Guiné > Região do Boé > Rio Corubal > Cheche > 6 de fevereiro de 1969 > A famigerada jangada que servia para transporte de tropas e material, numa das últimas travessias, aquando da retirada de Madina do Boé.
A foto, histórica, é do comandante da Op Mabecos Bravios, o então cor inf Hélio [Augusto Esteves ] Felgas (1920-2008). Reproduzida com a devida vénia de Camões - Revista de Letras e Culturas Lusófonas, nº 5, abril-junho 1969, pág. 15 (publicação editada pelo Instituto Camões; o nº 5, temático, foi dedicado ao "25 de Abril, revolução dos cravos).
Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > c. 6 de fevereiro de 1969 > Op Mabecos Bravios: apoio da FAP, na retirada do aquartelamento de Madina do Boe, guarnecido pela CCAÇ 1790 (Madina do Boé, 1967/69).
A foto, histórica, é do comandante da Op Mabecos Bravios, o então cor inf Hélio Felgas. Reproduzida com a devida vénia de Camões - Revista de Letras e Culturas Lusófonas, nº 5, abril-junho 1969, pág. 10 (publicação editada pelo Instituto Camões; o nº 5, temático, foi dedicado ao "25 de Abril, revolução dos cravos).
Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > c. 6 de fevereiro de 1969 > Mais uma outra foto, histórica, do comandante da Op Mabecos Bravios, o então cor inf Hélio Felgas: a última missa celebrada no aquartelamento de Madina do Boé, antes da retirada das NT.
Reproduzida com a devida vénia de Camões - Revista de Letras e Culturas Lusófonas, nº 5, abril-junho 1969, pág. 10 (publicação editada pelo Instituto Camões; o nº 5, temático, foi dedicado ao "25 de Abril, revolução dos cravos).
Guiné > Região do Boé > Mandina do Boé > c. 6 de fevereiro de 1969 > Mais uma foto, histórica, do comandante da Op Mabecos Bravios, o então cor inf Hélio Felgas: homens e material prontos para deixar a mítica Madina do Boé.
Reproduzida com a devida vénia de Camões - Revista de Letras e Culturas Lusófonas, nº 5, abril-junho 1969, pág. 11 (publicação editada pelo Instituto Camões; o nº 5, temático, foi dedicado ao "25 de Abril, revolução dos cravos).
Guiné > Região do Boé > Mandina do Boé > 6 de fevereiro de 1969 > Mais uma foto, histórica, do comandante da Op Mabecos Bravios, o então cor inf Hélio Felgas (falecido em 2008, com o posto de maj gen): momentos dramáticos depois da deflagração de uma mina A/C aquando da retirada de Madina do Boé.
Reproduzida com a devida vénia de Camões - Revista de Letras e Culturas Lusófonas, nº 5, abril-junho 1969, pág. 12 (publicação editada pelo Instituto Camões; o nº 5, temático, foi dedicado ao "25 de Abril, revolução dos cravos).
1. Estas fotos, extraordinárias, tiradas pelo então cor inf Hélio Felgas, comandante do Agrupamento nº 2957 (Bafatá, 1968/70) e comandante da Op Mabecos Bravios (retirada de Madina do Boé, 2 a 7 de fevereiro de 1969), merecem ser conhecidas, partilhadas, divulgadas e comentadas. (*)
Julgo que fazem agora parte do Arquivo Histórico-Militar. O seu autor morreu em 2008 e a família deve ter doado o seu espólio fotográfico ao AHM.
Foi militar, escritor e professor da Escola do Exército. As suas como militar e português foram reconhecidas com as medalhas de ouro de Serviços Distintos com Palma, Cruz de Guerra (1ª e 3ª classes) e o grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.
É pena que não tenhamos tido acesso às fotografias originais. As imagens que aqui reproduzimos, com a devida vénia, são da revista Camões, em formato pdf. São também a nossa maneira, singela, de relembrar aqui esse fatídico dia 6/2/1969, em que morreram 46 militares portugueses, nossos camaradas da CCAÇ 2405 e CCAÇ 1790, além de um civil guineense, na travessia do Rio Corubal, em Cheche, na retirada de Madina do Boé. (**) (LG)
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Notas do editor:
(*) Vd. também aqui o poste 25 de junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2984: Op Mabecos Bravios: a retirada de Madina do Boé e o desastre de Cheche (Maj Gen Hélio Felgas † )
(**) Último poste da série > 10 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15472: Fotos à procura de... uma legenda (67): Xitole, 2008, extraordinária fotografia, a do João Rocha!... 40 anos depois com a antiga lavadeira, é muito mais que um abraço ou "o olá como tens passado"... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)
6 comentários:
Quando cheguei à Guiné em finais de maio de 1969, o "trauma" deste desastre ainda estava bem presente nos nossos espíritos e nas nossas conversas, logo em Bissau, nas ruas e esplanadas e no Depósito Geral de Adidos, e depois em Contuboel, para onde marchámos, em 2 de junho de 1969, para dar instrução de especialidade (e fazer a IAO) aos nossos soldados do recrutamento local...
