por Luís Graça (*)
Amorosa Helena,
pequena fula dengosa,
salva das garras do Islão
por zelosos missionários,
católicos, apostólicos, romanos…
Mas não da faca da fanateca,
que te extirpou, na festa do fanado,
o teu belo clitóris,
para te tornares o colchão de todas as camas,
a Vénus negra de batalhões inteiros,
a iniciadora sexual de tugas,
mancebos que as sortes vieram arrancar às saias das mamãs,
a alegre,
a divertida,
a traquinas
companheira de muitas farras de caserna,
correndo, nua e lasciva,
do regaço de tropas bêbedos que nem cachos,
para o abrigo mais próximo
quando às tantas da madrugada
soava o canhão sem recuo,
estoirava o morteiro 82,
disparava o RPG
e silvava a bala da Kalash!...
Bela Helena de Bafatá,
minha hiena,
que sabias pôr na ordem
os bravos e truculentos paraquedistas de Galomaro
que te batiam à porta a pontapé,
quando eu estava contigo,
deitado na tua esteira,
de palha de capim,
e me dispensavas pequenas gentilezas:
um ronco de missangas, vermelhas,
uma noz de cola,
uma cantilena da tua infância,
um punhado de mancarra seca ao sol,
uma talhada de papaia que trazias do mercado…
sempre que eu ia a Bafatá
e procurava a tua companhia,
na melhor das hipóteses, uma vez por mês,
no dia de folga dos guerreiros de Bambadinca…
Tu e as tuas amigas de Bafatá,
do Bataclã,
a Fatumata, a Ana Maria, e outras
cujo nome já não lembro,
que tanto trabalho deram
ao competentíssimo furriel enfermeiro Martins,
que nunca punha os pés fora da sua morança,
e que eu duvido que alguma vez tenha ido a Bafatá,
o nosso querido Pastilhas,
que vivia 24 horas por dia dentro do arame farpado,
no perímetro militar de Bambadinca,
trabalhando incansavelmente,
de bata branca,
em prol de uma Guiné Melhor,
que nos aturou mil e um travessuras,
bravatas,
praxes,
esperas,
serenatas,
tainadas,
emboscadas,
partidas de mau gosto,
brincadeiras estúpidas e perigosas,
bebedeiras de caixão à cova
...e que sobretudo nos curou
de alguns valentes esquentamentos!
Destes e doutros males de amores,
dos milhões de unidades de penicilina
com que tu subtilmente te vingaste dos machos,
estás perdoada,
Helena, hiena,
abelha do ferrão e do mel…
Afinal, quem vai à guerra, dá e leva…
Tu curavas-nos dos males da alma,
o Pastilhas, das mazelas do corpo…
Entretanto, quando a guerra acabou,
para mim e para os demais tugas da CCAÇ 12,
por volta do mês de março de 1971,
não tive tempo de te devolver
a pulseira de missangas vermelhas,
nem sequer de te dizer uma palavra,
um adeus, até sempre,
um adeus, triste,
com morabeza e saudade,
essa coisa que os tugas nunca te souberam explicar,
essa palavra saudade,
um adeus sem regresso,
e uma lágrima mal engolida,
que Lisboa estava ali,
tão longe e tão perto.
à nossa espera...
Prometi guardar de ti
a doce lembrança,
das tuas estridentes e saudáveis gargalhadas de hiena,
da tua voz rouca e sensual,
da tua fala encantatória,
do cheiro exótico do teu corpo,
das tuas sagradas funções de sacerdotisa
do amor em tempo de guerra…
Imagino que a tua vida não tenha sido fácil
depois da independência,
se é que lá chegaste,
com vida e saúde…
Se sim, não sei como viveste esse dia,
24 de setembro de 1974,
não sei te raparam o cabelo,
se te insultaram,
chamando-te cadela dos tugas,
ou se te apedrejaram,
amarrada a um poilão,
ou se te violaram
ou se te renegaram para sempre,
que a pior das mortes é a morte social.
