A foto é do alf mil Cardoso, e chegou-nos à mão através do ex-fur mil Carlos Marques dos Santos, de Coimbra.
Foto: © Carlos Marques dos Santos (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
Nona parte, enviada em 1 do corrente, das "notas de leitura" coligidas pelo nosso camarada e grã-tabanqueiro, Jorge Alves Araújo. Trata-se de um extenso documento, que está a ser publicado em diversas partes (*), tendo em conta o formato, a especificidade e as limitações do blogue.
Mensagem do Jorge Araújo com data de 1 do corrente:
Caro Luís: Bom dia. Segue mais um fragmento do nosso projecto «Médicos Cubanos», o último relacionado com a entrevista a Alfonso Delgado. No início de um novo ano académico, com a primeira reunião a ter lugar na próxima 2.ª feira, em Portimão, vou tentar cumprir com as rotinas anteriores.
Bom trabalho. Um abraço, Jorge Araújo.
Foto acima: O nosso grã-tabanqueiro Jorge Araújo: (i) nasceu em 1950, em Lisboa; (ii) foi fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); (iii) fez o doutoramento pela Universidade de León (Espanha), em 2009, em Ciências da Actividade Física e do Desporto, com a tese: «A prática Desportiva em Idade Escolar em Portugal – análise das influências nos itinerários entre a Escola e a Comunidade em Jovens até aos 11 anos»; (iv) é professor universitário, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona; (v) para além de lecionar diversas Unidades Curriculares, coordena o ramo de Educação Física e Desporto, da Licenciatura em Educação Física e Desporto].
Esta minha decisão não quer dizer que não se possa acrescentar algo mais, em cada situação concreta, antes pelo contrário, uma vez que neste conflito bélico existiram dois lados, e daí o título com que baptizei este trabalho: “d(o) outro lado do combate – memórias de médicos cubanos”.
2. O CASO DO MÉDICO AMADO ALFONSO DELGADO [V]
Esta nona parte do projecto “memórias de médicos cubanos” corresponde ao quinto e último fragmento em que foi dividido a entrevista ao doutor Amado Alfonso Delgado, médico de clínica-geral, com experiência em cirurgia.
Nos quatro fragmentos anteriores [P16357; P16380; P16396 e P16420] (*), referentes às primeiras vinte e uma questões, encontramos um historial de dois anos (1967/1969), entre os antecedentes que influenciaram a sua decisão de cumprir uma "missão internacionalista", tendo-lhe surgido a hipótese de o fazer na Guiné Portuguesa (hoje Guiné-Bissau), que aceitou, até aos actos médicos realizados nas "bases" do PAIGC, em particular nas existentes na mata do Fiofioli (Sector L1 – Bambadinca).
Aí esteve cercado por diversas ocasiões, aonde viveu muitos sobressaltos, com muitas corridas em ziguezague, rastejanços e dores de barriga (com diarreias), que implicaram sucessivas trocas de acampamento, incluindo a destruição das suas "enfermarias" (de campanha), por quatro vezes. Por isso, julgou não ser possível sobreviver, pensando muito nos filhos, que iriam ficar sem pai… coitados, tão pequeninos.
Em função da intensa actividade operacional das NT e do PAIGC, entre 8 de março e 18 de junho de 1969, Alfonso Delgado acabaria por desempenhar o seu papel de profissional de saúde, certamente com elevado grau de dificuldade, prestando apoio aos guerrilheiros feridos em combate, incluindo a realização de algumas cirurgias e amputações, quase sempre durante a noite à luz de archotes de palha ardendo.
Recorda-se que o crescendo da actividade operacional na região da mata do Fiofioli, num cenário de guerra de guerrilha, tem o seu início com a “Op. Lança Afiada”, entre 8 e 19 de março de 1969, movimentando cerca de 1300 efectivos, seguida pela “Op. Baioneta Dourada” em 2 e 3 de abril, envolvendo um total de sete Gr Comb e a “Op. Espada Grande”, em 4 e 5 de abril, com nove Gr Comb.
A resposta do PAIGC surgiu treze dias depois, em 18 de abril, com a primeira acção, realizando uma emboscada na Ponta Coli, no troço da estrada entre Amedalai-Xime, esta liderada por Mário Mendes cmdt do bigrupo que aí actuou.
Seguiu-se, depois, na noite de 28 de maio de 1969, o ataque ao aquartelamento de Bambadinca (aquele que seria o primeiro e único), aonde estava instalado, à data, o comando do BCAÇ 2852 (1968/70) e a respetiva CCS. Durante o ataque, que durou cerca de quarenta minutos, participaram dois bigrupos (mais de cem elementos), tendo utilizado três canhões s/r, morteiros, RPG, metralhadoras ligeiras e pesadas e armas automáticas de assalto, sem grandes consequências.
