Camaradas e Amigos
Estive lá, nessa Operação…Esqueceram-se da CART 1659 ? (*)
Em determinadas circunstâncias fico bastante magoado, escrevi um livro, “O Corredor da Morte”, sem a intenção de ser Prémio Nobel, mas para falar sobre aquilo que me atormentava e atormenta que é o escândalo da História da Guerra Colonial não ser contada e ficar escondida e perdida.
Ao editar o livro, já o poderia ter feito em 1996, e tinha editora, pretendi narrar, principalmente as situações em que participei, nunca como observador. O livro surge por solicitação, e nunca me preocupei com o português usado, mas com o que sentia e sinto. Cometi erros e assumo. Se existir uma outra edição, possivelmente vai existir, porque fiquei engasgado, atravessado na garganta, [farei as necessárias correções].
Vamos acreditar nas historietas que nos narram, ou seremos nós que devemos fazer a História ? Se não tivermos capacidade para o fazer, vamos pedir ajuda a um amigo. Editei o livro para que surjam outros rostos para escreverem sobre as experiências do “G” de Guerra e “G” de Gadamael Porto, Guidage, Ganturé, Guileje, Gandembel e outos “G”. Ser chamariz.
Sobre a “Operação Bola de Fogo”, falo resumidamente
no meu Livro “O Corredor da Morte”, nas páginas 172 e 173. Pois estive na “Operação Bola de Fogo”, de 8 a 14 de Abril de 1968, a Implantação de um aquartelamento no “corredor de Guileje” ou “corredor da morte”, Gandembel.
no meu Livro “O Corredor da Morte”, nas páginas 172 e 173. Pois estive na “Operação Bola de Fogo”, de 8 a 14 de Abril de 1968, a Implantação de um aquartelamento no “corredor de Guileje” ou “corredor da morte”, Gandembel.
Almocei, jantei e bebi cervejas, com o Furriéis Milicianos que iam abastecer-se a Gadamael Porto. Estivemos (eu também) nas descargas de todos os reabastecimentos e material destinados às forças empenhadas na operação e à montagem do novo aquartelamento, e apoiámos ao transporte dos mesmos até Guileje, com viaturas e respectivos condutores, em todas as colunas que, de Guileje, se efectuaram para Gandembel. Depois seguiu-se a Operação “Boa Farpa” a 5 e 6 Junho (Reajustamento do dispositivo e escolta à coluna de reabastecimento no itinerário Guileje-Gandembel e inverso). Tivemos um condutor ferido e evacuado.
A CART 1659 fez com a CCAÇ 1621, 12 colunas de reabastecimento de Abril a Julho de 1968 a Guileje. Na 11.ª coluna, efectuada em 28 de Junho, fomos vítimas de uma emboscada na via Ganturé-Guileje, tendo o PAIGC sofrido 8 mortos confirmados e feridos.
Na 12.ª coluna, efectuada em 26 de Julho de 1968, a CART 1659 foi vítima no rebentamento de uma mina A/C e accionada uma outra de que resultou e destruição de 1 viatura GMC e 1 ferido grave e 7 ligeiros, para as NT. Tenho fotos dele e do Cruzamento, num dia que apoiámos Guileje após um ataque do PAIGC.
Sobre a construção da padaria em Gandembel foi o Soldado n.º 00747866, António Manuel Magalhães Mendes Cerejo, que era da minha Secção, que colaborou no mesmo. Um bom soldado reguila, atrevido, mas um grande soldado. Conheci-o bem, ajudei um pouco para que melhorasse. Sei que foi um bom elemento que debaixo de fogo ajudou a construir o forno.
Terminámos a Comissão em Outubro.
Tenho muito que contar, mas só pretendo dizer que sinto-me honrado por ter conhecido alguns desses homens, o sofrimento. Contarem os segundos de não escutar um simples tiro. Estive tempos infinitos no Cruzamento de Guileje para Gandembel.
