Lisboa, 14 de setembro de 2014 > Rua de São Bento, o elétrico da carreira nº 28
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Lisboa. Praça das Flores > 14 de setembro de 2014 > Festival Todos >Animação de rua
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Lisboa. Rua do Poço dos Negros > 14 de setembro de 2014 > Festival Todos > Este topónimo resulta, segundo tradição, da existência de um poço mandado abrir por D. Manuel I em 1515 e que funcionava como sepultura colectiva dos cadáveres dos escravos negros. Noutro ponto da cidade, na freguesia de Penha de França, há a Calçada do Poço dos Mouros...
Lisboa. Rua de São Bento > 14 de setembro de 2014 > Festival Todos > Anúncio de exposição / instalação de fotografia na Casa dos Mundfos (, sita na Rua Nova da Piedade)
Lisboa. Travessa da Arrochela, perpendicular à Rua de São Bento > 14 de setembro de 2014 > Festival Todos >
Lisboa. Rua do Poço dos Negros > 14 de setembro de 2014 > Festival Todos > Este topónimo resulta, segundo tradição, da existência de um poço mandado abrir por D. Manuel I em 1515 e que funcionava como sepultura colectiva dos cadáveres dos escravos negros. Noutro ponto da cidade, na freguesia de Penha de França, há a Calçada do Poço dos Mouros...
Lisboa. Rua de São Bento > 14 de setembro de 2014 > Festival Todos > Anúncio de exposição / instalação de fotografia na Casa dos Mundfos (, sita na Rua Nova da Piedade)
Lisboa. Travessa da Arrochela, perpendicular à Rua de São Bento > 14 de setembro de 2014 > Festival Todos >
Lisboa. Travessa da Peixeira, perpendicular à Rua de São Bento > 14 de setembro de 2014 > Festival Todos >
Vídeos, fotos e texto: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.
O Vinte e Oito da Carris
Calçada da Estrela,
Rua de São Bento,
Rua do Poço dos Negros,
Calçada do Combro…
Por aqui passa
O Vinte e Oito,
Ora pachorrento,
Ora desencabrestado
Como um cavalo louco
Com o freio entre os dentes.
Num perigoso ombro a ombro
Com os prazeres da vida
E a desgraça da morte,
Vou afoito
Mas desassossegado,
Estrela abaixo,
Os cabelos ao vento,
No vinte e oito da Carris,
Tal como o poeta,
Que punha os pontos nos ii,
Pessoa, muito,
Fernando, pouco,
Que por aqui terá vivido,
Ainda jovem,
Algum tempo,
Na Rua de São Bento.
Que de poeta e louco
Todos temos um pouco.
Paro, escuto e olho,
E no bar da livraria em frente
Ao prédio,
Peço um café e um grogue
De Santo Antão.
Para matar o tédio.
- I’m sorry,
Não, não vem no cardápio pessoano.
- Não faz mal,
Pode ser um bagaço
Que sempre é made in Portugal.
Passam tuca-tucas,
Alegres,
Despreocupados,
Gingões,
Afadistados,
Com turistas que adivinho felizes,
E presumo endinheirados,
Petrorrussos, chinocas, brasucas,
Desaguando dos cruzeiros massificados.
Tiram postais digitais
De Lisboa,
Ai que coisa boa,
Por certo,
E a África tropical,
Aqui tão perto,
Sem o ébola nem o dengue,
Nem o paludismo cerebral.
Mais acima,
No templo da democracia,
Há os senhores da palavra
Ou os senhores que tomam a palavra,
Em nome do povo,
Ou invocando o seu nome em vão.
De que falarão ?
São os democratas
Que adoram sentar-se em hemiciclo,
Para melhor ver o mundo através do seu umbigo,
E falar para o boneco,
Ouvindo o seu eco.
Apeado,
Sem abrigo,
Sento-me agora na escadaria,
Cá fora,
No chão,
De castigo,
Na esperança de ter pão e circo,
Ou se calhar nem uma coisa nem outra.
Mas, uma vez por ano,
Tenho direito a um cadeirão.
Abrem os portões do palácio ao povo,
Os senhores da nação.
Inventaram os megafones
E os microfones
E até os trombones
Onde põem a boca.