1. INTRODUÇÃO
Apresento ao colectivo da Tabanca Grande a nona parte deste meu projecto relacionado com a divulgação de algumas das memórias transmitidas por três médicos cubanos que estiveram na Guiné Portuguesa [hoje Guiné-Bissau] em missão de “ajuda humanitária” ao PAIGC, na sua luta pela independência, nos anos de 1966 a 1969.
Com esta narrativa [a quinta] dou por encerrada a entrevista ao médico Amado Alfonso Delgado, a segunda no alinhamento do livro escrito em castelhano pelo jornalista e investigador Hedelberto López Blanch, uma coletânea de memórias e experiências divulgadas pelos seus diferentes entrevistados, a que deu o título de «Histórias Secretas de Médicos Cubanos» [La Habana: Centro Cultural Pablo de la Torriente Brau, 2005, 248 pp.] ou “on line” em formato pdf, em versão de pré-publicação.
Apresento ao colectivo da Tabanca Grande a nona parte deste meu projecto relacionado com a divulgação de algumas das memórias transmitidas por três médicos cubanos que estiveram na Guiné Portuguesa [hoje Guiné-Bissau] em missão de “ajuda humanitária” ao PAIGC, na sua luta pela independência, nos anos de 1966 a 1969.
Com esta narrativa [a quinta] dou por encerrada a entrevista ao médico Amado Alfonso Delgado, a segunda no alinhamento do livro escrito em castelhano pelo jornalista e investigador Hedelberto López Blanch, uma coletânea de memórias e experiências divulgadas pelos seus diferentes entrevistados, a que deu o título de «Histórias Secretas de Médicos Cubanos» [La Habana: Centro Cultural Pablo de la Torriente Brau, 2005, 248 pp.] ou “on line” em formato pdf, em versão de pré-publicação.
Recordo que por ser uma tradução e adaptação do castelhano, onde procurei respeitar as ideias expressas nas respostas dadas a cada questão, entendi não fazer juízos de valor sobre o seu conteúdo, colocando entre parênteses rectos, quando possível, algumas notas avulsas de reforço histórico ou contextualização ao que foi transmitido, com recurso ao vasto espólio disponível no nosso blogue.
Esta minha decisão não quer dizer que não se possa acrescentar algo mais, em cada situação concreta, antes pelo contrário, uma vez que neste conflito bélico existiram dois lados, e daí o título com que baptizei este trabalho: “d(o) outro lado do combate – memórias de médicos cubanos”.
2. O CASO DO MÉDICO AMADO ALFONSO DELGADO [V]
Esta nona parte do projecto “memórias de médicos cubanos” corresponde ao quinto e último fragmento em que foi dividido a entrevista ao doutor Amado Alfonso Delgado, médico de clínica-geral, com experiência em cirurgia.
Nos quatro fragmentos anteriores [P16357; P16380; P16396 e P16420] (*), referentes às primeiras vinte e uma questões, encontramos um historial de dois anos (1967/1969), entre os antecedentes que influenciaram a sua decisão de cumprir uma "missão internacionalista", tendo-lhe surgido a hipótese de o fazer na Guiné Portuguesa (hoje Guiné-Bissau), que aceitou, até aos actos médicos realizados nas "bases" do PAIGC, em particular nas existentes na mata do Fiofioli (Sector L1 – Bambadinca).
Aí esteve cercado por diversas ocasiões, aonde viveu muitos sobressaltos, com muitas corridas em ziguezague, rastejanços e dores de barriga (com diarreias), que implicaram sucessivas trocas de acampamento, incluindo a destruição das suas "enfermarias" (de campanha), por quatro vezes. Por isso, julgou não ser possível sobreviver, pensando muito nos filhos, que iriam ficar sem pai… coitados, tão pequeninos.
Em função da intensa actividade operacional das NT e do PAIGC, entre 8 de março e 18 de junho de 1969, Alfonso Delgado acabaria por desempenhar o seu papel de profissional de saúde, certamente com elevado grau de dificuldade, prestando apoio aos guerrilheiros feridos em combate, incluindo a realização de algumas cirurgias e amputações, quase sempre durante a noite à luz de archotes de palha ardendo.
Recorda-se que o crescendo da actividade operacional na região da mata do Fiofioli, num cenário de guerra de guerrilha, tem o seu início com a “Op. Lança Afiada”, entre 8 e 19 de março de 1969, movimentando cerca de 1300 efectivos, seguida pela “Op. Baioneta Dourada” em 2 e 3 de abril, envolvendo um total de sete Gr Comb e a “Op. Espada Grande”, em 4 e 5 de abril, com nove Gr Comb.
