1. Na Guiné, costumava declamar, de Reinaldo Ferreira, o poema "Receita para fazer um herói" (*).
Abraço J.Cabral
Receita para fazer um herói
por Reinaldo Ferreira
Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza, aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome,
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
In; Reinaldo Ferreira [Barcelona, 1922 - Lourenço Marques, 1959] > Poemas > Livro I - Um voo cego a nada > 3) Epigramas (**)
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza, aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome,
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
In; Reinaldo Ferreira [Barcelona, 1922 - Lourenço Marques, 1959] > Poemas > Livro I - Um voo cego a nada > 3) Epigramas (**)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 29 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16428: Convívios (766): Os "tugas" de Bafatá... Agosto de 2016, restaurante "Ponto de Encontro", do casal Célia e João Dinis a quem prestamos uma emocionada homenagem (Patrício Ribeiro, Impar Lda)
5 comentários:
Não há adjectivos que não pequem por defeito para qualificar este poema mas direi apenas forte, real, verdadeiro e actual.
A música atenua...
Jorge a brindar-nos com um dos melhores das nossas letras.
Digo um dos melhores porque não sei quem é e nunca serei capaz de dizer quem é o melhor.
Eu sei que não devia dizer nunca.
Mas digo.
Um abraço.
BS
Nós, todos os do nosso tempo e outros que nunca deveriam esquecer :
MENINA DOS OLHOS TRISTES,
O QUE TANTO A FAZ CHORAR?
- O SOLDADINHO NÃO VOLTA
DO OUTRO LADO DO MAR.
....................
....................
....................
(de Reinaldo Ferreira, O Poeta)
Valdemar Queiro
Há algo de premonitório neste poeta, que não chegou a "viver" a guerra colonial, não chegou a vivber duas décadas em Lourenço Marques onde morreu em 30 de junho de 1959... Nasceu em Barcelona, em 1922, tendo sido marcado pela guerra civil de Espanha (1936-1939)...
Aqui vai a letra completa da "Menina dos olhos tristes"
Menina dos olhos tristes,
O que tanto a faz chorar?
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
Senhora de olhos cansados,
Porque a fatiga o tear?
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
Vamos, senhor pensativo,
Olhe o cachimbo a apagar.
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
Anda bem triste um amigo,
Uma carta o fez chorar.
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
A Lua, que é viajante,
É que nos pode informar
- O soldadinho já volta
Do outro lado do mar.
O soldadinho já volta,
Está quase mesmo a chegar.
Vem numa caixa de pinho.
Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar.
Nota: existe um versão musicada por Zeca Afonso e cantada por Adriano Correia de Oliveira e uma outra por Luís Cília
http://alfarrabio.di.uminho.pt/reinaldo/reinaldo2.html#47
Olá "Alfero"
Se o costumavas fazer.... fazias (fizeste) muito bem!
Em toda e qualquer circunstância é sempre necessário fazer alguma coisa para contrariar a rotina e o 'cinzento' dos dias.
Hélder Sousa
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