Nunca mais tive notícias tuas,
mas, quarenta e muitos anos depois,
revendo mentalmente
a minha primeira viagem, por terra,
em pleno chão fula,
do Xime até Contuboel,
onde nos esperavam os nossos queridos nharros,
pequena fula dengosa,
salva das garras do Islão
por zelosos missionários,
católicos, apostólicos, romanos…
Mas não da faca da fanateca,
que te extirpou, na festa do fanado,
o teu belo clitóris,
para te tornares o colchão de todas as camas,
a Vénus negra de batalhões inteiros,
a iniciadora sexual de tugas,
mancebos que as sortes vieram arrancar às saias das mamãs,
a alegre,
a divertida,
a traquinas
companheira de muitas farras de caserna,
correndo, nua e lasciva,
do regaço de tropas bêbedos que nem cachos,
para o abrigo mais próximo
quando às tantas da madrugada
soava o canhão sem recuo,
estoirava o morteiro 82,
disparava o RPG
e silvava a bala da Kalash!...
Bela Helena de Bafatá,
minha hiena,
que sabias pôr na ordem
os bravos e truculentos paraquedistas de Galomaro
que te batiam à porta a pontapé,
quando eu estava contigo,
deitado na tua esteira,
de palha de capim,
e me dispensavas pequenas gentilezas:
um ronco de missangas, vermelhas,
uma noz de cola,
uma cantilena da tua infância,
um punhado de mancarra seca ao sol,
uma talhada de papaia que trazias do mercado…
sempre que eu ia a Bafatá
e procurava a tua companhia,
na melhor das hipóteses, uma vez por mês,
no dia de folga dos guerreiros de Bambadinca…
Tu e as tuas amigas de Bafatá,
do Bataclã,
a Fatumata, a Ana Maria, e outras
cujo nome já não lembro,
que tanto trabalho deram
ao competentíssimo furriel enfermeiro Martins,
que nunca punha os pés fora da sua morança,
e que eu duvido que alguma vez tenha ido a Bafatá,
o nosso querido Pastilhas,
que vivia 24 horas por dia dentro do arame farpado,
no perímetro militar de Bambadinca,
trabalhando incansavelmente,
de bata branca,
em prol de uma Guiné Melhor,
que nos aturou mil e um travessuras,
bravatas,
praxes,
esperas,
serenatas,
tainadas,
emboscadas,
partidas de mau gosto,
brincadeiras estúpidas e perigosas,
bebedeiras de caixão à cova
...e que sobretudo nos curou
de alguns valentes esquentamentos!
Destes e doutros males de amores,
dos milhões de unidades de penicilina
com que tu subtilmente te vingaste dos machos,
estás perdoada,
Helena, hiena,
abelha do ferrão e do mel…
Afinal, quem vai à guerra, dá e leva…
Tu curavas-nos dos males da alma,
o Pastilhas, das mazelas do corpo…
Entretanto, quando a guerra acabou,
para mim e para os demais tugas da CCAÇ 12,
por volta do mês de março de 1971,
não tive tempo de te devolver
a pulseira de missangas vermelhas,
nem sequer de te dizer uma palavra,
um adeus, até sempre,
um adeus, triste,
com morabeza e saudade,
essa coisa que os tugas nunca te souberam explicar,
essa palavra saudade,
um adeus sem regresso,
e uma lágrima mal engolida,
que Lisboa estava ali,
tão longe e tão perto.
à nossa espera...
Prometi guardar de ti
a doce lembrança,
das tuas estridentes e saudáveis gargalhadas de hiena,
da tua voz rouca e sensual,
da tua fala encantatória,
do cheiro exótico do teu corpo,
das tuas sagradas funções de sacerdotisa
do amor em tempo de guerra…
Imagino que a tua vida não tenha sido fácil
depois da independência,
se é que lá chegaste,
com vida e saúde…
Se sim, não sei como viveste esse dia,
24 de setembro de 1974,
não sei te raparam o cabelo,
se te insultaram,
chamando-te cadela dos tugas,
ou se te apedrejaram,
amarrada a um poilão,
ou se te violaram
ou se te renegaram para sempre,
que a pior das mortes é a morte social.
Nunca mais tive notícias tuas,
mas, quarenta e muitos anos depois,
revendo mentalmente
a minha primeira viagem, por terra,
em pleno chão fula,
do Xime até Contuboel,
onde nos esperavam os nossos queridos nharros,
da futura CCAÇ 12,
ao longo do interminável dia 2 de junho de 1969,
o teu nome,
o teu rosto,
a tua voz,
o teu odor,
o teu corpo,
a tua púbis,
e as tuas gargalhadas, quiçá magoadas,
vieram-me à lembrança…
E essa lembrança tocou-me.