A resposta do PAIGC surgiu treze dias depois, em 18 de abril, com a primeira acção, realizando uma emboscada na Ponta Coli, no troço da estrada entre Amedalai-Xime, esta liderada por Mário Mendes cmdt do bigrupo que aí actuou.
Seguiu-se, depois, na noite de 28 de maio de 1969, o ataque ao aquartelamento de Bambadinca (aquele que seria o primeiro e único), aonde estava instalado, à data, o comando do BCAÇ 2852 (1968/70) e a respetiva CCS. Durante o ataque, que durou cerca de quarenta minutos, participaram dois bigrupos (mais de cem elementos), tendo utilizado três canhões s/r, morteiros, RPG, metralhadoras ligeiras e pesadas e armas automáticas de assalto, sem grandes consequências.
Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 > 2º Grupo de Combate > 1970 > Crianças ou adolescentes, provavelmente de Amedalai, a tabanca mais próxima da ponte, divertem-se, dando saltos para a água, sob a supervisão de um dos nosso militares.
Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]
Em simultâneo com este ataque, era dinamitada a ponte sobre o Rio Udunduma, ao tempo sem qualquer segurança, situada a quatro quilómetros, na estrada Bambadinca-Xime (imagem cima, retirada do poste P12626, com a devida vénia).
Guiné > 1969/71 > Croquis do Sector L1 / Zona Leste (Bambadinca) > Vd. posição relativa da base do PAIGC em mina / Fiofioli, ma margem direita doRio Corubal a noroeste do Xitole (vd. Sinais e legendas).
Fonte: História da CCAÇ 12: Guiné 69/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores nº 12. 1971
Infogravura: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados
Guiné > 1969/71 > Croquis do Sector L1 / Zona Leste (Bambadinca) > Vd. posição relativa da base do PAIGC em mina / Fiofioli, ma margem direita doRio Corubal a noroeste do Xitole (vd. Sinais e legendas).
Fonte: História da CCAÇ 12: Guiné 69/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores nº 12. 1971
Infogravura: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados
No mês seguinte, em junho de 1969, foi realizado um vasto programa de acções contra diversos quartéis e destacamentos da frente Leste: Bambadinca, Gabú, Cabuca, Xime, Mansambo, Canjadude e várias tabancas com milícias e tropas portuguesas, sendo de admitir tratar-se do cumprimento de uma orientação superior transmitida em documento assinado por Amílcar Cabral (1924-1973), em 4 de junho desse ano, dando instruções para a realização de ataques, no dia 10 de junho, a diversos quartéis e destacamentos dessa frente, devendo nalguns casos ser repetido durante três dias.
Em resumo e no período em apreço, as principais operações das NT na mata do Fiofioli realizaram-se em março e abril de 1969, reagindo o PAIGC com ataques a aquartelamentos, destacamentos e emboscadas, em abril, maio e junho, nomeadamente a Sul da linha de circulação entre Xime e Bambadinca, incluindo Mansambo e Xitole (subunidades de quadricula), a saber: Xime, Ponta Coli, Amedalai, Ponte do Rio Udunduma, Bambadinca, Taibatá, Demba Taco, Moricanhe, Mansambo, Ponte dos Fulas e Xitole (estrelas cor magenta na infogravura).
Eis, pois, os último excertos (em itálico) da entrevista dada pelo médico Amado Alfonso Delgado. (***)
Entrevista com 25 questões [Parte V, da 22.ª à 25.ª]
“Cirurgias com a ténue luz de fachos de palha ardendo”
(Cap XI, pp. 136 e ss)
(xxii) Como é avisado para deixar
a Guiné-Bissau?
Foi de forma casuística. [Em agosto], depois de sair de um cerco que nos fizeram as tropas helitransportadas [paraquedistas do BCP 12] fomos para um lugar perto do acampamento [provável referência à “Op. Nada Consta”].
[A “Op. Nada Consta” realiza-se a 18 de agosto de 1969, envolvendo cerca de duas centenas e meia de militares, divididos por dez Gr Comb pertencentes à CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (3 Gr), CART 2339 (3 Gr), PEL CAÇ NAT 53 e BCP 12 (2 Gr da CCP 122 + 1 Gr da CCP 123, sedeados em Galomaro). Esta “operação especial” tem o seu início pelas 09h30, sempre sob mau tempo (estávamos na época das chuvas), e surge na sequência do ataque de mais de duas horas a Candamã, tabanca fula em autodefesa do regulado do Corubal, realizado ao amanhecer do dia 30 de julho de 1969, tendo o PAIGC utilizado um efectivo de bigrupo com recurso a armamento pesado (P6948)].
