(...) "Os autos de Chiado, embora não tendo o valor etnográfico da obra do seu mestre Gil Vicente, mostram um estudo e conhecimento das instituições sociais e dos costumes do século XVI, sendo nítida a crítica e desmistificação da corrupção vigente. Assim, encontramos recorrentemente nas suas obras as seguintes temáticas: (i) venalidade dos tribunais e corrupção dos oficiais de justiça; (ii) os abusos da maledicência da época; (iii) desmistificação das misérias e injustiças sociais do século; (iv) eferências negativas à vida palaciana e enredos e intrigas da corte; (v) crítica ao clero; (vi) presença do escravo(a) negro(a) tão do gosto da corte." (...)
Fonte: António Ribeiro Chiado. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-10-09].Disponível na www: .
Vd. também; Obras do poeta Chiado ; colligidas, annotadas e prefaciadas por Alberto Pimentel. - Lisboa : Off. Typ. da Empreza Litteraria de Lisboa, 1889. - LXXIII, [3], 248 p. ; 19 cm. - Obra digitalizada a partir do original. Disponível, em acesso livre, aqui.
Foto © Armando Pires (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]
1. Mensagem colocada, hoje, na nossa página do Facebook, Tabanca Grande Luís Graça:
Alô, camaradas!
Eu e o Baptista almoçámos hoje em Lisboa.
O Baptista é o tenente-coronel capelão, reformado, de que vos falei no meu P12108 (*). O pároco de Perosinho, Vila Nova de Gaia, que foi assaltado e cobardemente espancando na sua residência paroquial, na madrugada do passado dia 28 de Setembro.
O Baptista veio a Lisboa a convite dos seus antigos camaradas da Força Aérea, onde ele também foi capelão. E, como disse, hoje almoçou comigo. Ele está francamente melhor dos maus tratos físicos de que foi vítima, embora as duas costelas que lhe partiram ainda aguardem melhor consolidação.
Pediu-me que vos agradecesse as muitas mensagens de solidariedade que recebeu no seu mail. E as que deixaram no nosso blogue. E pediu-me que dissesse ao Luís Graça que sim, que aceita o seu convite para ser um dos nossos camaradas tabanqueiros, que quando chegar a casa vai procurar as fotos necessárias à “inscrição”, e que alguma coisa vos dirá do que lhe vai na alma.
Pela minha parte, depois de obtida a autorização que hoje não lhe pedi, hei-de contar-vos algumas das histórias que, durante o almoço, ele me revelou “em confissão”, do tempo em que foi capelão do meu BCAÇ 2861, o qual, de 1969 a 1970, esteve nos sectores de Bula e Bissorã. (**)
__________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 2 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12108: Ser solidário (149): Antigo capelão da CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70), ex-alf mil Augusto Baptista, 75 anos, pároco de Perosinho e Seixezelo, V. N. Gaia, assaltado, violentamente agredido e hospitalizado, precisa de um ombro amigo, precisa de nós, camaradas! (Armando Pires)
(**) Último poste da série > 25 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12087: Facebook...ando (27): 42 anos depois do regresso a casa... Convívio anual da CCAÇ 2615 / BCAÇ 2892 (Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71)... Fotos do Américo Vicente
6 comentários:
Chiado: Alcunha ou topónimo (nome de rua) ?
Já agora, Armando & Augusto, grande dupla (!) fotografada no Chiado chique e burgu
es...
Aqui fica uma pista do Alberto Pimentel sobre a origem da alcunha Chiado, que foi ao poeta António Ribeiro, alenetjano, ex-religioso da ordem franciscana...
" (...) "Das estreitas relações de amizade de de Camões com o Chiado, fallaremos em lance opportuno. Por agora iremos firmando a nossa hypothese quanto á palavra Chiado.