Lembrei-te de ti,
da história que se contava sobre ti,
muito provavelmente lenda,
passada em Ponta Coli,
entre os rios Geba e Udunduma,
frente à vasta bolanha de Samba Silate,
agora seara inútil de capim alto,
com o cadáver do furriel vagomestre do Xime
nos braços...
Lembrei-te de ti e das minhas/nossas escapadelas a Bafatá…
Ia-se a Bafatá,
a bonita e alegre Bafatá colonial,
ao longo do interminável dia 2 de junho de 1969,
o teu nome,
o teu rosto,
a tua voz,
o teu odor,
o teu corpo,
a tua púbis,
e as tuas gargalhadas, quiçá magoadas,
vieram-me à lembrança…
E essa lembrança tocou-me.
Lembrei-te de ti,
da história que se contava sobre ti,
muito provavelmente lenda,
passada em Ponta Coli,
entre os rios Geba e Udunduma,
frente à vasta bolanha de Samba Silate,
agora seara inútil de capim alto,
com o cadáver do furriel vagomestre do Xime
nos braços...
Lembrei-te de ti e das minhas/nossas escapadelas a Bafatá…
Ia-se a Bafatá,
a bonita e alegre Bafatá colonial,
a princesa do Geba,
para limpar a vista,
entrar no café da Dona Rosa,
ver as manas libanesas,
dar um mergulho na piscina,
comprar umas bugigangas da nossa civilização,
para limpar a vista,
entrar no café da Dona Rosa,
ver as manas libanesas,
dar um mergulho na piscina,
comprar umas bugigangas da nossa civilização,
cristã e ocidental,
nos armazéns da Casa Gouveia,
comer o bife com ovo a cavalo
na Transmontana,
dar um salto ao Bataclã,
mudar o óleo, dizíamos, nós, machões,
cheios de testosterona no corpo e angústia na alma…
e passar, por fim, pelo café do Teófilo,
para o último copo, de despedida,
antes de apanhar o último Unimog,
de regresso a Bambadinca,
ao fim da tarde...
Eram os únicos momentos do mês
em que éramos donos do nosso tempo,
em que a nossa liberdade não estava cerceada,
cercada de arame farpado,
nem pensávamos na emboscada de ontem,
nem na operação de amanhã,
nem na puta da mina que nos podia matar
ou amputar um pé...
Também foste, à tua maneira,
uma heroína daquela guerra,
minha impossível amiga colorida,
separada pelos papéis
que nos obrigaram a representar
no teatro da tragicomédia daquela guerra…
Daí figurares,
contra toda a ortodoxia,
do teu povo, fula,
dos teus missionários, cristãos,
que te queriam a alma,
dos tugas, putos de vinte e poucos anos,
que apenas te queriam o corpo,
contra o blá-blá dos revolucionários do PAIGC
que não te terão perdoado
o teu colaboracionismo com os tugas,
para mais sendo tu conterrânea do pai da pátria,
o pobre do Amílcar Cabral
tantas vezes morto e remorto à traição,
ao longo destes anos todos,
daí figurares, dizia eu,
na minha galeria de heróis e de heroínas da Guiné…
Por direito próprio,
com todo o direito,
com o direito que ganharam as mulheres do teu país,
pobres,
as mais pobres dos mais pobres,
mas sempre dignas e corajosas,
apesar de ofendidas e humilhadas,
excisadas,
exploradas,
violentadas pelo sistema,
pela guerra,
pela dominância dos machos,
pelo imperativo da sobrevivência,
pela lotaria da geografia e da história…
Aceita esta pequena homenagem,
tardia, singela, mas sincera,
da minha parte,
e da parte todos os demais meus camaradas
que dormiram contigo, na tua cama,
e em contrapartida,
dá-me o derradeiro prazer,
esse prazer tão terno,
de te ouvir soltar as tuas gargalhadas de hiena,
minha safada, pequena, bela Helena de Bafatá,
onde quer que estejas,
comer o bife com ovo a cavalo
na Transmontana,
dar um salto ao Bataclã,
mudar o óleo, dizíamos, nós, machões,
cheios de testosterona no corpo e angústia na alma…
e passar, por fim, pelo café do Teófilo,
para o último copo, de despedida,
antes de apanhar o último Unimog,
de regresso a Bambadinca,
ao fim da tarde...