[Com o dispositivo das NT distribuído nas proximidades do Rio Biesse (a CCAÇ 12, a leste; o Pel Caç Nat 53, a norte, e a CART 2339, a oeste e na estrada Mansambo/ Xitole, junto à ponte do Rio Bissari), avança a primeira vaga de paraquedistas do BCP 12, colocados na ponta da bolanha, penetrando imediatamente na espessa mata que se estende para sul. Cinco minutos depois era capturado um elemento IN com o seu RPG-2, sucedendo-se mais duas vagas de hélis transportando os restantes páras, que passaram a percorrer a mata de norte para sul. Ouvem-se tiros de rajada, para além do matraquear do helicanhão, sendo feitos dois mortos e capturadas três armas automáticas. Um dos mortos era chefe de bigrupo, de apelido Sampunhe (P6953)].
[O interrogatório sumário que foi feito naquela ocasião ao guerrilheiro capturado pelos páras, este diz apenas chamar-se Malan Mané, pertencer a um bigrupo reforçado (oitenta elementos), comandado por Mamadu Indjai e disperso em pequenos grupos pela mata (P23 + P2683)].
[Passado o efeito de surpresa, os guerrilheiros, dispersos em pequenos grupos, conseguem fugir da zona de acção das NT, e retiram-se muito provavelmente na direcção da base de Biro. Em função das informações dadas pelo prisioneiro, Malan Mané, as tropas paraquedistas seguiram no dia seguinte em direcção daquela base, tendo capturado mais o seguinte material:
1 metralhadora ligeira “Degtyarev”; 1 espingarda automática “Kalashnikov”; 1 pistola-metralhadora “PPSH”; 1 LGFog RPG-2; granada para LG P-27 “Pancerovka”; 12 granadas para LG, RPG-7; 85 granadas para LG, 3 cunhetes com munições; 7 granadas de RPG-2; 9 granadas de morteiro 60; diversos bornais, marmitas, fardamento e botas novas, documentos de interesse, incluindo relatórios onde se refere a ocorrência de dois mortos e seis feridos, por parte do IN, no ataque a Candamã, a 30 de julho de 1969. Pela CART 2339, foram levantadas duas minas A/C (P6948)]. Estranha-se, uma vez mais, a não referência à captura de material de enfermagem e a medicamentos, sabendo-se da existência de enfermarias de colmo naquela zona.
[Quanto a Malan Mané, seguiu para Galomaro com os páras para novo interrogatório, sendo levado, depois, para Bambadinca, onde ficou preso. Esteve também em Mansambo, vindo a ficar gravemente ferido na “Op. Pato Rufia”, em 7 de setembro de 1969, no Xime, numa acção conjunta constituída pela CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (3 Gr); CART 2520 (2 Gr) e PEL. CAÇ. NAT. 53, 63 e 52. Malan Mané foi evacuado para o Hospital Militar, em Bissau (P146 + P2683), Mais detalhes sobre Malan Mané em P1011; P2683 e P6984.]
[A participação de Malan Mané nesta “Op.” aconteceu porque ele estivera lá, três meses antes, num destacamento avançado a escassas horas do Xime, composto por 5 cubatas paralelas à estrada Xime-Ponta do Inglês, do lado oeste, internadas na mata cento e cinquenta metros. Nessa altura os efectivos eram de cerca de quarenta elementos, incluindo um grupo especial de roqueteiros que todas as manhãs se deslocava para a Ponta Varela, afim de atacar as embarcações que circulavam no Rio Geba (P146)].
[Neste novo acampamento] o ajudante que andava comigo e, ao que me diziam, Arrebato piorou. Começou a manifestar um obsessivo delírio de perseguição. Dizia que os próprios guerrilheiros o queriam matar, e uma noite foi desarmado pois já estava bastante débil, e fugiu para a mata.
Deu-se o alarme entre toda a população e ao fim de seis dias [final de agosto?] foi encontrado completamente depauperado, com os olhos inchados, cheio de furúnculos e pesando à volta de quarenta quilos. Falei com o chefe do acampamento, de nome Mamadu Indjai, e acordamos a sua saída da Frente, para a qual me indicou dois guerrilheiros. Isto foi em [início] setembro de 1969, quase no fim da missão.
[A ser verdade este acordo feito na presença de Mamadu Indjai nos últimos dias de agosto, ficando a zona sem apoio médico, estamos perante um “caso de divergência factual, logo histórica”, contraditada por outras informações aqui editadas. Ex.1: “Op. Nada Consta”, em 18 de agosto, (…) um grupo cairia numa emboscada que forças da CART 2339 tinham montado no itinerário Mansambo-Xitole, próximo da ponte sobre o Rio Bissari, e em resultado da qual ficaria gravemente ferido Mamadu Indjai (soube-se mais tarde) (P6948). Ex.2: Soube-se mais tarde que Mamadu Indjai (…) foi ferido com gravidade em trocas de tiros com as forças de Mansambo e evacuado [?] (P23). Ex.3: (…) Mamadu Indjai, gravemente ferido pelas NT (e mais concretamente pela CART 2339) na “Op. Anda Cá” (em 15 de agosto de 1969) (P9011)].