Escrevam, cada um de vós tem um pouco de história. (**)
Mário Vitorino Gaspar,
Furriel Miliciano da CART 1659,
Gadamael Porto, de JAN67 a OUT68
Gadamael Porto, de JAN67 a OUT68
__________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 16 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14478: Outras memórias da minha guerra (José Ferreira da Silva) (17): Operação Bola de Fogo - Construção de Gandembel (O Inferno)
(**) Último poste da série > 7 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14441: (Ex)citações (270): Não confundir a CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) com a CART 6250/73, comandada pelo cap art António Ferreira da Silva (Cumeré, Caboxanque e Ilondé, maio/out 1974) (Luís Eiras / Rui Pedro Silva / Carlos Coutinho)
6 comentários:
Boa tarde camaradas
Àqueles que como eu, chegámos anos depois a estas paragens, não nos foi dado a conhecer a história, o sofrimento e o sangue derramado nestas terras antes da nossa chegada.
Como graduado, acho que deveria ter tido conhecimento de todos os acontecimentos anteriores passados na região e que nos teriam sido úteis para enquadrarmos o nosso esforço e vigilância nas acções que empreendemos.
Só através do blogue tive conhecimento do que se passou na região antes de nós chegarmos.
Houve muita estupidez nesta guerra, como em todas as guerras, acho eu!
Carlos Farinha
Ex-Alf. Mil. Cart 6250/72 Mampatá
Caros Camaradas que estiveram em Gandembel
Deitem para o papel, escrevam sobre tudo o que passaram naquele tenebroso ninho de víboras, naquele “cu do mundo”. Se não se sentirem capazes de escreverem, peçam a um filho, um amigo, e deitem para fora todo o sentimento que cresce no interior. Atacados a todo o segundo, por vezes um simples guerrilheiro do PAIGC, causava pânico dando um tiro de cada vez e de amiúde.
O transporte do cruzamento de Guileje para Gandembel, eram segundo se dizia 15 ou 20 emboscadas na ida e outras tantas no regresso. E fornilhos? Nunca compreendi termos abandonado aquartelamentos estrategicamente bem situados, como Mejo e Ganturé, já após a retirada de Sangonhá e Cacoca, em 28 de Julho de 1968 (há quem diga que á a 29). Guileje fica completamente ao abandono, com Gandembel por companhia. E tudo para recebermos de braços no ar os civis oriundos da Guiné ex Francesa (como chamávamos no meu tempo).
Gandembel em pleno “Corredor da Morte”, mas quem teria inventado tal?
E a entrada de civis em Gadamael Porto? Era uma aldeola no meu tempo.
Ficaram as valas, os abrigos atrás. Devíamos estar atrasados no tempo.
Escrevam camaradas narrem aquela do papel higiénico. Contava-se uma história que o PAIGC ficou na posse das viaturas e de tudo que ia nas viaturas e que cobriram o terreno com papel higiénico. Dizem que ficou um manto branco. Se for mentira digam.
Como ninguém fala, falo eu. NARREM PARA QUE NÃO RESTE SENÃO A MENTIRA…
Cumprimentos a todos os Camaradas de Gandembel, Guileje e Gadamael Porto – três INFERNOS escritos com “G” de GUERRA
Mas Sardinha
És da Caparica, estou acordado, mas vou para Monte Real. Quem será o Mário Vitorino Gaspar? Algum intruso?
Mário Vitorino Gaspar
O que se passa com a minha conta, não entendo informática e para entrar no Blogue pareço ser do PAIGC.
Estou preocupado porque para entrar entraves.
Sou o Mário Vitorino Gaspar
Furriel Miliciano N.º 03163264
Guiné 63/74 - P14479: (Ex)citações (271): Também estive na Op Bola de Fogo, de 8 a 14 de abril de 1968, no apoio à construção do aquartelamento de (e depois nos reabastecimentos a) Gandembel (Mário Gaspar, ex-fur mil MA, CART 1659, Gadamael, jan 67 / out 68)
1. Comentário de Mário Gaspar ao poste P14478 (*):
Camaradas e Amigos
Estive lá, nessa Operação…Esqueceram-se da CART 1659 ? (*)
Em determinadas circunstâncias fico bastante magoado, escrevi um livro, “O Corredor da Morte”, sem a intenção de ser Prémio Nobel, mas para falar sobre aquilo que me atormentava e atormenta que é o escândalo da História da Guerra Colonial não ser contada e ficar escondida e perdida.
