1. Texto do ten gen ref Garcia Leandro, que vai ser publicado hoje no "Correio da Manhã", e que nos chegou ontem por mão do Virgínio Briote, nosso editor (jubilado), com autorização do autor para publicar no nosso blogue.
NECESSIDADE E FORMAÇÃO DE FORÇAS ESPECIAIS
por Garcia Leandro (ten gen ref)
Ninguém que tenha conhecimento dos atuais caminhos da Estratégia, da evolução tecnológica, das novas e imprevistas ameaças que se podem por a qualquer momento, em qualquer lugar, tem dúvidas que Forças Especiais Nacionais e Internacionais são algo de que todas as Nações e Organizações de Segurança e Defesa Internacionais precisam em quantidade e com grande qualidade para poderem atuar nos ambientes climáticos e operacionais mais exigentes; e quando se fala em Forças Internacionais o nível de cada participante nacional tem que ser semelhante para que possam trabalhar em conjunto. Portugal, em todas as suas missões internacionais tem recebido os mais justos louvores pelo modo brilhante como as nossas FA e FS se têm comportado; têm sido mesmo grandes embaixadoras de Portugal.
Dito isto, é sempre de sublinhar que havendo a necessidade dos militares que as constituem poderem ser chamados a atuar nos ambientes mais difíceis e rigorosos (geografia, clima, populações, distâncias, violência generalizada), muitas vezes isolados e com pouco apoio, a sua exigente preparação não pode ter a mínima falha (condições físicas e garantias de saúde, alimentação sólida e líquida, equipamentos adequados, treino individual e coletivo, criação do espírito de corpo entre os seus membros, mútua confiança, apoio médico e psicológico, etc); o Homem é ainda a mais importante peça de qualquer Força Operacional e quando desaparece não há outro igual; cada Soldado de uma Força Especial é, em si, todo o nosso Universo e Alma Coletiva. As Chefias têm essa consciência. Quem está de fora tem, por vezes, dificuldades em perceber!
E, por isso, uma morte ou acidentes em instrução têm de ser rigorosamente raros e com justificação. Tudo deverá ser feito por eles e por nós, para quem eles são treinados a honrar.
Ninguém pode compreender uma morte não justificada, o que é uma tragédia, mesmo para quem viveu situações de combate, sejam camaradas ou Comandantes; pode acontecer, mas não deve acontecer!
A questão recentemente ocorrida será certamente resolvida rapidamente porque precisamos dos Comandos, mas resolvida pela Instituição Militar com todo o rigor, humano e profissional, necessário dando assim contas à Nação através do nosso Poder Político. Este deve dar as condições e aquele é sempre o responsável pela preparação. O Estado tem aqui os seus patamares.
Lisboa, 9 de Setembro de 2016,
GARCIA LEANDRO
TEN-GENERAL (R)
Ninguém que tenha conhecimento dos atuais caminhos da Estratégia, da evolução tecnológica, das novas e imprevistas ameaças que se podem por a qualquer momento, em qualquer lugar, tem dúvidas que Forças Especiais Nacionais e Internacionais são algo de que todas as Nações e Organizações de Segurança e Defesa Internacionais precisam em quantidade e com grande qualidade para poderem atuar nos ambientes climáticos e operacionais mais exigentes; e quando se fala em Forças Internacionais o nível de cada participante nacional tem que ser semelhante para que possam trabalhar em conjunto. Portugal, em todas as suas missões internacionais tem recebido os mais justos louvores pelo modo brilhante como as nossas FA e FS se têm comportado; têm sido mesmo grandes embaixadoras de Portugal.
Dito isto, é sempre de sublinhar que havendo a necessidade dos militares que as constituem poderem ser chamados a atuar nos ambientes mais difíceis e rigorosos (geografia, clima, populações, distâncias, violência generalizada), muitas vezes isolados e com pouco apoio, a sua exigente preparação não pode ter a mínima falha (condições físicas e garantias de saúde, alimentação sólida e líquida, equipamentos adequados, treino individual e coletivo, criação do espírito de corpo entre os seus membros, mútua confiança, apoio médico e psicológico, etc); o Homem é ainda a mais importante peça de qualquer Força Operacional e quando desaparece não há outro igual; cada Soldado de uma Força Especial é, em si, todo o nosso Universo e Alma Coletiva. As Chefias têm essa consciência. Quem está de fora tem, por vezes, dificuldades em perceber!