[Chegado o dia da saída da mata do Fiofioli na companhia de Arrebato], meti a sua arma e a minha ao ombro, calcei-lhe os sapatos e agarrei-o pelo cinto. Era uma pluma. Assim caminhei vários dias, numa distância aproximada entre Havana e Matanzas [noventa quilómetros], com muitos portugueses por perto e por caminhos inóspitos.
Quando parávamos para descansar, ficava debaixo das minhas pernas e sempre agarrado pelo cinto, pois queria fugir. Assim, com este tremendo trabalho e sofrendo de uma entorse que me doía sobremaneira, o pude retirar da Frente.
Quando chegámos ao acampamento da fronteira [segunda semana de setembro?], deixei o Arrebato e dizem-me que dentro de quinze dias chegava um barco para nos levar, pois tinha terminado a missão.
Durante a espera, um dia fui informado que o [João Bernardo] “Nino” Vieira (1939-2009) - um dos líderes do PAIGC [, comamdante da Frente Sul]- queria fazer uma incursão pelo território e queria que eu fosse com ele. Pensei que se me tinha salvado nas anteriores ocasiões, nesta não o iria conseguir. Na manhã do dia seguinte formamos para sair e quando estávamos prontos chegaram umas viaturas aonde estavam os novos médicos, pelo que fiquei mais aliviado. E, como é lógico, não saí de novo para a Frente.
Antes de sair da Frente fui a Boké e depois a Conacri, aonde cheguei em setembro de 1969 [terceira semana?]. Recordo-me que um membro da missão cubana me perguntou se queria comprar alguma coisa e mais tarde trouxe-me uns sapatos para a minha filha, uns calções para o meu filho e um corte de tecido para a minha mulher. Naquele momento tinha dois filhos e tinha-me casado em 1963, quando ainda era estudante.
Em Conacri embarcámos num navio e fomos até ao Congo Brazzaville, aonde estivemos cerca de duas semanas, tendo atracado em Ponta Negra [Pointe-Noire, em francês; é a segunda maior cidade e principal centro comercial da República do Congo].
Fizemos depois viagem de regresso, e em outubro desse ano desembarcámos em Mariel, aonde nos receberam vários chefes militares. Fizeram-nos exames médicos e regressei para minha casa.
(xxiii) Voltou a exercer
como médico civil?
Não; informaram-me que o ministro queria que eu continuasse na vida militar porque tinha cumprido bem a missão e dei então início à especialidade de cirurgia no Hospital Dr. Carlos J. Finlay.
Periodicamente, faziam-nos exames, e no ano do regresso a casa todos os que tínhamos estado em Bissau tiveram resultados positivos de filária no sangue. Há vários tipos de filária produzida por parasitas, e o tipo Loa atravessa os órgãos vitais do olho até ficar cego. Isto era precisamente o que tínhamos.
Quando lia sobre isto assustava-me um pouco porque diziam que até aquele momento não se poderia garantir a cura. Estivemos perto de dois meses em tratamento hospitalar até que saímos totalmente curados.
(xxiv) Continua como médico militar?
Não, no Hospital Dr. Carlos J. Finlay estive até 1977, quando me desmobilizei e me transferi para o Hospital em Covadonga [Hospital Docente Clínico-Quirúrgico Dr. Salvador Allende], que começava a ser uma instituição universitária.
Desde então fiquei nesse centro de saúde como cirurgião e professor auxiliar.
(xxv) Cumpriu outras missões?
Em 1980, já como civil, convidaram-me se queria ir até à Tanzânia como professor e nessa nação africana estive dois anos.
Uma breve síntese das memórias relacionadas com a sua missão [, síntese de JA]:
A missão africana do dr. Amado Alfonso Delgado iniciou-se na véspera de Natal de 1967, voando de Havana até Conacri, na companhia de outro médico cubano.
Na Guiné-Conacri, durante o primeiro trimestre de 1968, tem a sua primeira experiência profissional, prestando serviço médico no Hospital de Boké, uma unidade de saúde de rectaguarda do PAIGC, juntando-se a mais quatro clínicos cubanos aí colocados.
Em abril de 1968 dá início à sua integração na guerrilha ao ser destacado para a Frente Leste para substituir o seu companheiro Daniel Salgado, médico-cirurgião militar que entretanto adoecera com paludismo.