Ou a bocarra.
E produzem clones
Por toda a parte,
Com devoção e sabida arte,
Dos palanques à televisão,
Os logocratas.
Retomo o carrossel do vinte e oito,
O elétrico,
A caminho do Chiado,
Que já foi chique e burguês,
E que é de novo do povo,
Diz o outdoor publicitário
Num imóvel à espera do camartelo camarário.
E, mais abaixo, a Baixa agiota,
Do ouro, da prata e do vil metal.
Ouço o aviso do guarda-freio.
Temerário,
Poliglota
E português,
Falando em bruto e feio europês:
- Cuidado com os carteiristas!
Cuidado con los carteristas!
Attention aux voleurs!
Attenzione ai borseggiatori!
Beware of pickpockets!
Achtung taschendiebe!
Saio no Terreiro do Povo,
Outrora Terreiro do Paço,
Cheio de turistas
E de esplanadas.
Acabo a curta viagem
E a reflexão que eu faço
É que a vida é, afinal, um passatempo,
Um jogo de palavras cruzadas.
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 8 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13586: Manuscrito(s) (Luís Graça (42): Extremadura(s)...
17 comentários:
Sobre os elétricos de Lisboa, vd:
http://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9tricos_de_Lisboa
Parabéns Luís Graca por mais este poema que certamente virá a ser publicado no "TAL" livro.
Um abraco do José Belo
Regressado da China (há muito que contar e vai aparecer no blogue!)reentro para te dar
parabéns pelo poema. A tua poesia, original, vai-se depurando com o passar dos anos. Dá para um excelente livro.
Abraço amigo,
António Graça de Abreu
Amigos e camaradas que são fora de Lisboa... Uma viagem no "Vinte e Oito" (Prazeres-Graça) é obrigatória quando cá vierem... O "Vinte e Oito" é como a vida, mais do que um "carrossel", é uma autênctica "montanha russa".... Aliás, é assim que é que conhecida entre a malta da CARRIS...
Quando, por volta de 1976/77, eu trabalhava na Rua da Conceição, apanhava o elétrico até à Estrela e vinha almoçar a casa... Vivia então perto do Hospital Militar Principal, um quarteirão mais abaixo...
Obrigado, amigos, José e António, pelo privilégio da vossa leitura e incentivo... O "tal" livro está pornto, vai na versão 32...
Como é que vocês dizem aí, na Suécia, "Cuidado com os carteiristas" ?
Ou não nos há ? Refiro-me aos "carteiristas"... Cá vão-nos todos os dias ao bolso, e não é só no 28... E a gente vai-se agachando, pondo-se a jeito...
Que apagada e vil tristeza!... Vocês entretanto parece que "mudaram de ladrões"... Ou não os há na Grande Suécia, de cultura protestante luterana ?
Valha-nos o humor...e a poesia!
Um alfabaravo para os "resistentes" da Tabanca da Lapónia!
Belo poema! Lembra-me Cesário Verde e Fernando Pessoa com a cadencia e o ritmo próprio do Luís Graça.
Parabéns camarada e obrigado pela tua energia e pela tua magia.
Aproveito para te pedir que esqueças o último texto que remeti, porque não tem pés nem cabeça.
Um grande abraço
Francisco Baptista
Sim senhor!
"Cuidado com os carteiristas"!
"O 28".
"Calçada do Poço dos Negros"
"Estrela"
"São Bento"....
Tudo coisas que me são familiares.
Quando, da província, fui estudar para Lisboa, comecei por utilizar o "25" a partir do Largo do Carmo com paragem, para mim, no Largo do Rato, quando ia para a "Machado de Castro". Também, nessa ocasião utilizava autocarros, o "9", o "38", o "27"... mas o que conta agora são os eléctricos. E já nessa altura, 1964, na época dos "brandos costumes" e onde, segundo alguns, "nem tudo foi mau" (nunca nada é tudo mau...) havia que ter cuidado com os carteiristas, excelentes 'profissionais' quase sempre, e todos, referenciados.
Depois... o "28"...
