Foto nº 1
Foto nº 2
Foto nº 3
Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,
CART 3494 (Xime-Mansambo, 1972/1974).
"DA GUERRA COLONIAL AO 25 DE ABRIL" - PALESTRA NA ESCOLA SECUNDÁRIA MIGUEL TORGA, EM 23 DE ABRIL DE 2018 (Jorge Araújo)
Nota prévia:
Na Foto nº 1, acima, vê-se a entrada principal da antiga Escola Secundária de Massamá, hoje Escola Secundária Miguel Torga [pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (1907-1995)] nome atribuído de acordo com o Despacho 68/SEAE/96. Este complexo escolar foi implantado no ano lectivo de 1985/1986, num terreno de cultivo com uma área de 14 mil metros quadrados.
Dez anos depois da sua construção, a então Escola Secundária de Massamá, localizada na Freguesia de Monte Abraão, em Queluz, Sintra, escolheu para seu patrono o poeta, contista e memorialista Miguel Torga (Prémio Camões de 1989, o mais importante da língua portuguesa), tendo por fundamentos os constantes no Despacho 68/SEAE/96, e que seguidamente se transcrevem:
“A História que era preciso ensinar nas escolas não devia mostrar Carlos, O Temerário, a morrer diante de Nancy. Devia mostrar mas é esta junta de bois aqui á minha porta, atrelada a um carro, à espera que o dono acabe de beber um copo. Que importa lá à humanidade a bazófia do senhor francês? (Diário, 26105144) – Quem o afirma é Miguel Torga, exemplo de poeta, pensador, cidadão de corpo inteiro, que nos deixou uma das obras mais marcantes deste século em Portugal [séc. XX].
Como disse David Mourão-Ferreira (1927-1996), a posição de Miguel Torga “nas nossas letras continua a ser a de um grande isolado – que, no entanto, ou por isso mesmo, consubstancia e representa, da forma mais directa ou através de inevitáveis símbolos, quanto há de viril, vertical, insubornável no homem português contemporâneo”. Que melhor exemplo para educadores e educandos?
O contributo que deu à literatura e cultura portuguesas e a referência da sua vida e obra para todos e, em particular para a juventude portuguesa são as razões positivas de sobra que estiveram na origem da proposta do Conselho Directivo da Escola Secundária de Massamá, Sintra, com a concordância da Câmara Municipal, no sentido da atribuição do nome de Miguel Torga ao referido estabelecimento de ensino.
Assim e preenchidos que estão os requisitos e demais finalidades previstos no Dec.-Lei 387/90, de 10/12, determino:
1 - A Escola Secundária de Massamá, Sintra, passa a denominar-se Escola Secundária Miguel Torga, Massamá, Sintra.
2 - A Escola referida no número anterior constará da portaria a que se refere o nº 1 do artº 8 do Dec.-Lei 387/90, de 10/12, com a denominação que lhe é atribuída nos termos do presente despacho.
Em 2-7-1996, o Secretário de Estado da Administração Educativa, Guilherme de Oliveira Martins”.
1. INTRODUÇÃO
Feita a apresentação das razões que deram o nome à actual Escola Secundária Miguel Torga, importa agora referir a minha participação na palestra em título, realizada nessa Escola no passado dia 23 de Abril, 2.ª feira, a propósito das comemorações do 44.º Aniversário do “25 de Abril de 1974”. O evento organizado pelo Departamento de História da Escola tinha por destinatários os alunos de três turmas do 12.º Ano [cartaz elaborado para o efeito, ao lado].
O convite surgiu por intermédio da Professora Helena Neto, que em parceria com a Professora Conceição Carpinteiro lideraram este projecto enquanto docentes da Disciplina de História. Por ser nossa amiga de longa data e saber da minha condição de ex-combatente na Guiné, logo ela se lembrou de mim para essa (boa) causa.
Aceitei o convite, sem dificuldade, uma vez que tinha disponibilidade de agenda para esse dia.
2. A SESSÃO
O meu encontro com a comunidade escolar, alunos e corpo docente, decorreu no auditório da Escola, num ambiente de grande empatia, certamente pela novidade dos conteúdos aflorados, tendo-se registado uma participação de sete dezenas de indivíduos.