Ao editar o livro, já o poderia ter feito em 1996, e tinha editora, pretendi narrar, principalmente as situações em que participei, nunca como observador. O livro surge por solicitação, e nunca me preocupei com o português usado, mas com o que sentia e sinto. Cometi erros e assumo. Se existir uma outra edição, possivelmente vai existir, porque fiquei engasgado, atravessado na garganta, [farei as necessárias correções].
Vamos acreditar nas historietas que nos narram, ou seremos nós que devemos fazer a História ? Se não tivermos capacidade para o fazer, vamos pedir ajuda a um amigo. Editei o livro para que surjam outros rostos para escreverem sobre as experiências do “G” de Guerra e “G” de Gadamael Porto, Guidage, Ganturé, Guileje, Gandembel e outos “G”. Ser chamariz.
Sobre a “Operação Bola de Fogo”, falo resumidamente
no meu Livro “O Corredor da Morte”, nas páginas 172 e 173. Pois estive na “Operação Bola de Fogo”, de 8 a 14 de Abril de 1968, a Implantação de um aquartelamento no “corredor de Guileje” ou “corredor da morte”, Gandembel.
Almocei, jantei e bebi cervejas, com o Furriéis Milicianos que iam abastecer-se a Gadamael Porto. Estivemos (eu também) nas descargas de todos os reabastecimentos e material destinados às forças empenhadas na operação e à montagem do novo aquartelamento, e apoiámos ao transporte dos mesmos até Guileje, com viaturas e respectivos condutores, em todas as colunas que, de Guileje, se efectuaram para Gandembel. Depois seguiu-se a Operação “Boa Farpa” a 5 e 6 Junho (Reajustamento do dispositivo e escolta à coluna de reabastecimento no itinerário Guileje-Gandembel e inverso). Tivemos um condutor ferido e evacuado.
A CART 1659 fez com a CCAÇ 1621, 12 colunas de reabastecimento de Abril a Julho de 1968 a Guileje. Na 11.ª coluna, efectuada em 28 de Junho, fomos vítimas de uma emboscada na via Ganturé-Guileje, tendo o PAIGC sofrido 8 mortos confirmados e feridos.
Na 12.ª coluna, efectuada em 26 de Julho de 1968, a CART 1659 foi vítima no rebentamento de uma mina A/C e accionada uma outra de que resultou e destruição de 1 viatura GMC e 1 ferido grave e 7 ligeiros, para as NT. Tenho fotos dele e do Cruzamento, num dia que apoiámos Guileje após um ataque do PAIGC.
Sobre a construção da padaria em Gandembel foi o Soldado n.º 00747866, António Manuel Magalhães Mendes Cerejo, que era da minha Secção, que colaborou no mesmo. Um bom soldado reguila, atrevido, mas um grande soldado. Conheci-o bem, ajudei um pouco para que melhorasse. Sei que foi um bom elemento que debaixo de fogo ajudou a construir o forno.
Terminámos a Comissão em Outubro.
Tenho muito que contar, mas só pretendo dizer que sinto-me honrado por ter conhecido alguns desses homens, o sofrimento. Contarem os segundos de não escutar um simples tiro. Estive tempos infinitos no Cruzamento de Guileje para Gandembel.
Escrevam, cada um de vós tem um pouco de história. (**)
Mário Vitorino Gaspar,
Caros Camaradas
Muitos se queixam, muitas histórias e estórias de bravura e Heróis de verdade. Rambos aos molhos, mas Gandembel, vítima de quem faz de nós Combatentes dementes e doentes. Quem inventou Gandembel deveria ser julgado. Em Gadamael escutava-se os contínuos rebentamentos. Se não era um ataque, um guerrilheiro sozinho e põe em alerta o aquartelamento.
Quantas e quantas vezes a CART 1659 foi apoiar no abastecimento e quanta mercadoria, descarregaram em Gadamael Porto. A CART 1659 – ZORBA e com o lema “Os Homens não Morrem”, para além de ser operacional era vítima das descargas constantes de mercadoria.
Os Camaradas de Gandembel merecem todo o meu apreço.
Mário Vitorino Gaspar
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