Dois anos depois, já frequentava o Instituto Industrial de Lisboa, a funcionar então na Rua de Buenos Aires. Podia chegar lá por vários meios mas o "28" era o mais frequente. Na Rua do Poço dos Negros almocei inúmeras vezes e o meio de locomoção utilizado era a pé (sempre se fazia exercício, poupava-se dinheiro e interagia-se com a envolvente) e/ou o "28".
"Estrela". Incontornável. Estamos em 1966/67/68.... o 'Jardim da Estrela', claro, mas era impossível não olhar, não ver, ainda que de fugida, para afastar maus pensamentos, as instalações do Hospital Militar da Estrela e os seus 'utilizadores'.
"São Bento", nestes dias "da porta aberta", como no Gerês, mas aqui, agora, aberta à visita do povo à "casa da democracia", dizem! Quando por lá passava no "28" já era também "Assembleia", só que "Nacional", diziam!
Mas o "28", vindo da Rua da Conceição, trepando pela Victor Cordon e antes de chegar ao Chiado, Camões, etc. passava por uma rua onde havia o São Luiz e outras 'ocupações' onde se garantia a coesão do regime e se velava para que eventuais 'desvios' às normas fossem 'normalizados'. Um passatempo que tinha era colocar-me de modo a ver as viaturas e suas matrículas que por ali estavam. Como passava todos os dias, podia separar as que estavam ali episodicamente e as que estavam por sistema. Memorizava-as para as escrever mais tarde a salvo de olhares vigilantes... Esse passatempo permitiu-me identificar algumas delas que, certamente por simples passeio, estavam em Vila Franca aquando duma actividade da Secção Cultural da UDV e, naturalmente, referenciar os seus ocupantes.
Já agora, para que se fique a saber, o "28" tinha uma versão alternativa, o "28 A", quando o percurso era encurtado. Na 'versão longa' era do Largo da Graça até junto do Cemitério dos Prazeres, em Campo de Ourique, e vice-versa. A versão alternativa, ou versão curta, cobria apenas a zona central, ou seja, da Estrela à Rua da Conceição.
Abraços
Hélder S.
Carteiristas e...Carteiristas.
Também os há como carteiristas da Democracia,até no nome abusado de "Democratas Suecos".
Nas eleicöes da última semana o Partido Nazi,hoje Democratas Suecos,descendente em linha directa do influente Partido Nazi Sueco dos anos 30 e 40,tornou-se o terceiro (!) maior Partido com 13% dos votos.
Eleicöes ganhas pelos Sociais Democratas com 31,1% dos votos.
(13%) e (31%) däo uma mais correcta prespectiva do verdadeiro significado do resultado em relacäo aos vencedores.
Estes "carteiristas da Democracia" comparados com os desgracados dos ciganos romenos que passam pela Suécia no Veräo fazendo uma boa colheita,säo mais preocupantes pelo que significam hoje nestas sociedades Lutheranas que...também souberam criar o Reich ou o Apartheid.
Um grande abraco desde o Círculo Polar Árctico do José Belo.
Obrigado, Hélder, pelos teus preciosoa "acrescentos"...
O 28 da Carris é,. de facto, uma instituição, um verdadeiro "ex-libris" da cidade de Lisboa, uma atração turística tal como os elevadores, para além da sua importante função que é a de continuar a transportar (dese 1914, ao que parece...) os lisboetas, rua acima, rua baixo, ao longo de 10 séculos de história (no percurso mais longo, que é dos Prazeres à Graça)...
Confesso que já não ando de eletrico há anos, e muito menos no 28!... Mas há dias, deu.me a saudade!... E escrevi este esboço de poema...
A tua "viagem" é muito mais completa do que a minha, passando por sítios, emblemáticos da história da cidade e do país, sítios que tu tão bem evocas (desde A Estrela e o Hospital Militar Principal à António Maria Cardoso, de triste memória)...
Nunca vivi em Lisboa antes de 1974... Vinha a Lisboa, esporadicamente (a primeira, fasacinante, teria eu oito anos, num passeio da escola; depois 2 vezes, aos 10, para fazer o exame da admissão ao liceu, +prova escrita e oral...).
Quando adolescente e jovem, antes da tropa, ia e vinha com mais frequência, mas sem nunca ter tido o privilégio que tu tivestes das "vivências quotidianas"...
