"O João Caramba [1950-2013], eu e o Ivo, em Santa Maria da Feira, pouco tempo depois do nosso regresso"
Foto (e legenda): © Juvenal Amado (2015). Todos os direitos reservados.
1. Mensagem de Juvenal Amado (ex-1.º cabo condutor auto, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74)
Data: 8 de abril de 2015 às 23:06
Assunto: O 25 de Abril faz 41 anos
Caros camaradas
A liberdade será porventura um dos maiores anseios colectivos da Humanidade. Tão difícil de alcançar, julgo ainda mais difícil de manter.
Somos uma geração que lutou por ela, que a abraçou, e que deseja deixá-la às gerações vindouras como um bem supremo, pelo o qual tantos morreram desde o berço da nossa nacionalidade.
Na nossa História tantas vezes perdida e outras tantas vezes recuperada, valeu a pena.
Um abraço
Juvenal Amado
Estórias do Juvenal Amado (53) > Sou um sonhador
Sonho com água a passar límpida debaixo das pontes,
Que no Natal haverá brinquedos para todas a crianças,
Amêndoas na Pascoa,
Que há um fim para a violência,
Que o Homem tem prioridade sobre os interesses,
Que chove sempre na altura certa,
Que o Sol aparece sempre na Primavera,
Que os campos se cobrem de verde,
Que as flores darão sempre lugar aos frutos,
A Natureza vença a destruição,
Que os homens se respeitem,
O branco e o preto sejam símbolos da mesma pureza,
Que no Verão os fogos poupem a floresta,
O Outono seja manso,
O Inverno rigoroso mas que ninguém dê por isso,
Que haja arco-íris em todas as escolas,
Que o desemprego seja uma recordação,
Que a tua mão nunca se canse da minha,
Que os sonhos alimentem os sentidos,
Que o silêncio seja a bebedeira da alma...
O 25 de Abril faz 41 anos
Sonho com água a passar límpida debaixo das pontes,
Que no Natal haverá brinquedos para todas a crianças,
Amêndoas na Pascoa,
Que há um fim para a violência,
Que o Homem tem prioridade sobre os interesses,
Que chove sempre na altura certa,
Que o Sol aparece sempre na Primavera,
Que os campos se cobrem de verde,
Que as flores darão sempre lugar aos frutos,
A Natureza vença a destruição,
Que os homens se respeitem,
O branco e o preto sejam símbolos da mesma pureza,
Que no Verão os fogos poupem a floresta,
O Outono seja manso,
O Inverno rigoroso mas que ninguém dê por isso,
Que haja arco-íris em todas as escolas,
Que o desemprego seja uma recordação,
Que a tua mão nunca se canse da minha,
Que os sonhos alimentem os sentidos,
Que o silêncio seja a bebedeira da alma...
O 25 de Abril faz 41 anos
E eu continuo um incorrigível sonhador.
________________
Nota do editor:
Último poste da série > 26 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13534: Estórias do Juvenal Amado (52): Portugal, fábrica de soldados
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Nota do editor:
Último poste da série > 26 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13534: Estórias do Juvenal Amado (52): Portugal, fábrica de soldados
4 comentários:
Caro Juvenal
Mesmo tendo em conta o risco de aparecer algum amigo, surpreendentemente paternalista, recomendar-te que "pensa, Juvenal, pensa", atrevo-me a sugerir-te que "não deixes de ser sonhador".
Não digo "incorrigível", pois é sempre possível fazê-lo.
Mas dizem que "o sonho comanda a vida" e por isso essa tua postura só pode estar correcta.
No poema com que procuras sublinhar essa tua atitude acho que há por lá "desejos utópicos", mas afinal que mal tem isso?
Será 'pecado' desejar o fim da violência?
Será 'pecado' desejar a Liberdade?
Sim, Juvenal, sonha e ajuda-nos a sonhar. E a acreditar que o sonho é possível!
Abraço
Hélder S.
Parabéns pelo teu poema, Juvenal... Sonhar faz bem à alma e não paga IV...
Não resisto a transcrever na íntegra a letra do belíssimo poema de António Gedeão (pseudónimo do prof de liceu Rómulo de Carvalho) que alguns de nós gostavamd e canatar, altas horas da madrugada, no bar de sargentos de Bamabdinca, nos idos tempos de 1969/71...
Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
In Movimento Perpétuo, 1956
Reproduzido com a devida vénia de:
http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/antonio_gedeao/pedra_filo.html
Amigo Juvenal!
Eu também sonho, mas não sei fazer versos como tu. Gostei muito.
Um abraço
Francisco Baptista
Eterno sonhador e poeta. Continuo a bisbilhotar este cantinho de recordações. Um abraço Juvenal.
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