito crónicas “A minha primeira viagem à Guiné – 1998”.
Deixo à consideração dos Editores do Blogue, o momento e a periodicidade da publicação das mesmas.
Para os camaradas que andaram por Bafatá, Bambadinca e Xime, envio para publicação um vídeo (de 2001) com pequenos apontamentos dessas zonas e que inclui ainda imagens da passagem do Macaréu no rio Geba, recolhidas no local do que resta do antigo cais do Xime.
De salientar que as imagens se referem à época seca.
Com um Cordial Abraço de Amizade e Camaradagem
José Rodrigues
Ex-1.º Cabo Aux. Enfermeiro
CART 2716
XITOLE
1970/72
2. Comentário do editor:
Caro camarada e amigo José Rodrigues,
De acordo com o combinado, vamos publicar as tuas estórias e as crónicas da tua primeira viagem de saudade à Guiné-Bissau. Fá-lo-emos com periodicidade semanal, em princípio às quartas-feiras.
Hoje, para começar, deixamos os links para o sempre espectacular macaréu, que em boa hora registaste no Xime, e para o filme (completo) que fizeste a caminho do Xime, Bambadinca e Bafatá, que irá lembrar boas e más horas a quem por lá passou.
Fica aqui um abraço dos editores para ti.
Carlos Vinhal
Vídeo, de 2001, com o macaréu no Rio Geba, no Xime, filmado a partir do antigo cais...
Viagem, en 2001, à Guiné-Bissau, com passagem pelo antigo setor L1, zona leste. Neste vídeo, há cenas filmadas no Xime, Bambadinca e Bafatá [No vídeo, aparece por diversas vezes o Dr. António Rodrigues Marques Vilar, hoje médico psiquiatra reformado, residente em Aveiro. Aparece no vídeo de pera e chapéu de palhinha. Era carinhosamente conhecido, entre a malta, pela alcunha Drácula... Foi alf med na CCS/BART 2917, unidade que esteve sediada em Bambadinca (1970/72].
Neste vídeo, são revisitados vários sítios que nos são familiares, àqueles de nós que passaram por Bambadinca, desde o Bataclã de Bambadinca (discoteca...) até à casa do Rendeiro, o comercaiante da Murtosa, que morreu ainda há pouco tempo... O outro comerciante, o José Maria, já não era vivo em 2001. Nesta viagem também participou o David Guimarães, ex-fur mil, CART 2716 (Xitole, 1970/72). A voz "off" deve ser do José Rodrigues, o autor do vídeio. (LG).
Vídeos: © José Ridrigues (2001). Todos os direitos reservados
Nota do editor
Último poste da série de 23 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11863: Memória dos lugares (239): Canjambari 1972 (2) (Manuel Lima Santos)
3 comentários:
Obrigado, Zé Rodrigues, pelo notável vídeo do macaréu no Rio Geba.
Assisti algumas vezes a este fenómeno. Se bem recordo, a mais impressionante foi perto do Mato Cão, já no Geba Estreito, a seguir ao Xime. Possivelmente, foi por ocasião de uma maré viva. Não posso jurar, a onda seria superior a um metro, talvez metro e meio. Tive impressão que dedtruiria uma canoa ou um pequeno barco. De repente o leito do rio ficou coberto de água. Nós estávamos na margem direita. Íamos frequentemente ao Mato Cão fazer segurança às embarcações que vinham de Bissau até Bambadinca.
Há mais do que 3 rios onde este fenómeno acontece. No Rio Amazonas é conhecido por pororoca. Em termos simples, o macaréu é uma onda de arrebentação que, nas proximidades da foz pouco profunda de certos rios e por ocasião da maré cheia, irrompe de súbito em sentido oposto ao do fluxo da água. Seguida de ondas menores, a onda de rebentação sobe rio acima, com forte ruído e devastação das margens. Pode atingir vários metros de altura, mas tende a diminuir a sua força e envergadura à medida que avança.
Neste rio, ou nesta parte do rio que ainda é de água salgada, dois soldados da CART 3494, aquartelada no Xime, desapareceram, apanhados pelo macaréu numa operação ao Mato-Cão em 1972. Um terceiro camarada, doutra companhia, também desapareceu (, segundo informação do camarada Sousa de Castro).
O velho cais do Xime!...
Impressionante a ação do tempo. Este vídeo é de 2001 e do cais já só restavam meia dúzia de estacas podres... Hoje, 2013, não deve haver sinais deste lugar... O rio está, de resto, assoreado.
Por aqui passaram, durante a guerra , milhares e milhares de homens, viaturas, armas e demais material, desembarcados em LDG (Lanchas de Desembarque Grandes).
A partir do Xime, o rio passava a designar-se por Geba Estreito, sendo navegável até Bafatá apenas através de pequenas embarcações civis ou LDP (Lanchas de Desembarque Pequenas). Até Bambadinca, ainda
iam, até 1969, as LDG e as LDM!
Entre as embarcações civis, destacava-se os barcos da famosa Casa Gouveia, ligada ao grupo CUF, e que tinha lojas e armazéns tanto em Bambadinca (veja-se o segundo vídeo) como em Bafatá.
O ataque a embarcações no Geba Estreito, a partir da nmargem direita, era frequente, obrigando à realização de patrulhamentos ofensivos na região de Mato Cão.
Mais tarde, já em 1972, se não erro, foi criado um destacamento no Mato Cão. Por lá passaram camaradas nossos como o Joaquim Mexia Alves e o Paulo Santiago...
Caros editores
O meu pedido de publicação deste vídeo é uma pequena "provocação" aos camaradas que andaram por essas bandas e possibilitar,a todos os outros que ouviram falar do "macaréu",a oportunidade de assistirem a imagens desse fenómeno da natureza.
Tive o cuidado de referir que as imagens foram recolhidas quase no final da época seca,de que resulta o caudal do Geba ser diminuto.
Como refere o Luis,quando por aquelas bandas asistiu á passagem do Macaréu, a altura dá vaga pode atingir enormes dimensões.
Remeto-vos para um dos parágrafos da 5ª crónica das minhas "Conversas à Mesa com Camaradas Ausentes", a publicar brevemente,em que se conta um epísódio, ao tempo insólito, sobre a passagem do Macaréu pelo Rio Corubal, nas proximidades do Xitole.
Um Abraço a todos os camaradas da Tabanca Grande e da Guiné.
Zé Rodrigues
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