E, por isso, uma morte ou acidentes em instrução têm de ser rigorosamente raros e com justificação. Tudo deverá ser feito por eles e por nós, para quem eles são treinados a honrar.
Ninguém pode compreender uma morte não justificada, o que é uma tragédia, mesmo para quem viveu situações de combate, sejam camaradas ou Comandantes; pode acontecer, mas não deve acontecer!
A questão recentemente ocorrida será certamente resolvida rapidamente porque precisamos dos Comandos, mas resolvida pela Instituição Militar com todo o rigor, humano e profissional, necessário dando assim contas à Nação através do nosso Poder Político. Este deve dar as condições e aquele é sempre o responsável pela preparação. O Estado tem aqui os seus patamares.
Lisboa, 9 de Setembro de 2016,
GARCIA LEANDRO
TEN-GENERAL (R)
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Nota do editor:
Último poste da série > 10 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16471: (In)citações (97): "Cartas da guerra" é um filme, não é um documentário... E é um filme de Ivo M. Ferreira, e não de António Lobo Antunes... Mais: é um filme que procura dignificar os ex-combatentes, a quem apelo, como simples espetadora, que o vejam primeiro, antes de pôr um qualquer rótulo no realizador e sua equipa (Marta Léon, produtora O Som e Fúria)
4 comentários:
É fácil mas é feio fazer demagogia com a morte de instruendos das forças especiais...
Sei, por experiência própria, que estávamos todos mal preparadaos, física, operacional, disciplinar e mentalmente para fazer uma guerra como a da Guiné, para mais numa época em que o poder político não tinha legitimidade democrática... A desidratação, a insolação, o "burnout" (físico e emocional) e os ataques de abelhas eram mais temidos por nós do que as emboscadas do PAIGC...
Cerca de 1 milhão de portugueses, guineenses, angolanos e moçambicanos combateram nas NT, como "tropa-macaca" (era o termo depreciativo que usávamos para nos distinguirmos da "tropa especial")...
Curvo-me à memória dos instruendos dos comandos que morreram (e que não deviam ter morrido), no pós 25 de abril, em fase de instrução... É bom que se apurem responsabilidades, nestes casos mais recentes... As Forças Armadas Portuguesas, hoje profissionalizadas, devem ter, nas suas fileiras, os melhores profissionais e, se poss+ivel, os melhores de todos nós, portugueses... LG
Mensagem do presidente da LC que nos chega à caixa do correio, com pedido de partilha e divulgação:
11 set 2016 12:07
Caros amigos
juntem-se a nós...
Prestem homenagem connosco divulgando e partilhando a noticia do nosso facebook cujo link se envia abaixo.
https://www.facebook.com/ligadoscombatentes.oficial
" HOMENAGEM AOS MILITARES CAÍDOS.
Furriel Hugo Abreu e Soldado Dylan Araújo da Silva
A Vós Comandos, caídos na preparação para melhor servir Portugal.
A Vossa morte é um misto de audácia, desejo de ser e de infortúnio....
Sem o terem sido, foram Comandos de alma e coração.
Foram Combatentes. Sois antigos Combatentes caídos ao serviço do nosso exército.
A Liga dos Combatentes presta-Vos não a homenagem derradeira.
Presta- Vos e continuará a prestar-Vos a homenagem perene da memória colectiva.
Estareis sempre na memória daqueles e daquelas que na Liga dos Combatentes garantem o reavivar dos que caindo ao serviço da Pátria, a Pátria os contempla.
Seja quais forem as circunstâncias em que ocorrer a sua morte!
Na paz ou na guerra. Na instrução ou no combate.
Foram Soldados de Portugal !
Às famílias, às Forças Armadas e ao Exército, o nosso pesar.
A Vós, o nosso até já.
Honra aos mortos.
10 de setembro de 2016
O Presidente da Liga dos Combatentes
Gen Chito Rodrigues
Também acho, acabar com os comandos é acabar com uma força de elite com provas dadas e nos dias que correm com o conflito, seria uma mais valia e ao mesmo tempo o comprovar da valentia dos nosso militares.
Se calhar, a triagem em termos de saúde tem de ser mais apertada e os instrutores menos animais.
Fui militar, tive pegas com superiores devido a excessos cometidos sobre outros, porque eu, sendo criado com boletas...mas se na altura nã se justificava, hoje muito menos. Um grupo nem preparado,. tem de ser um grupo VIVO.
Abraços
Fialho
Com conflitos permanentes...
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