Em 1975 tive um quarto (umass águas furtadas!) na Rua da Misericórdia, paredes meias com o Bairro Alto, e frequentava muito a Trindade...
Depois fui para a Lapa dos Pobres, já casado.... Era vizinho do economista Cavaco Silva, então um ilustre deconhecido, na Travessa do Possolo. (O agora Presidente da República continua lá a ter a sua casa, ainda há dias lá passei, também para "matar saudades")...
E nessa altura (1976/77) é que utilizava muito o 28, entra a Rua da Conceição e a Estrela...
Há muitos (e inesperados) sítios na Net sobre o 28, talvez o "elétrico mais famosos do mundo"...
Aqui vai maus um que acabo de descobrir... o blogue (brasileiro) "Devagar se vai ao longe"...
Escerto, com a devdia vénia...
LG
__________
Lisboa, vamos conhece-la através do bonde elétrico 28
http://devagarsevaimaislonge.blogspot.pt/2013/10/lisboa-vamos-conhece-la-atraves-do.html
(...) Vamos conhecer Lisboa de bonde elétrico saindo do Martim Moniz, o 28 dirige-se ao bairro da Graça, na direção do mosteiro de São Vicente de Fora, que merece uma visita pela sua imponência.
Por detrás do mosteiro, fica o Campo de Santa Clara, onde às terças e sábados há um mercado, a Feira da Ladra, onde tudo se compra e vende.
O bonde elétrico continua por Alfama, passando por algumas das ruas e praças mais pitorescas da zona medieval de Lisboa, como a Rua das Escolas Gerais, o Largo das Portas do Sol, um belo miradouro sobre o rio, e mais acima o Castelo de São Jorge.
Descendo em direção à Baixa, a 28 passa pela Catedral de Lisboa, de fachada românica austera, lá pela Igreja de Santo Antônio, o santo predileto da cidade.
Continuando a descer pela movimentada Rua da Conceição, vale a pena sair na Baixa Pombalina, projetada pelo Marquês de Pombal depois do terramoto de 1755.
O elétrico sobe a elegante colina do Chiado, parando quase em frente do famoso "Café A Brasileira", onde a estátua do poeta Fernando Pessoa espera pela sua companhia.
Ao longo de todo o percurso vale a pena prestar atenção à arquitetura dos edifícios, aos azulejos que forram as fachadas e os frisos de estilo Arte Nova. Ao caminho para a Estrela, admire o edifício da Assembleia da República, antigo convento de São Bento, no alto da sua grande escadaria.
Compreende agora porque a este elétrico é conhecido pelo bonde elétrico dos turistas?
Se quiser conhecer todos os recantos e ruelas da Lisboa, sem se cansar a subir e descer as sete colinas da cidade, aceite a nossa sugestão: apanhe o bonde elétrico 28, que o levará pelos locais mais interessantes do patrimônio de Lisboa.
Aqui está um convite para conhecer Lisboa, por este clip muito bem preparado pela Secretaria de Turismo de Lisboa, através do bonde elétrico mais famoso do mundo - o bonde amarelo elétrico № 28 de Lisboa! (...)
E tem inspirado os mais desvairados poetas, ora eruditos ora mais populares, ora portugueses oura estrangeiros...
Aqui vai um... LG
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O ELÉTRICO 28
Márcio Catunda
Caracoleando relíquias, num zigzag estonteante,
o elétrico serpenteia as alvuras do estuário.
Cortando a estreita escada das esquinas,
roçando a cara das vivendas,
ladeira acima, ladeira abaixo,
o elétrico é uma nave de luz sobre as varandas.
Das alturas da Graça,
se vê a jangada de pedra.
É Lisboa, medida na dimensão vertical.
Vai apinhado o artifício ambulante:
«chega um b’cadinho atrás»!
A tabuleta indica «cuidado com os carteiristas».
Uma velhota alerta os passageiros com um gesto de mão.
Outra, gordota, pede o acento a uma rapariga
e mostra o joelho estropeado.
«Não precisa nem mostrar».
Depois, ordena aos gritos:
«saiam daí! Vão patrás!»
O elétrico, sobre a nervura do Tejo,
como um caixote em movimento,
é um arquétipo da condição humana.
