domingo, 27 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13054: Aqueles que nem no caixão regressaram (8): Terão morrido, no CTIG, entre 1963 e 1974, 143 combatentes nossos, por afogamento (6,9% do total de mortos) (José Martins)





Fonte: CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), 8º Volume -Mortos em campanha, Tomo II, Guiné - Livro 2. Lisboa: Estado Maior do Exército, 2001, p. 265.


1.  Pedido ao José Martins, nosso colaborador permanente [, foto à esquerda], com data de 22 do corrente:

Zé: Vê se tens alguma ideia sobre isto, números ou lista de desaparecidos na Guiné ... (Já não falo do resto). Vou vasculhar o blogue...

Precisavamos disto com urgência... Vê os postes sobre o José Mateus Henriques, da minha terra, Lourinhã... O Jaime Silva está a organizar uma homenagem no própximo dia 11 e a preprarar uma pequena brochura ou folheto... 

Um abração. Luis


2. Pronta resposta, no mesmo dia (!),  do José Martins:

Luís: Aqui vai o mais rápido que me foi possivel.  Não há uma estatística acerca dos desaparecidos por afogamento. 

Nas estatísticas que anexo das três frentes, não se “vislumbra” onde foram incluídos estes camaradas.

Baseio esta opinião no facto de, em 1969, ter havido, num único afogamento, 47 mortes [, no desastre do Cheche, Rio Corubal, 6/2/1969, Op Mabecos Bravios].

Se observarmos, na Guiné, no ano de 1969,  temos [, vd. quadro acima]:

Mortes em combate > 119
Acidente com arma de fogo  > 31
Acidente de viação > 14
Outras causas > 43

Só poderiam “caber” em combate, mas nota-se que o nº de mortos em combate (119) “está em linha com os anos anteriores” e “não difere muito" dos anos seguintes.

Segue estatística anual dos afogamentos na Guiné (1963-1974):





Fonte: José Martins (2014)


A percentagem dos afogados no total de mortes Guiné seria, pois, de  6,9 % .

Se mantivermos a mesma percentagem para outros teatros de operações  teremos:

Angola  > Total mortes > 3258 >  Por afogamento:  224

Moçambique > Total mortes >  2962  > Por afogamento: 204

Total dos 3 teatros seriam cerca de 571 afogamentos





Fonte: CECA e José Martins (2014)
___________


8 comentários:

José Marcelino Martins disse...

Os quadros anexos 9, 10 e 11, são do Volume I, Enquadramento Geral.
Os dados sobre a Guiné - afogamentos - foi badeado no Volume VIII, Tomo II Guiné, Livros 1 e 2.

Anónimo disse...

Olá Camarada
Parabéns pelo trabalho.
Segundo se dizia na altura os mortos e feridos por "acidente com arma de fogo" incluíam os mortos e feridos com a manipulação de minas e armadilhas. Se em relação às inimigas, creio que a classificação estaria incorrecta e, por isso, creio que não se verificava, já em relação aos "acidentes com arma de fogo" na montagem de minas e armadilhas por parte das NT, deveriam ser considerados como ocorridos em combate. Hoje creio que +e difícil separar uma coisa da outra. Ora informa se conseguiste fazer esta diferença.
Um Ab.
António J. P. Costa

Luís Graça disse...

Já pedi ao Zé Martins, que toda a vida lidou (e ainda lida) com números, como revisor oficial de contas, para nos explicar melhor, "sem passos de mágica", como é que ele chega a este número (impressionante) de 7% de mortes por afogamento na Guiné...

Não sei sei é se é "legítimo" generalizar para Angola e Moçambique, na base dos 7%...