Eram os únicos momentos do mês
em que éramos donos do nosso tempo,
em que a nossa liberdade não estava cerceada,
cercada de arame farpado,
nem pensávamos na emboscada de ontem,
nem na operação de amanhã,
nem na puta da mina que nos podia matar
ou amputar um pé...
Também foste, à tua maneira,
uma heroína daquela guerra,
minha impossível amiga colorida,
separada pelos papéis
que nos obrigaram a representar
no teatro da tragicomédia daquela guerra…
Daí figurares,
contra toda a ortodoxia,
do teu povo, fula,
dos teus missionários, cristãos,
que te queriam a alma,
dos tugas, putos de vinte e poucos anos,
que apenas te queriam o corpo,
contra o blá-blá dos revolucionários do PAIGC
que não te terão perdoado
o teu colaboracionismo com os tugas,
para mais sendo tu conterrânea do pai da pátria,
o pobre do Amílcar Cabral
tantas vezes morto e remorto à traição,
ao longo destes anos todos,
daí figurares, dizia eu,
na minha galeria de heróis e de heroínas da Guiné…
Por direito próprio,
com todo o direito,
com o direito que ganharam as mulheres do teu país,
pobres,
as mais pobres dos mais pobres,
mas sempre dignas e corajosas,
apesar de ofendidas e humilhadas,
excisadas,
exploradas,
violentadas pelo sistema,
pela guerra,
pela dominância dos machos,
pelo imperativo da sobrevivência,
pela lotaria da geografia e da história…
Aceita esta pequena homenagem,
tardia, singela, mas sincera,
da minha parte,
e da parte todos os demais meus camaradas
que dormiram contigo, na tua cama,
e em contrapartida,
dá-me o derradeiro prazer,
esse prazer tão terno,
de te ouvir soltar as tuas gargalhadas de hiena,
minha safada, pequena, bela Helena de Bafatá,
onde quer que estejas,
...na terra,
no céu
ou no inferno!
Se ainda estiveres viva,
contra todas as probalibilidades
da estatística demográfica da tua terra,
... que Deus, Alá e os bons irãs te protejam!
Versão 6 | Lourinhã, 20 agosto 2016 (**)
(**) Vd. poste de 12 de janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - P424: A galeria dos meus heróis (3): A Helena de Bafatá (Luís Graça)
Sobre o tema (o sexo em tempo em tempo de guerra...), aqui vai uma lista (necessariamente incompleta, provisória, quiçá arbitrária) dos postes que publicámos (até março de 2009):
21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4065: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-Quedistas (7): Os tomates do Capelão da BA 12, Bissalanca... e outras frutas (Miguel Pessoa)
5 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3025: Os nossos regressos (7): Perdido, com um sentimento de orfandade, pelos Ritz Club, Fontória, Maxime, Nina... (Jorge Cabral)
1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3546: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (14): Em Junho de 69 havia bajudas a alternar no Tosco, na Conde Redondo (Jorge Félix)
19 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2556: Estórias de Bissau (16) : O Furriel Pechincha: apanhado ma non troppo (Hélder Sousa)
21 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2290: Estórias de Bissau (14) : O Pilão, a menina, o Jesus e os pesos que tinha esquecido (Virgínio Briote)
19 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2281: Estórias de Bissau (13) : O Pilão, a Nônô e o chulo da Nônô (Torcato Mendonça)
17 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2272: As nossas (in)confidências sobre o Cupelom, Cupilão ou Pilão (Helder Sousa / Luís Graça)
14 de Novembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2264: Blogue-fora-nada: O melhor de... (3): Carta de Bissau, longe do Vietname: talvez apanhe o barco da Gouveia amanhã (Luís Graça)
28 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1554: As mulheres que ficaram na rectaguarda (Luís Graça /Paulo Raposo / Paulo Salgado / Torcato Mendonça)
3 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1490: Favores sexuais furtivos em Mampatá (Paulo Santiago)
2 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1484: Estórias de Bissau (10): do Pilão a Guidaje... ou as (des)venturas de um periquito (Albano Costa)
1 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1483: Blogoterapia (16): Males de amores ou... Tenho um lenço da minha lavadeira ali guardado na gaveta (David Guimarães et al)
31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1476: Blogoterapia (15) : Mulher tua (Torcato Mendonça)
31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1475: A chacun, sa putain... Ou Fanta Baldé, a minha puta de estimação (Vitor Junqueira)
24 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1314: Estórias de Bissau (8): Roteiro da noite: Orion, Chez Toi, Pilão (Paulo Santiago)
18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1290: Estórias de Bissau (7): Pilão, os dez quartos (Jorge Cabral)
18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1289: Estórias de Bissau (6): os prazeres... da memória (Torcato Mendonça)
