sexta-feira, 4 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18603: Blogpoesia (565): "Sombras nos olhos", "Hora das acácias...", e "O sabor das coisas...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:

Sombras nos olhos 

Como as nuvens fazem ao sol, 
As imagens ficam mais pobres 
Quando há sombras no olhar. 
Fica sombrio o pensamento. 
Propício ao entristecer. 
As formas se tornam imperfeitas. 
Se atropelam as ideias. 
As conclusões saem erradas. 
A acção é um desastre. 
Gera choques e atropelos. 
A confusão. 
Fica mais fácil o desentendimento. 
Vem a desordem. 
Morre a paz. 
Se instala a guerra. 
Mais vale a cegueira total. 
Apesar das dependências, 
Onde só reina a inteligência 
E o bem sentir. 
A vontade fica humilde. 
A alma mais reverente. 
Se agradece a entreajuda. 
O respeito gera amizade. 
Desfaz todas as sombras 
E enriquece o coração… 

Ouvindo concerto n.º 1 de Brahms por Hélène Grimaud ao piano
Lindo dia de sol 
Berlim, 29 de Abril de 2018
Jlmg

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Hora das acácias…

Por todos os lados, se revestem os valados dos caminhos, de giestas brancas e amarelas. 
Ficam arbóreas. Pendem de sombra, perfume e cor. 
Fazem o encanto da Primavera, silvestre e rude. 
Esvoaçam os pássaros. Trinados lindos. 
E as borboletas, de cores garridas, parecem flores ou andorinhas. 
Se fazem feiras e romarias. Tudo se vende. 
Tendas de pano. Carroças prenhes. 
Reina a alegria. 
Escorre a vinhaça. Pipas e odres. Das melhores adegas. 
Fervem os tachos. Bolinhos sem espinhas. 
Ó que sabores! 
O bacalhau é rei. 
Pelas alamedas, engalanadas, giram cortejos, 
De novos e velhos. 
Brilham os olhos. 
Canta-se a paz. Reina a harmonia… 

Lindo dia de sol 
Berlim, 30 de Abril de 2018 
6h33m
Jlmg

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O sabor das coisas... 

Há uma lei inscrita em nós: 
- O sabor das coisas é directamente proporcional à sua pequenês e ao quadrado da distância. 
Se agudiza, certeira e viva, 
à medida que a vida passa. 
Transforma a vida num grande lago, 
onde corre uma brisa fresca. 
Onde nos banhamos e mergulhamos em cada dia para revigorar e ganhar coragem. 
Nos surpreendem as mais pequenas no dealbar da infância, 
quando as luzes do universo estavam todas direccionadas para nós. 
Dá tristeza e nos enternece lembrar aquelas mais tristes, também as houve. 
Ó que saudade!... 
Dão-nos o equilíbrio necessário para sempre ter esperança e acreditar. 
A vida é breve mas muito rica. 
O que importa é aproveitá-la... 

Berlim, 2 de Maio de 2018 
6h24m 
lindo dia de sol 
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18580: Blogpoesia (564): "Depois das cataratas...", "Dos confins dos tempos...", e "Por sebes e veredas...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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