Madina do Boé (a par de Gandembel) eram dois dos grandes "mitos" de que se falava na altura... Ambos tinha sido retirados pelas NT, mas havia outros: Beli, Ponta do Inglês...
Pronunciávamos estes topónimos (Madina do Boé e Gandembel, mas já também Guileje...) com reverência e temor... Com o exagero próprio de quem estava, apesar de tudo, longe do sítio, e era completamente ignorante da história da guerra da Indochina, Madina do Boé era comparada nessa altura a Dien-Bien-Phu!!!...
A batalha de Bien-Dien-Phu, a última da guerra da Indochina, travou-se de 13 de Março a 7 de Maio de 1954, entre o Viet Minh e o corpo expedicionário francês...
"Após 8 semanas de duros combates as tropas do Vietname do Norte, que numa força de cerca de 80 mil homens sofreram 7 900 mortos e 15 000 feridos, venceram as tropas da União Francesa. Dos franceses, que registaram 2293 mortos e 5 193 feridos na batalha, 11 721 soldados ficaram prisioneiros e a maioria não sobreviveu ao cativeiro, tendo sido repatriados apenas 3290."...
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Dien_Bien_Phu
... A única possível semelhança com Madina do Boé, só podiam ser, vagamente, as colinas do Boé... Mas contavam-se histórias medonhas, em Bissau, quando lá chegámos...
Sei que na altura, quando fui para o leste, em junho de 1969, o raio do fantasma de Madina do Boé/Dien-Bien-Phu não me saía da cabeça... E tenho registos disso no meu diário...
Enfim, a ignorância é que está, quase sempre, na base do medo... Mesmo tiro o meu quico a todas as vítimas daquele horrível desastre, no Cheche!... E já agora a todos os nossos camaradas, que morreram, foram feridos e sofreram nesse famigerado triângulo do Boé (Nova Lamego, Beli, Madina do Boé), como lhe chama o Zé Martins (que esteve em pleno coração do triângulo, em Canjadude, na CCAÇ 5, os Gatos Pretos)...
119 mortos entre 1963 e 1974, segundo as contas do Zé!
6 DE FEVEREIRO DE 2016
Guiné 63/74 - P15713: Efemérides (210): Triângulo do Boé, num total de 119 militares tombados, 47 só no dia 6 de Fevereiro de 1969, no Rio Corubal, no desastre da jangada, na sequência da retirada de Madina do Boé (José Martins)
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2016/02/guine-6374-p15713-efemerides-210.html
Imagens impressionantes neste poste.
São só por si História embora também horror e morte.
Que descansem e Paz
Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto...
Vd. aqui a reportagem publicado no Expresso, em 16/9/2015, com a assinatura do jornalista Luís Pedro Nunes e fotografia do fotojornalista Alfredo Cunha:
Um 'fuzo' esquecido junto aos mortos do Corubal
16.09.2015 às 19h5934
http://expresso.sapo.pt/internacional/2015-09-16-Um-fuzo-esquecido-junto-aos-mortos-do-Corubal
Há quase meio século que um homem espera sentado numa canoa na margem do rio Corubal. Não tem nada. Apenas a mágoa de ter sido abandonado, uma revista antiga e um velho cartão de combatente. Espera pelos antigos companheiros que o venham buscar, junto às águas que servem de cemitério para dezenas de portugueses
Luís Pedro Nunes
Alfredo Cunha
(...) É assim que se percebe o poder brutal da corrente do Corubal, que levou a vida a 47 militares portugueses na noite de 5 para 6 de fevereiro de 1969. A companhia de Caçadores 1790 já tinha percorrido os 30 quilómetros entre o quartel e a margem, com forte apoio aéreo para não ser atacada. O atravessamento do material militar e das viaturas foi feito exatamente com pirogas dessas, com lacas de madeira e um zebro de borracha a empurrar. Foram 28 viaturas pesadas, 100 toneladas de munições, três autometralhadoras e 500 homens. Já de madrugada, na última passagem, quando a jangada vinha carregada de homens, o comandante da operação decide mandar umas morteiradas para uns alegados locais do PAIGC. Os homens a meio do rio entram em pânico por não saberem de onde vem a fogachada. A barcaça começa a cuspir homens vestidos e carregados de munições. Morreram 47. A maioria ficou para sempre naquele rio. Alguns foram enterrados nas margens. (...)