Entra em território da Guiné-Bissau pela fronteira Sul, terminando a sua primeira caminhada na base de Kandiafara, aonde se encontravam vinte combatentes cubanos. Seguiram-se outras etapas ao longo de oito dias, com caminhadas cada vez mais duras, pois não estava preparado para esse desempenho. Nesse lapso de tempo passou por diversas aldeias onde se alimentava com farinha e carne, afirmando ter passado fome, habituando-se, desde então, a comer pouco.
Ao quarto dia disseram-lhe que tinha chegado à Mata do Unal, na região do Cumbijã. Continuada a “viagem” a pé, chegou à foz do Rio Corubal / Rio Geba (Xime) onde lhe foi transmitido que naquele lugar havia um problema mais perigoso que a tropa portuguesa, chamado “macaréu”.
Quando chegou à outra margem [direita], encontrou um homem branco em calções, com gorro na cabeça e uma camisa. Olhou-o com alguma indiferença, tendo-lhe perguntado: “tu pensas aguentar esta ratoeira? “Esquece, pois não duras nem três meses”. Perguntei-lhe porquê? Ao que me respondeu: “tu verás como isto é”.
Entre maio de 1968 e setembro de 1969 [dezassete meses], movimentou-se nas matas do Unal e do Fiofioli [Sector L1 - Bambadinca], com destaque para esta última Frente, aonde esteve os primeiros nove meses de 1969. Durante este período viveu muitos sobressaltos, com muitas corridas em ziguezague, rastejanços e dores de barriga (com diarreias), que implicaram sucessivas trocas de acampamento, incluindo a destruição das suas enfermarias, por quatro vezes.
Esteve cercado por várias vezes. Viu aviões bombardeiros, helicanhões, lanchas da marinha e militares descerem de helicóptero. Fez dezenas de cirurgias e amputações quase sempre durante a noite, tratando dos feridos em combate. Enviou para Boké as situações mais problemáticas. Foi dentista e tratou de mordeduras de animais e serpentes. Foi atacado por melgas e por centenas de abelhas. Teve paludismo por três vezes e automedicou-se.
Lavava-se no rio, mas não tinha nem toalha nem sabão, muito menos papel para escrever alguma mensagem. Bebeu vinho de palma para matar os micróbios, pois a água existente ao seu redor estava contaminada. Usou um par de ténis durante oito meses que se foram degradando por efeito das muitas caminhadas. Para colmatar a ausência de atacadores amarrava-os com folhas largas. Fez “pesca à granada” para se alimentar melhor.
Na mata do Fiofioli esteve em cinco lugares diferentes. Era informado do dia dos ataques onde estavam os portugueses (aquartelamentos, destacamentos, colunas de abastecimento, tabancas,…) quase sempre com armas pesadas. Ficava geralmente na rectaguarda a um quilómetro de distância. Muitas das vezes, nesses ataques programados, existia um guerrilheiro em cima de uma árvore, de modo a dar instruções na correcção do tiro.
Por tudo isto passou vários meses sem ter contacto com o mundo. Devido a estas dificuldades e ocorrências no seu contexto, e das tensões a elas associadas, por via da intervenção dos militares portugueses em diferentes acções naquela região, julgou não ser possível sobreviver, pensando muito nos filhos, que iriam ficar sem pai… coitados, tão pequeninos.
Consequência da actividade operacional das NT e do PAIGC durante um pouco mais de três meses (de 8 de março a 18 de junho de 1969), levou Alfonso Delgado a ficar sem sono, por efeito do muito trabalho e pelas enormes dificuldades sentidas no apoio médico aos guerrilheiros feridos em combate, realizando cerca de cinquenta cirurgias e amputações, de noite, à luz de archotes de palha ardendo.
Nos meses seguintes, julho e agosto, que seriam os últimos da sua missão, os episódios repetiram-se com a mesma dureza dos anteriores, com mais emoções e outras tantas tensões, saindo da mata do Fiofioli por um mero acaso, quando ficou acordado acompanhar a evacuação do seu ajudante e companheiro cubano Arrebato, por este se encontrar bastante debilitado, física e psicologicamente.
Em suma: o médico Amado Alfonso Delgado, em resposta à questão 18 [xviii] afirmou: “eu senti-me muito bem na Guiné e creio que foi uma das melhores épocas de trabalho da minha vida. Às vezes chegava a uma tabanca, e era para eles como um filme ao verem um branco. De repente ficava cercado por quarente/cinquenta crianças e logo me começavam a tocar nos pelos, na cara, nos braços. Era algo raro que nunca antes tinha visto”.
Continua… com nova entrevista, agora ao médico Virgílio Camacho Duverger.
