quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16434: Os nossos seres, saberes e lazeres (171): From London to Surrey (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Abril de 2016:

Queridos amigos,
Um dos meus voluntariados passa por participar numa organização de direitos de doentes e utentes de saúde. Coube-me ir a uma conferência onde se falou durante dois dias e meio de inovação em cuidados de saúde. Habituei-me a aproveitar todos os bocadinhos para fruir o que o país ou a região melhor oferecem. Mantenho uma relação muito feliz com Londres, o Mall, o Museu Britânico, a Tate Britain, a National Gallery são-me irresistíveis, enquanto tiver forças nada de mais aprazível que me saracotear pelas ruas buliçosas, sentar-me diante do Tamisa, comprazer-me com esta estranhíssima mistura do antigo maciço e do contemporâneo leve, contemplar o povo das antigas colónias que parece sentir-se bem nesta Londres que não perdeu a sua aura imperial.

Um abraço do
Mário


From London to Surrey (1)

Beja Santos

O meu destino é Seldson, no Surrey, aí ficarei encarcerado três dias a ouvir falar em inovação nos cuidados de saúde, imagine-se. Tenho direito à alforria antes da corveia, saí às seis da manhã de Lisboa para ter umas horas em Londres à minha conta. Não me dei mal, viajei de autocarro durante hora e meia, é muito mais agradável do que as pessoas pensam, a aproximação a Londres tem momentos muito curiosos. Desembarquei em London Victoria, ando com um trólei ligeiro de quem viaja em low cost. Viajo à aventura, faço a longa Buckingham Palace Road, dou com o Marechal Foch, Comandante Supremo das Forças Armadas da I Guerra Mundial em pose altaneira, parei diante de uma peça de arquitetura arrojada e mais adiante não perdi o ensejo de mirar uma parede com vegetação, isto numa área de escritórios bem populosa, se dúvidas houvesse que os britânicos não sabem viver sem vegetação, vê-se a imagem e elas ficam dissipadas.




Estou indeciso, vou até ao Hyde Park e depois Piccadilly e depois Trafalgar Square, ou faço ao contrário, circundo Buckingham e desço Saint James Park, percorro o Mall e depois Trafalgar? Escolho a segunda opção, e não estou arrependido. Apanhei a loja que vende recordações régias, Isabel II está magnificente nos seus 90 anos, vejo gente a entrar e a sair carregados de recordações, pratos, canecas, fotografias. Paro diante do Palácio, como a câmara não dá para grandes acometimentos, escolho um ângulo que permite visualizar a fachada, diga-se em abono da verdade que não é nenhuma grande peça de artilharia, é imponente, o Memorial a Victoria e Alberto dá-lhe impacto e temos o Mall, para mim uma das avenidas mais graciosas do mundo. A zona do Palácio tem gradeamentos de finura artística, não resisti ao registo de uma dessas portas que só serve para enfeitar, não me canso de gabar a sua elegância.




Graças a um clima benfazejo para a jardinagem, os temas de conversa entre britânicos tem a ver com o estado do tempo e o que é que andam a plantar nos jardins. Estou em território real, Sua Majestade deve ter dado instruções precisas para que não falte garridice a contrastar com os céus pardacentos. Posso imaginar o que custa ao erário da rainha e a seus súbditos esta natureza em flor, a compensação é enorme, este culto pelos frutos da Deusa Terra, e que compensação!




Inflito para o Parlamento, para ser sincero venho saudar Nelson Mandela e deter-me diante da estátua de Churchill, tenho para mim que é uma das peças estatuárias contemporâneas mais belas. O tempo inglês é isto mesmo, céu luminoso, enevoado, pardacento, e com boa vontade até se apanham as quatro estações do ano. Dou-me por feliz com a primeira imagem, a que tirei ao admirado Churchill não captou a pulsão, o vigor que o artista lhe conferiu, lá surripiei uma imagem no Google que me parece fidedigna, não consigo conceber melhor homenagem a que encabeçou a resistência à fúria nazi, prometendo ao seu povo sangue, suor e lágrimas.


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Nota do editor

Último poste da série de 24 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16416: Os nossos seres, saberes e lazeres (170): Eu fui ao Faial e não vi os Capelinhos (2) (Mário Beja Santos)

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