Guiné > Algures > s/d (c. 1969) > O alf mil pil heli Al III Jorge Félix (BA 12, Bissalanca, 1968/70) e o Spínola (Com-Chefe e Governador Geral, CTIG, 1968/73)... O Jorge Félix terá sido um dos pilotos de heli, com quem o gen Spínola mais terá gostado de voar... Releia-se aqui um história bem humorada do Jorge Félix que um dia se lembrou "bombardear" Galomato (ou melhor, a "obsequiar" a esposa do comerciante Regala...), com os ananases que deveriam chegar à mesa de Spínola (*) ...
Segue uma mensagem que recebi, [em 14 do corrente, no Facebook,] do José Ramos, piloto que já foi falado no nosso Blog e que julgo também devem conhecer:
"Está bonito o filme, parabéns. Sempre que me lembro de ti, não posso esquecer um bombardeamento de ananases em Galomaro que ficaram a faltar na mesa do Spinola. Um abração".
O Ramos recorda-me que um dia, no regresso a Bissau levando uns ananases que deveriam chegar à mesa do Spínola, eu resolvi, numa passagem por Galomaro, "oferecê-los" à D. Maria, esposa do comerciante Regala, num estacionário "perfeito", dando liberdade ao mecânico para atirar um a um os "ananases".
Mais tarde informaram-me que a loja esteve uma semana semi-fechada para limpar o pó que o heli levantou e foi parar dentro da casa. Dos ananases nada se aproveitou, nem a D Maria os saboreou, nem o Gen Spinola os recebeu algum dia. (...) (*)
Foto: © Jorge Félix (2010). Todos os direitos reservados
1. Mensagem do Vitor Oliveira, enviada hoje:
O Ramos recorda-me que um dia, no regresso a Bissau levando uns ananases que deveriam chegar à mesa do Spínola, eu resolvi, numa passagem por Galomaro, "oferecê-los" à D. Maria, esposa do comerciante Regala, num estacionário "perfeito", dando liberdade ao mecânico para atirar um a um os "ananases".
Mais tarde informaram-me que a loja esteve uma semana semi-fechada para limpar o pó que o heli levantou e foi parar dentro da casa. Dos ananases nada se aproveitou, nem a D Maria os saboreou, nem o Gen Spinola os recebeu algum dia. (...) (*)
Foto: © Jorge Félix (2010). Todos os direitos reservados
1. Mensagem do Vitor Oliveira, enviada hoje:
Assunto: O grande Spínola
Estávamos em Nova Lamego, e eis que um dia, perto da hora de almoço, aparecem dois hellis em que vinha o General Spínola e o piloto era o falecido Cap Rodrigues, que nos pediu para abastecermos os helis enquanto eles almoçavam porque o iam voar novamente e que ligássemos para a messe de sargentos do exército para nos trazerem o almoço.
Assim foi, tínhamos um telefone no posto de rádio em que o radiotelegrafista da Força Aérea era o Pires. Resposta:
─ Os doutores, se quiserem, venham cá abaixo comer!
Eu disse logo:
─ Não vamos lá, isto vai dar caldeirada.
Isto porque a maioria dos sargentos do exército não aceitava que fossemos os primeiros a ser servidos e, mais, ao jantar nós íamos comer à civil e eles não.
O abastecimento era feito com bombas manuais, a tirar de bidões de 200 litros. Depois mandaram buscar sandes e cervejas, e assim foi o nosso almoço. A partir desta cena, quando entrávamos na messe, o sargento punha logo os faxinas a servir-nos
Vitor Oliveira (Pichas)
1º Cabo Melec
(BA 12, Bissalanca.1967/69) (**)
_________________
Notas do editor:
(*) 16 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6164: O Spínola que eu conheci (13): Os ananases que não chegaram à mesa do Palácio do Governador-Geral (Jorge Félix)
(**) Último poste da série > 7 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11068: O Spínola que eu conheci (29): Depoimento de Jaime Antunes, ex-fur mil, CART 11 / CCAÇ 11 (Paunca, 1970/72)
Estávamos em Nova Lamego, e eis que um dia, perto da hora de almoço, aparecem dois hellis em que vinha o General Spínola e o piloto era o falecido Cap Rodrigues, que nos pediu para abastecermos os helis enquanto eles almoçavam porque o iam voar novamente e que ligássemos para a messe de sargentos do exército para nos trazerem o almoço.
Assim foi, tínhamos um telefone no posto de rádio em que o radiotelegrafista da Força Aérea era o Pires. Resposta:
─ Os doutores, se quiserem, venham cá abaixo comer!
Eu disse logo:
─ Não vamos lá, isto vai dar caldeirada.
Isto porque a maioria dos sargentos do exército não aceitava que fossemos os primeiros a ser servidos e, mais, ao jantar nós íamos comer à civil e eles não.
Assim foi, não fomos almoçar. Eis que chega o Cap Rodrigues, juntamente com Cap Almeida Bruno e atrás vinha o Spinola com um major e o tenente coronel. Um era o 2º comandante e o outro o 1º do quartel. Fui logo falar com o Cap Rodrigues e disse-lhe que não tínhamos almoçado. Eis que o Spinola apercebeu-se que havia merda, como se costuma dizer. e chama o Almeida Bruno e ele diz-lhe o que se passou. ele vira-se para o major e o tenente Coronel e diz-lhes para mandar o oficial e o sargento da messe para São Domingos, era onde havia mais combates . O major e o tenente coronel só diziam:
─ Ó Sr. Governador, pedimos desculpa!..
E o Spínola dizia:
─ Isto não pode acontecer, os rapazes estão fartos de trabalhar!
Vitor Oliveira (Pichas)
1º Cabo Melec
(BA 12, Bissalanca.1967/69) (**)
_________________
Notas do editor:
(*) 16 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6164: O Spínola que eu conheci (13): Os ananases que não chegaram à mesa do Palácio do Governador-Geral (Jorge Félix)
(**) Último poste da série > 7 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11068: O Spínola que eu conheci (29): Depoimento de Jaime Antunes, ex-fur mil, CART 11 / CCAÇ 11 (Paunca, 1970/72)
2 comentários:
A guerra também se servia com aspectos curiosos como o descrito.
Cenas, de algum modo caricatas,mas que, agora, dá gosto revivê-las.
Com um abraço, também atiro o meu ananás ao Regala, de boa memória e saudade.
Camarigos,
A D. Maria A. S. Regalla ainda é viva.
Cozinhava muitíssimo bem diversos pratos que eram comercializados no seu restaurante.
António Tavares
Galomaro 1970/72
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