_________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 7 de setemnbro de 2010 > Guiné 63/74 - P6948: A minha CCAÇ 12 (6): Agosto de 1969: As desventuras de Malan Mané e de Mamadu Indjai nas matas do Rio Biesse... (Luís Graça)
Vd. também poste de 24 de fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5878: PAIGC: um curioso croquis do Sector 2, área do Xime, desenhado e legendado por Amílcar Cabral (c. 1968) (Luís Graça)
(.,..) Leitura e interpretação do documento (L G.):
Ao canto superior esquerdo, consegue ler-se o seguinte:
Educação - Mamadu Dembo;
Comandante de sector - Mamadu Indjai;
Comissário Político de FARP - Pedro Landim;
Comissário Político junto do Povo - Juvêncio Gomes;
Comis[sário] Abast [escimento] FARP - Mamdu Alfa Djaló;
Segurança Milícia - Sabino Mendonça;
Saúde - Benjamim Brito. (.,.)
(**) Vd. postes de
3 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16357: Notas de leitura (864): (D)o outrolado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte V: o caso doclínico geral Amado Alfonso Delgado (I): queria ir para o Vietname foi parar ao Fiofioli... (Jorge Araújo)
11 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16380: Notas de leitura (868): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte VI: o caso do clínico geral Amado Alfonso Delgado (II): Na margem direita do rio Corubal, na mata do Fiofioli: «¿Tú piensas aguantar la mecha esta?, olvídate, que no duras ni tres meses" / "Tu pensas aguentar esta ratoeira? Esquece, pois não duras nem três meses”... (Jorge Araújo)
17 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16396: Notas de leitura (871): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte VII: o caso do clínico geral Amado Alfonso Delgado (III): Na mata do Fiofioli, pensei que ia morrer, pensei nos meus filhos, que iriam ficar sem pai… coitados, tão pequenos (Jorge Araújo)
17 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16396: Notas de leitura (871): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte VII: o caso do clínico geral Amado Alfonso Delgado (III): Na mata do Fiofioli, pensei que ia morrer, pensei nos meus filhos, que iriam ficar sem pai… coitados, tão pequenos (Jorge Araújo)
25 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16420: Notas de leitura (874): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte VIII: o caso do clínico geral Amado Alfonso Delgado (IV): "Os guineenses são muito resistentes...Numa ocasião, uma bomba caiu perto de uma mulher e feriu-a no abdómen... Eu devia abrir-lhe o abdómen pois tinha peritonite. Coloquei-lhe anestesia local e, quando lhe ia dar a geral, um avião largou outra bomba que caiu perto. A mulher levantou-se, com a ferida meio aberta, e fugiu. Não a vi mais. Depois disseram-me que a tinham localizado, já morta, a cerca de quatro quilómetros dali." (Jorge Araújo)
(***) Último poste da série "Notas de leitura" > 22 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16412: Notas de leitura (873): "O que a Censura cortou": notícias da Guiné, por José Pedro Castanheira (Mário Beja Santos)
5 comentários:
Pelos vistos, a estes médicos cubanos sobrava-lhe pouco tempo para escrever bate-estradas.
Aqui se escreve uma boa parte da guerra colonial em África.
Caros amigos,
Sobre os Cubanos ja falei e agradeci imenso, hoje quero levantar uma outra questao que me faz muita confusao: Qual o significado da palavra Fiofioli ? E onde era a mata de Fiofioli?
Durante a minha infancia e na terminologia local(1965/74), Fiofioli era ali ao lado (Oio e Caresse - dois regulados abandonados aos guerrilheiros) onde se abrigavam os Turras.
Quando descobri o Bloque da TG, para o pessoal de Bambadinca (Luis Graca, Jorge Araujo e a malta da CART 3494, a mata do Fiofioli situava-se na margem direita do rio Corubal ou na confluencia deste com o rio Geba.
E ainda ha quem pense que Fiofioli esteja situada/o na regiao de Quinara, a norte de Buba (zona de Injassane).
- Afinal o que se esconde por detras deste termo que na lingua Fula pode, tambem, tomar o significado de inicio/genese de um acontecimento?
- Nao haveria muitos Fiofioli's na Guine, ligados ao inicio da Guerra, em cada zona ou regiao?
Agradecia quem pudesse ajudar a esclarecer a questao.
Com um abraco amigo,
Cherno Balde
É curioso, tinham médicos cubanos nas matas a tratar dos indígenas, mas depois atacavam as tabancas que estavam fora do controle do PAIGC e eram os nossos médicos e enfermeiros que tinham de tratar dos nativos feridos, isto quando não morriam.