11 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1267: Estórias de Bissau (2): A minha primeira máquina fotográfica (Humberto Reis); as minhas tainadas (A. Marques Lopes)
20 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P974: Estórias cabralianas (12): A lavadeira, o sobretudo e uma carta de amor
4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P936: Estórias cabralianas (11): a atribulada iniciação sexual do Soldado Casto
18 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLV: Teresa: amores e desamores (Virgínio Briote)
17 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 -DXLVI: Estórias cabralianas (5): o Amoroso Bando das Quatro em Missirá
no céu
ou no inferno!
Se ainda estiveres viva,
contra todas as probalibilidades
da estatística demográfica da tua terra,
... que Deus, Alá e os bons irãs te protejam!
Versão 6 | Lourinhã, 20 agosto 2016 (**)
____________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 28 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16425: Manuscrito(s) (Luís Graça) (93): A vida, de fio a pavio
(*) Último poste da série > 28 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16425: Manuscrito(s) (Luís Graça) (93): A vida, de fio a pavio
Sobre o tema (o sexo em tempo em tempo de guerra...), aqui vai uma lista (necessariamente incompleta, provisória, quiçá arbitrária) dos postes que publicámos (até março de 2009):
21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4065: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-Quedistas (7): Os tomates do Capelão da BA 12, Bissalanca... e outras frutas (Miguel Pessoa)
5 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3025: Os nossos regressos (7): Perdido, com um sentimento de orfandade, pelos Ritz Club, Fontória, Maxime, Nina... (Jorge Cabral)
1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3546: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (14): Em Junho de 69 havia bajudas a alternar no Tosco, na Conde Redondo (Jorge Félix)
19 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2556: Estórias de Bissau (16) : O Furriel Pechincha: apanhado ma non troppo (Hélder Sousa)
21 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2290: Estórias de Bissau (14) : O Pilão, a menina, o Jesus e os pesos que tinha esquecido (Virgínio Briote)
19 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2281: Estórias de Bissau (13) : O Pilão, a Nônô e o chulo da Nônô (Torcato Mendonça)
17 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2272: As nossas (in)confidências sobre o Cupelom, Cupilão ou Pilão (Helder Sousa / Luís Graça)
14 de Novembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2264: Blogue-fora-nada: O melhor de... (3): Carta de Bissau, longe do Vietname: talvez apanhe o barco da Gouveia amanhã (Luís Graça)
28 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1554: As mulheres que ficaram na rectaguarda (Luís Graça /Paulo Raposo / Paulo Salgado / Torcato Mendonça)
3 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1490: Favores sexuais furtivos em Mampatá (Paulo Santiago)
2 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1484: Estórias de Bissau (10): do Pilão a Guidaje... ou as (des)venturas de um periquito (Albano Costa)
1 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1483: Blogoterapia (16): Males de amores ou... Tenho um lenço da minha lavadeira ali guardado na gaveta (David Guimarães et al)
31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1476: Blogoterapia (15) : Mulher tua (Torcato Mendonça)
31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1475: A chacun, sa putain... Ou Fanta Baldé, a minha puta de estimação (Vitor Junqueira)
24 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1314: Estórias de Bissau (8): Roteiro da noite: Orion, Chez Toi, Pilão (Paulo Santiago)
18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1290: Estórias de Bissau (7): Pilão, os dez quartos (Jorge Cabral)
18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1289: Estórias de Bissau (6): os prazeres... da memória (Torcato Mendonça)
11 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1267: Estórias de Bissau (2): A minha primeira máquina fotográfica (Humberto Reis); as minhas tainadas (A. Marques Lopes)
20 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P974: Estórias cabralianas (12): A lavadeira, o sobretudo e uma carta de amor
4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P936: Estórias cabralianas (11): a atribulada iniciação sexual do Soldado Casto
18 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLV: Teresa: amores e desamores (Virgínio Briote)
17 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 -DXLVI: Estórias cabralianas (5): o Amoroso Bando das Quatro em Missirá
10 comentários:
Não morreu, a bela Helena!Sinto-lhe o vivo odor, toco-lhe a pele suave e oiço a sua clara gargalhada..Obrigado Luís. Abraço J.Cabral
... É bom sinal, "alfero Cabral", se ainda consegues ouvir as gargalhadas da nossa bela Helena de Bafatá!...
