terça-feira, 14 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14878: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXIV: janeiro de 1974: (i) flagelação a Finete, na margem norte do Geba Estreito, frente a Bambadinca, causando 5 mortos civis e a destruição de 25 moranças; (ii) ataque, com granada de mão defensiva, ao edifício dos CTT, de Bambadinca; e (iii) o jornalista e escritor sueco Christopher Jolin (1925-1999) visita Bambadinca e Nhabijões



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Pel Rec Daimler 2046 (maio de 1968/fevereiro de 1970) > O edifício dos CTT, contrariamente à capela, a escola (e a casa da professora), e o posto administrativo (e casa do chefe de posto),  ficava fora do recinto do quartel de Bambadinca... Mais exatamente, segundo a precisosa descrição do Humberto Reis, ficava no lado da rampa que, descendo do quartel, atravessa a tabanca de Bambadinca, dando acesso do lado esquer4do ao porto fluvial (e destacamento da Intendência) e do lado direitoa estrada (alcatroada) para Bafatá... edifício dos CTT ficava do lado oposto da casa e loja do Rendeiro (, comerciante, branco, da Murtosa)...

O insólito foi o ataque, à granada (de mão. defensiva) perpetrado contra o edifício, em 18/1/1974, às 20h45, embora sem consequências...  Tudo indicava que havia, por esta altura, uma célula ativa do PAIGC na localidade de Bambadinca... Foram encontradas mais duas granadas, do mesmo tipo, chinesas, que não rebentaram...

Foto: © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]




Guiné-Bissau > Zona Leste > Bambadinca > 1997 > "O antigo edifício dos correios... Mas legendas para quê ?! Está lá escrito na parede com as mesmas letras de há 35 anos. Daqui telefonei para Lisboa umas 3 ou 4 vezes. In ilo tempore, em que se pedia a chamada com dois dias de antecedência e com hora marcada!"... O edifício ficava na tabanca de Bambadinca, fora do recinto do quartel e posto administrativo, esclarece o Humberto Reis.

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2005) (com a colaboração do Braima Samá). Todos os direitos reservados.


 1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].

O destaque do mês de janeiro  de 1974 (pp. 81/84) vai para:

 (i) o ataque, no dia 12, em pleno dia,  contra a tabanca e destacamento de milícia de Finete, no regulado do Cuor, na margem norte do Rio Geba Estreito, a escassa distância de Bambadinca, sede do batalhão;

(ii)  as baixas foram importantes: 5 mortos (civis), 25 moranças totalmente destruídas bem como grande parte da colheita de arroz;

(iii) atentado, a 18, às 20h45, contra o edifício dos CTT de Bambandinca, edifício que ficava fora do perímetro de arame farpado; o facto era inédito, por se tratar de um objetivo civil, localizado a escassas dezenas de metros do quartel (e da porta de armas, a norte); foi utilizada uma granada de mão defensiva, de origem chinesa;

(iv)  flagelação, a 9, do destacamento do Mato Cão, guarnecido pelo Pel Caç Nat 52; 

(iv) flagelação, a 20, do destacamento de Missirá (gurnecido pelo Pel Caç Nat 54 e Pel Mil 202);

(v) flagelação, a 31, do Xitole, com 4 canhões s/r; destruídas 8 moranças;

(vi) flagelação,a  20, do Xime;

(vii) o jornalista sueco Cristopher Jolin (**) visitou Bambadinca e o reordenamento de Nhabijões;

(viii) apresentaram-se às autoridades 9 elementos pop sob controlo IN, 6 dos quais estavam, coercivamente,. a receber treino no centro militar do Boé;











História da Unidade - BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) - Cap II, pp. 81/84
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 28 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14535: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXIII: dezembro de 1973: flagelação do Xime, com foguetões 122 mm: sete mortos civis



Christopher Jolin, discursando
em 1973, em Trafalgar
Square, Londres,
num "meeting" organizado
pelo Euopean Freedom Council.
 Foto: Cortesia da Wikipedia
(**) Christopher Jolin (1925-1999) foi um joinalista, escritor e comentador político, sueco, ligado à ireita nacionalista, com posições nalguns casos próximas da extrema direita xenófoba e antissemita...Vd, aqui, em sueco, uma entrada sobre ele, na Wikipedia.

Da tradução que o Google me fez do sueco para inglês (, sempre é melhor do que do sueco para português), percebi o seguinte:

"Jolin wrote in 1972 the book 'Left rotation: threats to democracy in Sweden', where he ran the thesis that the extreme left have infiltrated the state TV and radio. During this time, Jolin also participated extensively in the anti-communist magazines Arguments for Freedom and Operation Law and Sweden, and the Swedish National Association of Free the Word. Jolin also spent time in the circle of SNF's Chairman Ulf Hamacher. Jolin, who enjoyed some respect from the parliamentary right, later became notorious as the extreme right and anti-Semitic."

O nosso grã-tabanqueiro luso-lapão Joseph Belo talvez nos possa dizer algo mais sobre este homem
 que visitou Bambadinca e Nhabijões em janeiro de 1974, 
e que muito provavelmente não deveria  gostar da teoria do lusotropicalismo do Gilberto Freyre, Era, se bem entendi, contrário à "miscigenização", leia-se "mestiçagem".

1 comentário:

Luís Graça disse...

Inicialmente cometi um erro ao legendar as fotos do edifício dos CTT em Bambadinca... É que o edifício não era dentro, mas sim fora do quartel , embora a escassas dezenas de metros da "porta de armas" a nordeste (saída para a tabanca, o cais fluvial e Bafatá)...

Olhando melhor para a foto do Jaime Machado, conclui que o edifício ficava mesmo na povoação (e não no quartel)... O Humberto Reis (que tem memória de elefante e que utilizava os CTT mais do que eu...) tirou-me todas as dúvidas... O edifício ficava do lado direito da rampa do quartel, mesmo em frente à casa e loja do Rendeiro...

Peço desculpa pelo erro, já corrigido. A memória é traiçoeira... LG