(,.,,) Neste tempo /1968/70), no nosso setor L1 (Bambadinca), ao longo da margem direita do Rio Corubal, o PAIGC teria 5 bigrupos (Um bigrupo, eraconstituído por 40/50 guerrilheiros), em cinco zonas: Poidom/Ponta do Inglês/Baio Buruntoni, Ponta Luis Dias, Mina/Fiofioli (2), e Galo Corubal, ou seja entre 200 e 250 homens em armas, mais um 1 grupo de artilharia (morteiro 82, canhão s/r 75 e 82) + 1 grupo especial de bazuqueiros (RGP) (em Mangai). A principal "base" era Mina / Fiofioli, uma mata densa, de floresta-galeria... Não estava ao alcance da artilharia do Xime... Em 1969. o comandante era o Mamadu Indjai.
No meu tempo a mata do Fiofioli era vista como um "mito", infundindo muito respeito às NT... Nos últimos da guerra (e nomeadamente em 1973), o PAIGC retirou forças desta região...
Estranha-se que o médico cubano Amado Alfonso Delgado tenha omitido o importantre revés que foi para o PAIGC a baixa do comandante Mamadu Indjai, gravemente ferido pelas NT no decurso da Op Nada Consta, em agosto de 1969
7 DE SETEMBRO DE 2010
Guiné 63/74 - P6948: A minha CCAÇ 12 (6): Agosto de 1969: As desventuras de Malan Mané e de Mamadu Indjai nas matas do Rio Biesse... (Luís Graça)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2010/09/guine-6374-p6948-minha-ccac-12-6-agosto.html
Este Mamadu Indjai é o mesmo que fez parte do "complot" contra Amílcar Cabral em 1973, em Conacri... Será julgado (?) e fuzilado... Era de etnia mandinga.
Temos dez referências no blogue sobre este homem...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Mamadu%20Indjai
O FIOFIOLI
Em fim de Abril/1963, o nosso pelotão (3º),com apenas duas Secção, a 2ª(Fernando Condez) e a 3ª (minha); a 1ª estava destacada em Paunca (Victor Lezaola)e comandados pelo Alferes Mil Cardoso Pires, fizemos vários patrulhamentos abaixo do Xime, um a dois por semana. Ora, num desses primeiros patrulhamentos foi-nos destinado deslocar à Mata do Fiofioli. Eu já tinha ouvido falar da referida Mata na 3º Classe, quando estudamos a geografia das Colónias. Aliás já em Santa Margarida quando esperava-mos o embarque para o Ultramar, tinha explicado, aos militares do nosso pelotão, vários aspectos,(fauna,flora,tempo,etc) sobre África, pois havia lido o livro "África" do Henrique Galvão.
Assim, partimos de Bafatá, paramos em Bambadinca,em Amadelai, no Xime, e quando chegamos ao entrocamento para a Ponte do Inglês, junto ao rio Corubal, viramos á esquerda para Taibatá.
Aí o Alferes chamou-me e disse:
-Ò Marinho, você é capaz de ir até Satecuta, que nós ficamos aqui e preparamos o almoço
Respondi: Ok eu vou, não há problema
Para esclarecer, eu no primeiro patrulhamento, com apenas três dias da Guiné, tinha
comprado na Loja (Correia ou Barbosa)na Avenida Principal, logo abaixo da Transmontana, uma panela de alumínio com capacidade para alimentar cerca de 20 homens, para não comermos ração de combate, como queria o furriel Vago-mestre (Ramiro Gomes), comprava-mos batatas ou arroz e requesitava-se atum (lata de 2.5 kg ou polvo seco (cesto)ou até uma granada no rio e tinha-mos peixe. Pedi na Mecânica, para me fazerem uma trempe, para assentar a panela e com uns gravetos toca a cozinhar.
Lá avançamos para a Mata do Fiofioli. A primeira impressão, há época, foi que era uma mata diferente das outras, que já conhecíamos, pois as árvores eram muito altas (20 ou 30 metros ou mais), a luz coava-se através das folhas, muito tenúe,escuro, e o chão em muitos locais era liso ou tinha tufos de ervas e arbustos rasteiros.
Com cautela redobrada e atentos, lá seguimos pela picada até Satecuta.
Ao chegarmos à tabanca, o pessoal (homens, mulheres e crianças) ficaram espantados,
por nos ver. Falei com o Chefe da tabanca, através do cabo Mamadu Baldé (fula-forro), que nos recebeu muito bem.
Regressamos pelo mesmo caminho, onde nos esperava o resto do pessoal,onde almoçamos.
De tarde, fomos a Ponte Varela, à confluência do Corubal e do Geba, em frente à bolanha do Enxalé.
Mais tarde, tocou-nos a atravessar o Fiofioli, quando estivemos destacados no Xitole
( fim Maio, Junho, Julho e meio de Agosto)
Ab
Alcidio Marinho
C.Caç 412 - Abril/1963-Maio/1965
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