Espero que a moral pública não se sinta ofendida com estas inconfidências, afinal poéticas. Trata-se de uma versão revista, aumentada e melhorada (espero)... Este texto, republicado, é sobretudo uma homenagem a estas mullheres (guineenses e caboverdianas) que, à sua maneira, também fizeram a guerra connosco...
Grande texto, meu caro Luís. As helenas das nossas vidas, da nossa Guiné! A farda disfarçava mas nós éramos uns rapagões lindos de morrer no viço dos vinte e poucos anos, elas também, de ébano e jade escuro.O amor, mesmo tão complexo e sinuoso, existia, existe.
Aproveito para me despedir.
Amanhã parto num cruzeiro de Volta ao Mundo, Barcelona,Marseha, Mediterrâneo, Canárias, Caraíbas, Colômbia, Canal do Panamá, EUA,com Los Ângeles e São Francisco, Hawai,ilhas do Pacífico, Nova Zelândia e Austrália, Malásia, Singapura, Tailândia, Ceilão, Índia, com Goa, uns tantos emiratos árabes, mais canal do Suez, Grécia, Creta, Itália, e depois de andar pelo outro mundo, em Dezembro, após 98 dias de viagem, regressarei a casa. Vou escrever mais um livro, talvez com excertos a publicar no blogue. Mas quem sou eu para competir literiamente com camaradas da Guiné,sumidades bloguianas que nos dão o ventre de Tomar ou as maravilhas de Setúbal?
Abraço, com todo o respeito. Prometo que vou voltar depois da viagem ao outro mundo.
António Graça de Abreu
Boa ideia, Oh AGA!
Vamos ter 98 dias de paz.
Pelo menos...
Boa viagem, Oh VENCEDOR!
António J. P. Costa
Caro amigo Luis,
Esta tua homenagem so podia era complicar a vida da "tua Helena" entretanto convertida numa respeitosa mae de familia. Espero que seja um nome ficticio.
Quanto aos remorsos da partida precipitada sem despedida, acho que era a norma dos soldados metropolitanos de todo o CTIG, por medo, pelo RDM, para se proteger dos imponderaveis, nao sei, a verdade eh que sempre foi assim.
Lembro-me que nunca sabiamos a data da partida, embora percebessemos, pelos preparativos e pela euforia que se iam embora, mas raros eram os casos de despedida mesmo com os amigos e/ou amigas. No dia seguinte encontravamos o quartel virado as avesas com o lixo de fardas, botas e armarios velhos abandonados mesmo a porta das casernas.
Com um abraco amigo,
Cherno AB
Meu caro amigo e irmãozinho Cherno:
Lamento, mais uma vez, poder dececionar-te. Eu poderia ter escrito um texto politicamente correto, para mais tendo sido o meu “alter ego”, graduado numa companhia africana, baseado em praças do recrutamento local, noventa e tal por cento fulas, de quem fui amigo sincero e verdadeiro. Foram leais comigo, eu foi leal com eles...
Mas, não, não escrevi um texto politicamente correto, escrevi um texto poético e aos poetas são dadas certas liberdades... de escrita. Se calhar não consegui passar a mensagem, mas este texto poético é uma homenagem às Helenas, às Fatumatu, às Bias... que também conhecemos na guerra, em Contuboel, em Bambadinca, em Sare Ganhá, em Bafatá, em Bissau...