Durante duas horas, das dez ao meio-dia, abordei várias temáticas relacionadas com a evolução histórica do conflito, sinalizando algumas das minhas experiências, entre as mais “pesadas” e as mais “levezinhas”, acumuladas ao longo dos dois anos da comissão ultramarina, justamente até ao 25 de Abril de 1974, uma vez que nessa data ainda era militar, pois havia chegado a Lisboa, a bordo do N/M Niassa, vinte dias antes.
No final da apresentação dos pontos estruturados para a sessão, dei a palavra aos presentes, os quais colocaram diferentes e pertinentes questões, com relevância para os alunos de origem africana (Guineenses, Cabo.verdianos e Angolanos) incluindo, caso interessante, uma aluna luso-timorense. Como curiosidade, um dos presentes prometeu enviar-me os contactos do seu avô, também ele ex-combatente na Guiné, que, segundo crê, teria sido mobilizado durante a segunda metade dos anos sessenta.
Coincidindo com o aniversário da «Tabanca Grande», que aproveitei para o referir, os conteúdos do blogue foram também utilizados como “pano de fundo”, por um lado, para complementar algumas das minhas abordagens e, por outro, como fonte de informação privilegiada para a elaboração dos trabalhos que os alunos terão de apresentar no âmbito da Disciplina de História, e na sequência desta Reunião plenária.
Creio que os jovens e as jovens ficaram satisfeitas com o que ouviram… Vamos ver o que nos reservam os seus trabalhos finais.
Para encerrar este texto, ao jeito de ‘reportagem’, apresento acima duas fotos [nºs 2 e 3] que me foram cedidas relacionadas com o evento.
Com um forte abraço de amizade.
Jorge Araújo.
27ABR2018
_______________O convite surgiu por intermédio da Professora Helena Neto, que em parceria com a Professora Conceição Carpinteiro lideraram este projecto enquanto docentes da Disciplina de História. Por ser nossa amiga de longa data e saber da minha condição de ex-combatente na Guiné, logo ela se lembrou de mim para essa (boa) causa.
Aceitei o convite, sem dificuldade, uma vez que tinha disponibilidade de agenda para esse dia.
2. A SESSÃO
O meu encontro com a comunidade escolar, alunos e corpo docente, decorreu no auditório da Escola, num ambiente de grande empatia, certamente pela novidade dos conteúdos aflorados, tendo-se registado uma participação de sete dezenas de indivíduos.
Durante duas horas, das dez ao meio-dia, abordei várias temáticas relacionadas com a evolução histórica do conflito, sinalizando algumas das minhas experiências, entre as mais “pesadas” e as mais “levezinhas”, acumuladas ao longo dos dois anos da comissão ultramarina, justamente até ao 25 de Abril de 1974, uma vez que nessa data ainda era militar, pois havia chegado a Lisboa, a bordo do N/M Niassa, vinte dias antes.
No final da apresentação dos pontos estruturados para a sessão, dei a palavra aos presentes, os quais colocaram diferentes e pertinentes questões, com relevância para os alunos de origem africana (Guineenses, Cabo.verdianos e Angolanos) incluindo, caso interessante, uma aluna luso-timorense. Como curiosidade, um dos presentes prometeu enviar-me os contactos do seu avô, também ele ex-combatente na Guiné, que, segundo crê, teria sido mobilizado durante a segunda metade dos anos sessenta.
Coincidindo com o aniversário da «Tabanca Grande», que aproveitei para o referir, os conteúdos do blogue foram também utilizados como “pano de fundo”, por um lado, para complementar algumas das minhas abordagens e, por outro, como fonte de informação privilegiada para a elaboração dos trabalhos que os alunos terão de apresentar no âmbito da Disciplina de História, e na sequência desta Reunião plenária.
Creio que os jovens e as jovens ficaram satisfeitas com o que ouviram… Vamos ver o que nos reservam os seus trabalhos finais.
Para encerrar este texto, ao jeito de ‘reportagem’, apresento acima duas fotos [nºs 2 e 3] que me foram cedidas relacionadas com o evento.
Com um forte abraço de amizade.
Jorge Araújo.
