De negro a noite
De negro se veste a noite.
Será tristeza, será luto?
Um manto de silêncio a envolve
Como se fosse a sepultar.
Nenhum sinal de vida.
A quietude a cala.
Parece.
Jamais irá nascer outro dia.
Não suporto vê-la.
Fecho minha janela.
De luz acesa, minha alma,
Quase exausta, ressuscita.
Crepita em mim o fogo da esperança.
Minha alma exulta.
À hora certa,
Voltará o sol com seu dia
De presente...
Tapada de Mafra, 20 de Agosto de 2016
6h30m
clareando tímidamente
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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A revolta dos fragmentos
Eram majestosas estátuas.
Imponentes obeliscos.
Com tanta história.
Nas praças ao centro.
O mundo passava.
Ali impávidas.
Cumprindo a sorte.
Fazia sol.
Fazia vento.
Caía a neve.
Ninguém ligava.
Tanta indiferença.
Chegou o dia.
Tudo ruiu.
Melhor a morte,
Voltar ao chão,
Em fragmentos!...
Tapada de Mafra, 20 de Agosto de 2016
16h9m
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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A Natureza
É cozinheira a Natureza.
Trabalha noite e dia na cozinha.
Que beleza de tempêros ela põe
Em cada prato.
Nos vicia...
Tem segredos. Não revela.
Só quer servir bem.
Igual para todo o mundo.
Nada cobra.
Enche o prato até esbordar.
Ninguém sai com fome,
É seu timbre.
A praia e serra é o refeitório.
De dia o sol é candelabro.
De noite um painel de estrelas
Com a lua a cirandar.
O vento silva afoito e certo
Ao ritmo das ondas
Que o mar rege
Como um maestro.
E a sala sempre cheia
Nunca fecha.
Tão belas são as sinfonias!...
Tapada de Mafra, 20 de Agosto de 2016
7h10m
depois de ouvir Maria Betânia
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor
Último poste da série de 14 de Agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16387: Blogpoesia (465): "Pianista mágica" e "Vou para a minha janela falar com a lua", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
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