Não, o nome não é fictício, Helena era um nome de guerra... Em todas as guerras desde a de Troia (c. 3300 anos), há sempre uma Helena. Também sei que o meu “alter ego”, não se despediu dela: a sua rendição foi individual, tal como a dos outros graduados e especialistas da CCAÇ 12... Não houve festa de despedida para ninguém... Só agora, quarenta e tal anos depois, é que esses safados desses “tuigas” estão a exorcizar os seus fantasmas...
Não querendo chocar ninguém, só tenho que dizer, para os devidos efeitos, que: (i) a Helena nunca existiu; e (ii) o poeta que escreveu o texto poético "Salvé, minha safada, pequena, bela Helena, hiena de Bafatá!", não tem nada a ver com o furriel mil ap armas pes inf Henriques, da CCAÇ 12, esse morreu há muito mas ainda não foi enterrado...
Cherno, não me leves a mal, entende o meu bom humor negro... É que acabou-se o meu querido mês de agosto... Não podemos ser felizes todo o ano… Em 12 meses temos que escolher um… Mantenhas, irmão!
Foi uma decepção enorme para as helenas, para os comandos africanos, para os régulos, a saída em fuga dos brancos, tugas, colonialistas e todos os nomes que se queiram atribuir aos portugueses que conviveram com o povo simples de África da ex-colónias portuguesas.
Foi uma decepção para o povo simples, a saída anual dos soldados metropolitanos em rendição e foi uma enorme decepção a saída de todos os que foram saindo lentamente, comerciantes, funcionários, pequenos empresários, durante estes anos (40).
Uma decepção sofrida em silêncio perante os "senhores que fizeram a guerra".
É verdade sim senhor, Cherno, fugí(amos) às escondidas.
Ás escondidas das lavadeiras, dos jardineiros, dos motoristas, dos porta-miras, dos vizinhos...nem mantenhas partíamos porque sentíamos vergonha sem sabermos de quê, ou sabíamos e bem.
Mas era vergonha, sim!
Com a nossa partida, só ficavam (e ficam) felizes os senhores da guerra.
Mas isso não aconteceu só comigo, outros é que não querem retratar esse sentimento.
Bem.... este meu comentário já vai estar requentado mas...
É que não tenho estado muito por aí... não tenho posses nem meios para grandes viagens, assim para lugares longínquos e afamados.... tenho que me contentar com percursos e incursões mais modestas... tenho ido ao "Alto da Guerra", a "Lagameças", "Poceirão", Fernando Pó", Brejos do Assa", "Lagoínha", "Algeruz" (não é Aljezur, que é coisa mais fina, é mesmo Algeruz, que é a zona do "cemitério novo" e crematório daqui), "Vale de Ana Gomes" (não é a que se calhar pensaram, é outra Ana), "Baixa da Banheira", "Penteado", "Brejoeira", etc.,
E penso que não há perigo de nenhuma "sumidade blogueana" pegar nestes locais e escrever algum "tratado de viagens"....
Indo então à "Helena"....
Parece-me que tudo o que aqui se escreveu é verdade. Ou seja, as apreensões e até as recriminações do Cherno têm razão de ser. Talvez não em concreto mas generalizando.
Acho também que as 'explicações' do poeta também devem ser tomadas em conta.
E até mesmo as outras considerações, do Jorge Cabral, do Graça de Abreu e do Rosinha são pertinentes.
Tudo isso pode ser assim, mas o poema é, também, em certa medida, um 'ajuste de contas' e de uma leitura que 'prende' e agrada.
Hélder Sousa
Mais um comentário requentado…
Camarada Hélder Valério:
Mesmo sem posses nem meios, afinal, não podes dizer que viajas pouco.
(Eu também, mas sempre dentro do meu Concelho).
Só não dizes se após essas “modestas incursões” escreveste – ou estás a pensar escrever - algum livro…
És um malandro…
Um malandro que eu gostava de abraçar pessoalmente por partilhar – de há muito – uma certa irritação que mói o estômago. Mas que a boa educação faz aguentar.
Aproveito para felicitar o Luís Graça pelo belo poema. Que me fez relembrar, com nostalgia, as belas helenas de Nhala.
Grande abraço aos dois.
António Murta.
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