A Guiné, com um 1/6 do território coberto por água, na maré cheia, era muito mais "traiçoeira" do que Angola e Moçambique no que diz respeito à "cambança" de rios e braços de mar... Homem caído ao rio, na Guiné, tinha poucas hipóteses de sobrevivência... Os rios eram lodosos, sujeitos às marés, ladeados de tarrafo... Assisti uma vez à chegada no macaréu, no Mato Cão, e aquilo era mesmo "aterrador"... E na travessia de cursos de água, mesmo no tempo seco, sobre "pontões" improvisados, feitos de árvores e ramos, houve acidentes graves... Que o diga a minha CCAÇ 12...

Anónimo disse...

José Martins

27 abr 2014 16:00


A obra citada tem diversos quadros estatisticos, que apresente exactamente uma parcela "acidente por agogamento".

Anónimo disse...

Também me interrogo por só serem estas mortes por afogamento nomeadamente na Guiné.

Uma grande parte da malta nem sabia nadar e mesmo que soubesse com as cartucheiras.. botas..etc.. se fosse ao fundo ficava preso no lodo..

Quais coletes salva-vidas..nem sequer havia..e se houvesse duvido que muitos os usassem.. seria uma "mariquisse"..temeridade conjugada com irresponsabilidade..depois..se bem me lembro... juntavam-se os depósitos de combustível de gasolina no fundo do sintex ou zebro junto ao motor..levar com um tirito no depósito seria "bonito"..

Um dia fui a Cacine só..por acaso levei um rádio AVP1..quando regressei a Gadamael, já de noite, perdi-me..enfiei-me no segundo braço de mar do "rio" Cacine em vez do terceiro..

alfa foxtrote mike chama..só recebia ruídos..aquela merda não funcionava ou não tinha alcance..estava a ficar "fodido" não tanto pelo receio que também tinha..mas principalmente por ter que passar a noite ali refugiado no tarrafo..é que a maré começava a vazar..nisto passam por mim em alta velocidade dois zebros com soldados pretos..percebi que não seriam do IN..tentei por o motor a funcionar mas este não pegava.."que se foda"..dois tiros para o ar..e não é que os gajos voltaram..eram os "fusos" de Cacine que andavam à minha procura...

A temeridade e irresponsabilidade de então..hoje faz-me cócegas..bastava aquilo virar-se ou ser cuspido borda fora ..e adeus para sempre..apesar de saber nadar.

C.Martins

Antº Rosinha disse...

De vez em quando continua-se a morrer afogado naqueles rios de maré e nas viagens pelos Bijagós.

Os marinheiros das canoas e de alguns dos barcos que ainda viajam à maneira colonial, quando vem o tempo do vinho de palma e de cajú são perigosíssimos.

De vez em quando o vinho troca-lhes as marés e lá ficam encalhados naquelas margens lodosas.

Nas marés cheias até é bonito viajar de barco nos rios, mas nas baixa-mar e ao anoitecer aquelas margens ficam enormes e escuras, de assustar.

Já posso receber jornais de Angola.

Antº Rosinha disse...

De vez em quando continua-se a morrer afogado naqueles rios de maré e nas viagens pelos Bijagós.

Os marinheiros das canoas e de alguns dos barcos que ainda viajam à maneira colonial, quando vem o tempo do vinho de palma e de cajú são perigosíssimos.

De vez em quando o vinho troca-lhes as marés e lá ficam encalhados naquelas margens lodosas.

Nas marés cheias até é bonito viajar de barco nos rios, mas nas baixa-mar e ao anoitecer aquelas margens ficam enormes e escuras, de assustar.

Já posso receber jornais de Angola.

Anónimo disse...

Jaime Silva

27 abr 2014 21:55
Luís

Acabo de falar com o Arménio e ele confirma a ideia que tenho: não existe nenhuma campa ]do Mateus] no cemitério da Lourinhã.

Talvez a dúvida advenha do facto de eu te dizer que sugeri à Liga dos Combatentes para colocarem no Talhão Municipal dos Combatentes, aí existente, uma placa alusiva ao seu desaparecimento.

Deve ter sido isso
Abraço
Jaime