Guiné > Região do Oio > Farim > Canjambari > CCAÇ 3476 - "Os Bebés de Canjambari", Canjambari e Dugal, 1971/73) > Memoprial (foto do álbum do ex.-fur mil Manuel Lima Santos, nosso grã-tabanqueiro)
Foto: © Mamuel Lima Santos (2013). Todos ops direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue ;Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)
1. Mensagens do nosso leitor (e camarada)
Guião da CCAÇ 3478. Cortesia do nosso camarada Carlos Silva |
(i) "sou emigrante nos Estados Unidos da América já há 38 anos";
(ii) "vim para Casement, em 16 dezembro de 1973";
(iii) "fui soldado na CCAÇ 3476, estive em Canjambari, sector de Farim, nos anos de 1971 e 72 e depois estive no Chugué, antes de Mansoa";
(iv) "a minha companhia era dos Açores";
(v) "como a metade da companhia era de voluntários com menos de 20 anos de idade,
deram-nos o nome de Bebés de Canjambari";
éramos uma companhia muito jovem ou a mais jovem de todas";
(vi) "o meu capitão era chinês de Macau, muito conhecido hoje pela televisão, o nome dele era Jorge Rangel":
Eis a razão principal por que nos escreveu o Jaime Vieira:
"Tenho uma curiosidade: no ano de 1972 desapareceu um soldado que era escriturário, com o nome de Carlos. penso que era de Trás os Montes. Sempre penso nele, era meu amigo, e sempre me preocupei em saber o que lhe aconteceu. (...)
Fomos para Canjambari em 1971. O Carlos chegou mais tarde . Um pouco tinha sido cabo e foi despromovido, mas antes de chegar à nossa companhia. Ele era um pouco contra o regime e tinha problemas com o capitão, como eu também tinha. Ele desapareceu em Canjambari no ano de 1972 e nunca vi muito interesse por parte das autoridades em saber de ele. Por este motivo fiquei sempre preocupado e com ansiedade para saber o que aconteceu."
2. O que nós apurámos, na altura, foi o seguinte, com a preciosa ajuda do nosso grã-tabanqueiro Carlos Silva [x-Fur Mil Inf CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71; e um histórico da cooperação e da ajuda humanitária à Guiné-Bissau];
2. O que nós apurámos, na altura, foi o seguinte, com a preciosa ajuda do nosso grã-tabanqueiro Carlos Silva [x-Fur Mil Inf CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71; e um histórico da cooperação e da ajuda humanitária à Guiné-Bissau];
(i) o nome completo do militar em causa era Carlos Alberto Sousa Emídio;
(ii) tinha o posto de soldado escriturário:
(iii) desapareceu no dia 17 de agosto de 1972 e foi dado, mais tarde como desertor, de acordo com a história da unidade;
(iv) não conseguimos, em 2012, saber do seu paradeiro.
Caso de deserção do soldado escriturário nº 2055276 Carlos Alberto Sousa Emídio
17-08-1972 – Ao fim da tarde deste dia ausentou-se ilegitimamente o Sold Escriturário Carlos Alberto Sousa Emídio, constituindo-se mais tarde em desertor. Fora colocado nesta Companhia por motivo disciplinar, vindo da Sucursal do Laboratório Militar de Bissau.
18-08-1972 – Por todo este dia foram efectuadas buscas, e pelas 17h00 foram encontradas pegadas do Soldado ausente que seguiam na direcção da área da Bricama.
O mesmo já fora desertor na Metrópole e o seu desaparecimento seria premeditado, em virtude de problemas de ordem pessoal e militares ainda pendentes, motivados pela sua deserção anterior.
4. Ficha da unidade:
(iv) não conseguimos, em 2012, saber do seu paradeiro.
Caso de deserção do soldado escriturário nº 2055276 Carlos Alberto Sousa Emídio
17-08-1972 – Ao fim da tarde deste dia ausentou-se ilegitimamente o Sold Escriturário Carlos Alberto Sousa Emídio, constituindo-se mais tarde em desertor. Fora colocado nesta Companhia por motivo disciplinar, vindo da Sucursal do Laboratório Militar de Bissau.
18-08-1972 – Por todo este dia foram efectuadas buscas, e pelas 17h00 foram encontradas pegadas do Soldado ausente que seguiam na direcção da área da Bricama.
O mesmo já fora desertor na Metrópole e o seu desaparecimento seria premeditado, em virtude de problemas de ordem pessoal e militares ainda pendentes, motivados pela sua deserção anterior.