27ABR2018
Nota do editor:
Último poste da série > 22 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18446: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (54): A "mindjer grandi" Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que viveu em Bafatá e depois em Bissau... Conhecida pela Mariquinha, era casada com um chefe de posto português, sr. Eiras (Vieira), e tinha 3 filhas, e entre elas a Judite e a Linda Vieira... "Meus amigos da Tabanca Garandi, alguém por acaso chegou de conhecer algum membro dessa família?" (Ludmila Ferreira)
8 comentários:
Parabéns Jorge são destas aulas que os alunos precisam e de professores como tu. Um abraço.
Imagino o Jorge Araújo a falar sobre o Xime a todos aqueles jovens e eles a não fazerem a mínima ideia de como era, realmente, estar na guerra e no Xime.
A Tabanca Grande já está a dar/contar História aos mais novos.
Parabéns Jorge Araújo.
Valdemar Queiroz
Assim, sim, a "nossa" história contada por "nós", que somos parte da história... Parabéns, Jorge, também pelo ato de humildade... É um gesto bonito da tua parte, ir de Almada a Massamá.
Bela homenagem ao grande poeta transmontano (, é conterrãneo da nossa camarada enfermeira paraquedista Giselda Pessoa, ambos nascidos em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, tal Fernão de Magalhães), que da "Pátria" disse o seguinte:
Pátria
Soube a definição na minha infância,
Mas o tempo apagou
As linhas que no mapa da memória
A mestra palmatória
Desenhou.
Hoje
Sei apenas gostar
Duma nesga de terra
Debruada de mar.
In: Portugal (1950). Torga, Miguel - Antologia poética. Coimbra, 1981, p. 131.
Caro Jorge Araújo
Foi com grande satisfação que tomei conhecimento desta iniciativa.
Sei, de saber certo, que te 'safaste' bem da tarefa.
Tens sensibilidade, tens saber, tens 'treino' para fazeres uma narrativa envolvente.
Será interessante, de facto, saber qual o "retorno".
O que é que os 'assistentes' apreenderam? O que é que interiorizaram?
Que mitos desfizeram. Que mitos, eventualmente, criaram.
Será que depois questionaram familiares? Será que se interessaram em aprofundar o tema?
Fiquei com a ideia que a disciplina de História aproveitou o pretexto das comemorações do 25 de Abril de 1974 para "puxar" para a visibilidade pela "guerra de África" e fiquei também com a ideia que a abordagem do tema teria em vista que depois fizessem trabalhos sobre isso.
Se assim for aguardaremos por isso para perceber se se 'ganhou' o interesse dos jovens.
Abraço
Hélder Sousa
Jorge, assim de repente, na foto nº 3, até pareces o prof Fernando Rosas a falar da história do Império, das suas misérias e grandezas...Só te faltam os suspensórios...
Transmitir aos outros o nosso "Saber de experiência feito" é o nosso destino, depois de fazer a guerra.
Desta forma poderemos mostrar aos mais novos que, a guerra é feita de "povo contra povo", para que alguém, sem escrúpulos, sejam os senhores do mundo.
Abraço
Estou com Helder para saber se a tua aula terá continuidade em trabalhos dos alunos sobre o que ouviram.
Era importante que eles soubessem que houve um tempo, que a guerra era o seu horizonte mais próximo.
Jorge um abraço
Camaradas tertulianos.
Ainda que com algum atraso, por morte de familiar, aproveito para agradecer os vossos comentários supra.
Como deixei expresso no meu texto, a minha participação neste Encontro com a comunidade educativa da Escola Secundária Miguel Torga, para falar da Guerra Colonial (Guiné) e o "25 de Abril", aconteceu por convite informal tendo, por isso, decorrido em contexto restrito... e não público. Daí a reduzida plateia de alunos (70) quando aquela Escola Secundária ultrapassa largamente o milhar de indivíduos.
A própria elaboração do texto, visando a sua publicação no blogue, mereceu da minha parte algum cuidado, na medida em que do ponto de vista institucional e pedagógico, não me permitia alongar em grandes detalhes.
Inclusivamente, tive o cuidado de o pôr à consideração do corpo docente da Disciplina de História, pois foi neste âmbito que fui convidado, no sentido de não ultrapassar questões éticas e deontológicas.
No entanto, porque manifestei elevado interesse em saber de alguns dos resultados finais relacionados com a minha participação e com a pesquisa complementar realizada por aqueles alunos, vou ficar a aguardar pelo final do processo de avaliação.
Continuem a comentar... porque, também, faz bem à saúde.
Um grande abraço para todos.
Jorge Araújo.
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