In: O jardieniro da vida
Com a devida vénia:
http://www.marciocatunda.com.br/livros/Marcio_Catunda-O_Jardineiro_da_Vida.pdf
Poemas -> Humor : O Eléctrico 28
Tags: turistas Transportes
Moro ali mesmo na Graça
Na mais alta das colinas
Por onde todo o dia passa
Muito turista que devassa
As ruelas estreitinhas!
Mas que nome tão bizzaro:
-Rua e Beco das Beatas-
Será assim e retratas
Os restos de um cigarro,
Ou como alguém dizia
As ratas de sacristia?
Meu passatempo favorito
É no "vinte e oito" da Carris
Ouvir o turista aflito
Dizer: "eu nem acredito!
Passou mesmo por um "triz"!
Na verdade é demais,
Como o vinte e oito passa
Nas Escolas Gerais
Roçando paredes e "taipais"
Rumo ao Largo da Graça!
Não há quem arrisque
A cabeça na janela...
E o mais perigoso e triste
É a miudagem que insiste
Em dependurar-se nela!!!
Murmurava a brasileira
Sentada lá na frente:
-"Oi cara! nesta carreira,
Se não cuidas da carteira
A cuidar dela, tem gente!!!
José Mota
In: Páginja "Luso-.Poemas"
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=58057
(Com a devida vénia)... LG
Caros amigos
Esta questão do "28" foi despontada pelo poema do Luís que também já acrescentou, esclarecendo, os impulsos que recebeu para produzir o poema.
No meu comentário anterior, relatei algumas das minhas vivências, interacções com o "28", mas não opinei sobre o poema em si e por isso aqui estou agora a dizer que gostei e que a prova da sua oportunidade e até pelo conteúdo de alguns aspectos, está aqui mesmo na quantidade de comentários que originou.
E ficámos a perceber como o "28" é importante do ponto de vista turístico e inspirador....
Quanto aos "carteiristas".... pois é verdade que eles estão presentes nesses locais para 'atacar' os incautos, mas quanto a esse tipo de 'profissionais' há medidas que se podem tomar e frustrar razoavelmente o êxito da sua acção. Já quanto aos 'outros carteiristas' que têm o poder de nos ir 'legalmente' aos bolsos a coisa é 'mais fina', muito mais difícil de 'contrariar'.
Os 'profissionais' têm que treinar bastante. Quando, nas vésperas de embarcar para a Guiné, fiz um serviço de "sargento de dia" nos Adidos, estive uma noite toda a receber 'formação'. Estavam lá dois militares que nessa noite tinham 'um contentor para descarregar' e queriam à viva força que eu ficasse com um casaco de antílope (que estaria nessa 'descarga') bem assim como apenas teria que dizer qual a marca de rádio pretendida: Akai, Crown, Hitachi (eram japoneses...). O treino consistia, naquela ocasião, em treinar retirar a carteira do bolso de um casaco pendurado num cabide que por sua vez estava numa corda esticada presa num lado à parede e no outro a um armário e isso sem tocar na camisa que estava também a 'vestir' o manequim/cabide.
Já quanto ao "28" lembro-me de um episódio caricato ocorrido numa noite naquele troço da Calçada da Estrela no sentido descendente, já depois da Assembleia e antes de chegar à Rua de São Bento. Ia um 'fulano' andando dengosamente na zona dos carris (vi a cena porque ia em pé lá na frente) e o guarda-freio teve que tocar a sineta para o alertar e apertar os travões (os freios) que fizeram pfff.
Nessa altura o 'fulano' deu um saltinho e disse: "ai que lá pisei uma gasosa!"... O guarda-freio já não estava a gostar da brincadeira, assomou-se à janela e disse em bom vernáculo: "sai daí meu maricas, senão f.." O 'fulano' lá saiu da frente mas sempre contestou: "promessas, promessas"!.
Abraço
Hélder S.
Claro que seria de todo imperdoável esquecer (ou não referir) aqui o fado "O amarelo da Carris", criação de Carlos do Carlos, com letra de José Carlos Ary dos Santos e música de José Luís Tinoco... Já faz parte do nosso património!