No relatório do destacamento F [CCAÇ 2405], não há qualquer referência a "morteiradas":
(...) Extractos de: Guiné 68-70. Bambadinca: Batalhão de Caçadores nº 2852. Documento policopiado. 30 de Abril de 1970. c. 200 pp. Classificação: Reservado. Cap. II. 36-38.
(...) Iniciada a Op Mabecos Bravios, em 1 [de Fevereiro de 1969], com a duração de 8 dias, para retirar as nossas tropas de Madina do Boé. Entre vários destacamentos, tomou parte no Destacamento F a CCAÇ 2405 [Comandante: Cap Mil José Miguel Novais Jerónimo; 1º Grupo de Combate – Alf Mil Jorge Lopes Maia Rijo; 3º Grupo de Combate – Alf Mil Rui Manuel da Silva Felício; 4º Grupo de Combate – Alf Mil Paulo Enes Lage Raposo].
(...) Desenrolar da acção [...]:
(...) Em D + 3 [5 de Fevereiro de 1969] por volta das 7.30h recebemos ordens do PCV [Posto de Comando Volante] para a abandonar a nossa posição e seguir ao encontro da coluna. Uma hora depois atingimos o campo de aviação de Madina [do Boé] onde fomos reabastecidos de água e r/c [rações de combate].
Pelas 9.00h a coluna pôs-se em movimento e meia hora depois 4 carros da rectaguarda tiveram um acidente. Não obstante, a coluna prosseguiu e o pessoal do Dest F mais os mecânicos resolveram a dificuldade.
Entretanto, o final da coluna pôs-se em movimento acelerado para apanhar as viaturas da frente e deixaram a guarda da rectaguarda isolada no mato, num momento particularmente difícil em que precisávamos evacuar 2 soldados vencidos pelo esgotamento físico e nervoso (2 noites seguidas sem dormir, ataque de abelhas em D +1, intenso calor).
O Comandante da coluna ordenou que se fizesse a evacuação e o reabastecimento de água. Feitos estes, iniciou-se a marcha e a breve trecho tomámos contacto com a coluna e tudo correu normalmente até ao Cheche. A cobertura aérea pareceu-me impecável.
Próximo de Cheche recebi ordens para ocupar a posição que ocupara que tivera em D / D+1 porque o Exmo. Comandante da Operação [, cor inf Hélio Felgas,] entendeu dever poupar alguns quilómetros ao Dest F e D, bastante atingidos pela dureza dos respectivos percursos. Essa foi a razão porque não transpus o [Rio] Corubal em D + 3 [ 5 de Fevereiro], só o vindo a fazer em D + 4 [6 de Fevereiro] por volta das 9.00h.
O IN continua sem se manifestar (ou sem se poder manifestar). Durante a transposição do Corubal a jangada em que seguiam 4 Gr Comb [da CCAÇ 2405 e da CCAÇ 1790], respectivos comandos e tripulação afundou-se espectacularmente acerca de um terço da largura do rio, provocando o desaparecimento de 17 militares do Dest F e grandes quantidades de material perdido.
Por voltas das 10.00h de D+ 4 [6 de Fevereiro] saímos de Cheche para Canjadude que atingimos por volta das 16.30h com o pessoal deste Dest embarcado.
Descansou-se e em D + 5 [7 de Fevereiro] às primeiras horas a coluna pôs-se em movimento para Nova Lamego que foi atingida por volta das 11.00h. Às 12.00h as tropas ouviram uma mensagem do Exmo. Comandante-Chefe [, brig António Spínola,] que se deslocou propositadamente para a fazer.
Permaneci em Nova Lamego para organizar a coluna do dia seguinte. Às primeiras horas de D + 6 [8 de Fevereiro] iniciei o movimento para Galomaro onde cheguei cerca das 10.30h.
[Revisão de texto: L.G.l
Vd. poste de 13 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11837: Op Mabecos Bravios (1-8 de fevereiro de 1969): a retirada de Madina do Boé, com o trágico desastre no Cheche, na travessia do Rio Corubal, foi há 44 anos (1): Relato do cmdt da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (Galomaro e Dulombi, 1968/70)
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/07/guine-6374-p11835-op-mabecos-bravios-1.html
Caros Camaradas
Será esta a verdade?
E as morteiradas que caíram durante o período da jangada percorrer o Rio?
Quantos minutos tinha a Reportagem? Quantos tem hoje?
Mário Votorino Gaspar
A referência a Dien Bien Phu que Luís Graça, faz aqui acima, deviamos dissecá-la por alguem que conheça bem aquela tragédia francesa, para nos ajudara a compreender um pouco a descolonização apressada e errada de toda a África.
A tal descolonização falswa que os nossos embaixadores portuguêses teimavam denunciar na ONU enquanto nós, o povo teimavamos em não abandonar as nossas colónias.
Alguem que se debruce sobre Dien Bien Phu e também Argélia.
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