Tendo nós mostrado que uma tal alcunha cabia e se ajustava á vida revolta do poeta, que tanto
dera que fallar no seu tempo, porque onde elle estava chiava a alegria turbulenta, que lhe era
própria; e que as alcunhas estavam em moda no século XVI, sobre tudo applicadas aos indivíduos
que, como Camões e Chiado, eram foliões e volteiros, vamos em caminho de mostrar que seria o
poeta que deu o nome á rua, e não a rua que deu o nome ao poeta. " (...)
http://archive.org/stream/obrasdopoetachia00ribe/obrasdopoetachia00ribe_djvu.txt
E eu preocupado em pedir ao fotógrafo (no caso, fotógrafa)que enquadrasse o Baptista com a Igreja da Encarnação, e vais tu, Luís Graça, e dás primazia ao poeta, franciscano, boémio e critico mordaz.
(embora isso não calhe nada mal ao Baptista)
armando pires
Amigo Armando, e tu aproveitaste decerto, para te confessares, embora...eu creia que em tão pouco tempo, não tenhas tido tempo para pores cá fora, todos os pecados cometidos. Gostei de ver esta sã camaradagem. Um abraço do
Veríssimo
A MODA DAS TRANÇAS PRETAS
Como era linda com seu ar namoradeiro,
‘té lhe chamavam “menina das tranças pretas”,
pelo Chiado passeava o dia inteiro,
apregoando raminhos de violetas.
E as raparigas de alta roda que passavam
Ficavam tristes a pensar no seu cabelo,
Quando ela olhava com vergonha disfarçavam
E pouco a pouco todas deixaram crescê-lo.
Passaram dias e as meninas do Chiado
Usavam tranças enfeitadas com violetas,
Todas gostavam do seu novo penteado,
E assim nasceu a moda das tranças pretas.
Da violeteira já ninguém hoje tem esperanças,
Deixou saudades, foi-se embora e à tardinha
Está o Chiado carregado de mil tranças,
Mas tranças pretas ninguém tem como ela as tinha.
Autores: Vicente da Câmara/ Fado Ginguinhas
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Sabes, Armando, morei na Rua da Misericórdia em 1975/76... Ficou-me um gostinho pelo Chiado, a Trindade, o Bairro Alto... Depois mudei-me parta a Lapa dos Pobners, onde era vizinho de um senhor que depois haveria de ser... Presidente da República.
Voltei lá, ao Chiado/Bairro Alto, em 1978/79, para estudar o fado vadio... Trabalho pioneiro, sob a batuta do meu mestre Joaquim Pais de Brito, atual diretor do museu de etnologia,,,
Entendo a tua intenção casta e piedosa de enquadrares o senhor capelão com a igreja da Encarnação (luxosa...) ao fundo... Eu sei que Lisboa tem um património religioso fabuloso... Aliás, antes do terramto de 1755 tinha mais igrejas do que Roma... Dizia-se... Só conventos eram 90... Mas eu quis "alargar e enriquecer as vistas do posta ilustrado"... Lembrei-me do pobre poeta, hoje esquecido, e que no seu tempo zurziu, forte e feio, os grandes, os ricos, os malandcros, os chulos...
Mas também poderia vir à mente a "menina das tranças" pretas, vista de costas na tua foto... Como vês, a mente é livre (por isso é que é "pecaminosa" mas se Deus no-la deu foi para abrir-la ao vário e desvairado mundo)...
Um abraço para os dois. Luis
Olá Armando!
Depois de regalares a vista no Chiado, deves ter ido cá c'uma galga pró almoço... que nem digo nada.
E a avaliar pela expressão rata do camarada eclesiástico, não foste só tu a morder os aperitivos.
Que ele seja benvindo.
Abraços fraternos
JD
Armando Pires
10 out 2013 18:37
E vê lá tu, Luís, o que as coisas são.
Eu, que não sou nada dado aos mistérios paranormais, sou levado em crer que anda aqui qualquer coisa no ar.
Se não, porque havias tu de escolher "A moda das tranças pretas"?
Sim, eu sei que foi por ser no Chiado que as meninas passeavam as suas tranças, mas há tantos fados a vaguear por ali...
É que "A moda das tranças pretas" foi um dos fados do meu reportório inicial, cantado, imagina, porque certa noite no 1001, desaparecida casa de fados no Bairro Alto, foi o próprio Vicente da Câmara quem me desafiou a cantar a sua "moda", argumentando que eu teria voz e estilo para esse fado.
Chiça!! A vida tem coisas danadas.
Um abraço.
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