A letra foi recuperada deste sítio (e reproduzida com a devida vénia)...
Sítio Projecto Natura, alojada na Uniersi9dadfe do Minho:
(...) "O Projecto Natura é um pequeno grupo de investigação em Processamento de Linguagem Natural do Departamento de Informática, da Universidade do Minho. Faz parte de um grupo mais amplo de Processamento e Especificação de Linguagens." (...)
http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/carlosdocarmo_02.html
Fiz três ou quatro correções ("chora", "beliscos", "lava-lar"...), cotejanddo a letra a que vem no síitio do Portal da literatura > José Carlos Ary dos Santos> O Amarelo da Carris
http://www.portaldaliteratura.com/poemas.php?id=1339
___________________
Carlos do Carmo : O amarelo da Carris
Música: José Luís Tinoco
Letra: Ary dos Santos
O amarelo da Carris
vai da Alfama à Mouraria,
quem diria.
Vai da Baixa ao Bairro Alto,
trepa à Graça em sobressalto,
sem saber geografia.
O amarelo da Carris
já teve um avô outrora,
que era o “chora”.
Teve um pai americano,
foi inglês por muito ano,
só é português agora.
Entram magalas, costureiras;
descem senhoras petulantes.
Entre a verdade, os beliscos e as peneiras,
fica tudo como dantes.
Quero um de quinze p'ra a Pampuia.
Já é mais caro este transporte.
E qualquer dia,
mudo a agulha porque a vida
está pela hora da morte.
O amarelo da Carris
tem misérias à socapa
que ele tapa.
Tinha bancos de palhinha,
hoje tem cabelos brancos,
e os bancos são de napa.
No amarelo da Carris
já não há "pode seguir"
para se ouvir.
Hoje o pó que o faz andar
é o pó lava-lar
com que ele se foi cobrir.
Quando um rapaz empurra um velho,
ou se machuca uma criança,
então a gente vê ao espelho o atropelo
e a ganância que nos cansa.
E quando a malta fica à espera,
é que percebe como é:
passa à pendura
um pendura que não paga
e não quer andar a pé.
Entram magalas, costureiras;
descem senhoras petulantes.
Entre a verdade,
os beliscos e as peneiras,
fica tudo como dantes.
A CARRIS diz que o 28E, n snetido descendente, de Campo de Ourique (Prazeses) ao Martim Moniz, leva 37 minutos...
Aqui está o itinerário... Ao longo do dia, das 6h00 às 2h00 há elétricos, 4 a 6 vezes por hora...
Amigos e camaradas, não deixem de fazer este percurso antes de morrerem ou antes qye a CARRIS... mate o 28!... LG
____________________
Campo Ourique (Prazeres)
Igreja Sto. Condestável
R. Saraiva Carvalho
R. Domingos Sequeira
06 min
Estrela / R. Domingos Sequeira
Estrela (Basílica) Hospital
Cç. Estrela / R. Teófilo Braga
Cç. Estrela / R. Borges Carneiro
Cç. Estrela
R. S. Bento / Cç. Estrela
R. Poço Negros
Cç. Combro
07 min
Calhariz (Bica)
Pç. Luis Camões
Chiado Metro
R. Vitor Cordon Hospital
R. Vitor Cordon / R. Serpa Pinto
09 min
Lg. Belas Artes
R. Conceição
Igreja Madalena
Sé
Limoeiro
Miradouro Sta. Luzia
Lg. Portas Sol
R. Escolas Gerais
Cç. S. Vicente
07 min
Voz Operário
Graça
R. Graça
Sapadores
R. Angelina Vidal
R. Forno Tijolo
R. Maria
R. Maria Andrade
Igreja Anjos Metro
R. Palma Metro
08 min
Martim Moniz Metro Hospital
Martim Moniz Metro Hospital
http://www.carris.pt/pt/electrico/28E/descendente/
Gostei dos poemas e comentários que me antecedem, mas o Luís Graça e os outros camaradas que me desculpem mas quero cumprimentar sobretudo o nosso amigo Hélder Valério que voltou a enriquecer o nosso blogue com a riqueza dos seus conhecimentos e das suas observações oportunas.
Um grande abraço para ti meu grande amigo.
Francisco Baptista
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