sexta-feira, 13 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18843: (De) Caras (112): O João Rocha (1944-2018), em Bissau e em Brá, nos primeiros tempos do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (Fernando Calado)


Foto nº 1 > Guiné > Brá > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > O João Rocha e o Fernando Calado, sentados no jipe do comandante.


Foto nº 1 A > Guiné > Brá > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > Detalhe: o João Rocha e o Fernando Calado, sentados no jipe do comandante.


Foto nº 2 > Guiné > Bissau > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > Um grupo de oficiais milicianos, na Av da República (vendo-se ao fundo a Praça do Império e o Palácio do Governador), no dia seguinte ao desembarque (29 de julho de 1968). O João Rocha é o primeiro a contar da esquerda para a direita, o Fernando Calado o 4.º e o Ismael Augusto o 5º.


Foto nº 2 A > Guiné > Bissau > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > Detalhe: à esquerda, o João Rocha. Av da República, 30 de julho de 1968.



Foto nº 2 B > > Guiné > Bissau > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > Detalhe: os primeiros à esquerda, o Fernando Calado e o Ismael Augusto. Av da República, 30 de julho de 1968.

Fotos (e legendas): © Fernando Calado (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O Fernando Calado, ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), membro da nossa Tabanca Grande, camarada de quarto do Ismael Augusto e do João Rocha, acaba de nos mandar dois fotos com o  João, que acaba de deixar a "terra da alegria"...

Caro Luís,

Junto 2 fotos com as seguintes referências:

1ª. Estou eu e o Rocha em Brá encostados ao jipe do comandante [ten cor inf Manuel Maria Pimentel Bastos]

2º. A primeira saída no dia a seguir à chegada a Bissau [, que ocorreu a 29 de julho de 1968]. São visíveis o Ismael, eu próprio e o Rocha (o 1º à esquerda com a camisola escura).

Um grande abraço,


2. Comentário de LG:

Falámos ao telefone.  A meu pedido, o Fernando mandou-me estas fotos, O Fernando soube, com surpresa da morte do amigo e camarada João Rocha (ª). Disse-me que partilharam juntos o quarto em Bambadinca, mais o Ismael Augusto ( alf mil, cmdt do pelotão de manutenção), até o João ir de férias, talvez por volta de abril de 1969. "Foi seguramente antes do ataque ao quartel, em 28 de maio de 1969", assegura o Fernando.

O João foi a Moçambique, de férias, ver a família, e atrasou-se no regresso, por razões que não sabemos. Foi punido disciplinarmente. Confirma-se assim a versão do António Pimentel, ex-al mil Pel Rec Imnfo, CCS/BCAǪ 2851 (Mansabá e Galomaro, 1968/70) (*). Ele acabou por baixar ao HM 241, em Bissau, nunca mais tendo voltado  a Bambadinca nem sido substituído.  

O Ismael e o Fernando ficaram os dois no quarto até ao resto da comissão. O Fernando lembra-se bem do João e das suas gargalhadas. Era um camarada que irradiava simpatia. Encontraram-se depois em vários convívios do pessoal de Bambadinca (1968/71). Tem ideia de ele ter trabalhado na TAP, não sabe ao certo se como piloto ou comissário de bordo. 

Recorde-se que o BCAÇ 2852 desembarcou em Bissau em 29 de julho de 1968. O Comando e a CCS instalaram-se em Brá,  ficando como  reserva do Comando-Chefe. Fizeram patrulhamentos, recenseamentos de população, ação psicossocial, construiram tabancas, etc. As companhias operacionais deixaram de pertencer ao comando do batalhão, sendo  colocadas em Binar (CCAÇ 2404), Mansoa (CCAÇ 2405) e Olossato (CCAÇ 2406). 

Em outubro de 1968 a CCS/BCAÇ 2852 vai tomar conta do setor L1 (Bambadinca). Foi aí que eu conheci, em julho de 1969, o Ismael e o Fernando.

Um dos homens do Pel Rec Info  era o ex-furriel miliciano Pinto dos Santos, organizador de um dos primeiros convívios do pessoal de Bambadinca (1968/71)  realizado em 29 de maio de 1999,  em Resende, na sua quinta.

Bolas, Fernando e Ismael, como éramos "putos" (a avaliar hoje pelas nossas caras...). E no entanto tínhamos já, sobre os ombros,  o pesado fardo de fazer, conduzir ou alimentar uma guerra!... (**)

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3 comentários:

Anónimo disse...

António Pimentel

13 jul 2018 22:29

O João trabalhou sempre no Aeroporto de Pedras Rubras, primeiro na TAP e depois na Portugália.

Eu entrarei em contacto com a família.

Abraço

Anónimo disse...

Estas fotos são história, estão a fazer 50 anos este fim de mês. Eu não estava lá na sua chegada, estava de férias no Porto, só cheguei e, inícios de Agosto/68.
Para o Luís, que não conhece o Bento - a 5ª Rep, esse grupo de camaradas estavam a dois passos do Bento, de certeza que foi lá a sua primeira paragem, como todos os outros, a imagem de marca de Bissau. São uns passos mais abaixo.
As fotos de Bra conheço bem, também o meu comando de batalhão lá esteve um mês - Março/69, e tenho algumas fotos de recordação. Mas não gostei daquilo, era um mundo de muita gente, a maioria marados da cabeça, era preciso paciência para tudo, ainda lá fiz uns oficiais de dia, que era uma grande chatice.
E o nosso João, que não conhecia, estava ali tão perto de mim, em Pedras Rubras, tantas vezes lá fui, de passeio, para embarcar para vários pontos do mundo, para levar os meus filhos a ver os aviões a passar, e nunca tive essa oportunidade de partilhar uma parte da nossa vida com o nosso já falecido camarada. Já tinha endereçado os meus pêsames aos seus familiares, não chegou a fazer os meus 75 anos!

Ab,
Virgilio Teixeira

Manuel Luís Lomba disse...

A minha achega, de actor secundário no palco da guerra da Guiné.
No meu tempo - estive sediado na Amura de Maio de 1964 a Maio de 66 - a esplanada do Bento era poiso dos "apontadores da BIC", os oficiais e sargentos do "quadro" do QG e Serviços. Havia um major do QG que vinha ao Bento num jipe Willis, com um chimpanzé fêmea:: "fazia um manguito a todos", emborcava a sua bijeca de 0,45l, subia à árvore central e divertia-se a ameaçar os clientes com o arremesso da garrafa, guinchava de gozo -ou de riso. Dava pelo nome de Simone.
Uma secção da minha companhia fez guarda ao QG, um cabo tinha-a debaixo de olho e aliciou-a e trouxe-a para a Amura; no dia seguinte transumamos para o Leste, ela divertiu-nos toda a viagem, de Bissau a Bambadinca, Nova Lamego, Piche e Buruntuma. Convivemos alguns meses, ao atingir a menopausa tornou-se AA (alcoólica anónima) e agressiva, fazia diabruras do arco da velha, tudo destruía, na procura da bebida - e foi executada. Paz à sua alma (?).
Abr.
Manuel Luís Lomba