Fonte: HU - História da Unidade, Cap II, pág 19 [Elementos fornecidos por Carlos Silva]
4. Ficha da unidade:
(i) A CCAÇ 3476 foi mobilizada no Batalhão Independente de Infantaria nº 18, em Ponta Delgada;
(ii) tnha como divisa “Os Bebés de Camjabari”;
(iii) embarque em 25 de setembro de 1971; chegada a Bissau no dia 30 desse mês;
(iv) cmtd: cap mil inf Jorge Alberto da Conceição Hagedorn Rangel, substituído em data não referida pelo alf mil inf António Augusto Pires e Castro;
(iii) embarque em 25 de setembro de 1971; chegada a Bissau no dia 30 desse mês;
(iv) cmtd: cap mil inf Jorge Alberto da Conceição Hagedorn Rangel, substituído em data não referida pelo alf mil inf António Augusto Pires e Castro;
(v) realizou no CMI – Centro Militar de Instrução, no Cumeré, a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, no período de 2 a 30 de outubro de 1971:
(vi) é colocada em Canjambari, sector de Farim, a 2 de novembro de 1971 para, em sobreposição com a CCAÇ nº 2681, efectuar o treino operacional, assumindo a responsabilidade do subsector de Canjabari, em 28 de novembro de 1971, integrando o sector à responsabilidade do BART 3844;
(vii) a missão prioritária desta esta subunidade era proceder pressão sobre a linha de infiltração de Sitató;
(viii) substituída pela CCAÇ 4143/72 a 14 de novembro de 1972, segue para Dugal a 16, para sobrepor e render a CART 3332, assumindo a responsabilidade do subsector, com destacamentos em Fatim, Chugué e Fanhe, e para missões de segurança de instalações e populações da área, integrada no dispositivo do Comando Operacional nº 8;
(ix) é transferida para o COMBIS (Comando de Bissau) em 30 de setembro de 1973), sendo rendida em Dugal pela 2ª C/BCAÇ nº 4610/72 e, em 3 de outubro de 1973 rende, em Bissau, a CCAV 3420;
(x) dois meses depois, a 6 de dezembro é rendida no COMBIS pela CCAÇ 3565 e embarca de regresso em 13 desse mês.
[Elementos recolhidos pelo nosso colaborador permanente José Martins]
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(**) Último poste da série > 6 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16690: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (19): Quando homens e armas estavam "à carga", sendo necessário levantar um auto, no caso de desaparecerem... A história do condutor auto, do EREC 2350, que não voltou de férias em 1969... (Fernando Gouveia, ex-alf mil, Rec e Inf, Cmd Agr 2957 Bafatá, 1968/70)
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Notas do editor
(*) 3 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10107: O Nosso Livro de Visitas (141): Jaime Vieira, açoriano, a viver nos EUA há 38 anos, procura uma amigo e camarada, dado como desertor em 1972, o sold escrit Carlos Alberto Sousa Emídio, da CCAÇ 3476 (Canjambari, 1971/73)
(*) 3 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10107: O Nosso Livro de Visitas (141): Jaime Vieira, açoriano, a viver nos EUA há 38 anos, procura uma amigo e camarada, dado como desertor em 1972, o sold escrit Carlos Alberto Sousa Emídio, da CCAÇ 3476 (Canjambari, 1971/73)
(**) Último poste da série > 6 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16690: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (19): Quando homens e armas estavam "à carga", sendo necessário levantar um auto, no caso de desaparecerem... A história do condutor auto, do EREC 2350, que não voltou de férias em 1969... (Fernando Gouveia, ex-alf mil, Rec e Inf, Cmd Agr 2957 Bafatá, 1968/70)
2 comentários:
Não aparece haver rasto deste homem... Não consta do Arquivo Amílcar Cabral, nem de outros arquivos disponíveis no portal Casa Comum, da Fundação Mário Soares. Pode-se ter dado o caso de... São meras hipótese:
(i) ter morrido durante a fuga (por desidratação, ataque de predadores, envenenamento, suicídio, etc.);
(ii) ter sido capturado pelas NT e entregue à PIDE/DGS;
(iii) ter conseguido chegar ao Senegal e ter sido entregue à Cruz Vermelha (sem conhecimento do PAIGC nem das autoridades portuguesas);
(iv) ter sido "acolhido" pelo PAIGC e mantido em "clandestinidade", por razões de segurança ou de proteção da família;
(v) ter mudado de identidade, por razões de segurança;
(vi) ter seguido para Argel ou para algum país da Europa do norte que acolhia desertores portugueses;
(vii) ter seguido para algum país da Europa de leste;
(ix) ter optado por ficar em África...
Especulações... O Jaime Vieira diz que ele não era açoriano, mas provavelmente transmontano... Há aqui um mistério por deslindar... Há pessoas que desaparecem de vez... Espero que o Carlos esteja ainda vivo, algures...
Amigos & Camaradas
Creio que já tinha dado informações em tempos sobre o Carlos Alberto,não tenho a certeza.
Contudo, informo que procurei-o em Bissau porque tive notícias dele, já não sei a que título, pois já não me recordo.
Pois soube que tinha se passado para o PAIGC e quando terminou a guerra ficou por Bissau estava a trabalhar na zona onde estavam os fuzileiros.
Fui com um amigo que o conhecia e era amigo doutro militar da marinha da Guiné, que por sua vez era amigo e camarada dele Carlos Alberto.
Esse meu amigo mandou chamar esse tal militar e estivemos a falar com ele. Este confirmou que o Carlos Alberto desde a independência ficou ali na marinha e que tinha falecido há pouco tempo, talvez há um ano.
Este encontro deu-se creio que em 2010 ou 2011.
Foi tudo que soube sobre o Carlos Alberto e creio que já contei este episódio.
Um abraço para todos
Carlos Silva
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